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[L] [Fëaruin_Alcarintur] [I Nyárë Fëarúnyo: O Conto de Fëaruin]

Fëaruin Alcarintur ¥

Alto-rei de Alcarost
[Fëaruin_Alcarintur] [I Nyárë Fëarúnyo: O Conto de Fëaruin]

A pouco tempo comecei a escrever esse texto, dei umas poucas revisadas e ele está sujeito a modificação, mas a versão q colocarei aqui será a mais recente. Qualquer sugestão tenho os ouvidos bem abertos. Ele é um pouco longo, mas nem tanto. Ele possui umas 11 páginas em formado .doc, no Word. Obrigado pela atenção.
 
O Conto de Fëaruin, o Noldo
por Marcus Vinicius (vulgo Fëaruin Alcarintur)




Fëaruin, cujo nome na forma plena é Fëarúnyo, nasceu na bem-aventurança de Valinor, em Tirion sobre Túna, e sob a Luz das Duas Árvores. Cresceu belo e forte, e era um dos mais poderosos noldor fora da Casa de Finwë, mesmo assim era parente dos filhos do Grande Rei, pois seu pai era parente muito próximo do próprio Finwë. E ele vivia em Valinor juntamente com os outros Primogênitos.
Como fruto da união de poderosos senhores noldorin, sendo seu pai grande amigo e discípulo de Aulë, Fëaruin era bastante hábil nas artes e em todos os ofícios, sendo um grande mestre artífice, principalmente na forjaria, pois era ele mesmo grande entre aqueles a quem Aulë ensinava, e dos noldor, apenas Mahtan, pai de Nerdanel, ocupava maior espaço do que Fëaruin no coração do Vala.
Fëaruin era um elfo notável; cresceu muito sábio e forte, e era alto e de cabelos lisos e muito compridos, negros e lustrosos, e seus olhos brilhavam intensamente um verde-mar acinzentado. Era um dos noldor que recebia ensinamentos do sábio Olórin, o Maia, e dos Valar, os que mais admirava além de Varda eram Aulë e Ulmo. Mas Oromë também ele estimava muito, e com ele Fëaruin saía para caçar, assim como Celegorm, filho de Fëanor. E Oromë lhe deu Ninquënor, um grande cavalo branco, como presente.
Como todos os outros quendi naqueles tempos, vivia em tranqüilidade, e era amigo e parente dos filhos de Fëanor, sendo que tinha Maedhros e Maglor em maior estima, e de Fingolfin, com quem aprendeu grande parte do talento das armas e a ser corajoso, e com Finarfin, ele aprendeu que nem sempre devemos seguir os impulsos de nosso orgulho. Pelo sangue, poderia fazer parte do povo de Fëanor, mas preferiu escolher fazer parte do povo de Fingolfin, também seu parente, pois tinha mente e ideais mais parecidos com eles; e desses, era um dos mais poderosos entre os capitães do príncipe élfico, era amigo de Fingon, e Fingolfin aprovava mais a amizade de Fingon e Fëaruin do que a de seu filho para com Maedhros, amizade essa que entretanto era bem mais forte do que a de Fingon e Fëaruin. Mesmo assim Fëaruin permaneceu ao lado de Fingon até que ele tombasse. Ele era amigo também de seu outro parente, Fëanor, e reconhecia a sua grande força, e com ele muito aprendeu, mas nele não confiava muito.

O tempo passou e depois que Melkor destruiu as Árvores e roubou as Silmarilli, Fëanor começou a Rebelião dos Noldor. Todos marcharam no começo, e com Fëaruin, da poderosa Casa de Fingolfin, não foi diferente. Relutante, o noldo partiu para honrar seu parentesco. Ora, ele sabia da força de Fëanor, mas as palavras do primogênito de Finwë não causaram o devido efeito em Fëaruin, e ele partia pesaroso. Porém, no Fratricídio de Alqüalonde, Fëaruin não tomou parte, assim como vários outros da Casa de Fingolfin. Ele vinha no final da segunda comitiva de elfos, e quando chegou, seu coração se abalou com a crueldade de Fëanor, e a batalha já tinha quase se encerrado.

Na Condenação de Mandos, quando a Casa de Finarfin virou-se para retornar a Valinor, Fëaruin lembrou-se dos conselhos que o próprio Finarfin lhe havia dado, e em seu íntimo teve o desejo de retornar. Entretanto viu que Fingolfin continuaria, e resolveu segui-lo, pois tinha grande estima no príncipe noldo, além disso, sentia-se obrigado a ir, pelo seu parentesco. E então, Fëaruin, capitão da Casa de Fingolfin, marchou, continuando a árdua e triste jornada. Enquanto isso muitos presságios passavam por sua mente. Presságios de dor, força, agonia, glória, traição, destruição e morte.

Quando Fëanor queimou as alvas embarcações dos teleri em Losgar, Fëaruin enraiveceu-se e ficou decepcionado, mas prosseguiu por Helcaraxë e seu frio atritante junto com seus companheiros. Montado em seu cavalo Ninquënor, Fëaruin fez a travessia rapidamente, pois Ninquënor era um cavalo dos bosques de Oromë; forte, veloz e imortal. Muitos porém, morreram, e depois de muita exaustão e frio, a hoste de Fingolfin chegou na Terra-média. E assim que eles pisaram nas praias de Beleriand uma grande luz prateada surgiu no leste distante, que lhes deu um pouco de esperança. Era Isil, a ilha da Lua, conduzida por Tilion, do povo dos Maiar.

Fëaruin permaneceu em Beleriand juntamente com os príncipes dos noldor, e até sua partida para o Leste, relatada adiante, ele lutou em todas as Grandes Batalhas que marcaram a Primeira Era do Sol após a sua chegada, e dos capitães e guerreiros dos noldor, Fëaruin era um dos mais poderosos e temíveis. Vivia com o povo Fingon em Dor-lómin no período em que Fingolfin reinava sobre os noldor. Era um dos principais comandantes das hostes de Fingon, mas Fingolfin sempre o chamava para Eithel Sirion para ajudar na vigília de Ard-Galen, pois Fëaruin era resistente e forte, e os orcs o temiam. Ele ficava um tempo sob o comando de Fingolfin, mas logo retornava a Dor-lómin, onde era sua casa e vivia sua família. Nesse período em Dor-lómin, nasceu o terceiro filho de Fëaruin, e Silmë era seu nome, e seus irmãos mais velhos eram Inglor e Maegnor.

Grande dor ele sentiu quando Fingolfin tombou, e Fingon, o agora Rei Supremo dos noldor, tornou Fëaruin em seu principal capitão e conselheiro, pois tinha nele uma grande estima e amizade; e sabia o quão forte e sábio ele era e o seu valor como guerreiro. E ao lado de Fingon, Fëaruin guerreou heróica e incansavelmente, e os orcs fugiam perante a sua fúria, pois quando enraivecido, o semblante de Fëaruin tornava-se terrível, e diziam que ele aparentava até mesmo Oromë quando em ira.

Finalmente, na Nirnaeth Arnoediad, a Batalha das Lágrimas Incontáveis, Fingon caiu, e todos os reinos élficos foram rechaçados por Morgoth. Desiludido, Fëaruin batalhou de maneira espantosa, abatendo inúmeros soldados rivais, ordenou a seus filhos mais velhos, Inglor e Maegnor, que recuassem da batalha e corressem, para proteger a mãe e o jovem irmão deles. Imediatamente eles obedeceram, e se despediram do pai, com grande pesar. Fëaruin continuou lutando, e muitos inimigos tombaram frente sua lâmina, orcs nefastos e trolls gigantescos; entretanto acabou sendo cercado por balrogs, e, muito ferido, acabou por ser capturado pelos exércitos de Melkor, e foi deixado acorrentado e sozinho no inferno de Angband, onde foi torturado e escravizado. Porém, manteve-se firme e esperançoso, apesar de grande tristeza estar em seu coração, e ele nem bem sabia o porquê.
Todavia, ao ver que seria pego, deixou Valnáril, sua poderosa espada e Cálëmehtar, sua cota magnífica feita para ele pelos anões de Nogrod, com seu cavalo Ninquënor, ordenando-o que fugisse e se escondesse, e que buscasse sua família. Ninquënor, como o fogo pela mata seca, correu para longe, temendo por seu senhor e amigo. Valnáril, que na Alta-Língua dos Noldor significa Brilho do Fogo Poderoso, era o maior tesouro material de Fëaruin. Tão poderosa era a espada que, diz-se, com ela podia-se cortar quase qualquer material; e Fëanor havia ajudado Fëaruin a forjá-la, pois o noldo muito implorou sua ajuda para isso, pois temia pelo futuro vindouro, futuro no qual ele precisaria de uma arma poderosa, para que perante tal os inimigos tombassem e se amedrontassem, e Fëanor atendeu o pedido e o ajudou, pois gostava muito de Fëaruin. Ela refulgia imponente quando erguida, e nunca se manchava nem perdia o corte, e Fëaruin sempre a empunhou sem nenhum escudo, e quando entrava em combate, usava apenas a espada, e não precisava de mais nenhuma arma.

Depois de passar muito tempo naqueles calabouços imundos e escuros, com o cheiro da própria morte, Fëaruin resolveu tentar escapar, num movimento desesperado. Sua chance era quando orcs o levariam para trabalhar nas minas das Montanhas de Ferro.
Foi então que, num ato ousado, Fëaruin atacou os guardas, munido apenas da picareta que tinha em mãos. Matou todos os guardas que mantinham ele e alguns outros noldor e sindar, vigiando-os nas minas. Agora juntos, Fëaruin e os outros elfos roubaram as armas dos orcs e vestiram as armaduras negras, e com sua habilidade de elfo, Fëaruin ilusionou o grupo em sombras por um curto período. Ora, Fëaruin era hábil nas batalhas e manufaturas, mas também tinha outras habilidades, já que era um grande eldar que havia vivido sob a Luz das Árvores.
Disfarçados, Fëaruin conduziu o grupo de elfos, que agora o seguiam, pelos corredores de pedra das Montanhas de Ferro.
Quando finalmente saiu, o Sol ardeu os olhos do noldo, pois muito tempo ele passara na quase total escuridão, e dos aprisionados da Batalha, foi ele possivelmente quem sofrera os maiores suplícios, à óbvia exceção de Húrin. Correram então para o leste de Angband, esquecendo-se da fome e do cansaço, livrando-se da negra armadura e do disfarce depois que estavam numa distância segura. Mas o grupo só parou de correr quando chegaram numa caverna na fronteira de Dorthonion, próxima a Passagem de Aglon. Lá, eles descansaram, menos Fëaruin, que se manteve alerta, e não fechava os olhos para nada.
Por sorte ou destino, dois dias depois Ninquënor os encontrou, e junto com ele vinham guardas de confiança de Fëaruin e alguns parentes mais próximos que haviam sido separados dos outros, fugindo por causa da guerra, e entre esses estavam os três filhos do noldo, Inglor, Maegnor e Silmë. Eles lhes trouxeram comida e água, e ficaram espantados ao olhar Fëaruin, pois ele agora parecia muito mais forte, como alguém que enfrentou a própria morte de perto, e seus olhos traziam um novo brilho pálido, amedrontador e imponente. Com muito pesar ele recebeu a notícia funesta que seus filhos traziam, e porque de sua aflição foi revelada, pois nas decorrências à grande batalha, foi tomada a vida de Helyanwë, sua amada, e mãe de seus filhos, e seu olhos se encheram de lágrimas.

Então Fëaruin disse aos outros sobre a decisão que ele havia tomado enquanto fugia: ele marcharia para o Leste, em busca de uma nova vida. Disse que iria mesmo sem o apoio deles, acompanhado apenas de sua espada Valnáril e seu cavalo Ninquënor, que se recusava a abandoná-lo mais uma vez, e seus filhos que não ousavam ficar sem o pai. Alguns resolveram acompanhar o poderoso Fëaruin, já que eles viam nele a força, coragem e nobreza dos grandes príncipes dos calaquendi, a Luz das Árvores ainda brilhava em seus olhos escuros, e os anos de cativeiro em Angband lhe deram nova força. Foi assim que partiu Fëaruin e seus filhos, seus amigos e parentes mais próximos, cansados, famintos, sem-rumo e sem-esperança. À exceção do próprio Fëaruin, que parecia ter em mente o que planejava fazer, e Maegnor, de tanta estima que tinha no pai. E enquanto caminharam, alguns outros elfos perdidos e desorientados se uniram a eles, já que eles já haviam perdido tudo o mais.

Depois de muito caminhar e atravessar as Ered Luin, eles encontraram um bando bárbaro e nômade, mas não eram homens, eles eram mais altivos e tinham uma beleza parecida com a deles próprios. Fëaruin então soube: eram avari.
Devido à imponência de Fëaruin montado em seu cavalo magnífico e vestido de cota prateada e capa azul, e sua poderosa espada ao seu lado, os avari o reverenciaram, e apesar da língua um pouco diferente, já que os avari e os calaquendi haviam sido separados muito tempo atrás e a língua havia tomado rumos diferentes, Fëaruin interpretou rapidamente a fala dos Relutantes, e soube que havia uma pequena cidade avari à Leste. Eles então partiram para lá, onde puderam descansar e se alimentar, estabelecendo morada em Grothbar, “Caverna da Morada”, na costa leste das Ered Luin.
Após alguns anos vivendo entre os avari, Fëaruin e os outros fugidos ensinaram muito àquele povo, inclusive ensinava-os já a falar, ler e escrever sindarin, e os ritos a Ilúvatar. O quenya dos noldor era mais difícil, e apenas alguns dos avari conseguiam aprendê-lo.

Quando muitos já haviam sido os feitos do noldo a prol dos avari, Laitaheru, o então líder dos moriquendi rebelou-se, pois vira que o calaquendi tinha então mais poder que ele. Sucedeu-se o duelo de Fëaruin e Laitaheru, e no final Fëaruin prevaleceu, pois era bem mais forte e poderoso, e Laitaheru, derrotado e humilhado, foi expulso da cidade pelos avari, sendo Fëaruin eleito pelos elfos de lá como Rei e governante.
Os avari estavam no meio da construção de uma cidade fortaleza para viverem, quando irrompeu a Guerra da Ira. E eles sentiam a repercussão da guerra, pois o chão tremia e a terra rachava. Mais uma vez em sua longa vida, Fëaruin soube que era hora de partir, desta vez para o Sul, ou melhor, o Sudeste, para ficar ainda mais longe de Melkor. E Fëaruin podia sentir o mal de Melkor inquieto e irritado.
Eles marcharam durante toda a Guerra da Ira, e quando esta finalmente terminou, Fëaruin sentiu o mal de Melkor sendo levado e derrotado, e a Terra havia mudado. Entretanto, ele ainda sentia o mal de Sauron. Nos calendários de seu povo, o Alto-Rei Fëaruin marcou então o final da Primeira Era do Sol e início da Segunda Era, a que mais tarde ele chamaria de outro nome.

Por volta do ano 20 da Segunda Era, Fëaruin, com seu povo, encontrou um vale verde entre os grandes penhascos das Orocarni, e lá estabeleceu morada, para que pudessem começar a construção de sua cidade, e mesmo com o frio do inverno daquele local, que mesmo no verão não é dos mais quentes, eles construíram sua morada, dia e noite.
Em 50 da Segunda Era, sob a liderança do alto-elfo, a cidade foi terminada; e ela era belíssima, de mármore branco e liso, com torres brilhantes, e a torre-palácio do Alto-Rei Fëaruin, a mais alta, era bela e terrível, e era algo digno dos contos e canções dos grandes bardos e da visão dos Valar. Uma cidadela magnífica que se elevava pelas Orocarni, as Montanhas do Leste, ficando num vale entre as montanhas, protegida e poderosa. Sua entrada era escondida e extremamente bem guardada, com arqueiros que poderiam enxergar alguém a grandes distâncias. Fëaruin estava orgulhoso, e até mesmo surpreendeu-se com o resultado do esforço. E em seu discurso do término da cidadela, Fëaruin disse isso, e elogiou seus súditos, que haviam tornado-se fortes e belos, lembrando os senhores élficos da Primeira Era, e a cidade chamou-se Alcarost, Fortaleza de Glória no idioma nativo do Rei, o Alto-Élfico, e em muito a Cidadela era como foi Minas Tirith, em Gondor. A imponente morada do Alto-Rei foi chamada de Tirioninquë, que significa Poderosa Torre Branca, e ela era alta, e rivalizava com os picos das montanhas. Mesmo sendo toda construída num vale entre as Orocarni, subindo por suas encostas, a cidade possuía campos verdejantes onde cresciam animais fortes e belos. E além das grandes muralhas e o esconderijo entre as montanhas, a Cidade era protegida pela força do povo de Fëaruin; e nela o sangue dos elfos de Beleriand se misturava ao dos resistentes avari, e o povo de Alcarost tornou-se cada vez mais forte e belo.

Porém os alcarindrim não viveram totalmente em paz, pois muitas foram as guerras em que eles se envolveram para sobreviver. E nos cento e oitenta anos que se seguiram ao término da construção de Alcarost, Fëaruin enfrentou muitos orcs, trolls, outros avari, bárbaros, e até grandes dragões foram inimigos do Alto-Rei Élfico. Entretanto todos acabavam derrotados, morrendo ou fugindo dos exércitos de Fëaruin, de malhas prateadas e capas azuis, que ostentavam o brasão da Espada coroada pela Valacirca, a foice das sete estrelas dos Valar.
No período seguinte, entretanto, Fëaruin expandiu suas forças, fundando novos pequenos postos de vigia, sendo o maior deles Amon Tirith, uma cidade portuária escondida na floresta que margeia o Mar de Rhûn, que os alcarindrim chamavam de Taurwén, a Floresta Refrescante. Fëaruin era cauteloso, pois sabia que Sauron ainda habitava a Terra-média. A essa época então foi dado o nome de Era da Glória. E Fëaruin recebeu de seu povo um segundo nome: Alcarintur, que significa Senhor Glorioso. A partir daí, Fëaruin começou a ser chamado de Fëaruin Alcarintur, e uma grande e longa paz tomou conta da bem-aventurada Alcarost, onde as crianças cresciam felizes, e os alcarindrim eram belos e fortes. Maegnor então, desposou Laurelas, a Loura, uma donzela sindarin de cabelos que refulgiam como ouro, a mais bela donzela élfica da cidadela, e com ela teve um filho: Finlaurë, o Dourado, forte como o pai e louro e belo como a mãe. Silmë também teve um herdeiro, com uma donzela dos avari, e Fincaran era o nome do filho deles. Dos três filhos de Fëaruin, apenas Inglor permaneceu sem esposa ou filho, pois sua amada havia ficado em Valinor quando ele partira. Apesar disso, a serenidade de Alcarost foi longa e feliz, durando aproximadamente três mil anos.

A paz prolongada terminou depois que uma mensagem foi trazida por um dos batedores de Fëaruin. Era uma declaração de vingança e guerra assinada por Laitaheru, que declarava abertamente ser servo de Sauron, e seu grande general no Leste. Após essa mensagem começaram os ataques com exércitos de orcs e homens bárbaros ensandecidos, mas não era só isso: a inquietação do povo nefasto de Laitaheru atraiu muitos trolls em busca de sangue e guerra, que seguiram devastando muitos dos pequenos postos de vigia distantes de Alcarost. Iniciava-se a Guerra da Provação.

Laitaheru, que era chamado de Morcáno, mostrou-se um general formidável, vencendo os exércitos da Espada várias vezes em várias pequenas batalhas. Depois de várias vitórias, pilhando e escravizando, o Elfo-negro começou a marchar em direção a Alcarost, pois ele havia descoberto, vagamente, a sua localização, e a despeito de sua servidão a Sauron, Laitaheru queria saciar uma vingança pessoal contra Fëaruin. E fala-se que Sauron teria vindo pessoalmente atacar Alcarost, não fosse pela preocupação com o conflito iminente com os numenoreanos.
O poder de Laitaheru, o Elfo-negro, conferido por Sauron, era grandioso e incompreensível, e criaturas escusas, de nefandos propósitos, seguiam a aura infame do Elfo-negro, e assim suas hostes, além de orcs e homens, era formada de trolls e criaturas estranhas. Diz-se que até um dos Anéis destinados aos Anões chegou a posse do inimigo de Fëaruin, sendo que assim ele era sujeito a vontade de Sauron como um rato sórdido é sujeito à doença. E foi por esse poder que eles foram seguidos pelos trolls gigantescos das montanhas.

Fëaruin Alcarintur, num ato desesperado, reuniu o exército da Cidade para atacar Laitaheru incontinenti, antes que ele e sua grande horda chegassem, pois além de não desejar que a localização exata de sua cidade fosse revelada, queria exterminar o principal foco de força de Sauron no Leste. Os clarins prateados de Fëaruin foram tocados, e ressoaram por entre as montanhas, e orcs tremeram. Um batalhão élfico descia as montanhas e outros chegavam a cavalo, e a visão de Fëaruin em seu cavalo, de cota e espada em punho despertou medo nos orcs. Os elfos então se bateram para cima das hostes de Laitaheru, Fëaruin saltou de seu cavalo em meio aos orcs, e houve a Batalha da Glória Incontestável, a maior e mais extraordinária de todas as batalhas no Leste, na qual um campo de batalha sangrento e escuro era o cenário. Inúmeros inimigos tombaram frente à lâmina de Valnáril e a força de Fëaruin, mas muitas foram as mortes do povo sob o estandarte azul e prateado da Espada e das Sete Estrelas dos Valar.

A Batalha foi terrível e sangrenta, e no seu auge, o solo tremia, e rugidos e sons estranhos se aproximavam. De ambos os lados tombavam soldados, apavorados pelos enormes trolls do mundo antigo. Surgiu, então, na longa noite, um grande troll negro, imenso e ameaçador, assassínio de muitos. Então, o próprio Fëaruin, sozinho e com Valnáril em punho, desafiou e abateu, num grande duelo, a criatura. Quando o enorme troll tombou todos pensaram que havia acabado, já que os exércitos de Laitaheru, a exceção do próprio e poucos soldados mais corajosos, haviam fugido, e muitos dos soldados de Fëaruin já retornavam à Cidade. Laitaheru e seus guardas então fugiram para as montanhas, mas foram vistos e seguidos por Fëaruin, seus filhos e seus capitães mais destemidos.

Seguindo Laitaheru, Fëaruin e seus soldados chegaram numa grande cidade dentro das montanhas, escavada e construída há muito tempo, e em muitos aspectos, semelhante a Moria. Ficava a uns três dias de Alcarost, em ritmo de marcha, mas os elfos corriam e não paravam para nada. Fëaruin logo deduziu que era provável que os anões haviam construído essas minas em tempos passados, mas foram assassinados por Laitaheru, que tomou posse da cidadela. As minas, porém, estavam desertas; os ataques do Elfo-negro envolveram quase todo o seu povo. Caçando o avar pelos salões e túneis, Fëaruin e sua guarda enfrentaram alguns orcs, mas eles não podiam conter a força do Rei Alcarintur.

Quando finalmente encontrou Laitaheru, um grande temor veio das profundezas dos rochosos e amplos corredores. Fëaruin se conteve, e parecia reconhecer o poder que se aproximava, como se já tivesse encontrado tal força antes. Foi quando, de repente, veio das trevas um aterrorizante balrog. Talvez o verdadeiro motivo pela cidade estar deserta. Muitos se desesperavam, e choravam em meio a escuridão das minas. Parecia-lhes que o destino terrível havia chegado.

O terror dominou todos naquela câmara escura. Esconderam-se e fugiram, até Laitaheru escondeu-se atrás duma grande pilha de rochas. Todavia, permanecia, sozinho, imponente e desafiador, Fëaruin Alcarintur, Alto-Rei dos Elfos do Leste. E quando seus súditos viram que seu Rei não fugiria, pararam e se viraram. Quando o balrog se aproximou, Fëaruin se postou em seu caminho, em desafiou, e fitou os olhos de fogo. Nesse momento, em seu íntimo Fëaruin hesitou, pois aquele balrog lembrava muito Gothmog, o supremo capitão de Angband, que o capturara tanto tempo atrás. Seu espírito sofrido de elfo então se inflamou, e seu orgulho ergueu-se e força, e ele fitou novamente o balrog com olhos brilhantes e fortes, e enfim proferiu: - Em nome de todo o meu povo amaldiçôo-te, e chamar-te-ei Morthaur, Abominável Escuridão, um mero rato de Morgoth Bauglir! Das trevas saíste para espalhar o terror, e para as trevas voltarás hoje em derrota. Hás de tombar perante um daqueles a quem os seus infligiram tanta dor e sofrimento – O balrog então caminhou em ira na direção de Fëaruin, já empunhando sua negra cimitarra. Em meio à sombra de terror do balrog, cintilava o rei Fëaruin, de espada desembainhada, em posição de desafio. Sucedeu-se, então, a batalha entre Fëaruin e Morthaur, e tal era a magnitude dos golpes, que os próprios alicerces das montanhas tremiam. Na grande negritude do balrog, Fëaruin, em sua armadura prateada, movia-se rápida e agilmente, e Valnáril, sua poderosa espada, causava grande dor ao demônio quando o feria, e a cada golpe que Fëaruin acertava em Morthaur, o demônio soltava um grito terrível, que era como uma fria lâmina de aço no coração dos menos corajosos.
Finalmente, após muito tempo de dura peleja, Morthaur tombou nas profundezas, aniquilado pela força do noldo. Fëaruin então ergueu Valnáril ao alto, num gesto de vitória. Durante a luta, entretanto, Laitaheru fugiu dali, amedrontado pelo poder de seu inimigo; Fëaruin queria continuar a perseguição, mas foi convencido a retornar, já que estava ferido e cansado, e não havia vestígios mais do Elfo-negro. Após o sumiço de Laitaheru, a aurora veio bela e dourada, e a guerra havia terminado. Uma guerra que durou cerca de trinta anos, e que causou grandes baixas em Alcarost, sendo a que causou maior agonia a morte de Silmë, mais novo dos três filhos do Rei.

Laitaheru fugiu para Mordor, para reportar sua derrota e o poder do Alto-Rei do Leste. Sauron, entretanto, não lhe deu atenção, pois estava muito preocupado com os numenoreanos, e via neles adversários que ele não poderia derrotar por força bruta. Ainda mais depois de perder tal força no Leste.
Um ano depois, Sauron foi capturado por Ar-Pharazôn, acorrentado e levado para Númenor, e Laitaheru fugiu e se escondeu.

Ora, Fëaruin era sábio, e percebera que Sauron não estava na Terra-média. Deu-se início então aos Anos de Vigia, nos quais ele enviava grupos batedores para procurar Laitaheru, sempre sem sucesso, e quando o grupo nem ao menos retornou, o Rei parou de enviar grupos de caçadores e batedores, pois não desejava que seu povo sofresse mais. Ainda, mesmo vendo que o Elfo-Negro desaparecera, Fëaruin não baixou sua guarda, pois sabia que ele era astuto, e sempre manteve suas espadas afiadas e suas flechas pontiagudas. E mantinha forte vigília nas minas onde enfrentou Morthaur.

Depois dum breve período de paz, o mundo foi mudado, tornando-se redondo, e o Rei sentiu o retorno de Sauron, e resolveu partir para o Oeste da Terra-média, o qual ele há muito deixara, pois ansiava por ver de perto como estavam as terras distantes e ajudar na batalha contra Sauron. Fëaruin muito sabia das terras do Oeste, já que consigo, para o exílio no Leste, ele levou um palantír que, dizem, se comunica com os Teleri em Alqüalondë, e também muito pode ver da Terra-média. Resolveu então partir nessa demanda, mas de valor ele não carregou nada. Até mesmo sua espada e não levou, e a deixou com seu cavalo e amigo Ninquënor na grande Cidadela, pois não sabia o que poderia acontecer. Ele partiu então, deixando a cidade a comando de seu filho mais velho, Inglor Minyon.

O que ele passou no Oeste poucos sabem. Dizem alguns que ele rumou até Lindon e foi até Gil-galad, que o reconheceu de tanto tempo atrás, da época em que ele servia seu pai Fingon; e viu em Fëaruin muito dos antigos príncipes dos noldor; ora, o Rei Alcarintur era um elfo alto e forte, como eram os elfos da Primeira Era. Em Lindon portanto Fëaruin fora bem recebido. Pouco tempo depois, Sauron, de volta a Terra-média, tornara-se uma grande ameaça, e Fëaruin, como um tenente poderoso de Gil-galad, fez parte do exército d’A Última Aliança, e ele marchou com os elfos de Lindon e com Elrond, e viu Sauron, e como ele tombou perante elfos e homens, e entristeceu-se pela queda de Gil-galad.
Após a guerra contra Sauron, Fëaruin partiu de novo após recuperar-se, despedindo-se de Elrond e marcando para si quando terminara a Segunda Era do Sol, para que assim nos registros de Alcarost fosse registrado o início da Terceira Era, seguindo os registros do Oeste, consigo levou mapas da Terra-média e lembranças de amizade.
Peregrinou por alguns anos pela Terra-média, visitou a Senhora Galadriel, que se lembrou dele dos tempos em Valinor. Dizem que ele convidou a donzela élfica e Celeborn para viver com ele, mas ela recusou pois não queria abandonar o Oeste. Decepcionado, mas venturoso, Fëaruin logo depois retornou para sua casa, reassumindo seu trono, e deixando para trás memórias de alguém sábio, bondoso e forte, e também promessas de eterna amizade.

Algum tempo depois, teve de matar, brandindo Valnáril, um grande dragão negro que atormentava seu povo, que viera morar nas minas dos anões quando ele se ausentou. Essa foi a única ameaça que eles sofreram logo após a guerra contra Sauron, e a despeito disso, Alcarost começava a Terceira Era do Sol com calma e regozijo.

Na Terceira Era pouco se sabe dos acontecimentos em Alcarost. O que se sabe é que Fëaruin tranqüilizou-se graças à queda de Sauron, e de seu povo, muitos rumaram para Valinor em busca de sossego. Durante meados esta Era, os alcarindrim evitavam afastar-se muito dos domínios do Rei Alcarintur, pois muitos bárbaros uniam-se, principalmente próximos ao Belegailin, o Mar de Rhûn, e os grupos de homens eram grandes demais (estes foram os homens bárbaros que atacaram Gondor e os Éothéod), e Fëaruin não queria se arriscar a avançar sobre eles. Mas em seus domínios, planícies próximas a Alcarost, os bárbaros não conseguiam entrar, e nem tentavam, pois temiam o Rei Élfico, e naquelas terras onde o inverno era rigoroso, os homens bárbaros não conseguiam se manter. Os alcarindrim então viveram em paz na maior parte da Terceira Era, a não ser por poucas e pequenas batalhas contra os bárbaros para evitar posses de terras; e sobre tempos de felicidade, não há muito para contar. Enquanto que os tempos de guerra rendem muitos contos e muitas canções.

O reino imponente de Fëaruin Alcarintur durou até o final da Terceira Era, quando tombou perante a chamada Ascensão dos Bárbaros, liderados por Laitaheru, o Traidor, segundo alguns, a mando de Sauron. O Elfo-negro matou Inglor, filho do rei, e muitos outros, antes de lançar um ataque direto a Alcarost. E ele tinha um espião nos alcarindrim, Sercë, um dos tenentes de Fëaruin, a quem ele havia trazido para seu lado prometendo-lhe o reino do Rei Alcarintur que ele tanto invejava.

Fëaruin muito viajava para o Mar de Rhûn, que ele chamava de Belegailin, já que ele adorava a água e reverenciava Ulmo, e nela buscava descanso e inspiração. A nova ameaça dos bárbaros era algo totalmente inesperado, e numa das poucas vezes em sua vida, Fëaruin estava perdido, e não sabia o que fazer; as terras ao seu redor estavam infestadas de homens bárbaros com intuitos sangrentos, Laitaheru havia retornado e matado seu filho mais velho, Inglor. Empreendeu então longa viagem ao Belegailin, para lá buscar alguma inspiração ou visão das águas de Ulmo. Desejava também resgatar o pequeno número de alcarindrim que residiam por ali, e trazê-los de volta a Alcarost. Foi para apenas encontrar uma vila élfica destruída, pilhada e em cinzas. Desanimado e um tanto confuso, acampou perto da margem do Belegailin, com o intuito de partir logo pela manhã. Foi nessa noite que algo nefasto aconteceu. Na triste e fria madrugada às margens das águas do Belegailin, distante de Alcarost, enquanto lamentava pela recente morte do filho e ponderava sobre quais deveriam ser suas ações, Fëaruin foi traído por Sercë, que disse ao inimigo onde ele estaria, e que estaria sozinho. Assim, o Rei foi emboscado por Laitaheru e seus filhos, Daedeloth e Deldúwath, sendo pego despreparado e com a guarda baixa, e havia muitos soldados e arqueiros com flechas negras. Ainda assim o rei matou Sercë, Laitaheru, seus dois filhos e toda a guarda do Elfo-negro que o atacou, mas foi mortalmente ferido por eles, e suas armas estavam envenenadas. Pouco tempo depois foi encontrado por seu filho Maegnor, que partira atrás do pai após um sonho de mau agouro, e para ele, Fëaruin proferiu suas últimas palavras com o último fio de vida que lhe restava:


“Sinto agora que é próximo o momento de me libertar do esforço de viver. E vejo, que mesmo jazendo adormecida, a Condenação dos Noldor nunca me abandonou, e a sina imposta pelo Oráculo dos Valar é algo de que não se pode evadir, e esse fado fez-me ser traído para a minha destruição. Não tenta sanar minhas feridas; elas são mortais e hão de me fazer perecer, e vivi como um guerreiro e é assim que anseio ir-me embora. Não te consternes, meu filho, já que irei para enfim ter paz, e para rever teus irmãos, e, após tanto tempo, a tua mãe, a quem amo mais que qualquer coisa em Arda. Lembra-te, contudo, que és um noldo assim como eu, e a Condenação também está sobre ti! Os homens bárbaros ergueram-se com um poder implacável, e todos os empenhos teus e de Alcarost para conter essa ameaça serão debalde, e o nosso reinado além de Belegailin há de ultimar, pois não cabe aos elfos dominar. Não fujas, porém. Honra teu povo e tua família, luta como jamais lutou antes, resista ao máximo, para que destarte não sejamos esquecidos. E quando necessário for, e necessário será, mande teu herdeiro para longe junto com aqueles que a guerra poupar, pois eles precisarão de alguém para liderá-los, e para que nosso sangue não desapareça de forma tão infame. A única esperança repousa nas lâminas e nas lanças, e não nos lamentos e no apego aos triunfos de outrora. Em nome de Eru Ilúvatar abençôo-te; vá!, meu filho.”


Por fim tombou Fëaruin, desprovido da vida, e Maegnor pranteou. Então enterrou o corpo de seu pai num monte na floresta de Taurwén, como era chamada pelos alcarindrim, que margeia o Mar de Rhûn, e para ele construiu um grande túmulo de pedra. A relva cresceu sempre verde acima do morro em que Fëaruin foi enterrado, que foi chamado de Haudh-en-Alcarintur, e ninguém, fossem elfos, homens, anões, trolls, orcs ou qualquer ser, ninguém ousou jamais violar o sepulcro do Alto-Rei de Alcarost. Valnáril, porém, Maegnor não encontrou, uma vez que ela caiu no Belegailin na luta contra Laitaheru. E esse foi o fenecimento daquele que dos noldor não foi dos menos formidáveis. E muitos choraram a sua morte, e Finlaurë, filho de Maegnor, viu na morte de Fëaruin o fim de Alcarost.

Depois da queda de Fëaruin, numa grande batalha, o exército de Alcarost bateu-se num combate violento contra um outro que era mais de três vezes maior que o seu, formado por homens bárbaros, chefiados por Ulfor, o Poderoso, general de Laitaheru e agora rei dos homens do leste. Conduzidos por Maegnor, o último dos filhos de Fëaruin, os alcarindrim lutaram heroicamente, reduzindo o exército de Ulfor em grandes proporções, e o grande machado de lâmina-dupla do príncipe de Alcarost fumegava na carne dos nefandos bárbaros; mas seus esforços foram baldados no campo de batalha. Não obstante, sem a liderança do Alto-Rei, o reino de Alcarost sucumbiu. Os atrozes bárbaros eram fortes e brutais, e, conta-se, saciavam sua sede com o sangue dos mortos em combate. Maegnor ordenou a seu filho que escapasse, levando com ele quem ele conseguisse, e como disse seu pai a ele em suas últimas palavras, lutou como nunca lutara antes, e os bárbaros tremeram em pavor à sua fúria.
Seguindo as palavras do pai, Finlaurë abriu caminho a espadadas até a sua mãe Laurelas, e com ela e poucos sobreviventes, estando entre eles Fincaran, Finlaurë bateu em retirada, temendo pelo pai e quase morrendo devido aos ferimentos, e seu destino aqui não é contado. Maegnor então lutou na praça em frente a Tirioninquë com o próprio Ulfor, e o venceu, decepando sua cabeça de seu pescoço, mas em seguida foi assassinado por uma grande saraivada de flechas e lanças que foram lançadas contra ele. A cidade de Alcarost foi então destruída, mas a torre do Rei os bárbaros não conseguiram derrubar, apenas algumas poucas pedras enormes que desabaram e tamparam sua entrada, e esmagaram inúmeros dos súditos de Ulfor, como que um derradeiro esforço vingativo pelas antigas tradições de Alcarost. Assim, o trono de pedra e prata de Fëaruin nunca foi maculado pela imundície dos bárbaros, que começaram a acreditar que aquele vale era mal-assombrado.

O destino insensível fez com que toda a glória do passado áureo da imponente cidadela construída e defendida com tanta labuta e sofrimento terminasse, e tornou-se lembrada apenas em lendas na Terra-média, a não ser por poucos mestres de tradições; mas no exímio anal de Valinor ela sempre foi lembrada com louvores, e sua história era contada com orgulho.

Como supramencionado, Ulfor foi morto por Maegnor em combate individual. Então, Ulfan, filho de Ulfor, assumiu a chefia dos bárbaros, e seu povo estabeleceu sua morada nas encostas das Orocarni, mas longe das ruínas de Alcarost, pois acreditavam que aquele lugar era amaldiçoado, e que espíritos élficos caçavam e levavam para a morte quem ousasse pisar naquele solo. Nas montanhas os bárbaros permaneceram e Ulfan atingiu a incrível idade de cento vinte anos. Viveram lá por alguns séculos, onde levavam uma vida ociosa, mas cheia de disputas, até finalmente se levantarem e devastarem o Oeste, comandados por Barak, descendente direto de Ulfor.

De Finlaurë, as únicas estórias contadas são as de que ele se escondeu, e retornou à cidade apenas para recolher o corpo de seu pai, e o enterrou ao lado do túmulo de Fëaruin, em Haudh-en-Alcarintur. Depois disso, ele fugiu para o Oeste, mas evitou contato com homens ou anões, e foi viver, com o remanescente de seu povo, no norte da Terra-média, em moradas escondidas nas Ered Mithrin, em terras perigosas, próximas às habitadas pelos descendentes dos Grandes Dragões. Laurelas mergulhou em uma grande tristeza, até que pediu a seu filho que lhe construísse um barco para que ela alcançasse Valinor, em busca de seu esposo Maegnor. Finlaurë ordenou, e foi então construído um barco branco para sua mãe, e ele desceu todo o Anduin com ela até o Grande Mar. Lá eles se despediram, e Laurelas colocou-se a velejar para o Oeste, e quando o seu barco finalmente desapareceu no horizonte, Finlaurë virou-se e começou sua longa e solitária caminhada em retorno a nova morada de seu povo. Entretanto, ele ouviu a música do Mar e aquele som ficou em sua mente, e a vontade de atravessa-lo foi despertada em seu coração. Ele habitou ainda a Terra-média durante um bom tempo, mas é dito que eventualmente ele construiu um pequeno barco, e desceu até o Grande Mar, com o intuito de velejar para o Antigo Oeste.




Dizem que, após sua morte, o espírito de Fëaruin Alcarintur partiu para os palácios de Mandos, e lá prostou-se diante Námo, implorando pelo perdão dos Valar, o qual já havia há muito obtido de Manwë, já que o próprio Manwë dissera que o alto-elfo já havia pagado caro demais por fazer parte da rebeldia dos noldor; e se outros haviam recebido o perdão, Fëaruin não era dos que menos o mereciam; ele que partira com tanto pesar. E Valnáril, que caiu nas águas do Mar de Rhûn, foi recolhida e trazida a Valinor pelos servos de Ulmo, Senhor dos Mares, ao seu comando. O corpo de Fëaruin foi restaurado e ele voltou a vida no Reino Abençoado, onde reencontrou seus filhos assassinados e sua esposa, perdida tanto tempo atrás, e lá viveu tranqüilamente e feliz. E nunca mais voltou a desembainhar Valnáril, uma lembrança de sua glória e de sua angústia, enquanto perdurou a bem-aventurança de Valinor.




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Aqui termina o breve conto que descreve, muito resumidamente, os principais acontecimentos da vida do alto-elfo Fëaruin, suas glórias e suas angústias. Poucos conhecem sua história por completo, mas aqueles que a conhecem o reverenciam como alguém que mereceu mais do que teve, mas que com humildade ostentou aquilo que veio a possuir, e assim como todos nós, Fëaruin tomou decisões certas e erradas, das quais decorreram acontecimentos diferenciados, e afetaram outros seres, de forma positiva ou negativa. Ficou na Terra-média até ser assassinado, e não construiu um barco para alcançar Valinor, pois não se considerava digno do perdão dos Valar, mesmo que tanto o merecesse. E de nada vale a glória, se por ela a felicidade plena não pode ser alcançada. E por mais gloriosa que fosse a vida de Fëaruin, ele não era feliz por completo, pois sua amada, Helyanwë, não estava ao seu lado para ver todos os seus triunfos e vitórias.

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Escrito por Marcus Vinicius (vulgo Fëaruin Alcarintur), baseado nas histórias criadas pelo artífice J.R.R. Tolkien
 

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