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[L] [Faerum] [Non Sense]

Faerum

Usuário
[Faerum] [Non Sense]

Me disseram, após ler este texto, que, se tivesse nascido nos anos 60, e lesse isso num pub de poetas, seria aplaudido... Não sei se foi um elogio, mas posto pra ve o que voces acham.
Eu particulamente achei uma loucura total..

*-*Devaneios de uma mente complexada*-*
Andando pelas ruas enegrecidas de suor, percebo com o canto dos olhos, passos abafados a ecoar pela escuridão crescente.
Diminuindo o ritmo, pensando nas conseqüências, deixo passar à frente aquilo que ecoa.
Extasiado pela visão da figura que é semelhante a mim, mas ao inverso, minha mente complexada regurgita devaneios nos pútridos assoalhos públicos, onde o mendigo pisa e o santo cospe enquanto passa.
Confuso com meu vômito mental, o estranho e conhecido transeunte se abaixou e benzeu as mãos na massa defecada que acabo de cuspir.
Levando as mãos abençoadas até as próprias temporas, o andarilho abre a boca com um estalo e, como um diapasão cósmico, sua voz que é minha, mas invertida, explode lançando palavras e fragmentos ao espaço extratemporal.
Senhora Dona Persona, que estava parada na esquina neste exato momento, leva as mãos como grandes aranhas albinas aos ouvidos e explode em uma chuva de ossos.
Intrigado, o jovem mas velho desconhecido, olha pelos trancos e barrancos, e dispara uma pérola pelo ouvido. A minúscula esfera translúcida explode nos paralelepípedos e, como um gramofone invisível, começa a declamar um soneto de Auden, enquanto o desconhecido conhecido caminha em minha direção com passos largos. Impulsionando os braços sobre meu peito, sua voz espelhada agora chama em meus ouvidos. Com um grito e um sussurro, molhado de suor e lágrimas, me levanto, envolto em de linho lençóis, e apoio a palma dos pés no octogenário piso de mogno.
Olhando ao longe, pelo horizonte transversal, vejo uma figura que é minha figura que não é minha figura andando a luz do sol crescente.
Com um giro repentino, meus olhos encontram meus não-meus-olhos enquanto uma esfera de ostra é lançada na escuridão.
Andando pelas ruas enegrecidas de suor, tropeço num objeto e quebro a cabeça num muro.
Durante a investigação, ririam ao descobrir a causa-mortis de minha pessoa. Numa rua nojenta, num canto escuro e reservado da cidade, algum grande azarado morreu ao escorregar em uma rara pérola.
E os jornais anunciariam no dia seguinte que a massa encéfala que cuspi fora roubada da cena do crime por um poeta fracassado de quarenta anos de idade.
 

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