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[L][Erion Storm Eyes][O Conto Vermelho]

Oi pessoal!! esse é um livro que começei a escrever com 12 anos depois de ter lido o senhor dos aneis e o Hobbit, está incompleto, mas eu estava pensando em terminar, preciso da opinião de alguém se vale a pena continuar, se ficou bom ou não!!! (droga...tem muitos erros que ainda não corrigi, pois desenterrei esse aquivo do baú, me desculpem!)

O Conto Vermelho



A jornada

[FONT=&quot]N[/FONT][FONT=&quot]os altos picos das montanhas ele nos observa com certa relevância, pois somos meras ovelhas a sua disposição, seu olhar sagas, seu hálito de morte já impuseram medo nos mais fortes guerreiros de todo reino, mas hoje não tenho mais medo, não me acovardo diante sua sombra; depois da perca que me causou só anseio pela vingança, o sangue derramado pela minha família não será em vão. Vou partir nesta manhã tão mórbida cheia de brumas e rancor, brandirei minha espada nem que esteja só, contra seus servos, sedentos de sangue. Mais oito homens com coração ferido partirão comigo para a jornada de nossas vidas, receio que poucos voltarão, mas nosso destino é um só, a vitória ou a morte. Juntei o pouco do que restou da comida, procurei nos escombros minha velha armadura que ainda estava inteira, me dirigi para o mausoléu de minha família em meio da chuva fina da manhã, com esforço abri o sepulcro de um ancestral e lá estava ela, majestosa em sua bainha, reluzente até com a pouca luz que adentrava a tumba, a retirei das mãos esqueléticas do corpo e já em saída a prendi ao cinto, nesse momento, retirei-a da bainha e me banhei com seu brilho intenso; a espada de nossa família brandiria novamente pela justiça divina.[/FONT]
[FONT=&quot]Montei no cavalo, rumei para a praça encontrar os outros homens, naquele momento em que cavalgava rapidamente sobre os restos mortais de nossos amigos em meio ao fogo que não se apagava. Percebi seu poder, me senti pequeno diante da destruição e da carnificina. Pensei, olhando para as montanhas, o que poderia nos esperar? Mas quando me dei conta, já estava na praça reunido com os meus amigos sobreviventes. Bastou olhares para que todos soubessem o que fazer. Já vi coisas horríveis, mas o olhar daqueles como eu, sozinhos, era tão terrível que desafiava qualquer crença ou medo que pairava sobre nós, cavalgando como vento, rumávamos para o sopé das montanhas, onde ele a serpente de fogo nos fintava, com olhar de desafio e malícia, ele é muito sábio, será que estamos agindo certo? Será que não seria melhor pensarmos em um plano ou algo assim, se o subestimarmos não iríamos durar sequer segundos em seu território. Parei a comitiva e comentei com meus parceiros sobre isso, inicialmente me chamaram de covarde, mas depois de longa discussão me deram razão; Phíllipe nosso mais jovem dizia que não muito longe dali ouvira falar de uma arma que poderia matá-lo facilmente, pela sua descrição era uma poderosa lança forjada pelos anões nas cavernas de prata e se chamava o Dente de Gorn, seu exagero em sua narrativa nos contando as proezas de quem empunhara essa arma foi evidente, se parecia com as histórias do velho bardo Tengil, mas quando estávamos entretidos com a história em uma parada para encher os cantis, fomos surpreendidos pelos seus servos, Wyverns negras voavam em todos os lados nos cercando e rasgando o peito de três homens que caíram gritando com a dor do veneno latejando em suas veias, o terror foi absoluto, felizmente consegui escapar derrubando um lagarto com minha espada e um golpe certeiro em seu pescoço escamoso, abrindo uma brecha entre os monstros corri com outros que escaparam para uma mata mais densa, mas os predadores tinha sede por nosso sangue, e nos alcançaram facilmente matando mais três homens deixando só eu e Phíllipe vivos, mas não poderíamos correr para sempre então bruscamente me virei lançando meu escudo contra um dos monstros ele com uma força brutal praticamente se empalou nas farpas do escudo, me jogando com seu enorme peso por metros até parar no tronco de uma árvore onde fui prensado, e cai inconsciente.[/FONT]
[FONT=&quot]Depois de algum tempo me levantei e com dores por todo o corpo me assustei ao ver que não estava mais na floresta esmagado pelo Wyvern, mas sim numa espécie de caverna todo enfaixado com tiras de tecido sem armadura e armas, teria sido capturado, foi o que pensei inicialmente, mas depois que vi alguém se aproximando, do que pareceu ser uma entrada, era um velho de longas barbas usando um manto com capuz marrom esverdeado, portando um cajado, percebi que ele tinha me salvado e que não parecia ter más intenções, mas e Phíllipe será que escapou?[/FONT]
[FONT=&quot] Quando me levantei o homem comentou com sua voz rouca que finalmente eu tinha acordado, percebi que minha barba havia crescido bastante e perguntei há ele quanto tempo havia ficado inconsciente, ele amassando ervas em uma vasilha disse que já faziam três semanas dês de que me encontrou na floresta pelo calendário do reino, eu me espantei com a resposta, ele continuou falando; perguntou meu nome, de onde vinha, quando o respondi o homem começou a ficar meio que irritado e ainda preparando as ervas dizia que eu fui descuidado e que não deveria subestimar o dragão, pois o que me fez viver até ali foram à vontade dos Deuses, então fiquei mais boquiaberto, pois como esse homem sabia de meus objetivos. [/FONT]
Comecei a questioná-lo, em resposta as minhas perguntas ele só me dissera seu nome e o que ocorreu todo esse tempo, logo me interrompeu dizendo que se eu pretendo fazer vingança, que fizesse com a cabeça e não com os punhos. Quando ele terminou de falar me lembrei de minhas armas e mantimentos e o questionei sobre esses, ele me apontou onde estava tudo, e complementando disse ainda que se não fosse pela armadura eu estaria sem as pernas e braços, realmente ele tinha razão, haviam cicatrizes em todo meu corpo ainda dolorido, ele comentou que poderia me ajudar em meus objetivos, mas se eu ficasse por lá o ajudando em suas coisas, fiquei meio desconfiado, seria ele uma espécie de fenticero? Mas concordei, pois estava perdido e totalmente desorientado, e ainda precisava me recuperar dos ferimentos, meus pensamentos agora estavam voltados em minha vingança, antes de apertar sua mão agradeci por ter me salvo e perguntei a ele sobre o jovem Phíllipe, e ele em resposta só fez um gesto apontando para cima com ar de lamento, minha sede por vingança aumentou depois de receber essa notícia, no momento quis pegar minhas armas e subir a montanha, mas como me disseram é melhor usar a cabeça do que os punhos.
Fiquei mais duas semanas me recuperando e ajudando o druida, aprendendo coisas diferentes do que apenas brandir uma espada, nesses dias descobri colhendo gravetos perto de um desfiladeiro uma velha ponte que o atravessava levando até uma trilha antiga que terminava na entrada de caverna, depois da descoberta perguntei ao meu agora mentor do que se tratava, ele se sentou perto da fogueira nessa noite estrelada e me contou inicialmente que há muito tempo nessa montanha viviam anões a cavar pelos corredores de minas em busca de Mitrhill a prata tão cobiçada, os anões eram pacíficos, mas desrespeitaram uma lei sagrada, sua cobiça os levou a encontrar a serpente de fogo que os escravizou, hoje alguns poucos que sobrevivem aos maus tratos e trabalhos forçados vivem nas escuras cavernas, em sua maioria tornaram-se corações negros e patrulham junto a monstros os corredores de Furnã o antigo reino anão. Questionei então depois de tão dramática história se aquela passagem que havia encontrado era a entrada para o reino anão, ele gesticulando, falando rápido me disse que aquela montanha era mais furada que um formigueiro e que aquele túnel poderia ser uma das centenas ou até milhares de entradas para Furnã, logo me advertindo disse para que eu acalmasse meu espírito, pois para tudo haveria tempo.
Ele devia saber que meu espírito não se acalmaria até ver a cabeça decepada do dragão, mas tentava me fazer esquecer meu passado árduo. No final da terceira semana estava eu a colher ervas em uma clareira quando percebi a mudança do vento e uma sombra gigantesca se aproximando de mim rapidamente, olhei ao céu e por segundos não fui ferroado pela cauda de um Wyvern que grunia e já se preparava para outro ataque, eu estava desarmado minha única alternativa foram alguns truques que aprendi com o druida, mas o lagarto alado deveria voar baixo o suficiente para que eu pudesse o prender no meio de cipós e plantas das árvores, esse foi o tempo para que viesse novamente com seu ataque, mirando atingir meu peito com seu ferrão venenoso, ouvi o bater de suas asas, salivava possuindo um olhar frio de morte veio com uma velocidade incrível, desviei de seu ataque rolando pelo chão, fazendo com que voltasse rapidamente contornando as árvores, fiquei agachado esperando o momento certo até que saltei para o lado e só escutei seu pouso mal planejado no meio das árvores, um estrondo impressionante, estalos e uma árvore tombando ao chão, imaginei se tivesse sido eu o alvo desse golpe; fui me aproximando até poder ver o animal que se contorcia de dor, aproveitando sua fraqueza invoquei os poderes de Gaia fazendo com que a vegetação do local se se enrola no bicho destroçando seu esqueleto como se fosse uma centena de jibóias. E por fim presenciei a morte agonizante de tal besta, naquele momento senti minha alma mais leve, pois minha sede de vingança finalmente tinha sido controlada e eu não sentia ódio mais sim à sensação de justiça.
Voltando para a caverna do druida o encontrei no caminho, estava de pé encima de uma pedra, parei para informar a ele o que havia acontecido ele me interrompeu dizendo com um ar misterioso que havia visto tudo, disse que eu finalmente estava pronto, que eu não lutava mais com os punhos e sim com a cabeça, e teria que partir para libertar meu espírito; começou a caminhar comigo pela trilha até a caverna, no trajeto me disse que iria finalmente me guiar para meus objetivos, eu havia finalmente aprendido que a melhor arma de um homem não é sua espada, é sua mente e espírito, para mim só restava liberta-lo, não pensava mais em vingança, mais sim em justiça. Meu honrado mentor imponente, quando chegamos à caverna ao sopé da montanha apontou com o dedo para o cume e disse que meu destino estava naquela direção, me trouxe suprimentos em uma bolsa de couro minha armadura junto com a espada; exclamando para a floresta ao redor, que o conto vermelho que foi profetizado aconteceria finalmente, me entregou tudo e com uma reverência, me disse para seguir para o bosque negro a um dia de subida para montanha, e quando lá chegasse que procuraria Torinks o elfo selvagem. Ao fim do comunicado se virou e simplesmente desapareceu nas sombras da caverna, fiquei meio confuso, mas afinal esse homem possui muita sabedoria meus dias em sua companhia eram provas disso, então parei de me fazer perguntas, e vestido os equipamentos fui à caminhada para a trilha do bosque negro.
A trilha ficava ao meio de pinheiros já era inverno e a neve caia como uma cortina branca dos céus, cada vez ficando mais íngreme o caminho era tortuoso e muito confuso, depois de uma hora de caminhada o sol já estava se pondo ao horizonte, resolvi então procurar algum lugar para dormir, encontrei uma fenda nas raízes de uma grande árvore, acendi uma fogueira e me aquecendo fiquei a reparar em minha armadura, estava muito acabada, as costuras no couro feitas pelo druida é o que deixavam as placas de metal que eram poucas firmes, muitas estavam amassadas principalmente a do tórax e das costas, sim depois do ataque dos Wyverns e meu acidente era para estar assim mesmo, depois retirei a espada da bainha, ele estava intacta, naquele momento me perguntava se meu equipamento iria resistir aos perigos que estavam pela frente.
A noite foi tranqüila, ao amanhecer logo ao nascer do sol já estava eu a andar novamente, encontrei a trilha e por ela fui caminhando a passos largos, aquele dia amanheceu escuro, entre as copas das árvores notei que haviam poucos pássaros cantando, fui pelo caminho prestando atenção nos animais que conseguia ver, mas foram poucos, algo estava estranho por ali. Mas caminhei sem problemas pela neve branca, naquela trilha pálida de inverno, agora entrava em uma espécie de corredor de pinheiros, com suas folhas pesadas de neve e ramos pontiagudos, a natureza nessa região desconhecida, me surpreendia, pois em local tão gelado havia vida abundante. Já caminhava por quatro horas sem paradas, mas notei que meu cantil estava quase vazio, precisaria encontrar água, parei um pouco, o ziguezague da trilha íngreme, e talvez o ar rarefeito tivesse me deixado com vertigens, foi quando vi ao lado da pedra que me sentei o esqueleto de um homem, me assustei por um momento caindo na neve, mas não foi nada, era um esqueleto já bem antigo não tinha mais nenhuma carne nos ossos, estava com metade do corpo enterrado na neve, deitado de bruço com alguns trapos pendurados nas costas, perguntei a mim mesmo se esse falecido não carregava consigo um cantil, então resolvi revista-lo, quando puxei seus ossos da neve, percebi que não tinha pernas, será que haviam se desprendido do corpo, comecei a cavar procurando seus restos, mas não encontrei nada. Bom o morto não iria matar minha sede, voltei a andar procurando algum sinal de lago ou riacho, parei muitas vezes, tinha a impressão de escutar águas correntes de uma queda, não estava muito próxima, mas era a única, marquei uma árvore com uma seta para não perder a trilha, e sai caminhando para a direção do barulho, foi então que encontrei uma grande clareira, e no centro um riacho de águas rápidas que caiam por rochedos serpenteando descendo a montanha, que sorte pensei; desci pela encosta devagar, pois o gelo estava em toda parte, cheguei até as margens do riacho tirei a rolha do cantil para mergulhá-lo em águas límpidas pareciam como vidro, mas mais translúcidos, quando estava quase cheio notei que a água tinha ficado vermelha, vermelha como... sangue olhei ao redor e me vi cercado por lobos, eram mais de dez; e acima, no rochedo estava ele, um Worg cinzento, de olhos amarelados, era enorme tinha pelo menos uns dois metros, era forte como um touro, e em suas presas estavam um pedaço de carne que respingava sangue pela água da pequena queda.
Nesse momento meus sentidos aguçaram e percebi o erro que tinha cometido, em todas as direções que meus olhos se moviam eu via corpos e mais corpos que estavam escondidos pela beleza do local, era território da matilha e eu estava nela. Eu não me mexi só um instante e os lobos rosnavam, pareciam com muita fome, talvez o aparecimento dos Wyverns tenha deixado pouca caça para eles e ainda era inverno, minhas mãos ainda estavam sobre o cantil quando um deles saltou sobre mim com uma ferocidade incrível, tentou morder meu pescoço, mas coloquei meu escudo na frente fazendo-o cair, mas já era tarde quando puxei minha espada da bainha os outros se lançavam sobre mim como piranhas encima de um suculento pedaço de carne; por muito tempo consegui evitar seus ataques, mas já estava cansado e todo arranhado tinha feito quatro deles cair ao chão com golpes de minha espada, foi quando percebi que foram se afastando, um uivo súbito ecoou pela montanha fazendo meu corpo gelar, ele havia descido, vinha caminhando por entre os lobos devagar, como um líder abrindo passagem, sua pelugem estava ouriçada e suas presas rangendo por meu sangue fresco, saltou com exímia rapidez que meus reflexos não acompanharam e facilmente me colocou ao chão, estava com as patas pressionando meu peito; seu peso era absurdo senti meus ossos estralarem, não iria suportar muito, procurei pela espada, mas ela tinha escapado de minhas mãos na queda, ele abriu sua boca exibindo sua mandíbula com dentes intermináveis, e quando ia cravá-los em meu pescoço fechei os olhos e escutei um zunido veloz e em seqüência um gemido e um abafo no chão, não senti mais o peso do animal em mim levantei rapidamente e o vi caído ao chão sangrando com uma grande flecha na jugular, rolei ao chão pegando minha espada e prevendo o ataque dos outros, mas mais flechas vieram essas por vez incandescentes espantando o resto da matilha.
Olhei para cima na direção que estavam vindo às flechas e no topo de uma pedra estava imponente uma figura de vestes verdes e manto negro segurando um arco longo cheio de adornos e nas suas costas um alforje cheio de flechas, agradeci ao homem por ter me salvo, peguei meu cantil tomei um bom gole de água e depois perguntei pelo nome da figura, ele em resposta me fez a mesma pergunta e acrescentando perguntou o que eu fazia por ali parecia meio desconfiado com voz rouca e forte, disse meu nome e respondi a outra pergunta lhe dizendo que procurava pelo bosque negro, ele falando rápido disse que eu já estava no próprio; fui subindo a encosta se aproximando dele, ele se afastou quando cheguei então percebi que também carregava na bainha uma espada, mas que parecia um facão, tentei cumprimenta-lo, mas em troca recebi um gesto de negação, ele escondia seu rosto com as sombras do capuz notou que eu o observava logo me perguntou o que procurava no bosque negro, em resposta disse que precisava falar com um elfo chamado Torinks. Ele soluçou exclamando o nome do elfo achei meio esquisito e o indaguei sobre tal elfo, perguntei a ele se conhecia o elfo; ele pendurando o arco nas costas disse que não, me alertou sobre os perigos do bosque negro, e para eu sair dali rapidamente, que lá não existiam bons “elfos” como ele... , quando deu por si colocou a mão na nuca e balançou a cabeça resmungou alguma coisa e já se entregando abaixou o capuz, era o tal elfo que eu procurava, ele, fazendo uma reverência dizendo, "Torinks ao seu dispor".
Depois de sua apresentação, logo retirei da mochila um pergaminho que o druida havia me dado, era para ser entregue ao elfo Torinks, entreguei então o rolo nas mãos do elfo que parecia curioso no momento, depois de desenrolar deu uma olhada, fez uma cara de espanto, mas logo suas feições alegres de elfo foram se tornando feições sérias de homens, ele olhou para mim estranhamente, não era possível dizer o que estava a pensar, mas seus olhos tinham um brilho mágico, ficou alguns minutos concentrado, parecia estar se lembrando de algo, depois pediu que o seguisse, fui com ele andando pelas árvores passando por minha trilha até que lá onde eu havia marcado o caminho com a seta ele sentou-se em um rochedo mais adiante; também fiz o mesmo. Fiquei em silêncio por alguns segundos até que ele se manifestou afirmando que iria me ajudar em minha jornada, perguntou se eu estava mesmo disposto a arriscar minha vida e se estava preparado, e se já sabia da profecia.
Quanto a se arriscar e a preparação respondi que esse era meu único objetivo e nada me faria desistir, mas quanto à profecia me espantei por não saber de nada, Torinks então me perguntou se o druida não havia dito nada sobre a profecia, eu em resposta disse que não; foi quando ele com um ar de mistério me entregou o pergaminho dizendo que ali estava tudo explicado, quando peguei o pergaminho e o desenrolei encontrei escrito nele com sangue já muito velho o seguinte texto:

DAS TERRAS DO MEDO, DA ESCURIDÃO, DO ÓDIO E DO RANCOR, ONDE PAIRA A DISCÓRDIA E OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE ESTÃO, VIRÁ NOSSO DESTINO, MORTE, GUERRA, PESTE E FOME; DEVASTANDO TUDO ONDE PASSAR, VOCÊS VERÃO OS SINAIS E SENTIRÃO NA CARNE AS CONSEQUÊNCIAS DO FUTURO E DO PASSADO. DOS VELHOS PARA OS NOVOS, DOS NOVOS PARA OS VELHOS, E NA ANGUSTIA DA EXISTÊNCIA SÓ QUEM FIZER A PROEZA DE TRANSFORMAR TODO ESSE MAL AGOURO E SANGUE EM BONDADE E SABEDORIA, PODERÁ EMPUNHAR A VERDADEIRA ESPADA DA JUSTIÇA, MUITOS TENTARÃO, MAS UM SÓ IRÁ TRIUNFAR SOBRE AS TREVAS, E NO TOPO DO CÉU SERÁ TRAVADO O ÚLTIMO COMBATE E DO SANGUE DA BESTA VIRÁ A PAZ DA ALMA ETERNA.
Assim contam os sete sábios.

Depois de ler o pergaminho comecei a entender minha missão, eu seria um daqueles que tentarão acabar com a escuridão de minha alma, um daqueles que tentarão mais talvez não consigam, pois o fardo é pesado, sentia que o destino me reservava tantas surpresas como essa profecia. Torinks se levantou dizendo que iria me levar até a boca da montanha onde eu poderia realmente começar minha missão, mas antes deveríamos sair do bosque negro, pois, perigos rondavam em todas as direções.
Logo saímos em passo rápido dentre os corredores de árvores, já estava a entardecer quando ao fundo da trilha coberta pela neve avistamos a saída do bosque, andamos bastante, que quando percebemos já estávamos fora do bosque, em uma imensa colina frente a um gigantesco abismo, em todo esse percurso o elfo não disse uma palavra, eu tentei puxar assunto, mas ele só andava e balançava a cabeça dizendo sim ou não. Na colina paramos e depois de uns bons goles de água, Torinks começou a falar, disse que ele era o guardião do bosque negro e que protegia os viajantes e seu povo, que vivia ali, então uma certa sombra se abateu no espírito do bosque, criaturas malignas começaram a aparecer, seu povo e muitos viajantes foram atacados por bestas maiores que aquele Worg que enfrentamos, Wyverns voavam por toda parte, destruindo e matando tudo que estivesse em sua frente, os goblinóides que ficavam distantes de nós nas montanhas, percebendo que nosso povo havia enfraquecendo as defesas, saíram de suas tocas nas cavernas e começaram ataques e pouco a pouco com enorme sofrimento meu povo foi sendo morto, até quase ser extinto, até que nos dias de hoje só restaram poucos, como eu, mas poucos que sabiam lutar, pois os elfos das florestas são pacíficos só se defendendo quando preciso.
Foi quando entendi porque estranhei ao vê-lo pela primeira vez, os elfos são uma raça alegre de bom humor, e esse tinha um olhar amargurado, era como eu, tinha perdido seu povo para os servos do dragão. Perguntei então se ele por conhecer melhor a região teria visto a serpente de fogo alguma vez, ou saberia seu nome, se o mal tivesse nome. Ele em resposta dizia que a serpente não sai de sua morada muitas vezes, mas quando sai é como se uma montanha de fogo explodisse sobre todo reino, acrescentou também que os antigos que mataram a primeira serpente a chamavam de Tizáman e que seu filho que agora habitava a escuridão se chamava Tizamóck, e pelas línguas que sobreviveram aos seus ataques e estavam sãs ainda, a serpente era um dragão vermelho do tamanho das torres de Sendel juntas.
Por essa descrição que meu companheiro fez, a criatura poderia ser considerada uma divindade como Gaia ou Titânus, logo ele se manifestou e para me surpreender mais disse que muitos povos que mesmo não sendo escravizados pelo dragão, o cultuavam com seitas e sacrifícios de vidas inocentes, quando terminou de falar, eu já estava boquiaberto e me sentindo tão meramente humano, que um desânimo repentino abateu sobre meu coração, mas logo meu senso de dever veio como um impulso animador.
Então Torinks olhou para mim, em um fintar de olhos rápidos, e me perguntou se eu pretendia subir a montanha só com essa armadura escudo e espada, eu respondi a ele que não tinha coisa melhor, logo ele gesticulando falou que então devíamos descer o penhasco e procurar um amigo dele que poderia fornecer algo melhor, que não se quebrasse tão fácil, eu concordei, pois como iria enfrentar monstros que quebram rochas com as mãos com uma armadura de couro e placas, e um escudo de madeira e anéis. Ele já acelerando o passo dizia para segui-lo, fui a seu encalço, paramos na beira do abismo, ele pegou uma corda de brilho prateado amarou-a em uma frondosa árvore, depois em volta de si, pediu que eu também fizesse o mesmo, então enquanto fazia o laço, fiquei também a admirar a vista do alto da colina e o quão devastado estava o mundo ao meu redor e não o enxergara, esse elfo abriu meus olhos para o mundo e retirou o pensamento egoísta de minha mente. Quantas árvores caídas, quanto fogo no inverno, quanto sangue derramado, quanto disso mais viria pela frente. O quanto os deuses estão tristes ao ver isso sem poder fazer nada, seria esse meu destino, acabar com esse sofrimento em troca de minha vida... Sim eu estou disposto, que venha o corvo da tempestade, eu estarei preparado!
Fui descendo acompanhando meu amigo, o paredão de rocha era íngreme estava todo coberto por cristais de gelo, que com a luz do sol produzia um efeito quase mágico, um brilho intenso quase ofuscante, descemos mais de cinco ou seis metros quando olhei para baixo e vi o elfo já apoiado em uma pedra caminhando em uma pequena soleira perante o abismo, ele disse para que eu desse um pequeno impulso com as pernas no paredão e viesse para seu lado, então ele desceria a corda para que eu o acompanhasse, ele parecia muito ágil por sinal, pois não é qualquer um que salta por quatro metros de uma corda, na horizontal para uma soleira de pedra, fiz o que me pediu, fui bem sucedido caindo na soleira, junto a ele. Logo ele recolheu a corda com enorme facilidade, mas ele havia feito um nó muito forte lá encima, como uma corda se desamarra sozinha de uma árvore. Fiquei meio abismado, mas pelo brilho da corda poderia ser um objeto encantado com algum tipo de magia, prosseguimos pela pequena trilha, em passos lentos e atenciosos, Torinks dizia que logo estaríamos perto da morada de seu amigo, então o indaguei sobre esse amigo, em resposta me disse que era um anão chamado Doomhamer, sobrevivente das montanhas que havia se estabelecido ali e era um exímio ferreiro e artesão.
Apesar de andarmos devagar chegamos rapidamente em uma entrada do que parecia ser uma gruta, do chão brotava água que descia a o abismo por fendas, estava quase toda congelada só um pequeno fio se destacava do gelo, suas paredes ásperas e cheias de protuberâncias fazia o local mais parecer a entrada de uma masmorra, Torinks ia na frente afirmando que estávamos próximos, mas que deveríamos antes adentrar a gruta por túneis até a morada de seu amigo, resmunguei, porque anões gostam tanto de túneis, o elfo fez um gesto de também querer saber mais... Cada um com seus gostos, já dava para notar que ali não batia muito sol, Torinks já ia acendendo uma tocha, depois de alguns segundos já estávamos dentro da gruta. Seus corredores gélidos e sussurrantes faziam minha imaginação trabalhar em pensamentos não muito agradáveis. O corredor tinha mais ou menos um metro e meio de altura, e dois metros de comprimento sua extensão não dava para saber, pois a escuridão mesmo com a tocha era plena, enxergávamos um metro a frente. Por todos os lados só haviam goteiras, formações de rocha e musgo muito musgo, em um certo ponto quando já havíamos percorrido uns dez metros, esse musgo começou a emitir uma luz verde que iluminava mais um pouco as paredes da gruta, fiquei espantado e curioso, Torinks me disse que eram Limbos vaga-lume, e que os anões os cultivavam para que iluminem um pouco seus túneis, pelo fato de que nem só anões os percorriam. Negociantes poderiam adentra-los mais não com muita precisão, realmente esses anões eram espertos pensei, então indaguei meu amigo perguntando se ele conhecia o caminho para a morada do anão, ele dizia que conhecia mas que deveria ficar atento pois os anões costumam expandir seus túneis a procura de minério. Com tal resposta decidi ficar em silêncio, pois não queria ficar perdido em tais túneis macabros como esses.
Depois de uma longa caminhada, Torinks parou subitamente me perguntando se estaria sentindo algum cheiro estranho, realmente tinha notado algo no ar, mas não parecia ser estranho, ele disse que era cheiro de carne podre e muito forte, mas eu não sentia com a intensidade do elfo, então o perguntei se poderiam haver mais Worgs por ali, em resposta ele dizia que não havia Worgs que poderiam descer o paredão, pedi que perdoasse minha ignorância, mas de onde poderia vir esse cheiro, continuamos a andar percorrendo o túnel que fazia curvas e mais curvas, o cheiro agora tinha ficado forte, meu amigo já cobrira o rosto com sua blusa, eu agora começava a sentir o cheiro podre que era quase insuportável, paramos um instante diante de uma bifurcação, Torinks disse que o caminho havia sido modificado, mas por um instante analisando o chão e as paredes disse que não parecia ser serviço de anões, meu amigo me surpreendia cada vez mais, tinha muitos talentos, fiquei parado enquanto ele analisava mais os dois túneis, ele me pediu para segurar a tocha, fiz seu pedido mais enquanto estava distraído e olhei para cima, fiquei paralisado, encontrei o motivo do odor. Logo chamei a atenção do elfo que também ficou boquiaberto quando viu um Wyvern pendurado no teto pelo gelo e algumas raízes secas, E indagou com tom de impossível, o que teria feito isso. Eu nunca imaginaria isso, pois o que consegue devorar um Wyvern além de outro Wyvern, a carcaça do lagarto parecia estar já algum tempo ali e tinha seu peito e abdômen abertos e não tinha mais entranhas, Torinks foi se aproximando e observando o corpo do animal, disse que o que tinha feito isso possuía uma espada bem afiada, ou... Garras enormes. Eu ainda me questionava quando Torinks recuou rápido como vento para trás me levando, me assustei, ele dizendo baixo que tinha escutado passos pelo corredor da direita, fiquei gélido quando disse a palavra passos, seria o comedor de Wyverns, Torinks exclamando disse para que eu apagasse a tocha rapidamente, tremendo atendi ao pedido mais já era tarde, avistávamos os olhos da criatura que vinha caminhando e gargarejando pelo corredor frio e escuro, Torinks saiu do esconderijo em um ato de extrema coragem, e quando viu a criatura já com arco e flecha em mãos preparados, gritou para mim que o monstro era um Trol, e estava acompanhado de mais alguns amigos, rapidamente saquei a espada e saindo do esconderijo vi os tais Trols. Criaturas de pele se eu posso dizer que aquilo era pele, verde cheia de espinhos pelo corpo, com olhos de brilho amarelado e garras enormes tão grandes como de leões, eram três e se aproximavam rapidamente, Torinks em desespero gritava para que eu pegasse a tocha e com toda rapidez corresse para o outro túnel, disse a ele que não iria o deixar sozinho, mas ele insistindo disse, que eu não conhecia o poder dessas criaturas e que ele sabia se cuidar, e logo me alcançaria, peguei a tocha com peso na consciência corri túnel adentro desorientado ouvindo as flechas do elfo zunirem no ar e o grito de dor das criaturas ecoando pelo túnel.
Já havia corrido por uns dez metros pelo túnel escuro, os ruídos de luta já ficavam distantes, meus pulmões precisavam de ar foi quando parei me apoiando na parede rochosa, respirando ofegante meus pensamentos confusos diante tal situação, que faria agora. Minha prioridade foi reacender a tocha que estava em minhas mãos, não tinha nenhuma faisqueira, o jeito foi improvisar retirei a espada da bainha e a brandi contra a rocha do túnel, com um estalo as faiscas acenderam a querosene da tocha, agora com tocha e espada em punhos vi o quanto tinha me afastado reparei que o silêncio prevalecia a não ser o fulgor da chama na tocha. O lugar aonde havia parado era morto não haviam daqueles musgos, só pedra e muitas sombras, aquele corredor continuava mais declinava cada vez mais, indignado perguntei a mim mesmo se aquele caminho ia até o inferno, pois era extenso demais. Mas meus pensamentos não deixavam idéia de que Torinks precisava de mim, o que iria fazer eu voltar, ou prosseguir, minha cabeça iria estourar de indecisão até que do seguimento do corredor ouvi um baque surdo, depois um estrondo, que pareceu abalar as estruturas do túnel, logo gemidos de dor ecoavam por ali. Fiquei curioso e ao mesmo tempo aflito cheio de dúvidas, decidi verificar o ocorrido, fui lentamente descendo pelo túnel, percorri uns seis metros só em descida até que cheguei a uma grande sala formando um circulo de teto côncavo, e cheio de cristais reluzindo a luz do fogo, fiquei maravilhado com tal beleza, mas não tirei atenção da frente, fui me aproximando devagar já podia ver que uma parte do teto tinha desabado e havia muitas pedras no chão, olhei para os lados levando a luz do fogo em toda direção, mas não havia nada lá apenas muita água brotando de uma parte da parede junto de líquen que descia do teto formando uma espécie de cortina, a escorrer da água gelada, fazia parecer que aquele lugar não oferecia mais riscos, quando chegando perto de um monte de pedras de mais ou menos dois metros vi uma pequena porém robusta mão ensangüentada, parecia haver um corpo debaixo de tudo aquilo, comecei a retirar as pedras, deixando a tocha calçada no chão e a espada na bainha, teria muito trabalho mais me perguntava se a pessoa que estava ali quem quer que fosse estava viva e se poderia me ajudar sair dali.
Estava progredindo bastante quando senti um golpe em minhas costas rasgando minha armadura e também minha pele, foi tanta sua força que me jogou contra a parede fazendo meu corpo esbarrar na tocha e a derrubá-la, quando, sentindo uma dor tremenda me levantei, vi uma sombra enorme, tinha pelo menos uns três metros de altura, andava curvado em minha direção, até que se aproximou do pouco fogo que exalava da tocha, e então eu a reconheci, era uma daquelas criaturas, um Trol, sedento de sangue, seus olhos vermelhos diferentes dos outros, vinha em passos largos, as mãos balançando em seu andar desajeitado, com garras longas e pontiagudas parecendo facas pingando meu sangue. Ele veio com grande impulso em uma investida mortal com suas garras na direção de minha cabeça, só tive tempo de colocar o escudo na frente do golpe o bloqueando, quando ouvi um rangido estridente faíscas, do escudo se partido em três, o medo e desespero corriam em minhas veias como veneno paralisante, mas algo dentro de mim não me deixava perecer diante tal criatura, o braço que apoiava o escudo ficou dolorido como se ele estivesse segurando um cavalo em disparada, rapidamente rolei para o lado evitando mais um golpe que deixou marcas na rocha da parede, a criatura chiava e aos berros voltou-se para mim abrindo sua bocarra cheia de baba e dentes navalhados que pareciam agulhas enfileiradas, não tinha tempo para pensar em nada, essa gruta estava morta dos poderes de Gaia, quando em outro lampejo o monstro me atacou, dessa vez teve sucesso, minha esquiva não foi rápida o suficiente, e suas garras agora tinham cortado minha perna de maneira que me deixava impossibilitado de andar, agora via que minha morte estava próxima, sangrando muito e com dores pelo corpo não podia mais fazer nada. O Trol sádico parecia rir de minha ruína e fragilidade, não me atacava, apenas ficava andando ao meu redor se deliciando com meu sangue lavando o chão escarpado de pedra, derrepente, as pedras de onde estava aquele corpo que encontrei começaram a se mexer, o Trol parecia não ter notado e em uma explosão de ódio uma figura estranha saltou de lá e segurando uma maça cheia de farpas golpeou o bicho pelas costas, o Trol desabou ao chão e sem reação foi sendo golpeado uma, duas, três vezes até que estava despedaçado, a figura ainda nas sombras e irreconhecível, parou, parecia muito esgotado, veio em minha direção eu já sem forças pedi por ajuda, ele me ofereceu um cantil, eu sem hesitar o peguei e bebi, não era água que havia nele, mas uma espécie de líquido de sabor indescritível e cheiro perfumado, depois da golada, comecei a me sentir mais disposto, mês olhos estavam se acostumando com a escuridão quando, inesperadamente o Trol se levantou não parecendo nada abalado golpeou o estranho que praticamente decolou acabando a cair no mesmo monte de pedras que havia surgido. Mas como aquela criatura suportou, depois de ser praticamente massacrado; logo ele virou-se para minha direção, parecia estar inteiro novamente, o medo abalou-me, não haveria forma de derrotar esse inimigo, minhas esperanças estavam se esgotando quando ouvi uma voz rouca e grave dizendo que havia fogo e fogo para se purificar o que estava corrompido, entendi rapidamente a mensagem e em uma investida corajosa saltei pela lateral do monstro, evitando seu golpe peguei a tocha que tinha ainda poucas brasas, a golpeando prontamente contra o peito do Trol que no instante sufocou um grito de terror inimaginável, que ecoava cada vez mais forte pelos túneis da gruta. Aproveitei o tempo para pegar também minha espada que faisquei novamente contra a parede acendendo um novo fogo, e minhas esperanças, arremessei-a contra o Trol que como querosene queimou dos pés a cabeça labarejando, iluminando todo o local com sua morte cadente.
Depois disso fui tomado por preocupação, à figura que me ajudou estava lá caída sem movimento, respirei fundo, engasgando com a fumaça do Trol, mas fui em direção ao corpo, ele era um anão, e estava muito mal, apoiei a tocha novamente e tentei me comunicar com ele, perguntei seu nome, ele respondeu não muito claramente; DoomHamer, era quem eu e Torinks, “Torinks”, onde estaria o elfo, o anão sangrava muito pela boca talvez tivesse quebrado uma costela, não conseguia falar, o sangue em sua garganta não deixava, mas apontou com o braço ferido o cantil e então o peguei e dei-o para beber o resto que tinha sobrado do líquido milagroso, reparei que meus ferimentos haviam fechado, então rezei que o mesmo acontecesse ao anão.
Depois de um tempo ele pareceu melhorar, mas ainda não conseguia falar, eu o retirei da pedras e arrancando um pouco de líquen fiz uma “cama” para o enfermo, a única coisa que poderia fazer era esperar, pois ali pelo que parecia, onde o teto cedeu bloqueou a continuação do túnel. Meus pensamentos agora voltados apenas na segurança, na esperança de como um novo fogo se acendeu, poderia meu amigo elfo estar vivo diante aquelas criaturas, e que meu novo amigo anão se recuperasse logo para irmos procurar Torinks.
O tempo foi passando e a pouca luz que tinha em mãos estava se apagando, não havia nenhuma reação de Doomhamer, logo a escuridão nos cercaria, e nada de Torinks, fiquei pensativo por um bom tempo, até que decidi procurar pelo elfo, deixei Doomhamer ali com peso na consciência, sai caminhando com espada e o que restara da tocha em punhos, fui refazendo todo aquele percurso sinuoso, novamente aquela sensação de terror e angústia tinha tomado conta de mim, a cada passo que dava olhava ao redor e me virava um pouco para trás, até que no meio do percurso as brasas da tocha se apagarão, e lá estava eu sozinho no escuro. Agora entendia a força de vontade dos anões, pois viver em uma caverna não é para qualquer um, derrepente um cansaço estranho se abateu no meu corpo inteiro, estava ficando exausto a cada passo, meus olhos teimavam em se fechar, mas lutei contra isso e prossegui em frente tateando para achar o caminho. Depois de algum tempo cheguei à bifurcação onde eu havia me separado do elfo, senti um cheiro de morte naquele local, fui seguindo aquele odor forte, até virar indo pelo outro túnel, quando vi uma luz fraca a uns dois metros de mim, ficava oscilando bastante, parecia fogo, continuei a andar naquela direção, o cheiro foi ficando cada vez mais forte, quando cheguei, senti a pouca fumaça que saia de corpos. Eram aqueles Trols, Torinks havia os derrotado reconheci suas flechas, mas não havia nem sinal deles, foi quando senti um cutucar nas costas rapidamente me virei com a espada apontada, quando vi um pequeno vulto, que com a pouca luz do lugar me fez imaginar uma criatura horrenda. Mas uma voz grossa e rouca com tom de comando disse que o dia não estava bom para ele hoje e completou dizendo para eu abaixar a espada , era DoomHamer, e parecia muito bem, logo perguntou meu nome se referindo a mim como estranho, respondi e já lhe indagando como tinha se recuperado tão rapidamente, ele respondeu gesticulando que o que havia me dado para tomar naquela hora lá no túnel era érgon uma poção restauradora de energias e de ferimentos, e que eu também havia lhe dado, explicou que o efeito é rápido mas que depois o cansaço volta. Então comecei a entender meu estado, Mal conseguia andar, o anão percebeu meu estado e disse para que eu sentasse, pois estava muito cansado, fiz o que sugeriu mas logo exclamei por Torinks, a reação do anão foi espontânea, me perguntou se conhecia o tal, lhe disse que sim, e o contei sobre minha jornada até ali e de como havia me perdido. No final da história, Doomhamer sorrindo disse para eu não ficar preocupado, que aquele elfo era liso como gelo, e não se deixaria pegar por uns Trolzinhos, completou dizendo que era sim para que eu me preocupasse comigo mesmo, pois o Trol que tinha derrotado não era um qualquer, mas sim um Prottotrol, um dos antigos, e em caso dessas malditas criaturas quanto mais velho melhor. Fiquei abismado, Doomhamer me disse que eu era muito corajoso e forte, apesar de ser humano, tinha o espírito de um anão guerreiro; mas ainda indaguei pelo elfo, o anão disse que talvez ele tivesse se escondido em alguma das passagens secretas da caverna para evitar mais problemas depois que mandou esses do chão pro inferno, depois da frase deu uma boa gargalhada, e continuou falando; dizia-me que estava fazendo uma patrulha pelos túneis quando foi surpreendido pelo Trol, que veio logo ao ataque sedento de sangue, mas que o bicho havia errado o golpe, que acabou sedo desferindo na parede, que como um raio veio abaixo, o soterrando, mas deixando o Trol livre. Ë de uns tempos pra cá meus túneis foram invadidos por esses filhos da mãe, nem com todas as armadilhas os afastaram daqui, exclamava ele; foi quando quase adormecendo ouvi uns passos vindo em direção dali, e com a pouca luz vi um vulto, Doomhamer ficou atento com sua grande maça nas mãos; mas derrepente como se estivesse vendo gritou:
-Amigo Torinks... Junte-se a nós na conversa!!!!!!!!
Parecia o fim de um longo pesadelo, quando avistei o elfo sorrindo ao me ver e ao anão.



Escuros Horizontes



[FONT=&quot]L[/FONT]entamente, um calor abateu-se em todo meu corpo, meus olhos estavam se abrindo, e se acostumando com a luz do ambiente onde parecia que eu estava deitado. Luz... já fazia tempo que não a sentia e a via daquela forma, um novo amanhecer, um despertar, um renascer, foi o que senti, quando aos assobios de alguém acordei e me dei conta de onde estava. Parecia uma casa, na minha frente uma lareira, aos lados tapetes e uma pequena mesa, de onde Torinks tomando algo em uma caneca e cabisbaixo me viu e com ar de surpresa dizia que era bom que eu tinha acordado e já fazia algum tempo que dormia como pedra, se levantando veio perto da cama onde eu estava, puxou um banco se sentando disse que já se passarão dois dias deis da luta com os Trols na gruta, fiquei pasmo, lhe perguntando onde estávamos, logo em resposta cessando os assobios, Doomhamer, apareceu no canto da porta e exclamando disse que era sua humilde casa.
Levantei-me com cuidado, sentia dores tremendas nas costas, dei uma olhada e vi quatro vergões, que pareciam ser sinais claros de chicotadas, mas me lembrei do maldito Trol, Torinks se levantando também, contava que depois de que me encontrou e o anão no túnel eu desmaiei de cansaço, e ele e Doomhamer haviam me trazido para a morada do anão. Perguntei o que fizeram todo esse tempo que fiquei dormindo, ele em resposta indo à direção do anão dizia que ficaram cuidando de meus ferimentos e me alimentando com esperanças de que eu acordasse, mas havia dado tudo certo pela graça dos deuses; os agradeci, pois eram verdadeiros amigos; sim dizia Doomhamer, em épocas como essa devemos todos se unir, Torinks balançou a cabeça confirmando a frase do anão, mas eu fiquei quieto, pois ainda estava confuso em relação ao tempo.
Torinks rapidamente vindo em direção a mim e me estendendo a mão disse que me esperou para esclarecer tudo a Doomhamer, e dizendo isso me pediu o pergaminho, eu rapidamente o procurei, estava na bolsa de couro na mesa logo a meu lado, o entreguei ao elfo me lembrando do fardo que estava em minhas costas, e de como ele era pesado; logo Torinks entregou-o para o anão que curioso foi logo abrindo e lendo com os seus olhos negros. Deu um tempo até que tivesse terminado, foi ai que enrolou o pergaminho me entregando e dizendo que iria me ajudar em tudo que pudesse e que se preciso iria comigo até as profundezas da montanha, e enfrentaria tudo ao meu lado sem hesitar, o interrompi afirmando que tinha grande, mas ele ficou pensativo por um momento, mas logo sorrindo me pediu para que o seguisse, pois teria o melhor ferreiro do reino a minha disposição, fui logo atrás do empolgado amigo e me alcançando vinha Torinks que ainda depois de tudo isso parecia não ter perdido seu ar melancólico. Seguimos até pararmos em uma grande porta de metal que o anão abriu com dificuldade, e rapidamente reconhecemos a ferraria de Doomhamer, fiquei impressionado, nunca havia visto uma ferraria tão bem organizada e bem equipada, haviam coisas lá que nunca imaginei engenhocas e outras coisas que fariam inveja a qualquer ferreiro do reino, se o anão realmente soubesse mexer com tudo aquilo seria sim como disse o melhor do reino.
Perguntou a mim já mexendo em umas ferramentas, de que eu precisava armas, armaduras, ferraduras, elmos, escudos; logo Torinks o interrompeu, dizendo que eu precisava ser armado para que pudesse enfrentar os perigos da montanha, sem cair quase morto, e que já estivesse pronto, porque já mos tinha perdido tempo demais. O anão ficou pensativo, mas depois começou a andar de um lado para o outro resmungando, até que em um lampejo foi até um armário e tirando do bolso um molho de chaves, demorou a abri-lo, mas quando abriu como se tivesse apresentando um bardo retirou de lá uma couraça, escudo e elmo reluzentes como cristal, fiquei admirado com o brilho do metal meu amigo elfo não parecia muito impressionado, e logo disse quase rindo, então é isso que tem lhe prendido aqui meu amigo, ao anão que seriamente e orgulhoso virava-se para nós com todas as peças a mostra; e dizendo para que nós aproveitasse-mos o momento que não era todo dia que veríamos uma couraça de Mitrhill...
Quando ele pronunciou esse nome me lembrei da história que o velho druida havia me contado, e de como aquele metal era importante para os anões, Doomhamer me perguntou se havia gostado da armadura, obviamente que disse que sim, até o elogiei pelo excelente trabalho, mas logo lhe retruquei com outra pergunta, queria saber por que a fez do tamanho de um homem e não a fez para um anão. Ele em resposta dizia que tinha uma grande reserva de mitrhill e que quando resolveu molda-lo foi trabalhando instintivamente, e foi nisso que deu, talvez seja um sinal, terminava a explicação olhando curioso para mim, Torinks pediu que eu vestisse a couraça para ver se me servia; bom lá fui eu, mas enquanto a vestia estranhei, pois ela era enorme mas quase não tinha peso, seria resistente o suficiente, me perguntava, ao perceber minha dúvida Doomhamer dizia que mitrhill era o metal perfeito para a fabricação de armaduras, pois era incrivelmente leve e muito resistente, quando terminou a frase, colocou o elmo que estava a segurar na mesa e lascou um golpe com força brutal com um martelo, contra o elmo, que mal se mexeu, fiquei novamente pasmo.
Não havia sequer um aranhão na coisa, realmente sabia agora porque esse metal tinha tanto valor para os anões; depois de algum tempo já estava pronto, coloquei o elmo e empunhei o escudo, meus amigos olhavam com outros olhos para mim, até o elfo parecia admirado, Doomhamer questionou sobre minha arma, disse a ele que eu possuía uma bela espada, pediu para dar uma olhada, logo o entreguei a arma, ele a retirou da bainha, ficou a observando detalhadamente, até que exclamando disse que nunca tinha visto um trabalho como aquele em uma arma, era realmente fantástico, o anão até me perguntou quem havia forjado a arma, em resposta disse a ele que pela lenda que conhecia da arma um rei havia presenteado um de meus antepassados, porque estava agradecido, por um favor que havia lhe prestado.
O anão ficou pensativo, e disse que não precisava me preocupar com arma, porque a que carregava, seria melhor que qualquer arma que qualquer anão pudesse fazer, até para ele. Ainda o expliquei que essa arma era a espada da família, e que cada um que a empunha-se, e realizasse um grande feito de bondade deveria para que o próximo que a empunha-se se lembrar, uma pedra preciosa nela cravar, e o anão exclamando disse que então minha família era de bons homens, pois que já haviam seis pedras lindas cravejadas em sua empunhadura.
Torinks nos interrompeu, me perguntando se faltava algo para partimos, fiquei pensativo por um tempo, quando me lembrei de coisas básicas como comida, água, tochas e óleo. Logo ao ouvir isso o elfo foi à direção de uma mesa e de lá trouxe uma mochila nova nas mãos e um cinturão com seis algibeiras, e disse que então estávamos prontos, pois Doomhamer tinha providenciado tudo, Doomhamer orgulhoso dizia que tinha sempre um estoque grande dessas coisas para viagens longas, pois ele percorre suas galerias que são enormes procurando por minérios e as ampliando, Torinks me entregou o cinturão, colocou a mochila nas costas, parou um pouco e nessa pausa perguntou seriamente ao anão se ele viria conosco, pois estávamos de partida para a trilha subindo a montanha dos Wirmys; o anão exclamando disse que iria, mas que antes deveria fechar alguns túneis, terminou dizendo para que nós esperássemos mais um pouco, Torinks apressado como sempre e já andando na direção da saída disse que era para que o anão nos encontrasse no final do túnel, a entrada da gruta, foi dizendo isso que me puxou e fomos andando saindo da morada de Doomhamer.
Já tínhamos percorrido uma boa parte dos túneis sinuosos, havia partes que não conhecia, pois tinha desmaiado quando eles me carregaram para a toca do anão, eram tantos caminhos, tantas opções, que já estava totalmente perdido, mas meu amigo elfo parecia ter um faro muito aguçado para a saída dali, bom acho que ele conhecia bem aqueles túneis. Puxei conversa enquanto andávamos, o perguntei como foi que derrotou aqueles Trols nos túneis, quando saí, ele começou a me contar que logo que eu corri com a tocha ele tinha colocado três flechas em seu arco, se concentrou rogando uma magia para atear fogo nas pontas de tais flechas, os Trols começaram a correr rapidamente para atacá-lo mas isso só o ajudou pois a magia foi bem sucedida, então ele disparou, e como um raio atingiu os monstros que queimaram como lenha na fogueira, mas haviam mais vindo então ele resolveu se esconder, se lembrando das passagens secretas dos túneis de DoomHamer, foi pegando um a um dos outros Trols, uma patrulha grande, até que suas flechas acabaram, e por sorte os Trols também. Fiquei impressionado, mas muito curioso a respeito da magia, queria saber mais, explicando a ele que meu mentor o Druida, tinha me ensinado alguns truques, mas que tudo dependia da minha fé na grande Gaia espírito do mundo. O elfo espantado não sabendo que tinha tais conhecimentos, pareceu interessado, quando me disse que devíamos trocar tais conhecimentos, pois que hoje em dia quem possuí essas habilidades são poucos, mas seria mais tarde, talvez em uma parada. Fiquei feliz ao ver que o elfo tinha mudado de expressão, pois dez que o conheci ele tem aquela cara de seriedade total e poderia até dizer de rancor; quando havíamos chegado até a bifurcação do túnel, onde todo conflito começou, um vento gélido invadiu o corredor percorrendo o túnel, assobiando e congelando nosso suor da caminhada. O som que o vento fazia se parecia com o lamento das pessoas mortas naquela montanha, o frio era intenso, parecia que nosso caminho mais uma vez nos surpreenderia, e surpreendeu, pois quando com dificuldade, desviando dos milhares cristais de gelo que se formavam ao longo do túnel, na saída da gruta vimos que uma nevasca tinha nos aprisionado ali, lá fora as únicas coisas visíveis eram o branco da neve que caia incessantemente e um pouco da luz do sol que conseguia penetrar o vento espesso de neve que castigava o vale abaixo de nós.
Torinks pareceu chateado quando viu tudo aquilo, pois não poderíamos mais seguir a tal trilha, foi quando em passos os mais largos possíveis chegou exclamando Doomhamer, dizia que a nevasca estava muito forte e que seria arriscado sair dos túneis, mas ele conhecia um caminho que por debaixo da terra nos levaria ao topo da montanha. Logo o elfo se virou bruscamente, e com uma preocupação enorme, falando mais seriamente do que nunca, disse que também conhecia esses túneis, os antigos caminhos para a reino morto de Furnã. Ao terminar a frase, me lembrei desse nome, estava ficando assustado com a expressão dos meus dois amigos, até começaram a discutir, Torinks dizia que os túneis antigos, eram verdadeiras armadilhas comparados aos que tínhamos enfrentado até ali, que estavam infestados de monstros bem piores que Trols, e de criaturas que nossa mente nunca poderia imaginar. Doomhamer em resposta dizia que sabia de tudo isso, mas que era essa a nossa única escolha, que quando essa nevasca acabasse iria tampar a entrada de todos os outros túneis de saída inclusive aquele que estávamos, e sendo assim ficaríamos horas talvez dias para retirarmos a neve. Seu argumento foi mais forte, pois ele vivia ali e conhecia a região, então Torinks ficou a pensar, e foi quando ele se manifestou, vendo que essa seria a única saída, dizendo para que Doomhamer nos guiasse que meus piores pensamentos vieram a tona; pois pelas lendas que pouco conhecia, esses túneis poderiam levar até o inferno, que era o que nos esperava, parecia que nosso destino, principalmente o meu seria cheio de testes de coragem e força de vontade, justamente o que estava se esgotando dentro de mim.
Doomhamer, pegando um pergaminho e com um pedaço de carvão em mãos, começou a esquematizar nosso caminho, nos explicando detalhe por detalhe. Deveríamos descer pelos seus túneis, chegando até a antiga entrada de Furnã, e a partir de lá sendo túnel qualquer subir, subir o mais rápido possível, e sempre afastados dos túneis centrais, assim evitando possíveis perigos, chegando finalmente a borda da montanha onde havia um respiradouro de antigas minas, que nos seria a saída. Fiquei espantado com o grande conhecimento dos túneis de Furnã, que possuía meu amigo, o questionei sobre tais habilidades, em resposta recebi diretamente, que aquele anão já havia sido um dos engenheiros de Furnã em seu antigo império, e que fugiu quando tudo que prezava havia sido contrariado. Bom analisando a situação estávamos em boas mãos, mas algo me dizia que um novo pesadelo de horror e sangue viria.
Bom não havia dúvida que tínhamos um excelente guia, mas preferia não precisar de seus serviços. Torinks parecia muito preocupado, tinha os olhos voltados para o chão quando nossa caminhada começou por sinal algo que preocupa o poderoso elfo ao meu lado, seria duas vezes pior para mim, mas e o anão... andava em passos largos sempre na frente, decidido com grande postura, me perguntava se me surpreenderia mais com ele depois da sua prova de resistência e força de vontade na luta contra o Prottotrol. Haviam tantas coisas que queria questioná-lo, mas seu olhar rígido como rocha me desencorajava, parecia que naquele momento meus amigos estavam a pensar no futuro, do que fariam dentro de Furnã, e eu; sentia-me um tanto ignorante perante o conhecimento dos meus parceiros, será que não estava tão preocupado porque não tinha noção do que estava a minha frente...???
Perguntas e mais perguntas enrolavam meus pensamentos, mas não parávamos de andar; o anão avançando em primeiro, eu segurando a tocha e logo depois o elfo atento como um leopardo caçando, agora percorríamos um túnel bem diferente, o silêncio entre nós permanecia, eram paredes de pedra quase verde, um verde ardósia morto, o solo parecia arenoso e cheio de pedregulhos, o clima como sempre úmido, tão úmido de escorrer água de minha armadura, não haviam daqueles fungos nossa luz era só a tocha que carregava; perdi a conta de quantos corredores dobramos e de quantas bifurcações passamos, um verdadeiro labirinto, mortal para qualquer um que não fosse um anão.
O clima e o silêncio torturante, só acabaram quando Doomhamer anunciou que estávamos perto do trevo dos dentes, Torinks já preparava seu arco quando Doomhamer terminava a frase, fiquei sem saber o que fazer, mas logo Doomhamer também parou, e sacando sua maça me deu mais uma aula de seus conhecimentos dizendo, que o trevo dos dentes era o nome que os antigos deram a um trevo escavado por Gunter sem Dentes, o melhor anão mineiro, mas que infelizmente descobriu algo terrível, os Órlogs, serpentes enormes que escavam a rocha como se nadassem na água, Gunter foi morto junto com seus companheiros de escavação, depois o imperador mandou que isolassem o trevo, para que os monstros não encontrassem Furnã, mas para isso teve que comandar uma investida militar contra os bichos, na época com milhares de perdas o império venceu, isolou o trevo, mas não conseguiu acabar com todas essas criaturas, hoje pelo que sei restam poucas, mas são de qualquer modo mortais. Ainda temos que nos preocupar com os desmoronamentos, pois esses bichos cavaram tantos túneis, que abalaram a estrutura do trevo.
Mas se o trevo foi isolado, como poderíamos chegar à entrada de Furnã por lá, perguntei espantado com aquela história ao anão, que retrucou rápido, os Órlogs encontraram uma saída do trevo há pouco tempo, e agora fazem parte do submundo junto aos de coração negro. Com a dúvida saciada, me aprontei empunhando minha espada, Torinks estava mais silencioso do que nunca, nem conseguia escutar sua respiração, era mais um momento tenso, seguimos em frente, mas mais cautelosos, e com os sentidos apurados, DoomHamer de tempo em tempo grudava os ouvidos no chão, paredes e parecia visar também o teto, dizia ele que poderia sentir as vibrações de uma criatura dessas e prevenir um ataque surpresa, e assim por muitos metros fomos andando; até que o túnel mudou completamente, suas paredes agora eram vermelhas todas escarpadas, o solo era todo cheio de buracos e rachaduras, como o teto, e por final começava a declinar. Era a entrada do trevo, disse com vós tensa DoomHamer, de agora em diante estamos por conta da sorte, completava Torinks; eu fiquei me sentindo cada vez mais inseguro, pelo que o anão me disse essas coisas poderiam vir de qualquer lado, e eu não sei como, mas pressentia que o perigo nos rodeava; começamos a descer, meus olhos não queriam parar nas órbitas, ficavam a olhar para todos os lados, tudo ao meu redor parecia rápido demais para que eu acompanhasse, queria prever qualquer coisa que estivesse à frente, mas não podia e essa incapacidade era torturante demais, me esforçava para não perder a razão a cada metro que caminhava, o fogo na tocha oscilava de forma a mexer com as sombras, que dançavam um balé da morte ao nosso redor; pareciam rir dos "coelhos que entravam na toca da raposa ". Até que chegamos a uma espécie de local onde as paredes se alargavam e formavam uma antiga sala de vigia, que estava empreguinada de antigos corpos de anões, e milhares de ferramentas, armas e utensílios consumidos pelo tempo e pela ferrugem, a tal visão desoladora dos corpos conservados pelo frio em seus últimos suspiros de morte, Doomhamer orou pelas almas dos mineiros e guardas que perderam suas vidas ali, mas quando ele se concentrava para realizar a oração, uma rajada de vento súbito invadiu a sala e gritos de horror ecoavam por toda a estrutura, inclusive em nossos corpos fazendo nosso sangue gelar, os corpos em toda a sala começaram a se levantar, minhas pernas ficaram tremulas não conseguia ter reação, aqueles gritos e gemidos de profunda dor me traziam a mente coisas horríveis, fazendo com que ficasse paralisado, olhei ao lado e percebi que Torinks também parecia afetado, Doomhamer então surpreso, gritou como nunca, que os de coração negro nunca possuiriam as almas dos seus antepassados, seu grito nos encorajou e como leões em fúria partimos para a batalha.
Logo já estávamos cercados pelos cadáveres, aquilo parecia um formigueiro, não havia espaço para mover um dedo, as criaturas iam se aproximando com picaretas, pás, marretas e até espadas, o arco de Torinks já não se mostrava mais eficiente naquele aperto, Doomhamer girava sua maça ao lado, e eu me virava com a espada cada vez mais se enrolando nas teias de aranha da parede, foi como um trovão que o anão partiu para uma investida, que acabou em um golpe fulminante no crânio de um zumbi estourando sua cabeça. Torinks me pediu cobertura, fui para a frente do elfo, que retirava da bainha seu facão de mato, disse rapidamente para que eu aquentasse as pontas um pouco e que ele tinha um trunfo contra os zumbis, mal terminou a frase quando dois me atacaram com picaretas na direção do peito, de reflexo aparei com a espada um golpe, mas o outro me acertou em cheio, só ouvi um estalo e a picareta zunindo o ar, tinha se quebrado graças ao mitrhill, aproveitei, golpeando o zumbi desarmado, a espada varou seu corpo, mas ele não teve reação nenhuma, parecia sentir dor alguma, rapidamente retirei a espada e ele veio para cima de mim, me agarrando com aquelas mãos cadavéricas, eu não suportei sua investida e cai prensado a parede, o monstro tentava me estrangular, mas a armadura me protegia. Até suas mãos começarem a emitir uma aura negra, fiquei assustado, comecei a me sentir sem forças, um cansaço repentino tomou conta do meu corpo, meus olhos queriam se fechar, e o zumbi parecia se alimentar disso, lutei com todas minhas forças até que em fúria total agarrei as mãos do zumbi em meu pescoço e me levantando o arremessei contra a parede, com o impacto seu corpo se desfez, olhei em volta e vi Doomhamer ferido sangrando muito cercado por cinco ou seis criaturas, já peguei a espada no chão, foi quando por mim passou Torinks empunhando seu facão que ardia em fogo, aproveitando seu ataque fomos abrindo caminho entre os cadáveres, degolando-os, enquanto isso Doomhamer gritava em total frenesi de batalha, que se não pudesse matar o que já estava morto, destruiria seus corpos até que só restasse o pó, e realmente fazia isso, cada golpe do bruto despedaçava o corpo de um zumbi, Torinks tinha ataques tão rápidos que não conseguia ver seus braços, seu corpo era uma verdadeira ventoinha para seus braços, o que dava impressão que um furacão de chamas ia abrindo caminho pelos cadáveres. Eu vinha atrás me esquivando dos zumbis que restavam, dilacerando uns poucos.
Já se passavam horas e os zumbis não acabavam, seus corpos, mesmo em chamas se levantavam para lutar mais, essa luta incessante fez meus amigos ficarem exaustos, principalmente Torinks que caiu ao chão ofegante, Doomhamer tentava o encorajar, mas o elfo tinha gasto todas suas energias, o anão estava sangrando muito, e não iria suportar muito tempo, ele gritava para espantar a dor, tinha recebido um golpe debaixo do braço, nas costelas, foi uma picareta que o perfurou; então vendo nossa situação pedi ao anão sua maça, me esquivando dos golpes e investidas dos zumbis empunhei meu escudo, disse para meus amigos que descansassem um pouco, que eu os protegeria, fui para frente de batalha, com os reclames do anão, dizendo que esses malditos não morriam de nenhum jeito, foi ai que uma idéia estalou em minha mente, olhei para cima e vi a solução, golpeei uns três zumbis que se aproximavam, e rapidamente virando-se para meus amigos disse que tinha uma idéia para acabar com todos os zumbis de uma vez, mas que eles deveriam fazer um esforço para ficarem seguros, o elfo ainda cansado disse que estava disposto, o anão também confirmou, então pedi que corressem o mais rápido possível para o outro lado da sala e que no canto dela havia oculta por teias uma escadaria, e que por lá descessem rapidamente. Mal terminei de explicar quando eles já de pé com muito esforço, de armas em mão, mostravam estar prontos, então como um raio partimos na investida final, fui à frente, cobrindo meus amigos, com o escudo esbarrando nos monstros, abrimos caminho até as escadas, Torinks já ia tirando as teias, e Doomhamer já ia descendo me desejando boa sorte com sua voz rouca, e fraquejando. Quando o elfo desceu, entreguei a tocha, e já me virei para botar meu plano em prática, fui lutando com os zumbis até chegar ao centro da sala, os monstros, não me davam tempo, não parei de golpeá-los, quando dei por mim já estava cercado por eles, com seus olhos sem vida e profundos, e suas mãos arranhando minha armadura buscando minha carne eles infestavam a sala, fui coberto pelos monstros, sua carne podre e o cheiro de morte, me deixavam enjoado, foi quando me lembrei da força de vontade do anão na luta contra o Trol, mesmo soterrado lutou até se libertar para me ajudar, apertei o cabo da maça, fechei os olhos e colocando todas as minhas forças e total fé em Gaia, emergi dos mortos e acertei o teto com tudo que me restava de energia e força dos músculos de meu corpo, como um trovão que ecoou em todo os corredores alcancei meu objetivo, logo centenas de estalaquitites choviam do teto castigando os zumbis, me protegi com o escudo, e fiquei a observar os corpos sendo empalados pelos dentes da caverna, e depois de algum tempo já não restavam corpos. Foram soterrados por minha fúria, mas já tinha percebido que não poderia ficar ali, pois o teto iria ceder a qualquer momento, corri para as escadas, e no momento que cheguei a sua borda, houve um grande estalo e tudo veio abaixo, saltei deixando a maça do anão para traz, e rolei as escadas junto com escombros e muita poeira, só parando quando senti uma dor tremenda do choque contra uma parede.
Depois de um tempo acho que fiquei desacordado acordei, estava debaixo dos escombros, sentia falta de ar, minha respiração ainda ofegante agora também chiada, tentei me mover, mas estava muito fraco e preso por uma enorme rocha, meus olhos queriam novamente fechar contra minha vontade, dessa vez a luta de minha vontade contra meu corpo foi diferente o cansaço estava vencendo, unido a enorme dor e a escuridão, seria esse meu fim me perguntava, mas não resisti muito, comecei a sentir meu corpo perdendo calor devagar, em minhas veias o sangue ficava cada vez mais gélido esse era o sinal o toque da morte, ela já havia me perseguido muitas vezes, mas dessa vez conseguiria minha alma, mas quando já estava a apertar meu coração e a sufocar meus pensamentos, distante escutava algo se aproximando e parecia que cada vez mais o peso sobre meu corpo ia diminuindo, então ouvi a voz de Torinks dizendo firme para que eu agüentasse um pouco mais, que ele e o anão estavam chegando próximos de mim para me ajudar, como uma onda de choque a vontade de viver tomou conta de meu corpo banindo o toque da morte e fazendo que minha força voltasse, então com muito esforço esperei.
Depois de Horas a fim já conseguia ver o rosto de meus amigos, com todo cuidado me retiraram da cova e me carregaram para um canto iluminado por uma tocha, Doomhamer, brincando disse que minha coragem novamente o surpreendeu, Torinks me deu de beber o cantil de Doomhamer, os dois estavam recuperados, mas ainda pareciam abatidos, tomei uma boa golada de érgon que desceu por minha garganta dando nova vida ao meu corpo, logo Torinks começou a tirar minha couraça para verificar se eu não havia quebrado nenhum membro, enquanto o érgon fazia efeito Doomhamer ficava de pé vigilante olhando para frente. Depois de certo tempo, já me sentia melhor, Torinks dava o diagnóstico que por sorte eu não havia quebrado nada, o anão o corrigindo disse que não foi a sorte foi, mas sim o mitrhill, já de pé e podendo andar, perguntei onde estávamos, Torinks explicou que depois de um jogo de escadas havia um grande corredor e ao seu final uma porta antiga, estávamos atrás dessa porta pois o corredor e as escadas tinham sido soterradas. Olhei ao redor e percebi que tudo ali estava diferente dos corredores e salas de antes, era um grande salão de paredes escuras chão ladrilhado e teto sinuoso, com a pouca iluminação podiam ser avistadas a frente grandes estátuas de esqueletos humanos, formando um corredor no salão o local parecia estar mais conservado. Doomhamer estava confuso, perguntou de sua arma, contei o que havia acontecido, ele aparentou por um momento um mau humor, mas logo se voltou para frente de novo, pensativo, dei a idéia de comermos um pouco e descansarmos, até estarmos dispostos a continuar, Torinks concordou, mas o anão aflito por não saber mais onde estávamos, disse que iria acender mais uma tocha e fazer um reconhecimento no salão, e lá foi com passos pequenos e calculados por cada metro que andava.
Eu e o elfo ficamos a comer e descansar, não pude evitar logo depois de comer me deitei e o sono tomou conta de mim dormi, Torinks fez o mesmo; acordamos com os cutucões do anão, logo que abrimos os olhos estava ele lá diante nós, nos levantamos, e ele se aproximando de mim me entregou minha espada, fiquei até aliviado, pois pensei que tinha perdido ela também. Torinks o questionou sobre o salão, ele com um ar de incerteza respondeu que achava que estávamos na entrada das antigas tumbas, e logo pediu para que nós o seguisse-mos, nos aprontamos e demos uma volta inteira pelo grande salão, fui observando algumas figuras nas paredes, eram todas coisas relacionadas com morte, tormentos e maldições, haviam dois pilares centrais e de lá as estátuas seguiam formando o corredor até um grande portal de ferro, já consumido pela ferrugem, o local era de dar arrepios, os pilares iam do chão ao teto e tinham uns quatorze metros de altura, as estátuas possuíam um olhar estranho, um tanto nebuloso, todo salão era feito de algum tipo de rocha negra, inclusive os ladrilhos do chão. Até que Doomhamer parou e nos mostrou ao lado do portal escrituras empoeiradas, disse que era uma escrita antiga dos anões, mas ele conseguiu traduzir, dizia que quem ousasse cruzar aqueles portões, e desafiar a vontade dos deuses, seria amaldiçoado para a eternidade, morrendo logo em seguida, queimando no inferno dos tormentos no mundo dos mortos.
Fiquei assustado, mas o anão logo nos tranqüilizou dizendo que os anões para espantar ladrões de túmulos, escreviam essas bobagens, mas que não se lembrava de nenhum túmulo construído no trevo dos dentes, e por que os corpos não foram postos ali dentro que eram seus lugares, com essa dúvida e coçando a barba Doomhamer voltou a andar, Torinks disse que os zumbis talvez fossem guardiões da tal tumba, mas Doomhamer não pareceu convencido, e disse que anões nunca fariam isso a qualquer um de seu povo, ainda menos os corajosos mineiros e guardas que lutaram contra os órlogs. Interrompi o assunto e questionei sobre nossas opções de agora, ambos me disseram que os túneis para o antigo caminho tinham sido bloqueados, e nossa única opção era o portal, fiquei preocupado, logo que Doomhamer me explicou que á dúvida de abrir os portões era de que os anões quando fazem tubas para seus parentes mortos, aplicam uma rigorosa segurança, pelo fato de que pertences valiosos dos mortos são enterrados juntos a eles. Torinks completava dizendo que tinha alguns conhecimentos sobre armadilhas, mas não do modo anão de fazê-las, então perguntei a Doomhamer, porque tinha receio de entrar se ele era um anão tão conhecedor de tudo, e também engenheiro, em resposta ele afirmou que conhecia muitas coisas nos reinos subterrâneos, mas seus conhecimentos tinham limites, e pelo fato de ele ser engenheiro não queria dizer que sabia do funcionamento das armadilhas, confirmou que ele era apenas um engenheiro de túneis e escavações, e que o império tinha engenheiros próprios para isso, que se chamavam Trappers na língua anã. Então estávamos entre a cruz e a espada, sem saída de um lado e com incertezas de outro, mas parados ali é que não poderíamos ficar; foi ai que Torinks decidido, se manifestou entregando seu facão para Doomhamer, dizendo, para nós que se teríamos de correr riscos indo pelo portal que assim seja, pois já tínhamos ficado ali por muito tempo, e foi por sorte que não encontramos nenhum órlog, quando o elfo terminava de falar, me lembrei dessas criaturas, e dei razão para meu amigo, realmente a sorte por incrível que pareça estava de nosso lado; e assim já decididos todos, caminhamos em direção do portal onde em sua frente paramos, para analisá-lo, um portal enorme, de mais ou menos uns três metros, por dois metros de largura, todo feito de ferro, não tinha trancas ou maçanetas, era liso, antes de chegar até ele tivemos que passar pelo corredor das estátuas, e dava a impressão quando andava que o portal tinha vida e olhava para mim, mas não comentei nada para meus amigos, fiquei ali admirando a obra dos anões, quase hipnotizado. Mas minha distração foi rompida por Doomhamer que já tinha analisado rapidamente o portal e dizia pensativo, que era um portal muito bem feito, tinha uns dezoito centímetros de espessura, e qualquer coisa que estivesse sendo protegida por ele seria muito importante, pois os anões, só faziam serviço assim quando algo muito precioso era para ser guardado, Torinks questionou-o sobre uma forma de abri-lo, Doomhamer analisou um pouco mais, mas agora passando os dedos na superfície do portal, logo exclamou por sucesso, tinha encontrado mais escrituras, as leu em vós alta:

Se queres aqui entrar me responda meu rapaz, quem sou eu que vivo ao seu lado, sempre oculta pelo seu corpo, me mostro na luz, no espelho não me vê, sou grande ás vezes pequena em outras, mas sempre lhe acompanho, mudo de forma se você mudar, qual a resposta que tem a me dar?

Depois da leitura do anão a charada começou a ecoar pelo salão, como se o portal pudesse falar, houve um brilho que do nada apareceu circulando as extremidades do portal, ambos demos um passo para traz, ficamos assustados e impressionados, o portão como eu havia pressentido tinha vida e esperava pela resposta, Torinks logo exclamou que era uma porta mágica e que devíamos dar-lhe a resposta logo, senão algo de ruim aconteceria, Doomhamer só conseguia afirmar na hora assustado que aquilo não era coisa de anões. O brilho oscilante do portal que era branco como a luz, começou a avermelhar, no momento eu não conseguia pensar, e quando o brilho estava a mudar, Torinks gritou sombra, é a sombra; e como tudo fosse um sonho, voltou ao normal e a única luz era a da tocha, mas derrepente houve um estalo metálico, que quase nos deixou surdos, e logo em seguida veio um rangido estridente, e então o portal se abriu, deslocando uma enorme massa de ar que quase nos jogou para traz.
A tocha se apagou com a lufada de vento, depois de reacendê-la vimos o que a porta nos escondia, era indescritível, um enorme corredor nos levava a uma espécie de laboratório, haviam mesas de madeira espalhadas por todo canto, frascos cheios de líquidos estranhos, e milhares de livros espalhados pelo chão, ferramentas nunca vistas antes, uma nova descoberta, enterrada no fundo das montanhas, assim dizia o anão boquiaberto.



Os Sons Do Terror



Torinks foi o primeiro a entrar no local, estava curioso, fui depois, mas Doomhamer não parecia muito à vontade, ficou na entrada; logo vi Torinks de olhos atentos a observar tudo dentro da sala, fiquei logo atrás, tudo lá parecia velho. Haviam muitas teias de aranha, as mesas estavam empoeiradas, também mais ao fundo havia uma grande prateleira com livros e estranhos recipientes, por todo o chão estavam espalhados livros, sujeira e pedaços de vidro, as paredes eram feitas de tijolos grandes de pedra negra, e jogadas nas mesas estavam ferramentas esquisitas, e uma infinidade de tubos se ligando a outros que por final se ligavam a grandes garrafas de vidro.
Estava distraído com todas aquelas cores, e objetos, quando o anão lá de trás me chamou dizendo que estava meio perdido com todo aquele entulho, e me pediu para guiá-lo dentre a sala, notei que parecia nervoso, então perguntei se estava bem, ele gesticulando e balançando a cabeça fez sinal que estava bem; mas não parecia, mesmo assim fui guiando o meu companheiro que não conseguia parar de olhar ao redor e se espantar com as coisas que via, ia andando em passos largos junto a mim e exclamando por diabos, que lugar era aquele, alcançamos Torinks que já tinha percorrido a sala toda e estava parado agora em frente a uma mesa mexendo em algo, eu e o anão nos aproximamos e eu perguntei ao elfo se ele havia encontrado algo de útil para nós, parecia concentrado, com a mesma seriedade de sempre se virou e me mostrou o objeto que estava em mãos, um livro de páginas amareladas pelo tempo, com escritas antigas, era muito grande e pesado, Doomhamer não se conteve e com aquele mesmo desespero questionou o elfo, queria saber que lugar era aquele. Torinks em resposta primeiro a minha pergunta, disse que tinha encontrado esse livro encima da mesa marcado em página com uma fita de seda, e pelo que tinha conseguido entender da antiga língua, aquele livro parecia-lhe um diário de alguém, logo se virou para o anão dizendo para que acalmasse seus nervos, então olhando ao redor exclamou que estávamos em um laboratório de alguém que conhecia bem a magia arcana, e resolveu se isolar aqui, nessas profundezas.
Quando mal tinha terminado a frase foi interrompido pelo lamento do anão que dizia a si mesmo que o azar nos perseguia, fiquei espantado com que meu amigo elfo disse, e mais ainda com a reação de Doomhamer, mas quando ia me dirigir ao anão para perguntar o que estava havendo, Torinks pareceu notar minha dúvida, e me explicou que não precisava me preocupar com isso, pois o local estava abandonado, e que quanto a Doomhamer, ele estava assim pelo fato que os anões não gostam muito de magia, e não se dão bem com quem a possui. Fiquei mais tranqüilizado depois dessa explicação, mas o anão parecia querer sair dali o mais rápido possível, tanto que começou a procurar por saídas, andando de uma parede a outra, eu e Torinks ficamos a mexer nos livros pelo chão, procurando entender aquela escrita, até que o anão chamou nossa atenção e cheio de um entusiasmo estranho, olhando para os livros, disse que entendia a língua que havia ali, Torinks ficou indignado, perguntou para ele porque não tinha dito antes que compreendia aquela língua, o anão se desculpou, e logo Torinks pediu para que ele nos traduzisse um trecho do suposto diário, o anão foi pegando o tomo, e nervoso pediu para que eu aproximasse a tocha, para que pudesse ler, atendi seu pedido, se concentrou e depois de um certo tempo, parou de ler e fechou rapidamente o livro, e com um olhar profundo de espanto, falou devagar, como se tivesse avistado um fantasma:
- Esse, é o diário de Faran Durin...!!!
Logo que disse isso, nós curiosos, olhamos em seus olhos profundos, mas nossa curiosidade foi cessada, pois o anão começou a nos contar quem era o proprietário de tudo que havia naquele sombrio local.
Os antigos de meu povo relatam que nas eras em que o primeiro rei anão e seu povo chegaram até essas montanhas, em êxodo das colinas altas, atraídos pelo metal descoberto nas minas próximas. Havia entre eles outra pessoa importante além do rei, era seu conselheiro, Faran Durin, que era o homem mais fiel ao rei, e mais digno de confiança entre todos os anões, ele com a chegada da caravana as minas, aconselhou ao rei que estabelecesse reino ali, pois o povo estava muito cansado e inquieto, vendo que era isso mesmo a realidade, o rei declarou ao povo que ali, nos pés da montanha, iria de ser construído o reino anão. Mas depois de um tempo de paz e prosperidade, as sombras atingiram o reino, e com elas vieram os trols, que atacavam os anões incessantemente, nossas defesas estavam se esgotando, junto com os metais que se esgotavam nas minas, foi ai que o rei sem saídas recorreu à sabedoria de Faran, que nesses tempos tinha se tornado andarilho, e por muitos reinos tinha adquirido conhecimentos, e voltou a pedido do rei, logo se tornou ministro de armas combatendo os trols com seus novos conhecimentos, a magia logo se espalhou pelo meu povo como principal ferramenta e instrumento para combate. Sua estratégia estava dando certo, e o rei havia lhe concedido carta branca para agir, as forças anãs que estavam nas fronteiras segurariam os trols, enquanto a idéia principal de Faran estava sendo colocada em prática. Os túneis que meu povo cavou nessas eras tinham revelado exatamente no centro da montanha uma caverna gigantesca natural, e que pelos planos do sábio Faran nos serviria de lar e refúgio dos trols, e também como cilada para acabarmos de uma vez só com todos os trols, enquanto a resistência distraia os trols, na grande caverna era construída a maravilha dos anões, totalmente planejada, depois de eras de guerras e sofrimento, ficava pronta Furnã, o reino subterrâneo dos anões, rapidamente o povo migrou para o novo reino, e o que tinha sobrado das forças anãs recuaram, mas não por covardia, e sim pelo que haveria de vir pela frente; que mais tarde esse plano de extermínio dos trols maquinado por Faran, que foi conhecido como "a grande cilada", nesses tempos o rei havia adoecido, e quem tinha praticamente todo o governo em mãos era Faran, que nem por isso deixava o orgulho e a ganância lhe controlarem, seria um ótimo governante. E assim se deu, a grande cilada foi um sucesso, e os poucos trols que restaram fugiram para os pântanos distantes; e os anões finalmente conquistaram a paz.
O rei havia tido um filho, que logo assumiu trono, depois da morte de seu pai, e Faran foi nomeado, líder do conselho, onde se encaixou muito bem, por anos a nação anã cresceu confiante na magia, e em suas novas descobertas, Faran, era o principal pesquisador, e para incentivar mais as pesquisas, criou o conselho arcano, que era composto pelos oito melhores magos do reino, mais coisas viriam depois, mas para desenvolver ainda mais suas técnicas Faran resolveu partir para uma jornada, dentro dos túneis ainda inexplorados da montanha, levando consigo apenas seu fiel cajado e muita coragem, esse dia ficou conhecido como dia da triste partida. Depois de seis meses, o velho sábio voltava, para Furnã, onde foi recebido com muitas festas e alegria, pois ele era considerado herói do povo, mas algo de estranho tinha acontecido com ele, não cumprimentava mais os amigos, e ficava trancado em sua torre, noite e dia, só saindo para receber entregas, mercadorias que encomendava, o conselho marcara uma reunião, mas ele não compareceu dizia estar muito ocupado. Isso se deu por semanas, até que estranhamente, o rei faleceu ainda muito jovem, de uma doença nunca vista, e assim deixando o trono vazio, pois não tinha filhos, e sequer rainha, foi ai que Faran foi chamado para assumir o cargo de rei dos anões, o dia da coroação foi de festa, mas Faran, não parecia mais gostar de comemorações, estava muito sério, seu olhar tinha mudado.
Depois de algum tempo, o povo começou a sentir essa mudança, agora o novo rei, instituía novas leis, sem ao menos consultar o conselho, e mandava construir coisas estranhas, estátuas, e símbolos esquisitos, mas o povo não discutia suas decisões, pelo fato de que muitos alegavam, que Faran era um gênio, e que suas idéias, não podiam ser compreendidas por meros mortais. Mas essa tese foi derrubada, quando o pilar negro foi construído, uma prisão de tortura, e morte, e inocentes iam para lá acusados de desobedecer às leis absurdas do rei, os impostos aumentavam cada vez mais, faltava alimento, o povo anão agora se via descontente com seu herói, sentindo-se traídos, os mais corajosos, para enfrentar a tirania e opressão uniram-se criando uma rebelião, que mais tarde só culminou em mortes, pois o poder de Faran era muito maior do que alguns ferreiros unidos. E assim por longos três anos, período conhecido como inferno de Faran, o povo anão foi praticamente escravizado por aquele que um dia foi o salvador da espécie. Mas entre esse período o profeta cego, disse ao povo faminto por esperança, que um escolhido pelo Deus Tolon viria para salvar o povo e governar com justiça os tão sofridos anões, e assim aconteceu, nascido nas minas e criado nas alamedas Guellem Hamer Hand derrotou em uma cruzada com seus cavaleiros da ordem o rei negro como era agora conhecido Faran, que foi julgado pelas forças superiores, e o próprio Deus Tolon o condenou a vagar sem seus poderes pela escuridão dos túneis, pela eternidade, e para cada vida que ele tirou, seria mais um ano de tormento em sua pena.
E assim foi feito, e daquele dia em diante nunca ouviu se falar mais em Faran o rei negro, Guellem foi coroado rei um ano depois, estabelecendo a ordem e justiça para o povo anão que tanto lutou.
Depois que Doomhamer nos contou essa História, tudo ali começou a fazer sentido, pois aquela era a morada de Mago Faran Durin, Torinks impressionado com o passado dos anões disse a Doomhamer que agora sabendo de tudo isso respeitaria mais ainda ele e o povo anão, por sua coragem e perseverança; logo Doomhamer fez uma reverência e exclamou que se sentia nobre por ser respeitado pelo amigo elfo, eu ainda abismado com toda aquela saga, fiquei por andar pela sala, que agora não parecia ser um lugar tão assustador.
Torinks perguntou ao anão se o tal mago poderia estar vivo ainda, em resposta em gargalhadas o anão já mais descontraído, disse que nem se Faran fosse eremita, pois haviam se passado muitos anos, e que ninguém, nem ele viveria tanto. Torinks pareceu mais aliviado, e se dirigindo aos livros no chão disse que algumas coisas ali poderiam ser de grande valia para nossa missão, e se ajoelhando selecionou um livro para tentar ler; o anão veio em minha direção e começou a me seguir, me questionando sobre o que eu procurava, respondi que estava procurando uma porta ou algo parecido para que prosseguíssemos, ele achou boa idéia e começou a me ajudar. Depois de muita procura, encontramos coberta por teias de aranha e poeira, uma grande estátua de pedra negra, parecida com aquelas do salão anterior, mas essa tinha a forma de um grande urso, com as patas encolhidas, dentes salientes e estava de pé, como se estivesse levantado para ver algo a distância, Doomhamer começou a retirar a poeira da base da figura, eu estava a admirar toda expressividade, parecia mesmo olhar para um local distante, foi quando o anão me chamou a atenção me cutucando, deixei a distração de lado e me dirigi a ele que espantado dizia ter encontrado algo estranho, perguntei o que era, e ele apontou para a base da estátua logo à fronte da pedra, observei, e quase encostando a tocha, vi que lá havia escrituras quase minúscula, mas com a pouca luz que tínhamos era impossíveis compreender algo, logo fui chamar Torinks, mas quando me virei meus olhos foram ofuscados por uma luz intensa, desembainhei a espada, mas logo ouvi a vós de Torinks, dizia estar tudo bem, era só algo que ele tinha encontrado uma espécie de lanterna, logo foi se aproximando, e a luz baixando a intensidade, quando meus olhos já tinham se acostumado, vi a tal lanterna, bem estranha por sinal, uma espécie de lampião de estrutura de metal fosco, e no centro uma bola de cristal que emitia a luz, Doomhamer, já assustado, disse ao elfo para Ter cuidado com essas coisas, mas ele pareceu nem ouvir os reclames do anão, dizendo que era uma lanterna de fogo espectral, era inofensiva e podia nos fornecer luz suficiente até sairmos da montanha.
Exclamei que tal objeto não poderia vir em melhor momento, pois lhe explicando o que Doomhamer tinha encontrado, apontei para as minúsculas escritas, o elfo curioso, logo se ajoelhou, e iluminando o local sem nem ver a estátua tentou decifrar as escritas, mas foi em vão sua tentativa, pois era novamente a escrita antiga dos anões. Torinks pensativo virou-se para nós e disse que muitos livros estão escritos com linguagem compreensível e outros não, Doomhamer, rapidamente já se ajoelhou perto do elfo e agora com aquela luz, tentou decifrar as escritas, leu com o pensamento, mas logo que acabou nos informou que era mais uma daquelas charadas esquisitas, se levantou e nos disse claramente:
[FONT=&quot]-[/FONT][FONT=&quot]Os olhos são as janelas da alma, mas essas janelas estão abertas apenas em seus limites que são encobertos pela escuridão, a verdade estará encoberta pela falsidade, e tudo estará no limite dos horizontes. [/FONT]
Nós três ficamos pensativos, agora o que estaria querendo nos dizer essa mensagem... Seria isso como disse o anão outra charada, mas não havia acontecido nenhum efeito mágico como aquele da porta, a dúvida encobria nossos pensamentos, mas parei por um momento, e comecei a observar a estátua, olhei profundamente para seus olhos, e algo de estranho havia neles, não sabia o que era, mas algo estava me dizendo que a solução do mistério estava naquele urso de pedra, rapidamente, subi na base da estátua, me apoiando nela. Meus amigos se espantaram e pensaram que eu estava louco, mas eu já tinha resolvido à charada, desci, e corri em linha reta medindo meus passos até chegar à extremidade da sala, onde pela parede comecei a tatear, Torinks chegou até mim acompanhado do anão, e questionou o que eu estava fazendo, ainda tateando, pedi para que aproximasse a lanterna da parede, e logo respondi que havia encontrado uma lógica nas escritas da estátua. O urso tem seus olhos encobertos pela escuridão, mas mesmo assim olha para a como se estivesse a olhar para o horizonte, e tirando poeira da parede, revelei aos meus amigos, uma figura talhada na pedra, de um horizonte ao por do sol, eles ficaram impressionados, estava ali, acima de nossas cabeças, a estátua era a resposta, Doomhamer analisou a parede e concluiu que havia contornando a figura, uma fresta na forma de portal, Torinks já se aproximando mais verificou e com um gesto rápido pressionou o sol poente com seus dedos, logo houve estalos, e a porta secreta recolhendo-se para cima revelou a nossa visão um túnel por ela escondido, Doomhamer quase deu pulos de alegria por que finalmente iríamos sair dali.
Torinks se afastando da entrada virou-se para trás, olhou para mim e para o anão que já se apressava a adentrar a passagem, e com uma feição muito séria ficou a pensar, fiquei curioso para saber no que estava pensando que logo o questionei, ele sendo quase empurrado pelo anão respondeu que havia algo de muito estranho ali, perguntei o que seria rapidamente ele disse que era de se desconfiar que o próprio mago, por meio de charadas estivesse nos guiando pelos seus próprios túneis que tanto escondeu. Doomhamer parou por um instante de nos apressar, e como desculpa disse que Faran era fascinado por jogos de raciocínio, mas nem Torinks e eu ficamos tranqüilos com aquela desculpa, mas forçados decidimos avançar, íamos com todo cuidado, Torinks na frente depois eu e o apressado anão por último; e assim adentramos o corredor, agora com a lanterna mágica que o elfo encontrou não precisaria mais carregar a tocha, tanto que a apaguei logo antes de entrarmos.
O corredor tinha as paredes iguais da sala que havíamos saído pedra negra, mais essa passagem ao parecer não era usada há muito tempo, pois tinha rachaduras em todas as partes do percurso, o teto estava caindo aos pedaços, o chão tinha buracos imensos por todos os lados, e as frestas nas paredes eram cobertas por muitas teias de aranha e fungos estranhos, Doomhamer nos disse que a passagem poderia estar naquele estado pelos terremotos, ou pelos túneis escavados dos órlogs. Fiquei tenso só em ouvir o nome daquelas criaturas tão temidas, mas Torinks continuava firme e confiante, trilhando atento, mas dessa vez percebi um fio de preocupação no rosto do triste elfo, depois de caminharmos bastante, um súbito estrondo nos assustou arrepiando os cabelos, como um relâmpago na tormenta não anunciada, minhas pernas tremeram, Torinks se abaixou, Doomhamer se apoiou nas paredes, o chão tremeu, Seria as serpentes cavando mais um túnel nas proximidades; Torinks se recuperou do susto primeiro e disse que precisávamos continuar, foi instantâneo, continuamos, mas agora em passo acelerado, e derrepente com um grito de emergência o elfo nos disse para pararmos, o que seria agora me perguntei, andou mais a frente, pedindo que ficássemos parados onde estávamos, e como se algo tivesse lhe espantado, virou-se e pediu que nós andássemos mais a frente, e quando assim o fizemos,... Vimos algo que era de espantar até o mais bravo dos paladinos de Tolon. O corredor se alargava mais a frente, e logo nós víamos um gigantesco abismo esférico, de mais ou menos uns vinte metros de raio, e nem com a luz mais intensa da lanterna podemos ver seu fundo, o teto era côncavo, possuído milhares de estalaquitites afiadas como facas, não haviam caminhos laterais, e as paredes dos lados isoladas e lisas como pedra sabão; foi quando como um tufão destruindo uma cidade ouvimos ecos do que pareciam ser guinados agudos a ponto que tivemos de proteger as orelhas, para que não ficássemos sem tímpanos, e em poucos instantes vieram eles, eram duas criaturas horrendas pareciam ser feitas de pedra, da mesma pedra negra, tinham enormes asas, cauda, chifres e não pareciam nada amistosas, e rasgando os ares a primeira atacou Torinks que no momento não pode fazer nada, suas garras rasgaram o peito do elfo, e seu sangue espalhou pelo chão caindo no abismo como se ele se satisfizesse com isso, mas logo veio à outra que com os olhos cor de sangue avançava em uma velocidade impressionante, eu não tive tempo para sacar a espada, só me abaixei, e senti as garras passando pelo metal e as faíscas queimando ao redor, Doomhamer, gritou em desespero pelo elfo que tinha rolado pelo chão e estava para cair no abismo, foi sem pensar duas vezes que saltei para frente sem tomar espaço e o agarrei pela camisa, logo o anão me deu cobertura, atraindo os monstros para seu lado a gritos e tropeços, puxei Torinks que ainda estava consciente, e me dizia para pegar seu arco e com as flechas de penas listradas acertar os monstros, eu rapidamente atendi o elfo, mas Doomhamer, aos berros pedia por uma arma, arremessei minha espada para o anão valente, e ele rolando ao chão a pegou e já avançava freneticamente contra as criaturas; eu nunca tinha usado um arco em minha vida, tão logo o peguei percebi meu desajeito com a arma, mas de qualquer maneira coloquei uma flecha no puxador e tentei mirar, mas os bichos eram muito rápidos, e pareciam planejar mais uma investida, Doomhamer vendo minha situação começou a provocar as criaturas, e conseguiu, uma se lançou furiosamente contra ele, aproveitei a situação e quando ela se aproximou do chão disparei, só vi um clarão, e uma explosão derrubou o bicho, flechas explosivas, realmente o elfo estava preparado para tudo, mas só havia mais uma, e eu não poderia errar, o bicho que atacou Doomhamer virou pó, a explosão ainda ecoava quando o outro bicho veio, mas agora vinha na minha direção; tentei me abaixar, mas por, milésimos de segundos não consegui esquivar da criatura, que enroscou suas garras na malha de metal perto do meu pescoço e com força tremenda me arrastou e logo decolou pelo ar me carregando, o arco e a flecha deslizaram de minhas mãos caindo ao chão, e voando velozmente percebi as intenções da criatura, queria me jogar contra as estalaquitites do teto, minhas esperanças tinham se exaurido quando escutei a voz rouca do anão e vi a minha espada vindo a mim, estendi as mãos e confiando minha vida ali, como por magia ela encaixou-se em meus punhos, e rapidamente comecei a golpear o monstro, mas não surtiam efeitos os golpes por mais fortes que eram, foi quando já avistava as pontas das rochas que ouvi um zunido e quando fui arremessado, uma explosão atingiu a criatura, que se desviou das estalaquitites, me soltando, e caindo quicando nas paredes do fosso, e logo não vi, nem ouvi mais nada só senti meu corpo espatifando no chão duro de pedra, pedra negra.
Torinks mesmo gravemente ferido tinha me salvado mais uma vez, disparando a flecha explosiva, eu estava do outro lado do abismo, isso por ter sido arremessado pela força da explosão, meu corpo estava dolorido a couraça tinha absorvido a maioria do impacto, por sorte não cai no abismo; Doomhamer, e o elfo, estavam descansando, quando me levantei acenei que estava tudo bem e agora pensava num meio de ajudar meus amigos.
Levantei cambaleando, minha visão estava meio embaçada, e meus ouvidos estavam a zunir, mas consegui ouvir Doomhamer me advertindo sobre o abismo, pois eu estava me aproximando demais, chacoalhei a cabeça e logo percebi que estava a beira de cair, fui me afastando lentamente; perguntei ao anão se Torinks estava bem, ele em resposta balançou a cabeça meio decepcionado e disse que o elfo apesar de ter tomado o ultimo gole de érgon, ainda estava muito ferido e desacordado. Fiquei preocupado com o que o anão tinha me dito, pois o érgon era nossa única fonte de cura dentro daqueles malditos túneis, em meus pensamentos ainda confusos só vinham à idéia de poder ajudar meus amigos, mas naquele estado eu estava arriscando até minha própria vida, primeiro precisava procurar um meio de atravessar o abismo, mas não haviam sinais de ponte alguma ali, a pouca luz que iluminava aquele enorme local era a lanterna caída do outro lado, flamejando e apagando aos poucos; Doomhamer ao perceber isso rapidamente acendeu uma tocha, pegando receoso a lanterna mágica no chão, e a arremessou para mim, com os reflexos ainda apurados a peguei, e o anão me deu regras para que eu prosseguisse no caminho sempre para cima, mas não concordei não os deixaria ali para morrerem, nas garras de um monstro, mas não adiantou discutir, pois Doomhamer tinha razão, eles não poderiam me acompanhar, pois o abismo era um obstáculo sem solução, e Torinks mesmo que quisesse não iria nesse estado a lugar nenhum, então vendo isso, decidi seguir os instruções do anão, mas prometi que voltaria para ajudá-los.
Peguei minha espada que estava ao chão, meu escudo e com um peso na consciência voltei-me a escuridão do túnel, e prossegui a andar, dessa vez havia escadas descendo diretamente para um grande arco de entrada, e logo no final do percurso, uma porta de madeira talhada com a figura da face de um leão no centro, e cheia de rebites de ferro bloqueava uma entrada, não tinha nenhuma espécie de fechadura, só um a argola de ferro para abri-la, pensei duas vezes antes de alcançar a argola, com um grande puxão, e um ranger estridente, ela abriu e meus olhos com a pouca luz da tocha puderam ver o que estava oculto pela porta, um salão de pedra cheio de entulhos, poeira, era minha visão inicial, fui com cuidado adentrando o local, olhei para todos os lados, e já podia ter uma idéia de como era o salão, suas paredes côncavas, cheia de buracos, de pedra cinza, o chão empoeirado, com muitos montes de pedras espalhados, o teto era esverdeado, parecia que havia plantas, espécies de samambaias cobrindo toda pedra do teto, e muita eram tão grandes que desciam do teto ao chão; no centro do salão havia uma espécie de lago, com água transparente e límpida, não era profundo, com a espada toquei o fundo, cerca de um metro ou mais, estava bem gelada, verifiquei a água de meu cantil, e percebi que durante todo aquele percurso havia esvaziado todo ele, aproveitei para enchê-lo, depois me dirigi para o fundo do salão, não havia continuação dos túneis, apenas duas estátuas de forma humana, entalhadas na rocha da parede, pareciam estar segurando o teto, não tinham rosto, iam do chão ao teto, com seus braços erguidos, talvez servissem de pilar, mas já tinha me acostumado com essas coisas, e comecei a revista-las, pois as brincadeiras do mago anão já não eram tão fáceis assim.
Depois de alguns minutos concluí que não havia nada nas estátuas, mas e agora, como continuaria o caminho se ele não existia, fiquei a pensar, mas não conseguia me concentrar, pois a idéia de que meus amigos precisavam de mim era um tormento sufocante, ainda mais se eu não pudesse fazer nada. Voltei ao centro da sala, e ao ficar olhando a água, reparei que de todo aquele local esse era o único que havia vida, e só pelo fato da existência de água, notei que todas as raízes das plantas da sala alcançavam à fonte, pensando nisso como uma luz nas minhas idéias veio como por milagre um jeito de salvar os meus amigos, colhi um ramo de uma planta, e correndo voltei para a beira do abismo, onde vi Doomhamer deitado, resmungando, e Torinks desacordado, o anão percebendo minha chegada, virou-se e perguntou por que eu havia voltado feliz respondi que tinha encontrado uma maneira para que eles passassem pelo abismo, ele surpreso questionou como; eu apenas sorri e deixando cair aos meus pés o ramo, coloquei a lanterna ao meu lado, peguei o cantil e dizendo as palavras sagradas derramei a água cristalina no ramo:
[FONT=&quot] - Pela luz, pela terra, pela água eu invoco o espírito da grande mãe, venha ó nobre espírito nos abençoe com sua força e vida, Gaia eu imploro, faça que as folhas sejam o cominho para esse seu humilde filho e para os bravos que me acompanham nessa jornada pelos escuros túneis da morte, que assim seja!!! [/FONT]
Um tremor foi sentido por todos naquela hora, e as palavras ecoaram pelo abismo, fazendo com que um brilho divino surgisse iluminando o ramo de samambaia, que criou raízes rapidamente, foi crescendo e engrossando seus ramos, até como uma broca perfurar a rocha buscando firmeza, e crescendo mais e mais foi se tornando uma rede cobrindo toda boca do abismo em questão de segundos, o anão surpreso caiu de joelhos perante a força de Gaia, e agradeceu silenciosamente a grande mãe, logo coloquei os pés na rede de folhas e ramos fui caminhando na direção de meus companheiros, ajudei a carregar Torinks, e Doomhamer me acompanhou para o outro lado do abismo; superando assim mais um obstáculo.
Logo quando chegamos, mostrei ao anão ainda impressionado, o que havia encontrado além do abismo, ele virou-se para a direção que apontei e pensativo, concluiu que não poderíamos continuar com o elfo naquele estado, concordei com o anão, e já lhe disse que não havia continuação do túnel mais a frente, ele quis conferir, pediu que eu ficasse ali com o elfo, e lá foi o bravo anão para o salão da fonte.



O enigma das três faces


Depois de algum tempo, Doomhamer voltou do salão, estava todo empoeirado, batia as mãos em suas vestes para retirar a poeira, subiu rapidamente o lance de escadas vindo em minha direção, se aproximou, perguntou pelo estado do elfo, disse a ele que o ferimento havia estancado, mas Torinks perdeu muito sangue, e continuava desacordado. Doomhamer agora mais calmo me elogiou dizendo que eu possuía uma grande fé em Gaia, e que fé ao ponto de fazer aquele milagre ele nunca havia visto; e terminando me perguntou se eu era um sacerdote da grande mãe. Agradeci o elogio, e em resposta lhe disse que qualquer um que pode sentir a presença do espírito da mãe e usar seus conhecimentos para nobres atos, poderia ser um sacerdote de Gaia, e que a convivência com o velho druida me deu sabedoria o bastante para contemplar a natureza em todos seus detalhes.
O anão balançando a cabeça entendeu o que eu tinha mencionado, e foi logo me dizendo que estava todo empoeirado porque revistou cada canto do salão, e encontrou entre as duas estátuas uma espécie de encaixe para o que parecia ser a cabala das virtudes dos anões, fiquei até irritado, pois tinha me distraído com as estátuas que não pensei em procurar entre elas, e então pedi para que Doomhamer me explicasse melhor do que tinha encontrado, ele pegou uma pedra ao chão e começou a desenhar, uma espécie de circulo cheio de inscrições estranhas, e no centro um triângulo dividido em outros três triângulos; e fazendo isso ia me explicando que o primeiro rei anão tinha ensinado ao povo anão, as leis para se viver com honra e dignidade através desse desenho, a cabala das virtudes, como é chamado, representa as virtudes que um indivíduo tem para ser uma boa pessoa ou até um ótimo governante, o primeiro triângulo representa a sabedoria, ao seu lado está à coragem e acima; sendo sustentado por ambos esta o poder. E o circulo de runas que cerca esse símbolo tem como tradução a seguinte frase:
[FONT=&quot]-[/FONT][FONT=&quot]Aqueles de bom coração que querem alcançar o Valralla devem seguir as virtudes do rei aqui talhadas por suas próprias mãos. [/FONT]
Fiquei curioso e perguntei ao anão do que se tratava o Valralla, e erguendo-se do chão com os olhos expressivos, ele me disse inspirado que o Valralla é o local onde estão os seus antepassados mais sábios e bondosos, é um local espiritual que os anões acreditam existir após a vida. Uma espécie de céu lhe questionei, sim dizia ele, mas sem todas aquelas regalias que vocês humanos acreditam. Voltei para o principal assunto e afirmei que precisávamos fazer algo logo se queríamos que Torinks ficasse bom, o anão concordou, e meio irritado disse que eu havia o interrompido, pedi que prosseguisse, e ele assim o fez.
Disse que nesse símbolo que encontrou faltavam os três triângulos das virtudes, e que parecia que eram encaixados nos talhos da figura.
Fiquei a pensar, pois esse era mais um dos enigmas do maldito Faran, se existissem as tais peças, onde estariam naquele labirinto enorme, era o que eu me perguntava, e o que parecia passar pelos pensamentos de meu amigo. E Torinks, será que vai resistir até acharmos algo para ajudá-lo...??
Doomhamer indagou pela hipótese de que as tais peças podiam estar em algum local naquela sala que parecia uma biblioteca, concordei, pois por seu receio pela magia e conhecimentos obscuros, não pudemos revistar bem o local, apenas Torinks achou algumas coisas... Sim, as coisas de Torinks, peguei a mochila do elfo que estava logo ao meu lado, e procurei pelas coisas quem ele havia pegado naquela sala, só encontrei dois livros e o outro objeto era a lanterna mágica que nos fornecia luz; um livro era desconhecido para mim, pois Torinks não havia nos mostrado, estava cheio de escrituras que nem Doomhamer pode entender, o outro era o diário do mago, depois de folhear um pouco o livro é que Doomhamer me chamou a atenção para o grande triângulo azul na capa, virei o livro e logo vi realmente estava lá debaixo de nossos narizes, procurei uma maneira de retirar a peça, dobrei o couro e rapidamente ela caiu em minhas mãos. Sim, a virtude da sabedoria, e é um bom lugar para esconder não acha, dizia o anão que parecia mais aliviado, mas sua alegria durou pouco depois que lhe sugeri voltar para a sala dos livros, e logo sua expressão voltou a ficar séria novamente.
Mas, depois de pensar bem, Doomhamer percebeu que não tínhamos muitas opções, contentou-se e apoiou minha decisão, mas e Torinks; não podíamos levar o elfo, pois ele estava com um grave ferimento, além de não poder andar também não poderia ser carregado, para que o ferimento não abrisse, o anão se dispôs a voltar para a sala e disse para eu ficar com o elfo, mas não concordei, dizendo a ele que eles já tinham feito muito por mim, e que agora era minha vez de retribuir, e as circunstâncias não estavam propícias para o anão que não gostava nem um pouco de magia e coisas relacionadas. Pedi para que Doomhamer ficasse cuidando do amigo ferido, eu iria até lá, só precisaria da lanterna, pois não tinha a boa visão dos anões na escuridão, Doomhamer se agachou pegando a lanterna, disse que tinha ainda a tocha, me entregou a lanterna e com uma expressão confiante disse que se eu tivesse nascido anão seria provavelmente um grande líder, pois minha coragem e determinação eram comparáveis aos dos reis lendários. Foi com esse elogio que me despedi com a certeza de voltar, e comecei a caminhar devolta pelos cominhos escuros da morada do mago.
A luz da lanterna balançando com meu caminhar era só o que chamava minha atenção, já havia passado pelo abismo e agora seguia para os corredores de rocha voltando para aquela maldita sala ansiando em encontrar as duas outras partes do símbolo, o silêncio era completo, nem meu caminhar e os equipamentos batendo na couraça faziam meus pensamentos tomarem rumos diferentes, foi pelo menos na metade do percurso que me dei por conta de onde estava, e rapidamente saquei a espada, com ela em punho prossegui, chegando já na passagem que daria para a sala, ouvi algum ruído, ou pelo menos tive a impressão de ouvir algo, parei por um instante, retirei meu elmo, colocando ele ao chão fiquei a esperar por mais algum barulho, mas nada, hesitei em prosseguir, esperei mais um pouco, e logo ouvi o ruído novamente, parecia um dedilhado sobre o chão ou algo parecido, e quando me abaixei para pegar o elmo, os ruídos pareciam vir de todos os lados, e agora estavam mais próximos, coloquei o elmo e furiosamente não querendo saber o que me esperava a frente, quando atravessei a passagem e cheguei à sala me deparei com uma coisa aterradora, que se virou para mim. Era uma espécie de aranha, mas do tamanho de um cavalo, e não estava sozinha, ao seu redor e atrás de mim estavam suas companheiras, centenas se revelaram a luz da lanterna, que joguei ao chão e rapidamente peguei o escudo me preparando para o que poderia ser minha última batalha.
Elas estavam lá o tempo todo escondidas pelas trevas, e ocultas pelas teias, seus pares de olhos vermelhos brilhando pela extensão de seu corpo cheio de farpas, os dois aguilhões curvados como anzóis, esperando para fisgar mais uma presa, esperando o momento certo para atacar, e o veneno escorrendo como baba de um animal faminto por sangue, minhas chances seriam bem poucas, contra aquele exército de puro terror, logo duas que não conterão sua fome me atacaram pulando sobre meu corpo, mas seus ataques foram barrados, um por meu escudo que faiscou com o raspar das quelíceras da aranha, o outro ataque foi parado pelo fio de minha espada que mesmo assim não causou muitos danos ao monstro, e como um bando de cães assassinos, as outras começaram a se aproximar, emitindo um ruído batendo um ferrão contra o outro, fazendo meu desespero aumentar, e a dança das trevas ao redor ficar mais intensa, mas tudo parou derrepente, quando a maior veio investindo por cima das outras, e incrivelmente matando uma a uma, esmagando-as com suas patas e perfurando com suas presas, me senti ainda mais inseguro ao ver o que aquela coisa poderia fazer, não havia lugar para se esconder ou ao menos fugir, e quando as últimas aranhas tombaram a agora única, maliciosa veio para cima de mim salivando, imaginando qual seria o gosto de minhas entranhas, em um ataque fulminante com suas presas que eram do tamanho de cimitarras, ela empalou meu escudo rapidamente puxando-o e me jogando contra uma das prateleiras de livros, minhas costas estralaram, quando me recuperei do golpe e retirei os livros de cima de minha face, ela já estava encima de mim com suas grandes pernas e lançou-se seu corpo farpado esperando me esmagar, sem pensar rolei para o lado e quando cai ao chão, ouvi o barulho da madeira se quebrando e retorcendo, como um raio e aproveitando a situação golpeei uma das patas negras do monstro, e com a força extrema que coloquei no feito consegui decepar um de seus oito braços, um jato do que parecia ser seu sangue molhou minha armadura, e a pata decepada caiu se contorcendo, o monstro emitiu uma espécie de grito que quase estourou meus tímpanos, e novamente veio para cima de mim agora com um ódio incontrolável, golpeando com suas patas da frente velozmente, eu consegui desviar de dois de seus ataques, mas um inevitavelmente me acertou varando a placa de mitrhill e só parando na malha de metal, mas devastando meu peito com aquela força gigantesca, não pude hesitar, com todos os músculos contraídos de dor, cai ao chão agonizando, o que excitou mais ainda a aranha. Ela foi se aproximando devagar, comecei a me arrastar tentando desenfreadamente alcançar minha espada que havia voado de minhas mãos, e por um milagre quando escutava os passos do monstro me alcançando me joguei com as últimas forças e alcancei a espada que como o vento empunhei e me virando fechei os olhos só vendo aquele vulto sobre mim, e logo um grito de dor enlouquecido, e uma força bruta me arrastando de joelhos pela sala toda só indo parar quase que me esmagando contra a parede.
Quando abri os olhos, não acreditei, minha espada estava cravada quase que inteira na cabeça do monstro, que se debatia ainda vivo mais agonizando, seu sangue tinha praticamente me coberto, reuni forças para me levantar, logo já de pé mancando, soltei de meu espírito um grito de batalha e subindo encima da aranha gigante, como se fosse um prêmio de caçador cravei minha espada até a empunhadura no bicho, que deu seu último grito e morreu; “vá para inferno, ser das profundezas”, foi também o ultimo grito que dei antes de cair exausto.
Estava tudo tão calmo, havia paz; era uma escuridão profunda que habitava minha mente, sem dor sem lembranças do passado, minha agonia parecia não existir mais; será que eu estava sonhando, havia eu perecido nos corredores sem fim de Furnã. Ouvi uma voz distante ecoando, era a voz de uma mulher, ela me chamava:
-Heros... Heros levante-se sua batalha apenas começou seus amigos precisam de você; eu preciso de você, todos que tiveram suas vidas ceifadas pela serpente e seus servos precisam de você. Levante-se, a profecia tem que se concretizar; lute sua vida apenas começou!
Então como o sol que ofusca nossos olhos, uma luz intensa brilhou ao meu redor; um calor forte tomou conta do meu corpo, e eu Heros me levantei; abri meus olhos e só pude ver na penumbra do salão, estantes, prateleiras e livros caídos espalhados por todos os cantos. Meu corpo estava intacto sem qualquer arranhão, e estranhamente não havia mais aranhas ou qualquer aberração no local; somente a luz da lanterna que refletia na lamina de minha espada, cravada em um grande tomo de couro a beira de uma pilha de livros empoeirados. Cambaleando pelas vertigens que ainda sentia, caminhei até a espada e com dificuldade retirei-a do pesado livro, mas quando a lamina saiu, um objeto caiu de dentro do livro; e para minha surpresa era um dos triângulos da cabala, para ser mais exato o verde, que representa a coragem. Mas e tudo o que havia acontecido, as aranhas o combate, parece que foi tudo uma ilusão, pelo estado em que a sala se encontrava eu devia estar combatendo as prateleiras e os livros, com a mente ainda confusa, e sem a menor idéia de quanto tempo tinha se passado peguei a lanterna e voltei para onde tinha deixado Doomhamer e Torinks.
Ainda assustado com os últimos acontecimentos, meus pensamentos embaralhados lembraram-me da voz da mulher que ouvi mais uma ilusão ou uma mensagem divina, pois o Druida me ensinou que os espíritos possuem maneiras estranhas de se comunicar com os homens; quem seria ela, e como sabia meu nome; meu nome, quanto tempo não o escuto vindo de uma voz tão doce, mas não e hora de recordar e sim de agir meus companheiros precisam de mim; continuei a percorrer aqueles corredores sombrios.
Já passando pelo abismo, chegando do outro lado encontrei Doomhamer segurando a cabeça de Torinks e derramando lágrimas sob seu peito, meu coração gelou, pelos deuses não... O anão virou-se para mim e disse que Torinks não havia resistido e tinha nos deixado. Soltei tudo que estava segurando e peguei nas mãos de Torinks, já gélidas e pálidas não acreditando, pois o elfo que salvou minha vida várias vezes agora jazia morto e eu não pude fazer nada... NADA!
Doomhamer agarrou meu braço, limpando as lágrimas, tentou me consolar dizendo que Torinks havia morrido como um guerreiro, e os deuses levariam sua alma para o Valralla onde ele descansaria em paz; mas mesmo assim ele não merecia morrer, tinha que continuar vivendo para quem sabe um dia poder voltar a ver seu povo e construir uma vida longe das guerras e da violência, lágrimas corriam pelo meu rosto meu corpo estava tremulo, ainda gelado; Doomhamer continuou a falar sereno, dizia que eu não tinha culpa nenhuma, pois só pelo fato de estar em Furnã, os riscos de uma fatalidade como essa eram altíssimos; deveríamos prestar as ultimas honras ao nosso amigo e partir para não se ferir mais, com a dor dessa trágica perda; eu não queria aceitar mais essa perda, só me perguntava o por que, mas só o ódio e a mágoa vinham em resposta.Levantei e gritei a toda criatura que pudesse ouvir:
-À HORA DA JUSTIÇA CHEGARÁ E TODOS AQUELES QUE MORRERAM AQUI PELAS GARRAS MALÉFICAS DAS SOMBRAS VOLTARÃO, E A LUZ TRIUNFARÁ DESTRUINDO O MAL POR COMPLETO, EU JURO PELA MINHA VIDA QUE A MORTE DE MEU COMPANHEIRO NÃO SERÁ EM VÃO, QUE GAIA TENHA PIEDADE DOS MEUS INIMIGOS, POIS NÃO TEREI PIEDADE DE NINGUÉM!!!
E com a raiva me corroendo, comecei a juntar pedras para improvisar um túmulo para o corpo de Torinks; Doomhamer fez o mesmo me ajudando. Quando terminamos, nos ajoelhamos e oramos pedindo que os deuses dessem a paz para nosso valente amigo; logo fiz um breve relato ao anão dos acontecimentos estranhos, e da minha descoberta do outro artefato; ele surpreso ainda abatido, pediu para que nós prosseguíssemos, pois não queria ficar mais ali, deixamos então o túmulo de nosso amigo e nos encaminhamos para o salão onde Doomhamer encontrou o mecanismo. Lá eu mostrei para o anão o outro artefato, e com base em meus relatos, ele assustado segurando o objeto me disse que poderia ser mais uma das artimanhas mágicas de Faran Durin o amaldiçoado, só balancei a cabeça em sinal de aprovação e o questionei sobre o último triângulo; em resposta ele disse que não tinha a mínima idéia de onde poderia estar o artefato, pensativo, continuou disse que aparentemente para encontrar as virtudes passamos por provações, então; sabedoria e coragem já estavam em nossas mãos, mas agora faltava o poder, e que tipo de teste iríamos enfrentar agora para demonstrar essa virtude.
Meus pensamentos ainda estavam confusos, a morte de Torinks me deixou muito abalado, mas deveríamos continuar ou seriamos mais dois mortos nesse inferno de túneis; peguei então os dois artefatos, que custaram a vida de meu colega e determinado fui na direção do mecanismo na base das estátuas, o anão vendo que eu iria encaixar as peças protestou, mas eu lhe disse que não iria voltar a enfrentar mais a dor da perda preferia morrer agora; e sob os protestos de meu amigo, encaixei as peças, primeiro a sabedoria, depois a coragem; e quando as peças se tocaram um forte estrondo se abateu sob a sala inteira, os triângulos começaram a brilhar, um brilho intenso até que iluminaram a sala inteira com uma luz azul e verde, que se fundiram formando uma luz vermelha cintilante, e mais estrondos foram ouvidos, até que em meio das estátuas surgiu uma passagem em arco, foi ai que a luz findou e tudo voltou ao normal, com a penumbra de nossa lanterna.
Mas como? Era o que perguntava Doomhamer boquiaberto, eu também estava surpreso mas quando nos aproximamos do altar percebemos que havia certa lógica; a sabedoria e a coragem são as bases do poder por isso ali no encaixe do mecanismo podia ser visto a peça vermelha do poder. Sorte ou não, agora, em nossa frente havia uma saída e deveríamos continuar sem hesitar mesmo com a triste memória da morte de Torinks, e a incerteza de sairmos vivos desse maldito lugar.



O AMALDIÇOADO

A passagem abria nossos horizontes para uma imensa escadaria de pedra cinzenta cheia de rachaduras e fendas, que descia mais e mais para dentro da terra, Doomhamer cogitou a hipótese de que pelo estado dos pilares laterais o túnel poderia vir a desmoronar a qualquer momento; mas era nossa única opção naquele momento, então com certo cuidado com lanterna e espada em mãos fui descendo os degraus um a um, o anão vinha logo atrás portando apenas uma rudimentar funda que improvisou com um pedaço de couro e pedras que colheu. Estranhei que mesmo a luz mágica da lanterna não era o suficiente para iluminar o corredor onde estávamos percorrendo, e principalmente o que vinha á frente, as trevas eram tão fortes quanto a luz, nas paredes começamos a notar que esculturas feitas de uma pedra negra cintilante; faces milhares delas, todas olhando para nós, rostos de fúria, dor, agonia; pareciam mais monstros do que humanos ou seja lá o que for, um cheiro ácido invadiu nossas narinas parecia cheiro de curtume, esse ar contaminado começou a surtir efeito, e os malditos degraus pareciam intermináveis. Doomhamer reclamava dizendo que o gás parecia estar saindo das bocas dos rostos, meu amigo estava certo era mais uma armadilha do maldito mago, mas voltar seria impossível agora, ainda mais que comecei a sentir os efeitos do gás, um certo cansaço se abateu sob meu corpo, enjôo e uma dor de cabeça terrível, perguntei a Doomhamer se ele sentia o mesmo sintoma mas ele disse que não apenas o cheiro o incomodava; os anões são mais resistentes do que quaisquer humanos isso estava provado, continuamos a descer.
Horas depois ainda descendo, mas agora eu já cambaleando e se apoiando nas paredes, como um bêbado; finalmente chegamos ao fim das escadas e o ar contaminado não era mais expelido, pois não havia mais faces; mas agora nos defrontávamos com uma bifurcação de corredores, ambos idênticos e silenciosos. Doom passou a frente e foi logo analisar nossas opções, pediu para que eu me sentasse um pouco, pois estava parecendo uma hortaliça; fiz o que meu amigo aconselhou e sentado fiquei “atento“ a qualquer perigo, enquanto isso ele tateava as paredes e procurava alguma referencia para que pudéssemos prosseguir. Estava quase cochilando, quando ouvi uma exclamação animada do anão:
-Há há! Nem o melhor mago de Even pode enganar um anão determinado; venha cá Heros olhe só o que encontrei!
Levantei-me ainda zonzo e fui à direção do anão, e lá chegando me deparei com ele apontando para uma das passagens, a da esquerda, nisso ele pegou uma das pedras e arremessou com sua funda fazendo a quicar no chão, subitamente houve um estalo metálico e laminas enormes adjacentes surgiram em boa parte do corredor fazendo da pedra apenas poeira em um segundo, um espetáculo de dar medo. Surpreso com a perspicácia do anão, dei dois tapinhas em suas costas já lhe perguntando sobre qual caminho deveríamos pegar; ele só gesticulou e disse que se eu gostaria de ser fatiado iria pela esquerda, pois a armadilha não havia sido desarmada, então nós dois já nos encaminhamos para o corredor da direita. Percorrendo mais um desses túneis prosseguimos com cautela, até chegarmos ao seu fim e lá encontrar uma velha porta de madeira e rebites, nos barrando o caminho, Doomhamer verificou se estava aberta, parecia que não, deu mais uma analisada virou-se para mim e disse para dar espaço, pois ele iria arrombar a porta, eu ainda afetado pelo gás recuei uns dez passos; foi quando em um estrondo a porta despencou, revelando uma saleta aparentemente vazia, entramos e com a luz da lanterna podemos ver que a sala guardava muitos objetos, estantes forradas de armas e armaduras velhas e enferrujadas, o anão sorriu e já foi selecionando algo para se defender melhor, eu procurei por um local onde desse para sentar, e logo me estabeleci dizendo ao anão que parecia mais contente que era bom que descansássemos um pouco, para comer e beber, pois meu estômago estava deveras vazio a um bom tempo; e foi assim que ficamos ali fazendo uma breve parada.
Depois de comer algumas rações de viagem e descansar um pouco; eu e Doomhamer, portando agora um machado de batalha, percebemos que essa saleta não era só um depósito, mas em uma de suas paredes que não havíamos notado se encontravam quatro alavancas posicionadas para cima; analisando o anão concluiu que poderia ser um dispositivo para desarmar a armadilha do corredor da esquerda, dizia ele que não era um bom engenheiro, mas que essa era a melhor probabilidade. Mas fiquei a pensar agora um pouco melhor, pois pelo menos a dor de cabeça havia passado se poderia haver certa ordem para realizar o desarmamento, então questionei o anão; ele retrucou dizendo que o único jeito de saber era tentando. Fui eu então a tentar, baixei as quatro, uma de cada vez, atento aos ruídos surdos das alavancas; quando acionei a última, um som metálico forte foi ouvido e uma das prateleiras se revelou uma porta secreta abrindo-se à nossa frente, mais uma passagem exclamava o anão sério, dentro podemos ver uma espécie de alcova rochosa e no centro apenas um baú velho de madeira tosca, cuidadosamente o anão o abriu e em seu interior descobrimos um pergaminho amarelado pelo tempo com escritas anãs, Doomhamer leu para mim e descobrimos mais uma das malditas charadas do mago:
-Voz queres a mim encontrar, então pelas lâminas deverão passar, com cabeça ou não irão ficar!
Derrepente uma gargalhada súbita ecoou pela sala, fazendo nosso sangue gelar, mas o anão se enfureceu e resmungando foi saindo dali e voltando a bifurcação, me apressei em seu encalço, lá ele muito irritado, me disse que iria passar pelo corredor, que já não agüentava mais as malditas astúcias do bastardo Faran; seria agora ou nunca, pois se o cão estivesse vivo ele mesmo iria matá-lo de uma vez. Foi então que em uma arrancada Doomhamer saiu correndo passando pelo corredor; eu não vi alternativa e tentei segui-lo, essa loucura nos custaria caro pensava no momento, mas por incrível que pareça nenhuma lamina foi acionada, e chegamos sãos e salvos no final do corredor.
Ofegantes, olhando um para o outro, sabendo que piada ou não estávamos vivos, já recuperados notamos que agora havia em nossa frente escadarias, mas que dessa vez subiam ao invés de descer; e lá fomos nós subindo um estreito corredor de escadas, o local era tão estreito que até Doom tinha dificuldades para passar, as paredes negras de rocha sólida faziam faiscar minha armadura. E ao final da ascensão, descobrimos um alçapão metálico no teto e mais nada. O anão que estava na frente vendo que não me daria passagem, pediu ajuda para subir e verificar o alçapão, colocando lanterna no chão e espada na bainha, o ergui até ele alcançar o teto, mas como ele era pesado, não sei como são feitos os anões, mas pesam como rochas; ainda abatido pelo gás fraquejei, até que ouvi as dobradiças rangendo e o anão entrando pela passagem. Com sua ajuda subi pegando a lanterna, já em cima a luz nos revelou um gigantesco salão circular e cheio de estátuas de gárgulas nos circundando, do chão ao teto deviam ter uns vinte metros, e a nossa frente uma escadaria nos levava ao centro da sala onde exclamou Doomhamer estar o sarcófago do Mago Faran Durin o amaldiçoado.
-Pelos malditos diabos do inferno então é aqui que ele estava!
-Mas pelo que vejo esta morto e enterrado, patife, se estivesse vivo eu cortaria sua barba junto ao seu pescoço he he!
Logo após essas palavras de Doomhamer uma chama espectral azulada surgiu nas duas extremidades do sarcófago, como se o fogo brotasse do nada, envolvendo o recipiente e uma espécie de portal se abriu a nossa frente e de lá junto a gemidos, gritos de pavor e rangidos um vulto se materializou; era o próprio Faran Durin mago negro.
-Bem vindos colegas ao meu humilde lar, vejo que tiveram uma viajem conturbada, mas não se preocupem eu lhes deixarei bem à vontade... Mortos como seu amiguinho!
E diante de nós, Torinks surgiu já de armas em mãos e vindo nos atacar; Doomhamer e eu não sabíamos o que fazer, pois era Torinks nosso amigo, e nesse segundo de dúvida ele desferiu golpes no anão, que tentou se esquivar, mas foi pego por um que o tirou fora de combate; eu então não possuindo alternativas por que Torinks investia agora em minha direção, só tive tempo de desembainhar a espada e me defender aparando e esquivando os centenas de golpes que o elfo me desferia. Naquela batalha confuso e ainda tonto, vi o anão caído ao chão sangrando, morrendo pelas mãos de um amigo, então minha razão se perdeu e comecei a atacar o elfo, estocadas e golpes de todas as direções, nada, eu não conseguiria abate-lo nunca nessas condições. Já ficando cansado da luta e ofegante recuei e ouvi Faran dizendo, que eu não iria conseguir por que era fraco, pois a amizade falava mais alto em minhas ações; então abatido com tudo isso, me ajoelhei esperando o golpe final que me mataria; Torinks veio rindo sadicamente se pôs diante a mim e preparou o golpe com sua espada afiada e brilhante, mas nisso aproveitei esse instante para com muita força estoca-lo, e o acertando nos intestinos, fazendo seu sangue jorrar, me levantei e já o tendo como derrotado fui socorrer Doomhamer; segurei sua cabeça para frente e percebi que ele ainda estava respirando, quando Faran se voltou para mim dizendo que ele havia me subestimado e agora beberia meu sangue em oferenda às trevas. E vindo em minha direção o espectro materializou em suas mãos cinzentas uma lança fulgurante, sem muito tempo me levantei pegando o escudo em minhas costas pronto para enfrentar o amaldiçoado, mas em seu primeiro golpe, que foi bloqueado pelo escudo já senti a força do inimigo que haveria de derrotar, parecia que ele tinha a força de um touro, fui cambaleando para traz tentando me equilibrar; pelos deuses mais um golpe desses e meu escudo viria a quebrar, e assim foi, pois no segundo golpe que Faran desferiu não só meu escudo de Mithrill se estilhaçou, mas meu braço também foi quebrado, e eu cai ao chão sentindo uma dor lacerante e vulnerável esperando o próximo e terrível golpe da lança do mago. Ele vinha flutuando e rindo, sádico e maníaco parecendo ouvir meus pensamentos e sentindo meu medo, ergueu a lança e gargalhando a transformou em um martelo enorme em chamas, dizendo que gostaria de comer carne batida e assada; então fechei os olhos e escutei seu grito de fervor. Mas quando abri meus olhos só vi uma fumaça azulada saindo de uma pilha de cinzas bem a minha frente, abismado olhei ao redor e vi Doomhamer com machado em punhos, ele tinha fendido o sarcófago em duas partes, exausto e perdendo muito sangue ele caiu.
Levantando-me fui devagar com os dentes rangendo de dor, até onde Doomhamer estava, notei que o corpo de Torinks tinha desaparecido e no lugar só havia um monte de cinzas, talvez mais uma ilusão do bastardo, continuei caminhando e me sentei ao seu lado, o anão bravamente havia se levantado e usado suas últimas energias para quebrar o elo de Faran com o mundo dos vivos, e agora jazia morto aos meus braços. Chorando sem mais nenhuma esperança, ouvi um baque surdo e um facho de luz branca e quente nos envolveu vindo da abóbada do teto e eu não sei mais o que pode ter acontecido, só me lembro da sensação de estar voando; então eu acordei. Mas eu não estava mais nas profundas e intermináveis cavernas de Furnã e sim em um bosque apoiado em um pinheiro e a neve caia ao meu redor, deuses onde eu estava? Foi a primeira pergunta que me fiz.
Ao levantar-me totalmente perdido, olhei em todas as direções notei que ainda estava na montanha, mas em um local desconhecido; o que havia acontecido, minhas memórias estavam embaralhadas, Doomhamer, ele havia me salvado, mas tinha morrido em meus braços; sim eu estava o segurando quando surgiu aquela luz e derrepente eu vim parar aqui. Será que foi obra do maldito Faran? E onde está Doomhamer? Milhares de perguntas sacudiam minhas idéias, mas eu deveria prosseguir mesmo perdido e sem os meus amigos, que os deuses os abençoem para onde eles tenham ido. Peguei as coisas que carregava, e escolhendo uma direção prossegui a caminhar lentamente pela neve fofa onde meus pés afundavam, continuava a cair neve e o frio rasgava minha pele mesmo com a armadura e as roupas que vestia por baixo, retirei o elmo da mochila e o coloquei, pois o vento gélido queria congelar minhas orelhas.
Em meus pensamentos, enquanto caminhava fazia uma retrospectiva de tudo o que havia acontecido, eu tinha perdido não só minha família, mas também os únicos amigos verdadeiros que encontrei nesse meu triste caminho a qual sigo, se existia uma coisa que eu poderia fazer era honrar o sacrifício deles e seguir em frente concretizar a profecia, seja ela qual fosse. Subindo uma íngreme e estreita viela cheguei ao fim do bosque de pinheiros, era dia, mas havia poucos raios de sol trespassando a cortinha espessa de nuvens cinzentas que a serpente exalava de seu covil; vi um penhasco mais à frente e para lá segui, da beira do penhasco podia se ver todo o vale, e ter uma idéia de onde eu estava, e graças a grande mãe faltava pouco para que eu alcançasse o topo onde estava o covil da serpente de fogo, e lá eu iria encarar meu destino, só de pensar o quanto de sofrimento que essa criatura maléfica havia causado eu já sentia prazer em ser o escolhido para matá-la e por um fim em tudo isso, se é que os deuses estavam ao meu lado eu precisaria de muita ajuda para findar com esse monstro sádico e voraz. Agora eu precisava procurar uma trilha que me levasse para o topo, do penhasco sai e me dirigi para um aclive adiante, mas era muito íngreme eu teria que escalar até o topo, guardei a espada que ainda empunhava talvez por costume, e pus-me a subir devagar aqueles cinco ou dez metros de paredão, a neve me fazia deslizar mas os cravos e esporas da armadura foram bem úteis e não me deixaram cair. Quando finalmente cheguei ao topo notei uma mudança brusca no ambiente, a neve estava manchada de cinzas e um calor intenso a fazia derreter em alguns pontos, olhei mais á cima e vi o motivo desse fenômeno, fogo que saia das fendas da rocha, e mais acima uma espécie de gêiser jorrando água fervente, eu estava na trilha certa.



TEMPESTADE



Contornando rapidamente as ásperas rochas comecei a sentir o mal cheiro do enxofre exalado pelas fendas ao longo do aclive, somente a presença da serpente alterava bruscamente todo o ambiente da montanha, fazendo aquele local que antes no passado era um paraíso se tornar um verdadeiro inferno, prosseguindo passando por entre uma névoa de vapor das fontes sulfurosas, notei algo bem grande no topo de um imenso platô de pedra a minha frente. Parecia uma torre construída de pura rocha cheia de janelas que fulguravam uma luz vermelha, ouvi tambores que de lá vinham, sinal que os servos da serpente haviam voltado de mais uma de suas conquistas sangrentas, como havia acontecido em meu vilarejo, os tambores anunciavam a vinda do terror.
Deuses tenho agora em minha frente talvez o maior obstáculo de minha jornada, uma fortaleza repleta de servos malignos que assola o vale, o que irei fazer tentar enfrenta-los ou encontrar outro caminho, ainda mais agora sem a ajuda de meus valorosos amigos serei derrotado facilmente; ó grande mãe me de um sinal.
Já estava escurecendo, as sombras tomavam conta da montanha, tinha perdido a lanterna e agora estava na pura escuridão, à lua não mostrava sua face, minhas alternativas eram poucas, poderia contornar o rochedo escalando ou enfrentar o exército passando pela torre; optei por contornar o rochedo, fui então escalando mais uma vez as pedras. Mas assim que me vi na metade do trajeto os céus começaram a trovejar, raios cortavam a densa escuridão, dava a impressão que a montanha tremia a cada relâmpago que caia; meu azar se tornou completo, começou a chover, uma chuva pesada como se a fúria dos deuses estivesse caindo sobre toda a montanha. As pedras do paredão que contornava estavam ficando lisas, e o risco de cair no abismo ao meu lado aumentou, a fúria dos trovões me fazia tremer minha visibilidade que já era baixa agora havia desaparecido, então usando somente o tato decidi voltar e esperar em um local seguro, se é que isso existia ali.
Com sucesso voltei ao trevo, à tempestade caia cada vez mais forte, procurei um abrigo, pois já estava todo ensopado, e por estar ainda frio ficaria doente rápido. Tateando as rochas encontrei uma fenda, era pequena, mas serviria no momento, me agachei para lá entrar, era apertado tinha só cerca de um metro e meio de altura e uns dois de largura, mas eu estaria seguro da chuva cruel que castigava lá fora. Senti fome, peguei de minha mochila uma ração e a devorei, meus suprimentos estavam no fim, pois agora eu só dispunha de seis rações e alguns grãos, o meu cantil aproveitei para encher era provável que mais a frente à água deveria ser escassa. Quando fechei a rolha do cantil, tive a impressão de ouvir os tambores novamente, mas agora rufavam fortes, mais fortes até que a tempestade e seus trovões, derrepente um estrondo surdo ecoou na montanha e aparentemente vinha de baixo perto de onde eu estava curioso tirei a cabeça para fora da fenda e tentei ver o que havia acontecido, a chuva tinha ficado mais fraca e eu pude ver, mas não acreditei um exército de pelo menos uns vinte mil homens subia por uma fenda que foi feita á pouco talvez por uma catapulta, à infantaria marchando fazia o chão tremer. Os tambores da torre haviam cessado, mas seus portões foram abertos e de lá saia outro exército. Seria uma batalha, e eu estava bem ao meio, já se podiam ouvir os zunidos das flechas cortando os céus em busca de um alvo, foi depois de várias saraivadas que irrompeu a batalha, e o aço das armas explodiam umas contras as outras, gritos de dor e ódio faziam o coro nesse festival de horror. Sai da fenda tentando ver na penumbra das fogueiras e tochas que não se apagavam, algum membro do exército atacante, pois poderiam ser eles humanos de algum dos reinos, foi então que sanei minhas dúvidas quando pisei em um corpo destroçado em meio doas pedras, era um homem, soldado dos exércitos de Bornay; deuses sei que isso é estranho mas fiquei feliz ao ver que não estava mais sozinho, e me pus a correr ao fronte sacando minha espada e gritando. Logo dei de cara com um inimigo, e finalmente vi com meus olhos como eram horrendos, tinham corpo de homem, mas cheios de escamas e suas cabeças pareciam com a de um lagarto, usavam armaduras toscas e armas grandes enferrujadas, e pelos deuses tinham caudas com esporões que usavam muito bem em combate. Vencendo o medo e a surpresa que tive investi na direção da criatura que sibilava como uma serpente, desferi vários golpes, ele já parecia cansado quando por um momento baixou a guarda e nesse instante cortei sua garganta derrubando-o; notei que apesar de serem fortes eram um pouco lentos, fato que me deixava em vantagem, então entrei ao meio do combate nas hostes da frente combatendo ao lado dos soldados de Bornay.
Como posso descrever aquela batalha, posso dizer que não só os céus e a terra tremiam com o ódio das feras e dos soldados, mas em meio da carnificina e do sangue fresco que escorria de nossos rostos minha mente se alucinava perante tanto terror, fazendo daquela sinfonia de rancor uma lembrança de quanto nós somos tolos.
Meu batalhão avançava cada vez mais adentrando a ponte que levava a torre negra, tinha percebido que as criaturas eram maioria, mas mesmo assim vinha-mos vencendo sabe-se lá qual a vantagem que nós tínhamos, mas os matávamos como formigas, e a chuva continuava caindo gélida, e os trovões rugindo se confundindo com os gritos de desespero. Lutava ao meu lado um guerreiro de grande habilidade, pois em cada giro de suas espadas que empunhava, um inimigo vinha ao chão morto e na maioria das vezes decapitado, foi quando se ouviu o grito de um capitão:
-Flanco esquerdo está caindo!
E imediatamente me solicitando ele e agora eu, corremos para lá, derrubando quem estivesse na frente, podemos ver o motivo da queda do flanco esquerdo, arqueiros se encontravam mais a frente na rampa protegidos por algumas rochas acertando quem tentasse subir, foi então que eu vi o guerreiro tombar mais um inimigo e usando seu corpo como escudo subir a rampa sendo fortemente alvo das flechas, fiz o mesmo pegando um maldito do chão, e segui tentando alcança-lo. Vendo-me ele disse ao berros que quando chegássemos perto das rochas eu deveria jogar o cadáver nos arqueiros e mata-los rapidamente sinalizei que havia compreendido e prosseguimos a cada passo que eu dava meu escudo ficava mais pesado, pois mais flechas eram fincadas no corpo que já se parecia com um porco espinho, já perto das rochas joguei o cadáver em cima dos arqueiros, e com a distração cortei mais algumas gargantas, meu novo companheiro fez o mesmo e assim limpamos a rampa para que os soldados pudessem entrar na torre.
Em meio dos batalhões agora invadiam a torre, dando a batalha como vencida o guerreiro se dirigiu a mim apertando minha mão e se apresentando:
-Kalid Manshoore, é um prazer lutar ao lado de um bom soldado como você!!
Apresentei-me também, e logo nós caminhávamos juntos, ele me ofereceu um gole de érgon em uma garrafa de vidro azul, eu tomei uns goles, espantado, pois pensava que só os anões tinham essa bebida mágica; sentindo alguns ferimentos fecharem, disse a Kalid que eu não pertencia ao exército de Bornay, ele atônito perguntou o que eu fazia lá então, expliquei que era uma longa história, então ele me interrompeu dizendo que teríamos tempo depois que a torre dos Aizer estivesse limpa e o exército estabelecido; então limpou suas espadas e ás colocando na bainha desapareceu em meio dos soldados que subiam para torre.
Eu meio perdido, me sentei já sentindo o cansaço pelas goladas de érgon que tomei, a batalha havia sido ganha pelos exércitos de Bornay, mas o que um exército tão grande estava fazendo ali tão longe de casa, comecei então a colher informações dos soldados ao meu redor.
Descobri coisas interessantes sanando minhas dúvidas, esse exército vinha não de Bornay, mas de uma província na região das campinas do rei chamada de Bornyn, tinham ordens de acabar com os Aizer, aquelas criaturas, isso por que á três dias atrás eles atacaram uma fortaleza da região enfurecendo o regente local. Quem estava no comando era Sir Trevor Lantower, um paladino do poderoso deus Born, Kalid era apenas um tenente, mas uma figura em destaque no grupo, pois diziam alguns boatos que ele já havia matado mais de cem dessas aberrações sozinho em uma emboscada quando vinha para cá na frente como batedor; boato ou não ele era muito respeitado entre os soldados.
Mas fiquei curioso em saber o porquê esse enorme exército e bem treinado havia de lutar na tempestade que agora já tinha passado, percebi muita movimentação na entrada da torre, para lá segui, avistei montado em um enorme cavalo de batalha Sir Trevor, parecia um homem de grande sabedoria já era de meia idade tinha olhos claros pele rosada e uma barba branca usava uma armadura dourada reluzente portava um estandarte com o símbolo de Born, o olho do horizonte; estava a observar os soldados que empilhavam os corpos dos mortos em uma grande pilha onde mais tarde seriam queimados, fui me aproximando e apresentando-me perguntei se eu poderia ficar com o batalhão até de manhã, pois logo partiria, ele vendo que eu havia lutado junto de seu exército disse que sim, mas queria saber o porquê da minha presença ali, e de onde vim e para onde eu estava indo. Disse a ele respeitosamente que lhe responderia a tudo, mas só quando já estivesse estabelecido, ele concordou e pediu que eu fosse ajudar os homens a erguer as tendas para que pudéssemos descansar nessa madrugada. Antes que eu me encaminhasse até o pátio da torre recém conquistada, o questionei sobre o ataque na chuva; ele em resposta resoluto me disse que era uma estratégia, pela existência de Wyverns na região, e por que os Aizer tinham sangue frio e ficavam lentos em baixas temperaturas, o que explicava a existência de fontes térmicas na região. Perfeito pensava eu, pois as Wyverns não podem voar na tempestade e os Aizer ficavam prejudicados pela temperatura, o paladino havia matado dois coelhos com uma cajadada. Virei-me já indo na direção do pátio para ajudar os soldados.
Depois que as tendas foram armadas, eu me dirigi até a torre para dar as explicações á Sir Trevor, já subindo as escadas e chegando onde o comando tinha se estabelecido, procurei o paladino encontrando-o logo no saguão alimentando seu cavalo, era impressionante o tamanho dessa torre, pois só no saguão se encontravam metade do exército, já me aproximando de Sir Trevor; ele percebeu meu espanto e começou a me contar sobre a origem dessa magnífica obra arquitetônica. Dizia que por mais que parecesse impressionante foram os anões que no passado aqui viviam que haviam construído essa gigantesca fortaleza para se protegerem dos trols, seus arquiinimigos; e que não se consegue imaginar jeito de seres tão pequenos erguerem tal engenho. Então disse a ele que havia conhecido um anão, e pela obstinação que habitava seu intelecto eu não tinha dúvida nenhuma de que muitos como ele poderiam sim construir uma torre imensa como aquela a qual nos abrigávamos nessa madrugada agitada, Sir Trevor pediu para que eu me sentasse em um dos bancos improvisados e me servisse de vinho, pão e frutas; fiquei lisonjeado, pois seria a primeira refeição decente que teria depois que sai da morada de Doomhamer; sentando-se ao meu lado com uma taça de vinho nas mãos, Sir Trevor me questionou sobre minha história a qual fiquei de esclarecer, mas antes que eu começasse a contar, Kalid chegou já nos cumprimentado e se sentando para também ouvir minha história; seria então uma madrugada longa, pensava eu no momento em que respirei fundo e comecei a contar minhas aventuras até ter chegado ali na fortaleza dos Aizer. Enquanto relatava minha história, notei que Kalid estava sem seu elmo, e suas espadas ele segurava em seu colo, tive a impressão de que lhe conhecia de algum lugar, aqueles olhos azuis profundos, frios, cabelo negro longo, parecia estar sempre atento, era altíssimo cerca de uns dois metros, corpulento com mãos que estranhamente estavam a tremer. Que sensação estranha, nunca havia acontecido isso comigo, mas mesmo assim contei do início até o momento de agora minhas aventuras, que ainda tardavam a findar.
Quando já amanhecia e finalmente eu acabara de contar minha história, Sir Trevor impressionado se levantou e disse que se realmente eu era o predestinado a combater a serpente de fogo, teria toda sua ajuda, pois realmente já era hora de por um fim nesse império do mal que o maldito havia construído sob as pilhas de cadáveres que matou. Fiquei feliz que não ficaria mais sozinho, Sir Trevor acordou um mensageiro e disse para que ele levasse a notícia de que ele e o exército estavam á subir a montanha para derrotar o dragão, mas antes que eu me levantasse, para me preparar, Kalid interrompeu Sir Trevor que dava as explicações para o mensageiro dizendo que era muita ingenuidade dele confiar em um estranho que havia contado uma história absurda sem quaisquer provas; Sir Trevor imponente, só retrucou dizendo que ele era um paladino de Born e podia ver a verdade em meus olhos e minhas palavras, e que além, disso era ele o superior no comando e as ordens eram explicitas:
-Vamos subir essa montanha e acabar de vez com essa criatura abominável, pois temos os deuses e o escolhido deles ao nosso lado!
Kalid já se mostrava enfurecido, e gritando, questionou Sir Trevor, se todas as vidas dos soldados que já haviam ganhado sua batalha, valiam se arriscar em uma empreitada baseada na fé do paladino e nas minhas mentiras. Sir Trevor ficou irritado e quando iria começar a falar, foi interrompido por Kalid, que como um raio sacou uma de suas espadas e apontou para a garganta do comandante, que se calou subitamente gélido e surpreso. Então Kalid tremendo disse, em meio do exército que nos cercava, e que aparentemente o apoiava, pois não tomavam qualquer providência ao motim que se estabelecia:
-Olhe velho, eu falo por todos, já estamos cansados de lutar, são três meses sob seu comando perseguindo o mal, como você nos diz, eles querem voltar para suas casas e suas famílias, já chega de sangue, e quanto o dragão, que dane-se, pois ele já domina essa região a tempos e não somos nós e o tal predestinado que vai acabar com isso, é apenas uma lenda, antiga.
Eu sem saber o que fazer peguei o pergaminho que o druida havia me dado e o levantando mostrei á todos dizendo que eu falava a verdade, mas se eles não quisessem ir que não iriam, pois está escrito que somente um homem deve combatê-lo.
Kalid rindo, mas ainda com a espada no pescoço de Sir Trevor, disse que eu apesar de louco era inteligente, e voltando-se para Trevor pediu para que ele, o comandante dispensasse os soldados que realmente pareciam cansados, Sir Trevor olhou fixamente nos olhos de Kalid e então disse:
-Já que é o que vocês querem tudo bem, eu os dispenso, e peço desculpas pela minha falta de preocupação com todos, mas você Kalid, verá que foi infeliz em me apontar sua espada, pois um paladino de Born tem muita temperança, mas tudo tem um limite.
Mais rápido até que um raio, Sir Trevor desviou-se da ponta da espada de Kalid e sacou a sua, desafiando o impetuoso guerreiro com apenas seu olhar. Os soldados haviam feito um circulo para ver a luta que estava por vir, eu, Kalid e Sir trevor, estávamos no centro como a principal atração, eu não podia deixar que isso acontecesse por minha causa, então saquei minha espada que reluziu mesmo com a pouca luz do local e gritei:
-Parem, não vim aqui para espalhar a discórdia e sim para acabar com ela, guardem suas espadas, eu vou embora continuar minha missão pela qual meus companheiros perderam a vida, e vocês, partam e deixem que se cumpra o destino.
Nesse exato momento minha espada começou a brilhar, emitir luz própria o que chamou a atenção de todos, era uma luz vermelha fulgurante e parecia cada vez ficar mais forte, quando espantado, um tremor irrompeu a torre fazendo sacudir os pilares de rocha, houve gritaria e em menos de um segundo todos estavam correndo, pois o teto começou a desmoronar, o salão foi tomado pelo desespero e uma fila de homens tentavam sair inutilmente pela porta da torre, e aqueles que por sorte saiam encontravam nem mais nem menos do que ele, o filho das trevas, Tizamóck a serpente havia saído de sua toca e veio nos recepcionar pessoalmente, e vingar seus servos mortos por nós.
Na correria perdi de vista Kalid, mas Sir trevor estava próximo, gritei por ele, e a me atender correu em meu encontro, chegando de espada em punho disse que eu estava á um passo de cumprir a profecia e ele iria me ajudar, pegou em meu braço e foi me conduzindo para uma outra passagem, correndo desviando dos destroços que se chocavam com o chão e esmagavam alguns homens, finalmente chegando à passagem, uma grande porta de metal bloqueada por uma tora de madeira. Sir Trevor, pediu para que eu me afastasse rapidamente, atendendo seu pedido, ele ergueu sua espada e com um poderoso golpe fendeu a tora, e já com esforço abria a porta, fui ajudá-lo e no momento em que abrimos a pesada porta, um cone de chamas gigante invadiu a torre vindo do teto e carbonizou quem encontrou no caminho, por sorte já estávamos fora de lá, cansados e sujos com as cinzas do fogo.
Sir Trevor e eu nos recompúnhamos, mas já vendo o que nos esperava, meu coração disparou, centenas de Wyverns fechavam os céus, voando em círculos e atacando os soldados desesperados que só conseguiam correr apavorados com a visão da serpente de fogo, que fazia chover chamas nos locais onde passava, era gigantesco, tinha pelo menos uns duzentos metros do focinho até a ponta da calda um esporão afiado, Sir Trevor interrompeu meus pensamentos dizendo que nós deveríamos nos aproximar do dragão para que eu pudesse desafiá-lo, então á passos largos subíamos as encostas escarpadas da montanha tentando chagar aos céus. Quando pensávamos que não teríamos obstáculos, duas Wyverns vieram ao nosso encontro com seus ferrões preparados para empalar, desviei do súbito ataque e desferi um potente golpe de minha espada que não parava de brilhar, cortei uma das asas do bicho, e quando me virei para dar o golpe de misericórdia, vi que Sir Trevor havia sido pego pela outra que o carregava em suas enormes garras imóvel, eu não poderia fazer nada, mas que maldição, já me cansava de perder meus parceiros, cortei ferozmente a cabeça do bicho ao meu lado que agonizava, e comecei a escalar o paredão tentando alcançar o raptor de meu amigo. Chegando ao topo daquela formação rochosa me deparei com Kalid que havia eliminado três criaturas e limpava suas espadas, ele ficou surpreso em me ver, eu contei sobre o rapto do comandante, ele atento só disse que Sir Trevor não deveria morrer enquanto ele não o tivesse derrotado em um duelo, e pegando uma certa distancia do abismo ao qual eu havia escalado, o guerreiro saiu em disparada correndo e se jogando no nada, em um salto incrível, eu não entendendo a manobra, corri para tentar salva-lo, mas assim que eu cheguei à beira do precipício, o vi nas costas da Wyvern que havia pegado o comandante, fiquei boquiaberto, ele segurou nos chifres do bicho e com um gesto rápido a degolou no momento em que ela sobrevoava onde eu estava, e por fim Sir Trevor caiu em meus braços e Kalid novamente saltou do dorso da criatura ao chão onde estranhamente caiu sem qualquer problema, e a Wyvern se chocou em um paredão, explodindo em uma bola de sangue, ossos e tripas.
Querendo questionar o guerreiro sobre aquele ato impressionante, eu carreguei Sir Trevor para uma fenda nas rochas, onde o coloquei deitado, logo Kalid se aproximou perguntando do estado do comandante, respondi que ele estava apenas desmaiado, pela pressão que as patas da Wyvern, que fez com que o ar de seus pulmões saísse de uma só vez, Kalid retirou seu elmo se agachando e me entregando seu cantil, pois nele havia érgon, para fechar qualquer ferimento, meu ou do paladino, dei então um gole para Trevor, que engasgando acordou assustado e desorientado, Me vendo e a Kalid perguntou o que havia acontecido, expliquei resumidamente, e ele sério agradeceu ao guerreiro que lhe havia salvado a vida, mas sempre com seu ar nobre, se levantou, saindo da fenda, e indo na direção do penhasco olhou para baixo, e nós juntos a ele vimos tudo estava devastado todos os homens estavam mortos, e a torre havia sido destruída por inteiro. Os céus estavam negros parecia noite, uma fumaça negra fazia alegorias junto ao fogo espalhado pela tempestade de chamas, corpos estavam espalhados por todos os cantos, alguns inteiros outros só em cinzas, e eu os outros dois sobreviventes do massacre contemplava-mos o poder de Tizamóck.
Enquanto isso voando pelas nuvens negras, o dragão e suas crias se satisfaziam com o terror que haviam espalhado contentes com a refeição que tão gentilmente lhes foi dada pelo destino, rindo em seus íntimos, como crianças brincando com seus bonequinhos. Tizamóck não sabia o porquê, mas havia sentido um arrepio em seus ossos, quando se aproximou de uma das encostas perto da torre que agora jazia demolida, Seria um sinal, ou uma mera reação de seu corpo pela empolgação de matar. Seja o que for nada, mas nada que exista além dos deuses poderia desafiar ele o poderoso dragão vermelho senhor das chamas e do terror.
E longe, fora do espaço e do tempo, Gaia ouvia o eco das gargalhadas de seu irmão, Férus o senhor do ódio e da bestialidade, corruptor das criaturas magníficas que ela criou, mas pensava ela secretamente que tudo isso teria um fim logo, assim que a profecia escrita por sua irmã Selune se concretizasse nada poderia impedir o destino que já foi escrito na primeira batalha entre a luz e a escuridão no início de tudo.



HONRA
Depois de contemplar por horas a destruição, tentando organizar as idéias em nossas mentes, Sir Trevor, voltou-se para mim dizendo que ele não iria voltar para sua cidade enquanto não eliminasse a serpente, pois agora aquilo tinha se transformado em uma questão de honra, Kalid olhou para ele, frio e objetivo disse que também havia uma questão de honra a qual tinha de resolver, mas não com o dragão e sim com Sir Trevor, ao terminar sacou suas espadas olhando fixamente para o paladino de Born; que olhava para o chão, suspirando, como se não houvesse outro jeito de resolver isso, sacou sua espada e foi se direcionando para o guerreiro que girava suas espadas habilidosamente. Não era possível acreditar nisso, depois de tudo que tinha acontecido os dois ainda queriam resolver esse enclave sem sentido, tentei intervir dizendo que era tolice, que agora mais nada do passado importava, mas Sir Trevor me censurou dizendo que a honra é algo sagrado e não pode ser violada, sem que haja depois um acerto de contas, fique fora disso foi o comentário de Kalid; e assim mesmo eu não concordando eles começaram a duelar.
Kalid atacava com tanta velocidade que ás vezes eu não podia ver seus braços se movimentando, mas Sir Trevor com a mesma velocidade, bloqueava seus golpes facilmente, o paladino começou seus ataques e acrobaticamente Kalid se esquivava aquilo parecia mais um circo do que um duelo me perguntava como um homem do porte de Kalid poderia ser ao mesmo tempo tão ágil e forte, depois de golpes habilidosos do paladino Kalid parecia cansado, mas andando em círculos, continuava a dar estocadas com suas espadas fazendo ás vezes faíscas se projetarem do impacto das lâminas, Sir trevor não se deixava abater, pois não aparentava cansaço, ou qualquer outro estado, sempre imponente como um leão. Então depois de muitos golpes, bloqueios e esquivas, Sir Trevor disse:
-Vamos acabar com isso logo Kalid, demonstre suas verdadeiras habilidades, que eu farei o mesmo!
E Kalid retrucou:
-Então já sabe de meus segredos velho, andou me espionando, mas vai levar para o túmulo as coisas que sabe!
Sir Trevor, segurou firme sua espada sagrada que flamejava uma luz branca como a do sol, e Kalid jogou uma de suas espadas ao chão, ficando somente com uma em punho, retirou o elmo, e nesse momento seus olhos faiscavam uma luz azulada e oscilante. E entoando uma espécie de prece Sir Trevor mais rápido que qualquer coisa que eu conheça veio ao encontro de Kalid, ele somente ergueu a espada na altura do rosto e esperou o choque; não posso descrever nada, pois foi tão rápido que só escutei um estalo metálico, e pude ao final ver Sir Trevor caído de joelhos apoiado em sua espada, e Kalid parado de pé já limpando sua espada manchada com o sangue do paladino, que subitamente caiu ao chão quando seu corpo tocou o solo sua cabeça se separou de seu corpo e o sangue jorrou em poças.
Por todos os deuses, eu queria matar Kalid, e ele parecia saber, pois olhava para mim sádico, e disse que se eu quisesse viver não demonstraria meus sentimentos; ele estava coberto de razão, pois nunca que em minha vida eu poderia matá-lo depois do que vi. Kalid se ajoelhou perto do corpo de Sir Trevor e começou a cavar uma cova para enterrar o paladino com certas honras, pois ele foi um bom adversário, e foi quando o rosto dele ficou coberto pelos cabelos negros que em um súbito lampejo da minha mente lembrei-me quem ele era e de onde eu o havia conhecido.
Na minha infância, conheci um garoto que se chamava Kalid, mas seu sobrenome não era Manshoore, e sim Mahaw ele morava com seus pais e seu avô, em uma casa próxima ao rio Derfim, nós brincávamos juntos; ele sempre foi o mais forte da turma tinha cabelos negros como o guerreiro em minha frente, e seus olhos expressivos, azuis como os céus. Mas algo mudou depois do dia fatídico em que seus pais foram mortos por um ogro que habitava uma caverna no bosque proibido, do outro lado do rio; era um dia de festa e todos estavam nos campos de plantio para comemorar a ótima colheita, mas Kalid e seus pais haviam ficado no vilarejo para preparar alguns pratos de deliciosos quitutes os quais Helena Mahaw sabia fazer. A festa foi interrompida por gritos de pavor e desespero que ecoavam da casa de Ralph Mahaw, todos foram correndo ver o que havia ocorrido; chegando lá vimos que a casa dos Mahaw estava praticamente demolida e ao meio do jardim estavam os corpos de Ralph e Helena, ensangüentados e ao meio deles Kalid, de joelhos chorava como seu coração estivesse sendo rasgado com um punhal. Mas o mais estranho é que dentro do celeiro haviam encontrado o corpo monstruoso do ogro que havia chacinado os pais de Kalid, não houve explicação para esse fato, na manha seguinte, bem cedo os rituais fúnebres seriam concluídos e o garoto deveria enterrar seus pais com suas próprias mãos, foi durante uma manhã cheia de neblina, onde no alto da colina dos ventos, que vi Kalid e seu avô e mais alguns homens do vilarejo que cantavam aos espíritos, enquanto Kalid enterrava os corpos de seus pais, mas ele não tinha mais os olhos expressivos, haviam mudado, agora sua face era seria e seus olhos frios como o inverno. Depois daquele dia não vi mais Kalid, pois ele e seu avô foram morar em um outro lugar bem distante de nosso vilarejo, para que as lembranças não mais o ferissem.
Aquele em minha frente com certeza era ele, mas eu havia de confirmar, enquanto ele acabava de enterrar o corpo do paladino, indaguei olhando fixamente para sua face:
-Você; eu o conheço, é Kalid Mahaw morou no mesmo vilarejo que eu há dez anos!?
Nesse momento ele parou, olhou para mim retirando seus cabelos da face, e disse em tom sarcástico:
-Heros, pensei que sua memória não era tão boa, eu já tinha o reconhecido, achei melhor não me manifestar, mas agora que você se lembrou, é bom não fazer mais perguntas.
O sol estava se pondo, quando finalmente Kalid terminou de enterrar o paladino, ao se levantar, pegou seu elmo, olhou para mim e disse que tinha algumas coisas a resolver antes de subir até o topo da montanha para acabar com o dragão de uma vez. Então só lhe fiz uma única pergunta que não se calava em meu intimo:
-O que é você? Pois humano não é, para realizar tais feitos!
Ele apenas sorriu dizendo que realmente não era humano, mas que se me tentasse explicar eu não iria entender; e assim estendeu a mão para mim olhando em meus olhos dizendo que seu quizesse realmente acabar com a serpente era bom ter ajuda de alguém, pois mesmo eu sendo o escolhido não teria a menor chance contra o filho do fogo, senhor da montanha. Mesmo relutante eu apertei sua mão, pois ele tinha razão ainda mais depois do que havia ocorrido, seria impossível derrotar a serpente junto a seus milhares de servos sem qualquer ajuda.


 
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NOSSA!!! Eu fico encabulado!!! Valeu cirdandooeste, estou meio sumido, mas continuarei minha jornada por essas terras virtuais dde Valinor!!!
 
Ei Erion, coloca cada Cap. em Spoilers, assim diminui o Loading da página e facilita marcar os Capitulos.
 
Por exemplo:

Cap. 999999999

eles andaram até o soopé da porta eblabalbala

Você coloca ["Spoiler] ["/spoiler] sem as aspas entre a primeira letra do Cap. e a ultima


Cap. 999999999

["spoiler]eles andaram até o soopé da porta eblabalbala["/spoiler]

SEM AS ASPAS, ficará assim:

eles andaram até o soopé da porta eblabalbala
 

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