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[L] [Eriadan] [Relatos de Melkor]

Eriadan

Well-Known Member
Seguindo meu gosto por séries e coisas sem conclusão (:-P), começarei a postar alguns textos que se chamam "Relatos de Melkor". A idéia começou no Fòrum Andúnië, no sentido de "O Livro Negro de Arda", contando a mitologia tolkieniana sob a perspectiva de Morgoth, Sauron etc.

Por enquanto já fiz dois relatos. Podem surgir mais vários, ou parar por aí mesmo. Depende da inspiração e da disponibilidade. :mrgreen:

edit. Ao ler os textos fingindo que não sou o autor, percebi que as pessoas podem achar estranho esse Melkor, cujas idéias são, pelo menos, compreensíveis, e não totalmente más, como sentimos ao ler O Silmarillion. Pois é, esses textos são uma tentativa de descontruir esses conceitos de Bem e Mal definitivos: é a História contada do ponto de vista do vencido. Indico este tópico pra entender melhor o sentido desses relatos.


O Despertar dos Elfos
Relato de Melkor


De prodigiosa insensibilidade são os maus seguidores do Único: não são sequer capazes de distinguir o nascimento dos primeiros filhos d'Ele, ou não possuem interesse tampouco preocupação com seu destino.

Finalmente eles apareceram, próximo ao Grande Lago do Leste. Visivelmente, não constituem uma harmonia com o mundo; ele é confuso e carnal, e esses Primeiros Filhos não o refletem. Representarão uma mazela de sua essência e procurarão impedir a passagem do Tempo e suas conseqüências destrutivas. Em forma, parecem-se desagradavelmente com os corpos assumidos pelos covardes que se refugiaram no Oeste, e claramente não detêm a beleza do mundo em sua complexidade, de cuja criação eu fui o maior responsável.

Ao menos, são suficientemente bons para a Raça que desfrutará do mundo como ele exige, pois ela incorporará os fundamentos da Terra, e dela saberá extrair as maiores qualidades; e jamais se iludirá com os falsos discursos que apontam tão-somente para o reinado corrupto do meu irmão, que em seu domínio contraria o que está previsto nos alicerces da Música e não permite que as rodas do mundo sejam movidas por eles, como se deveria.

É certo que a maior parte dos Primeiros Filhos será convencida pelos falsos fiéis do Oeste, mas ainda cabe a mim exercer o que a Música prevê, portanto a habitação do mundo deverá ser correta. Os melhores entre os Primogênitos serão atraídos pelo valor verdadeiro que há em seu coração, e a Grande Raça, cujas invencíveis sementes se eternizarão na Terra, estará para surgir!​
 
Última edição:
Nas Terras Imortais I
Relato de Melkor


Por três eras que me pareciam infindáveis deixaram-me os Valar em cativeiro. Não punem ou expurgam o meu ser; intensificam-no. Não enxergam ou invejam que há dentro de mim um valor que jamais compreenderão, porque é superior e está mais próximo do Único; por ignorância ou temor o entendem por "maldade".

Justamente por não ser capaz de compreendê-lo, meu Irmão, aquele a quem os Primogênitos chamam de Manwë, acreditou que havia sido extinto do meu espírito; mas faz parte de minha existência, pois somente a mim foi designado. E, tendo recebido a permissão de circular pela terra, pude vislumbrar o que eles foram capazes de criar.

Mais uma vez, como na ilha que por mim foi destruída na Terra-média, insistem na imitação dos Palácios Eternos de nossa origem: iludem-se com tal beleza, que não convém a este mundo e que está predestinada a sucumbir: recusam-se a aceitar que entraram para o mundo físico, e que dele eu fui o principal criador, devendo portanto estar sujeitos a minhas virtudes. Tolos são os Poderes!

Embora a situação exija disfarce e submissão de minha parte, em planos eu posso continuar fiel à missão assumida por mim perante a minha existência. Obterei dos Poderes a confiança e seduzirei os Primeiros Filhos que neste continente habitam. Somente aqueles chamados noldor me interessam; os outros parecem pertencer a linhagens inferiores, ou obedecem cegamente à estupidez do meu Irmão.

Pois ele e seus vassalos parecem ter garantido domínio e soberania sobre aquela chamada Valinor e as terras próximas. Mas sinto que do Sul sopram os ares de uma região pura e indomada. Eles não foram capazes de colonizá-la? Lá moram fortes espíritos, e de lá surgirá um poder sem igual.​
 
Última edição:
O texto esta muito bom, otexto segue um mesmo ritmo parece que foi o proprio Melkor que escreveu isso mesmo...
 
Brigado, Morsairon! O mal é que as aulas não me tão diexando tempo nem de pensar em um novo relato! :tsc:
 
Surgiu um tempinho e uma inspiração e escrevi um novo relato! Espero poder continuar isso no ano que vem...

Nas Terras Imortais II
Relato de Melkor


Como são ingênuos os Poderes destas terras irreais! A cada era percebo que o Pai não foi eqüitativo ao reproduzir Sua perspicácia! Acreditaram que me fizeram passar por um "purgatório" ao fim de três ciclos encadeado. Ingênuos e arrogantes: consideram-se o "Bem" que há no mundo. Justo eles, ora!, que estão infinitamente distantes da harmonia com a Terra; talvez com a terra de sonhos em que vivem, mas não com o mundo real, que teve minhas mãos - guiadas em sintonia com a missão que o Pai me atribuiu - como principais artífices.

Se pouco menor fosse seu orgulho, não teria eu tido tamanha facilidade para iludi-los. Acreditam em si como a Verdade, e por isso não admitem a existência de algo que não possam compreender; se algo assim existe, deve ser expurgado - eis o o pensamento mesquinho que os domina. Como expurgar um valor que é fundamento da Existência, pois? O mundo foi concebido com um constante choque entre os poderes deles e os meus, e portanto a Vida é o Equilíbrio. Tal princípio que nos rege eles não compreendem. Longe, muito longe estão de desvendar o Fogo Secreto do Pai de Todos Nós.

Difícil encargo o Senhor me designou, Pai! Sou responsável por garantir um princípio do mundo que aqueles que detêm o poder jamais compreenderão. Sozinho estou na lucidez: serei capaz de desafiá-los?

Sim, serei. Pois devo restituir o equilíbrio - não fujo a minha missão. Mas devo antes de mais nada fugir desta terra de loucura, que não reflete o meu íntimo, sequer o dos Primeiros Filhos que aqui estão; e muito menos o dos Segundos, cujo surgimento já prevejo, e que terão muito maior compreensão do princípio da mortalidade da Terra do que estes: pois mortais serão.

A leste: sim, a leste está a esperança de que eu restabeleça as rédeas da Criação. As terras médias ainda preservam a dádiva dos meus poderes; ainda refletem com maior fidelidade o único ser divino, o Pai. Ali será o palco físico da Grande Sinfonia.​
 
Última edição:
Vida longa a Melkor!! Esses textos estão tão bons que eu já me alistei para o exército do senhor das sombras! Parabéns! Continue!
 
Sua criatividade mostrou-se digna de prêmios grandiosos. Se eu detivesse o poder de lhe conceder algum reconhecimento pelo belo trabalho feito aqui eu o já teria concedido.
Gostei bastante dos seus textos e confesso que pareceu-me estar lendo uma parte de "O Silmarillion", eu particularmente sempre tive a curiosidade de saber como seriam os pensamentos nefastos de Melkor e você fez mais do que isso, criou pensamentos dele porém com justificativas bem convincentes. Parabéns pelo feito e continue a criar!!!
 
Esse seu post já é um reconhecimento encorajador! =] Pena que as outras tentativas de relato que fiz acabavam incoerentes. Tenho que seguir alguns parâmetros pra dar crédito a essa proposta, como o de Eru ser imaculável e de que os fatos contados na história são intocáveis (devo mudar apenas a visão deles), ou já vira libertinagem! E também fiquei em dúvida sobre o objetivo existencial de Melkor, se seria a sua dominação completa sobre o mundo ou do Equilíbrio, tenho que tomar um partido pra continuar. Essa ideia do equilíbrio me atrai mais, mas é mais complicada de se defender. :think:
 
Última edição:
Entendi o seu método criativo! Espero que você encontre o ponto certo e continue a criar esses relatos magníficos...Abraço!
 
Já que o assunto está em voga novamente, tenho um outro relato aqui que ainda não tinha publicado. É curtinho esse, foi mais um ensaio! =] Só queria ressaltar uma coisa: isso tudo é uma visão minha, não estou disposto a discutir se Melkor era assim ou não. O que me dá base é o pressuposto de que O Silmarillion e derivados são histórias/relatos contados do ponto de vista dos elfos, conforme lhes disseram os Valar. Aceito que algo seja apontado como "erro" apenas se fugir à coerência "factual" da história, ou alguma incoerência dentro dos próprios relatos. E também, todos estão obviamente livres a criar sua própria interpretação e a personalidade que acreditam estar ligada à Melkor.


A Dissonância
Relato de Melkor


Condôo-me dos Primogênitos, aqui trancafiados nesta terra de luzes. Não apenas lhes negam a liberdade, como lhes privam a descoberta subjetiva da Verdade. O conhecimento chega-lhes moldado sob o entendimento prepotente dos aliados do meu irmão: pensam-se sábios dos fatos, mas o são somente de versões - ou em melhores dizeres: de uma única.

Envergonha-me o modo conforme é relatada a Música nas bibliotecas dos elfos louros que moram próximo à grande montanha. Tão pequenos são os Poderes! Tão equívoca é a sua interpretação dos desígnios do Pai! E por que atribem ainda a mim o papel de discordância com os mesmos? Insistem na ignorância de que também a Dissonância tem no Pai a sua origem, e a mim foi delegada a sua instituição!

A minha dissonância é raiz deste mundo em que pisam: não pode ser decepada sem que se incorra ao desmoronamento das fundações desta Existência. E cabe a mim, sozinho que o seja, sustentá-la.​
 
Última edição:
Curto porém impactante!

Você realmente detém uma habilidade com as palavras sem igual aqui no fórum, pelo menos é o primeiro que encontro aqui que pode fazer ralatos tão bem feitos como esses de Melkor. Parabéns pelo feito e continue criando para o nosso deleitamento!
 
Sua opinião estimula bastante mesmo, Eruvadhor! Espero que surja inspiração surja para mais alguns! =]
 
Que nada, quando percebemos que o que está sendo criado é de boa qualidade temos o dever de estimular cada vez mais!...com certeza a inspiração não faltará para ti!
 
Li os Relatos de Melkor e digo... é exatamente assim que imaginaria a mente de Melkor! Vai de encontro com as constantes buscas de Melkor pela Chama Imperecível quando Eru nem havia proposto os Temas aos Ainur! Ali, naqueles poucas linhas do Ainulindalië está bastante evidente a ansia do ex-Vala em dar existência a criações suas e as tentativas de atrair os Primogênitos para fora da infuência dos Valar. Parabéns, Eriadan!
 
Nossa, muito bom o texto, gostei da outra luz que você coloca sobre a idéia da criação, a luz de Melkor, realmente muito envolvente a maineira como você apresenta as idéias e conviccções de um outro lado. Parabéns!
 
Tive uma ideia, acho que semana que vem tô postando mais um aqui. =]
Semana demorada da zorra! :rofl:

É até estranho olhar para posts de 9 anos atrás e acabar não se envergonhando, mas acho que esses "relatos" foram a melhor fanfic que eu já escrevi. Me bati muito com aquele dilema sobre a motivação existencial de Melkor, e acabei estacionando: minha ideia inicial era de que ele buscava tornar presentes as trevas em busca de um equilíbrio, mas a sucessão dos eventos do Silmarillion a partir de onde eu parei indica o objetivo de dominação total. Gostaria de arranjar um tempo para trabalhar melhor isso, e aceito sugestões.
 
Parece que uma semana é um tempo bem longo nesse seu mundo! Hahaha

Eu gostei do que li, apesar de ter uma versão diferente dos reais objetivos de Melkor, este que considero equivalente ao Arcanjo Lúcifer, incompreendido, algumas vezes injustiçado e por necessidade, isolado.
Tecer esses textos é uma obra e tanto, mas você já sabe disso, pois além de profundo conhecimento a cerca dos escritos de Tolkien, envolve um boa noção daquilo que o motivou.
Eu particularmente não acredito que ele buscava equilíbrio e nem a dominação.
Espero que continue escrevendo!
 
Mas eu. como leitor, não acho que ele buscava nenhum dos dois. :lol: E é claro que não era a concepção do próprio Tolkien. Isto aqui é só uma alternativa lúdica de se ver a história. Quando eu falo do dilema dominação x equilíbrio, não é bem me perguntando o que ele "realmente" queria, mas qual propósito daria mais coerência a esta proposta, tanto em si mesma quanto em relação à abertura que as próprias histórias dão para isso.
 

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