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[L] [Eriadan] [O Conto de Elbo Corneteiro]

Eriadan

Well-Known Member
Às vezes bate uma saudade e eu acabo escrevendo alguma coisinha. Na verdade essa, como todas as fics que eu tento, era pra ser curta, mas eu acabo prolongando, e finalmente desistindo no meio. ¬¬ Pelo menos o início dessa ficou publicável, não tenho ainda uma ideia clara do rumo da história, vamos ver como é que fica a recepção a esse começo e se a inspiração chega bem. =] A propósito, o título é improvisado, nunca penso em um quando escrevo, talvez eu edite quando a história estiver se definindo, ou talvez fique isso aí mesmo. :-P Espero que gostem!




Nunca os Fronteiros tinham trabalhado tanto. Na realidade, nenhum jamais precisara ser mais alerta do que os hobbits são por natureza, e isso não é lá grande coisa. Agora, Elbo Corneteiro era obrigado a manter os dois olhos abertos, embora muito do que julgava ver ele próprio se recusasse a acreditar.

- Na noite, os sonhos querem vir à tona e nos confundem, não se pode nem confiar nos próprios olhos! - dizia ele para seu companheiro Baldo Justacorreia.

No fundo, porém, o velho Elbo, que ao longo de sua pacata vida em Juncal nada tivera o que temer, começava a sentir calafrios no exercício da profissão. Desde a vintolescência conhecia a vida de Fronteiro, acompanhando o pai nas rondas noturnas até o Baixavime. Considerado valente entre os hobbits, não tinha medo dos bichos das florestas ou dos sons noturnos; ao contrário: amava vagar sozinho sob o luar, memorizando trilhas e paisagens e gabando-se de conhecer os arredores do Pântano como a palma da mão. Assim, logo que atingiu a maioridade Elbo Corneteiro herdou o cargo de chefe dos Fronteiros da Quarta Sul: um ofício que muito apreciava e desejava seguir até o fim de seus dias. A partir do ano de 1398 do Registro do Condado e aos sessenta e quatro anos, porém, Elbo começou a pensar em descanso.

A patrulha que tinha sob comando era responsável por vigiar toda a margem norte do Rio Divisa. Era composta por doze Fronteiros distribuídos em pares, e todos eles relatavam ver com frequência criaturas estranhas rondando a margem sul do rio, na maioria das vezes sombras de homens, muito altos até mesmo para a concepção dos hobbits.

- Pessoas Grandes em volta do Condado! - repetia Elbo para si mesmo. - Que interesse podem ter aqui, é o que me pergunto.

Hesitou se deveria reportar o fato ao Prefeito ou ao Thain. Por fim optou pelo último, crendo que talvez se mobilizassem os “hobbits-em-armas” pela primeira vez desde que se entendia por hobbit. Enviou um cuidadoso relato a Tuqueburgo, e semanas depois recebeu a carta em resposta. Ela dizia simplesmente: “Parem de trabalhar à noite, ou aumentem o grau de suas lentes.” O Mensageiro retornou às Colinas Verdes com outra carta, que desta vez trazia o comunicado de demissão de Elbo Corneteiro da Companhia de Fronteiros do Condado, e indicando seu parceiro Baldo Justacorreia para o cargo-chefe.

- Acho que foi uma decisão precipitada, meu caro Elbo! - disse-lhe Baldo quando o ex-companheiro lhe entregou a faixa. - Não achei que o Thain tenha agido de má fé, mais me pareceu uma pequena brincadeira!

- Ora, Bal! A carta? - retrucou Elbo, rindo. - Ela não passou de um mero estopim, de que eu na verdade já vinha precisando há algum tempo! Ser Fronteiro não me traz mais o prazer de antigamente, e ainda com essas coisas estranhas acontecendo... Enfim, quero descanso. Penso em passar uns tempos com meus parentes Brandebuques em Tronco, ou ir para longe, para as Colinas. O Condado é grande! E você é mais jovem do que eu, e mais valente. Quanto a mim, quero distância dessas estranhezas da Quarta Sul. Adeus! - e, despedindo-se dos demais companheiros e desejando-lhes coragem, rumou para sua antiga toca em Juncal.

Não demorou-se lá por muito tempo: apenas o suficiente para preencher a mochila com provisões e pôr a toca oficialmente em nome do seu irmão, Alby, que já morava ali com a família desde que Elbo mudara-se para uma cabana ao sul da Ponta do Bosque, quando o alerta de vigilância se intensificou. Elbo não tinha esposa ou filhos: desde a juventude fora um hobbit desprendido, amante das coisas instáveis. Agora desejava empreender sua última viagem, para finalmente descansar num lugar onde encontrasse paz.

Assim, tomou novamente a trilha ao norte, atravessando o Pântano por atalhos que imaginava só ele conhecer, e chegando a Tronco antes do segundo dia de caminhada. Ali seus primos Seremac e Delália Brandebuque o receberam com grande surpresa. Não se viam desde meninos, quando moravam em Cricôncavo e fugiam à noite para as cercanias da Floresta Velha, voltando correndo e aos gritos quando tinham a impressão de ver uma árvore se mexendo.

- Eram bons tempos! - disse Seremac com um largo sorriso, quando Delália trouxe a lembrança. - Agora venha, Elbo, temos uma casinha vazia aqui perto que aposto que vai cair no seu gosto!

Seremac conduziu-o em direção ao Córrego a sudoeste, e logo divisaram, a uma distância considerável da aldeia, uma pequena casa à beira d'água. Era bem no estilo de uma toca hobbit, baixa e com uma janela redonda que apontava para o oeste, na direção de Vila do Bosque. Estava claramente abandonada, e Elbo estimou pelo menos dez anos que não era habitada.

- Vinte, na verdade! - disse Seremac, rindo. - Nosso tio Ioladas a construiu, e morou aí até ir embora de repente, ninguém sabe para onde. Mas sabíamos de sua excentricidade, no fundo só discordávamos de qual dia ele ia acabar sumindo. Mas veja! É na beira da água. Não é você que sabe nadar? - e soltou uma grande gargalhada. Ninguém da família de Elbo jamais acreditou em sua história de que certo dia, quando atravessava o Brandevin, ele escorregou da Balsa, e de alguma forma conseguiu voltar à outra margem batendo braços e pernas no rio.

Assim que Elbo entrou na casa com o primo, reparou imediatamente que nada parecia ter sido tocado desde que ela ainda servia de lar. Não fosse a poeira, ele talvez esperasse Ioladas Brandebuque surgir de repente para cumprimentá-lo.

- Mantivemos a mobília e todos os pertences do tio exatamente como ele os deixou. - disse Seremac. - Tinha um zelo imenso com as coisas dele o velho Ioiô, ninguém quis arriscar mudar algo de lugar e ele aparecer, tão de súbito como se foi. - Ioladas parou de repente, e espirrou três vezes. - Queira nos desculpar pelo estado da casa, querido Elbo, mas você apareceu de surpresa, caso contrário teríamos montado um mutirão para dar conta de toda essa poeira! De qualquer maneira virei aqui amanhã cedo com meus filhos, e isto aqui vai ficar tinindo!

Conversaram por mais alguns minutos, até que Seremac murmurou algo sobre sua esposa irar-se quando ele não aparecia na hora da janta, e despediu-se, convidando-o a comparecer para a ceia.

Assim, Elbo viu-se sozinho na pequena casa que pertencera a Ioladas Brandebuque. O som do córrego o atraía para a janela – abriu-a e contemplou o pôr-do-sol sobre os bosques à distância. Permaneceu ali algum tempo, perdido em pensamentos, até que um último raio de sol refletido no interior da casa chamou sua atenção: ele incidia sobre uma pequena cômoda, que de outra maneira ele talvez sequer notasse a existência.

Não cria nessas coisas, mas até mesmo ele entendeu aquilo como um sinal. Sentiu, espantado, que seu coração batia mais forte. Devagar, dirigiu-se até a cômoda e abriu sua única gaveta.​
 
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Desta vez não li tudo, você se empolga mesmo...rsrsrs...Porém até onde li fiquei bastante curioso para ler mais e achei que a qualidade deste não difere da qualidade dos Relatos de Melkor, depois quando eu dispuser de mais tempo terminarei a leitura...
 
Desta vez não li tudo, você se empolga mesmo...rsrsrs...Porém até onde li fiquei bastante curioso para ler mais e achei que a qualidade deste não difere da qualidade dos Relatos de Melkor, depois quando eu dispuser de mais tempo terminarei a leitura...
Não sei escrever contos curtos, por isso que os relatos se encaixam bem pra mim. :mrgreen: Mas espero que dê uma lidinha nesse aqui, as opiniões, boas ou más, são sempre bem-vindas!
 

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