Estava demorando né? Pois estou de volta!
La Mote, o Caçador - Parte VIII
La Mote estava lá, deitado e perdido em suas reflexoes, cenas de seu passado chegavam-lhe a memoria com enorme ferocidade. Ele noa soube quanto tempo ficou assim, o que soube naquela hora foi que de repente o vento mudou levando seu cheiro aos lobos. Ao farejarem o estranho no ar a alcateia inteira se pos de pé, seus sentidos se aguçaram, estava sentindo cheiro de carne humana, estavam pressentindo caçada e sangue.
Ao perceber que fora descoberto La Mote tentou retornar sem ser visto, nao obteve sucesso e ouviu um uivo agudo de um lobo ao achar a presa. Montou rapidamente Sopro de Vento e partiu em grande velocidade, o cavalo sentia o medo do dono e o desejo por sangue dos lobos que os perseguiam fervorosamente. O caçador era agora a caça, e por mais que tentasse manter a calma dentro de La Mote crescia apenas o medo e em sua mente via imagens de sua infancia, de sua felicidade destruida. Nao sabia para onde estava indo e Sopro de Vento os levava para o mais longe possivel, nao via mais nada, nao sentia as folhas e galhos arranhando seu rosto. Seus olhos estavam abertos mas nao enxergava nada daquele momento, La Mote estava agora vivendo uma lembrança de quando ainda contava a idade nos dedos de uma só mao...
"Era um dia de sol, era final de primavera, cheiro de flores no ar, risos se ouvia, felicidade havia. Tudo parecia perfeito para o garotinhode cabelos ourados que observava o pai com orgulho e admiraçao, sim, quando se tornasse adulto seria como o pai, forte e corajoso, admirado e respeitado por todos a sua volta. Naquele momento o pai do garotinho estava numa colina observando o por do sol, e entao ele se vira e fala para a criança com um sorriso terno:
- Não quer ver o sol comigo? Venha.
Aquilo era como uma ordem para o menino, ele correu ate a colina e foi erguido no colo do pai. Horas felizes aquelas.
Durante a noite porém um odor venenoso tomou conta do ar, as pessoas saiam nas ruas para identificar o estranho e incomum cheiro. Entao veio um vento frio estremecendo o coraao de todos, apenas os mais corajosos e destemidos nao foram tomados pelo medo. Entao antes que alguem pudesse perceber varias pessoas caiam mortas no chao e a cidade era invadida por uma enorme alcateia, lobos grandes e cinzentos, olhos agressivos e bocas sedentas por sangue e carne. Atacavam a todos os que vinham pelo caminho, mordiam, rasgavam e trituravam toda carne humana que conseguiam. Surgiam cada vez mais, pessoas tentavam fugir mas era inutil, todas tinham o mesmo fim. Demorou um tempo ate que um grupo conseguisse se refugiar e preparar alguma defesa, no entanto diante da força dos lobos flechas se partiam e espadas se entortavam e tombavam. Uma noite foi o tempo que demorou para que todo o chao estivesse manchado de vermelho, e agora poucos guerreiros ainda se mantinham lutando, entre ele o pai do garotinho, pois ele era um renomado lutador e fazia com que seus homens o seguissem para qualquer que fosse a missao. Porem a cada instante um tombava, ate que sobraram apenas cinco, seguindo ordens tres deles se foram levando consigo as poucoas mulheres e crianças que haviam sobrevivido. O garotinho era carregado a força, ele nao queria deixar seu pai, e em meio a lagrimas o via sozinho no meio de lobos sendo atacado por todos ao mesmo tempo, o chamava desesperadamente mas sabia que ele nao responderia e nao mais voltaria..."
Entao La Mote despertou ao sentir o peso de Sopro de Vento sobre si, um dos animais o alcansara e pulara sobre eles. Cavalo e cavaleiro cairam assustados e viram mais e mais lobos chegando. Agindo rapidamente La Mote montou Sopro de Vento novamente e sacou sua espada, golpeava as mandibulas que se aproximavam perigosamente de ambos, enfiava a lamina em suas gargantas e os feria do jeito que podia, sentia agora o ódio que há muito havia esquecido, o ódio por terem matado seu pai. Mas eles eram muitos e La Mote sentia dolorosas mordidas, afiados dente penetrando sua carne, Sopro de Vento começava agora a fraquejar pois tambem era ferido embora desviasse e se erguesse do modo que podia. Cavalgaram mais um pouco mas nao foram longe, ambos estavam agora fracos e cansados com os ferimentos e perda de sangue. Sopro de Vento lhe era leal e fazia o possivel para salvar seu dono e mante-lo acordado, cavalgava o mais rapido que sua pernas machucadas lhe permitiam. Porem La Mote estava mais ferido e esgotado, sua visao agora falhava e ele sentia sua consciencia se esvair, lutou para se manter lucido mas nao conseguiu impedir que a escuridao lhe vendasse os olhos e a mente.
Bom, por agora é isso... Vou tentar colocar pelo menos mais uma parte antes do carnaval.