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[L] [egoNullius] [Amor Errado]

egoNullius

Usuário
[egoNullius] [Amor Errado]

Amor Errado

Oprimia-lhe, afligia. Pesava muito em seu coração ter que partir. Não que ele acreditasse que ficando ali a vida continuaria sendo um campo florido, camareiras e quarto arrumado, festas ao bel-prazer, boa companhia e constantes - e por instantes, intermináveis - momentos de alegria. Não. Mas ele queria ficar. Sabia que por mais fantasiosos que os últimos dias fossem, por mais violentas que fossem todas as mordomias que recebeu, sabia que um mínimo pedaço de tudo aquilo bastaria para lhe fazer feliz. E se sentiu tão bem, livre, querido, desprendido de tudo o que ainda o magoa, aquilo que o agarra e trancafia em uma sala sem saídas e repleta de sentimentos que ele tanto detesta.

Uma pétala pairando em ares de alegria. Uma pétala livre de sua flor. Uma pétala de um lírio-tigre, a flor que tanto gosta. Pairava. Passeava por um campo das mais belas flores, tantas e de tão diferentes qualidades que o deixaram fascinado com cada uma de suas belezas únicas, cada uma de suas pétalas inigualáveis. E como estava feliz. Sorria enquanto voava ao desdém do tempo e das pétalas atrás da montanha. Mas sentiu medo também. Seria inevitável ter que voltar ao vale de onde viera, pois assim eram as correntes vividas de ares conservadores que o carregavam.

Isso o acometia de um terror que muitos poucos poderiam entender. Muitos chamariam de 'frescura de adolescente' e outros muitos tentariam lhe dar conselhos vazios, cheios de um orgulho mesquinho e da ausência de vida da qual eles sofrem. Mas ele sabia que se seguisse o caminho por entre as montanhas, sua chegada ao outro vale seria aquilo que tanto tentou evitar naqueles dias. Nem ao menos pensava nas pétalas do outro vale. Ele as esqueceu. E realmente não lhe faziam falta. Foram tantas as mágoas que elas plantaram em seu coração que voltar a encontrá-las se tornava uma idéia quase insuportável.

E quanta coisa correu de modo errado em sua jornada. Enganos, erros, esquecimentos, enfermidades. E por mais rápido que fugisse da vida que deixava para trás, ainda assim aquela moralidade o seguia. Um fantasma no seu encalço onde quer que ele estivesse. Mas ele também a evitou. E como evitou. Por ela, nunca teria conhecido aqueles que tanto o fizeram feliz naqueles dias e teria ficado trancado em seu quarto. Trancado ficaria sempre que não houvesse um motivo que a satisfizesse, que tivesse o poder de fazer-la curvar-se diante dele e lhe desacorrentar de sua imundice.

Mas todos aqueles erros não foram seus. Todos tinham seus culpados fossem eles humanos ou meros sentimentos e ações definidos por simples palavras. Mas todos esses erros o afetaram tanto. E ele escondeu, como sempre o fez. Fingiu-se forte mais uma vez e assim pôde conviver com o novo e tão desejado mundo que se apresentava a seus olhos e à necessidade de volúpias de seus entorpecidos sentidos. E como ficou feliz, pois, encontrou muito do que procurava.

Tentou não idealizar seu encontro e manter os pés firmes no chão. Mas ele sonha demais. E seria impossível impedir que sua mente trabalhasse como sempre o fez, fantasiando cada momento de sua vida. Talvez um mecanismo de defesa contra a desesperança que as pétalas do vale atrás da montanha lhe proporcionavam, ainda que ele goste incalculavelmente disso. E imaginou tantas besteiras. Tolo esperançoso. Não seria exagero dizer que envolvido por outros pensamentos pensou em ter alguma revelação ligada às simulações de Baudrillard enquanto participava daquele momento.

Enfim, o que tanto esperava finalmente chegou. E a estrada até ali já tinha sido tão vastamente agradável. Sua estada estava dividida em duas funções: cumprir sua obrigação de estudante e divertir-se com amigos que a tanto fizera, mas nunca conhecera. Apesar de todas as adversões que encontrara até ali, tudo ainda lhe parecia maravilhoso. Afinal sempre foi inocente. Sempre soube disso, mas sempre se deixava enganar. Tolo. Fosse mais esperto já teria aprendido a sempre desconfiar de tudo o que vem daquele lado da montanha. Ele sabe que uma cultura não se altera num estalar de dedos, mas como é burro por nunca se lembrar disso.

Tudo correra bem enquanto ainda estava cego aos acontecimentos futuros. O cumprimento de sua obrigação não teve um grande êxito, mas foi satisfatório à sua descrença no potencial que tem para tal tarefa. E até ali, mesmo submeter-se às vontades alheias pode ter sido um modo que encontrou para se esquivar daquilo que tanto prazer lhe daria, mas que ainda lhe era desconhecido e talvez causasse até medo. Tinha conhecido pessoas tão fantásticas e ido a lugares tão esplendorosos naquelas poucas horas após sua longa viagem que se divertir mais passou a ser uma necessidade. Ele ainda não tinha deleitado-se com os prazeres que procurava.

Como foi engraçado vê-lo correr afobado ao telefone para tentar, ainda que no final da noite, encontrar com aqueles amigos e descobrir que três deles haviam o vindo buscar. E como ficou feliz em perceber que de fato eles o aguardavam lá embaixo. Subiu correndo para que o mais rápido possível fugisse daquele lugar que já começava a incomodá-lo. Que desperdício de tempo. Não o que gastou alimentando suas esperanças, mas o que dispensou às mágoas alheias e a problemas daqueles irresponsáveis de trás da montanha. Sim, pois, naquele momento eles já começavam a se tornar insuportáveis.

Eles já se portavam como tudo que mora naquele vale. Como foi tolo em acreditar que pudessem ser diferentes. Ele ainda se enganaria muitas vezes naqueles dias. Mas ignorou-os. Depois de tardiamente perceber que seu tempo estava completamente perdido por causa daquelas pétalas, avisou imediatamente aquela a quem infelizmente precisava prestar esclarecimentos do que ali fizesse e correu. Correu. Rápido. Queria fugir daquele sufocamento o mais rápido possível. Mas fugiu com um sorriso no rosto, pois, ele não demonstra suas amarguras, guarda-as para corroer suas entranhas sem que ninguém perceba.

Novamente aos três amigos que o esperavam, uma súbita revelação fez-lhe finalmente desvencilhar-se de tudo aquilo. Foi a chave que por mais que tardasse abriria as portas para que ele aproveitasse melhor o resto da noite ao lado de seus amigos. Reconheceu em meio àqueles três conhecidíssimos estranhos alguém que muito preza, um grande amigo seu. E aí então esqueceu seu mundo. E aí então pôde seguir o caminho àquilo que tanto esperou. E como finalmente estava feliz. Tolo infantil. Sentiu-se incrivelmente bem em meio a todos eles, os três e todos os outros que chegaram para aquela festa.

Como se deleitou aquela noite. Quantas novas e preciosas pétalas conheceu. Quantas coincidências ele percebeu. E que estranho, pois, tudo era para ele um déjà-vu. Como se tudo aquilo fosse algo pelo que ele esperava há muito tempo. Como se até mesmo as pessoas novas e únicas que conheceu fossem antigos amigos, mesmo aquelas com quem de fato nunca teve nenhuma espécie de contato. E estava tão feliz. E sentia-se tão bem. Participou do que foi sem dúvidas uma das festas que mais lhe divertiram em sua vida. Não que todas as outras não o divertissem, mas muitas vezes era obrigado a ir a elas.

Nunca teve muito controle de sua vida mesmo. E isso lhe incomodava tanto. Machucava-lhe. Ele estava preso. Limitado. Mas ali não, ali ele pôde sentir o gosto de uma liberdade que poucas vezes na vida sentiu. Ali ele quebrava muito das regras que lhe foram impostas e conseguia fugir de toda aquela moral que insiste em machucá-lo. Como se sentia bem. Fazia o que queria e não aceitaria nenhum tipo de interferência em sua vida naquele momento. Nenhum. Vivia a sua vida, não a que querem que ele tenha.

Mas por anos e anos vem sendo dominado pelo que fica do outro lado da montanha. E chegou um momento em que não pôde mais resistir às pressões que mesmo em seus pensamentos faziam as pétalas do outro vale. É também consciente de seus deveres, isso é inegável. Mas dessa vez foi por meio de sua consciência que aquele vale esquecido novamente o acometeu de um temor que o fez decidir-se por ir embora. A festa estava maravilhosa, mas ainda assim ele já estava decidido e tinha boas razões para ir. A pressão que ele sofre daquele campo longínquo entorpece sua mente e o faz criar os mais aceitáveis motivos para que ele pare de fazer o que aquelas pétalas não querem.

Assim partiu. Voltou para o lugar de onde saíra com o coração tão apertado. Mas voltou feliz, muito feliz. Sentia-se leve e de fato flutuava por entre as flores daquele campo maravilhoso. Chegou ao local onde iria dormir e despediu-se daqueles amigos que muito o ajudaram naquela noite e ainda o ajudariam mais. Andou, calmamente, não correu e tentou evitar o máximo possível pensar no que poderia encontrar lá em cima. Finalmente estava em seu quarto e até ali irradiava uma alegria incalculável, mas que poucos poderiam entender. Na verdade muitos entenderiam, mas é o costume daquele vale atrás da montanha divertir-se com a desgraça alheia e empenhar-se o máximo que pode para destruir a felicidade da qual não compartilha.

E assim aconteceu. Em meio a questionamentos infundados e uma inveja latente, eles mais uma vez conseguiram destruir por alguns momentos seu espírito elevado. Mas mentiria se dissesse que aquela noite dormiu com o coração pesado. Sua alegria era grande demais e na verdade demorou a dormir pensando em tudo o que havia vivido junto a seus amigos. Finalmente havia encontrado naquela viagem toda algo que o agradara imensamente. E como dormiu feliz. E acordou mais feliz ainda, emanando e transbordando um bem estar que todos notaram em seu semblante.

E alguns quiseram saber o que o fazia tão feliz. Ouviram e portaram-se como maravilhados e felizes também por ele. Disseram que queriam ir junto com ele à essa festa e a cada palavra entusiasmada que ele pronunciava, era agraciado com as mais diferentes caras e bocas que poderia imaginar. Sempre gostou de contar sobre sua vida a quem estivesse disposto a ouvir. Acreditava que desse modo eles poderiam o entender melhor. Tolo ingênuo. Deixou-se mais uma vez corromper-se nas intenções mentirosas dos que vinham daquele vale. Enganou-se ao pensar que estavam felizes por ele, quando na verdade apenas queriam informações para organizar suas táticas de aniquilação da felicidade.

Novamente foi cumprir suas obrigações e desde então já começou a sentir-se novamente enojado com o que começavam a fazer. Aos poucos passou a entender que o que eles queriam na verdade era atender a seus anseios puramente egoístas. Finalmente entendeu pela incontável vez que eles são incapazes de pensar em algo além de si próprios e que por si próprios eles não se preocupam em passar por cima dos outros. Como ficou chateado enquanto voltava a seu quarto e dava-se conta de tudo isso. Como é tolo. Como é tolo. Nunca entende nada. Inocente. Ingênuo. Burro. Ele não se faz de desentendido, ele acredita demais nas pessoas, mas nunca aprende a desconfiar o mínimo possível delas. Acredita no que dizem e se ilude sendo o que considera o melhor de si para todos.

Mas mesmo assim lá estava ele com o sorriso no rosto. Como se nada estivesse acontecendo. Como se nada o atormentasse. Continuou a conversar normalmente com aqueles que tanto o enganam. Subiu e tentou relaxar um pouco de toda a tensão que carregou durante o dia todo, mas eles são impertinentes quando se empenham em sentir-se mais e melhores do que os outros e mesmo quando ele tentava descansar suas idéias eles continuaram a importuná-lo. E como ficou nervoso naquele momento. Nervoso como poucas vezes fica em meio a todos os seus sentimentos meticulosamente controlados. E perdeu a cabeça. E mandou de uma forma bem sutil que cada um fosse preocupar-se com a própria vida que ele estaria muito feliz com a dele.

No fundo talvez seja isso o que ele quer, talvez seja isso o que ele precise para ser feliz. Precisa que as pessoas parem de tentar interferir na vida dele, precisa que as pessoas que convivem com ele o deixem livre para seguir a vida dele, só dele. Não a vida que querem que ele tenha. Ele já sabe o que fazer de sua vida, não precisa mais ser manipulado por sua família ou amigos. Mas o que realmente o enfureceu ali, naquele momento, foi o fato de ele ter conhecido aquelas pétalas do outro vale a pouco mais de dois dias e elas tentarem interferir na vida dele como bem entendessem. Eles o julgaram. Criticaram-no com argumentações infundadas e tentaram transmitir-lhe lições moralistas como se ele fosse uma criança sobre a qual eles tinham poderes. Isso o machucou demais.

Arrumou-se e foi em direção novamente àqueles amigos que tanto o fizeram sentir-se bem. Cheio de dúvidas. Perguntava-se sobre as possibilidades de uma maior convivência com eles vir a torná-los como as pétalas de trás da montanha. Novamente teve medo. Mas então ele já estava lá e novamente se sentiu bem como deveria sentir-se todos os dias de sua vida. E conheceu outras tantas belas e singulares flores que foi impossível lembrar-se de suas mágoas. Que bom. Pois quando lá chegou, elas ainda o atormentavam, o corroíam. Ele não estava de todo feliz aquela noite como na anterior. Mas ainda assim estava mais alegre do que em muitas outras situações de sua vida.

E se divertiu tanto. Teve um prazer tão grande em conhecer uma jóia fantástica que lhe era desde já muito querida. Mas foi fraco, pois, naquele dia estava mais vulnerável às emanações de ódio do outro vale. O tempo, que naqueles dias havia esquecido, passou também a atormentá-lo e ele foi incapaz de demonstrar o mesmo afeto por ela. Tolo inseguro. Sentia-se tão bem a seu lado e nem ao menos foi capaz de vencer as forças inimigas que tanto despreza para ficar ao seu lado e poder se divertir e sentir-se melhor. Muito mais do que já havia.

Teve que ir embora. Suscetível à toda e qualquer pressão que impusessem contra si, pois, havia perdido a batalha. Estava fraco. Não suportava mais lutar contra todos aqueles sentimentos e valores sujos que lhe obrigavam ter. Tolo. Três vezes tolo. Não podia ter feito isso. Não podia. Voltou como um cão obediente a seu dono, fraco, pronto a receber e cumprir qualquer ordem por mais que ela fosse contra seus anseios. Fraco. E se arrependeu tanto. Remoeu-se por todo o caminho e enquanto se preparava para deitar e dormir. Naquela noite dormiu cedo. Ele consegue controlar seus sentimentos ruins para poder ter uma vida mais tranqüila. Mas teria sido muito melhor passar a noite em claro pensando em todas as alegrias que teve naquele dia, como fez na noite anterior.

Sentiu-se sujo ao acordar no outro dia. Sabia que tinha feito a coisa errada. Não conversou com ninguém. Evitou a todos. Não porque sentisse ódio deles, ele é muito tolo para ter esse sentimento necessário algumas vezes. Ele só pensava. Pensava. Confundiu-se em muitos sentimentos que ora o faziam feliz, ora o entristeciam mais. Cumpriu novamente suas obrigações, mas não o fez com a vontade necessária. Sentia um peso em sua vida. A proximidade de sua volta já lhe anunciava a infelicidade que sentiria. Se pudesse não teria ido. Ficaria ali por tempo indeterminado, mas não voltaria àquele vale atrás da montanha.

A simples menção de que haveria uma possibilidade de ele voltar a rever aqueles amigos ao menos por algumas horas o fez tão feliz. Um bobo com um sorriso largo no rosto. Mas as forças emanadas por aquele vale de trás são muito mais poderosas do que ele e os planos daqueles que acompanhava foram frustrados. Então a sua vontade também foi frustrada e não havia mais nada a fazer senão voltar àquele vale. Ali, naquele momento e por todo o trajeto pela montanha ele ruiu. Caiu em um abismo de sentimentos contra o qual nem ao menos tentou lutar. Sua vida estava em jogo. E ele já a havia perdido, fora fraco, voltava agora àquele vale que o massacra.

Sentiu-se muito só durante o trajeto e novamente viu como foi bobo por não ter ficado mais tempo naquela festa. Pensava. Refletia. E se fosse um pouco mais aberto a sentimentos e não tivesse vergonha dos que estavam junto a ele, teria chorado. Um misto de um desespero amargo e de uma incapacidade fria. Justo os sentimentos que ele tanto abomina. Infelicidade ácida. Lembrança áspera. Medo ensurdecedor. Encolheu-se e assim permaneceu pela maior parte da estrada. A paisagem seca e vazia da montanha passava por ele, mas ao contrário de quando veio, em sua ida ele era incapaz de percebe-la. Já a tinha julgado medíocre, de modo que não lhe fazia mais diferença se estava ali ou não.

E assim chegou a noite. Como ela é bela conselheira. E com ela veio a lua, sua amada lua. Isil, como a chama. Sob o céu negro e estrelado ela o encarava como quem está pronto a ouvir e dar os melhores conselhos silenciosos possíveis. E ele conversou com ela. Por muito tempo revelou-lhe suas mágoas. Então adormeceu. Não caiu em um sono profundo, mas se ele não pôde lhe aconselhar de nenhuma maneira, ao menos o acalmou. Estava agora mais tranqüilo. Talvez o sono seja um agente das forças do vale atrás da montanha, pois, ele não percebeu que apesar de estar mais sereno, também estava agora novamente entregue às vontades daquele vale. Não percebeu que estava novamente sendo manipulado.

Mas enfim chegou àquele vale. Talvez tivesse ainda esperança de poder mudar todo o curso de sua vida com uma atitude de afirmação mais impositiva. Talvez tivesse esperança de que eles entendessem sua posição e pudessem respeitá-lo. Mas isso não aconteceu e nem se pode dizer se acontecerá. A primeira coisa que ouviu de seus pais foram repreensões a alguns dos seus atos enquanto esteve fora. Depois vieram as cobranças quanto à sua obrigação. Idéias absurdas como se ele fosse incapaz de viver sozinho. E foi aí então que sua mãe passou até mesmo a criticar seus amigos que tinha acabado de conhecer e que ela nem mesmo sabia quem eram. Nunca teve nenhum contato com eles, mas como qualquer habitante daquele vale, estava pronta a acusá-los dos mais terríveis absurdos.

Passou-se um dia e cada vez mais os insultos a ele cresciam. Às vezes eles nem sabiam que o faziam, mas se ele os dissesse, não entenderiam e isso só causaria mais transtornos. Estava novamente lutando contra si mesmo. Era ele contra o que queriam que ele fosse. Essa briga ele já perdeu várias vezes e por mais que lute, seu eu falso parece sempre vencer. Ele tem o apoio daquele vale. É impossível para uma pétala livre no ar sobreviver, ela precisa estar ligada a outras por meio de uma flor. E ali ele não tinha ninguém a quem se agarrar, apenas àqueles que lhe massacram todo dia.

Naquela noite ele foi dormir desprendido de qualquer esperança. Triste como poucas vezes em sua vida. Naquela noite ele chorou. Chorou desesperadamente. Naquela noite ele não pôde suportar o peso de esconder seus sentimentos e chorou. Chorou por todas as pressões que vem sofrendo, por todas suas mágoas, pela parte da vida que perdeu, pela sua incapacidade de se adaptar ao meio em que vive, pela impossibilidade de ser como gostaria, pela sua não vida. E não resistiu a nada. Teve medo apenas quando pensou que alguém poderia estar ouvindo-o chorar e chegava para perguntar-lhe o que estava acontecendo. Enxugou as lágrimas. Cobriu-se da cabeça aos pés como uma criança que dorme com medo de algo. E novamente se entregou ao deleite dos agentes daquele vale, dormiu.
 
Bem, bem! Esse é o meu debute no Clube dos Escritores. Acho que devo isso em grande parte ao maravilhoso Dirhil que me incentivou a não mais deletar meus trabalhos narrativos antes de pedir a opnião de outra pessoa.

Quando nos encontramos há dois meses atrás eu cheguei a comentar sobre a minha frustração quanto aos meus textos narrativos, que não me inspiravam confiança ou satisfação. Já deletei muitos por conta dessa, talvez, grande exigência para com eles. Mas então o Dirhil insistiu para que eu enviasse essas narrativas para alguma outra pessoa ao invés de apaga-las, e "Amor Errado" é fruto disso.

Ele foi o primeiro a quem enviei o texto em seu estado bruto. Poucos dias depois enviei-o ao amigo Pachá. E só agora, após ter maturado por dois meses, é que eu ouso publica-lo aqui, ainda com muitas imperfeições e sem a minha total satisfação.

Talvez aos poucos eu possa edita-lo aqui mesmo, mas não vejo como posso mudar um texto constantemente sem alterar a sua identificação. Portanto, talvez essa seja sua forma final. Não muito boa e nem por isso ruim. :|

Espero que gostem e possam comentar, criticar e emitir sugestões a esse autor. Agora, se ainda não o fizeram, LEIAM! :wink:
 
Wow... texto denso...chego a ficar inebriada lendo-o... extremamente empático comigo.
Gostei mesmo
 
Grande, ego! Belo debut. Sinta-se em casa!

Lembas, de fato denso é um bom adjetivo para esse texto. Eu diria ainda que ele é um texto...indivisível. Linear, sempre olhando para o momento. O único motivo de se olhar para trás, curiosamente, é empurrar o protagonista para frente, para a realização da sua vontade maior, até atingir a felicidade. Fantástico, né?

Tem uma mensagem bonita, e um personagem que cresce no decorrer do texto, que é fundamental quando o seu texto gira em torno do personagem. Como esse.

Quanto a essa evolução do personagem, eu a julguei muito subjetiva. Eu a senti, sim. E a senti forte, mas não sei se isso aconteceria se eu tivesse me desprendido do texto por algum momento. É o grande conteúdo. Talvez tenha se dado com o texto algo parecido com o que acontece quando você não separa bem os parágrafos de um texto, só numa escala diferente.

Enfim, resumindo: é um texto difícil e...fantástico! Gostei. Faz jus ao autor!
 
Putz! :eh: Não acredito que há 1 ano e meio atrás eu escrevi uma merda dessas... Éca!

Post-scriptum: Isso não foi auto-promoção não. Foi incredulidade mesmo!
 
egoNullius disse:
Putz! :eh: Não acredito que há 1 ano e meio atrás eu escrevi uma merda dessas... Éca!

Post-scriptum: Isso não foi auto-promoção não. Foi incredulidade mesmo!

Acontece... :lol:
 

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