• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

[L][Caranthir][Big Fish]

Edu

Draper Inc.
Big Fish é um texto sequencial que comecei hoje, após muito tempo sem escrever nada, sobre histórias como as contadas no filme homônimo, etc.

Big Fish


O que acontece é que os lugares mais bem guardados são os que duram mais. Os ninhos de gárgulas, as tocas de coelhos que falam (e cavernas de gigantes antigos, lamuriosos, etc.) são desprotegidas. É surreal falar disso, surreal pois inexiste, e inexiste por ser, entre outras coisas (que não são mostradas em jornais e magazines), surreal demais; mas também é fato. É fato que o imaginário um dia foi real, e desapareceu por falta de guarda. O mundo moderno atropelou, num galope instantâneo, a mágica e seus parentes próximos. Era uma família grande, essa, mas foi morta. Hoje chamaria isso de chacina.

Existe o caso do desaparecimento de Minewood. Não sei do estado onde ficava, portanto não deve ser importante. É tediante fugir do assunto, mas esse comentário é necessário: os lugares nunca serão importantes se fornecermos um nome; se sabemos o nome da cidade, o resto de sua geograficidade pouco importa. Comentários desconexos, além de entediarem, não fornecem ganchos para a continuação da história. É preciso recomeçar. Minewood era uma cidade pequena, de vacas e homens, onde todos viviam em paz. O prefeito, geralmente o morador mais velho, era muito respeitado por todos os outros habitantes da cidade; era um cargo hereditário, a magistratura, como era costume. O restante dos moradores eram padeiros, oleiros, fazendeiros, ferreiros… trabalhavam em diversos meios.
 
Minewood era um lugarejo afastado, despavimentado, de casas brancas com cercas vermelho-morango. Lá havia seis ruas, dispostas geometricamente na forma de um quadrado. Não vou desenhar, qualquer um conhece um quadrado. As casas eram comuns, algumas com jardins, outras com fontes, umas até com os dois. Havia festas em Minewood, regadas a muito leite. Produzia-se muito leite no lugarejo - obra das vacas. A maioria dos moradores se conhecia, e, na medida do possível, se davam bem.

Agropecuária era uma atividade em alta na cidade. Havia muitos pastos, onde o rebanho passava a maior parte do dia. Entre as cidades semelhantes, que eram poucas, Minewood, por seu rebanho, era a mais destacada. Tanto lucro rendia essa atividade que em toda a pequena cidade existiam dois armazéns de feno e três lojas de sal. Era um lugar próspero, a cidade, mas deixou de ser.
 
Filme? Acho que não conheço ... mas gostei do seu texto! =]
 
O negócio da agropecuária ia bem, mas com o tempo a produtividade caiu. O rebanho não era mais o mesmo; por algum motivo havia ficado mais arisco. Uma comissão de moradores influentes e fazendeiros foi reunida na prefeitura, às dez horas da noite, em um dia frio.
— Boa noite, como vai? Boa noite, como vai? – Repetia o prefeito agitado aos convidados, às portas do prédio cor-de-giz.
Diversas pessoas vinham de todos os quatro cantos córneos da cidade. As luzes dos postes a gás iluminavam seus caminhos. Alguns buicks vermelhos chegaram do norte. Seus choferes estacionaram-nos à porta da prefeitura cor-de-giz. Muitos habitantes de Minewood deles saíram, cumprimentaram o prefeito e entraram no prédio.
BUM.
A porta foi fechada, e na sala de convenções a reunião começou. Histeria, gritos, discórdia; ok, isso é o que se passa em uma reunião antes de uma decisão ser tomada. Pois naquela noite foi exatamente o que aconteceu. Foi o prefeito quem começou falando:
— Minha gente boa, o problema é sério e envolve erros meus e seus. E o pior: está se alastrando por todos os rebanhos, e isso é ruim. O que acontece é a rebelia de muitas crias, e com isso traz algo que preocupa: o provável fim de nossa segura economia, e o início de tempos maus.
 
Deus, o lugar estava um caos! Após a curta reflexão do prefeito todos os habitantes ali reunidos começaram a soltar gritinhos de preocupação. Não que antes estivessem contendo sua exaltação (porque não estavam), mas em frente à apresentação do problema nu e cru todos queriam parecer-se com burgueses escandalizados o mais que podiam, como é de praxe em reuniões da classe onde se discute assuntos que fogem ao controle de suas mãos.
Derico Wormhole foi o primeiro não-magistrado a falar:
— Gente, se acalme, ôrra! É um problema que atinge a todo mundo, eu sei, mas não tem por que ficarmos aqui nos diga… digla… diando (errou duas vezes) verbalmente, sem chegarmos a um consenso comum! (sic). – Era, no mínimo, um bonachão, Derico Wormhole. Decerto não sabia o significado de quase nada o que dizia, e poderia ser excluído de qualquer reunião (só sabia ressaltar o quão sério era o problema), mas deveria servir para qualquer coisa, pois tinha dinheiro.

— Sim, não há por que fazer nada disso. Devemos checar todas as causas das revoltas de nossos rebanhos. Chegou aos meus ouvidos que tudo começou no Rancho Percival. Deveras? – Indagou Tomoyo Índigo, uma espécie de japonês dono de iminente loja de sal no centro da cidade.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo