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[L]As cronicas de Ashan

Erúnamo Kalring ¥

Templo do Conhecimento
Obs: por favor, essa é uma pequena amostra. Se gostarem postem e eu coloco a segunda parte. (Se quiserem enviar sugestões, por favor usem as mensagens particulares.)

Boa leitura!




Faz bastante tempo, desde que alguém, homem ou mulher me questionou sobre a minha vida antes da guerra da Luz e das sombras, da qual fiz parte e lutei, como um dos lideres. Mas, é necessário deixar esse relato para as futuras gerações, pois estou velho, e, a coroa de duplo rei pesa em minha fronte. Ademais, já vivi muito, somando-se cerca de dois mil e setecentos anos desde o meu nascimento. E, alem disso, meu neto a todo o momento quer me questionar sobre minha juventude, mas nunca o faz, por medo, presumo. Mas não vou começar a minha historia a partir da infância, uma vez que esta crônica é romanceada, de modo a ser lida como um relato fiel dos fatos. A historia começa, creio, no ano que completei quatorze anos, na vila de Ialgar, onde eu morava. Naquela manhã do ano de 4.900 desde a fundação do Império Austral-ocidental.




Será a morte descanso dos Aflitos?
Será a vida eterno desgosto?
Será o pó o derradeiro destino?
Olvidada sina no vale das sombras....


Aerion estava, tarde da noite do ultimo mês do verão contemplando os céus limpos e estrelados, meditando. Afinal, há dias esperava um sinal. Na verdade, há anos. Desde que se entendia por gente tinha o desejo de ir embora e viver aventuras, acentuado pelo fascínio pelos encantamentos, desde que, ainda criança vira um Encantador executar pequenos truques na feira da vila. Por isso, entre o trabalho e os estudos, começara a estudar o Encantamierrium (aprendizado dos encantamentos), sem seus pais saberem. Mas há cinco anos eles haviam morrido, quando tinha apenas nove anos. Desde então havia sido criado pelo abade do templo local, que lhe ensinara os preceitos da fé aos quatro titãs, alem de deixar que ele pesquisasse nos tomos do mosteiro sobre os encantamentos e lhe ensinara a Poder dos sacerdotes, a Fé. Mas, Aerion sempre soube que seu destino não era aquele. Por isso, agora buscava nos céus um sinal, na sua estrela, Sothis, a estrela do poder encantado e o olho direito de Seth, titã do fogo e mestre dos dragões. Mas, desde que a lua nascera Aerion contemplava os céus, mas até agora não vira nenhum sinal.decepcionado, virou-se e seguiu para o sobrado que fora de seus pais um vulto escuro na noite clara. Era um rapaz de estatura mediana, musculoso, com a pele clara e rosto anguloso, forte e com traços imponentes. Tinha olhos escuros e sem foco, que davam um ar serio ao seu rosto. Os cabelos eram escuro, cortados curtos e penteados para trás, deixando-o lamentavelmente espetado. Ainda contrariado, deu um ultimo olhar para Sothis e se voltou para a porta de casa.
Mas enganara-se. O sinal fora dado, e estava lá fora, espreitando na escuridão, aguardando o momento de agir, na forma de dezenas de figuras negras, ocultas pelas arvores e apenas aguardando o momento de atacar a pequena vila. A ansiosidade prendia o ar em volta, e eles olhavam fixamente para o portão da muralha protetora, defendido por uma companhia de arqueiros sonolentos. Talvez por isso não notaram a figura que se esgueirara para fora da cidade por uma porta lateral, indo na direção leste, para a fortaleza do condestável, a um quilometro de distância.
E talvez fosse conhecidência, mas quando a figura desapareceu na estrada, a criatura que estava à frente das outras ergueu a mão e, baixou-a em seguida. O ataque à vila de Ialgar.
Aerion despertou apenas pouco mais de uma hora desde que adormecera, ouvindo gritos vindos da rua principal, para onde dava o seu sobrado. Num primeiro momento ficou confuso, mas, depois de clarear a mente saiu da cama de um salto, e vestiu rapidamente uma túnica e calças, alem de pendurar um cinto de onde pendia um sabre e uma faca, e colocar no pescoço a corrente de ouro vermelho, que segundo seu pai, lhe dava a mesma proteção de uma cota de armas de aço puro. Então, desceu para a porta e, com um suspiro a abriu. E o inferno veio à tona. A vila estava sendo atacada por o que parecia ser uma tropa de estranhas criaturas, com mantos de penas negro-resplandecente como as de um corvo.
Assim que saiu de casa, Aerion foi atacado por um trio de criaturas, que cometeram a tolice de ir a sua direção. Aerion simplesmente acertou com a espada o flanco do primeiro e de quebra decepou a perna do segundo, terminando por decapitar o terceiro. Mas, infelizmente, aquilo chamou a atenção de um grupo maior, de oito. Franzindo a testa, ele viu que o trabalho seria mais complicado, e, de fato, na altura em que o terminara um grupo grande estava olhando para Aerion. Inclusive o chefe, que tinha uma espada trabalhada na forma de uma pena de corvo, só que feita de platina, e, por debaixo do estranho manto havia uma cintilação no mesmo tom, que indicava que a cota dele sem duvida deveria ser encantada. Ele olhou para Aerion, e, este por sua vez olhou em volta para avaliara a situação. Estava cercado, mas não foi isso que lhe chamou a atenção, mas sim o fato de todas as pessoas se dirigirem para a torre sudeste, onde ficariam protegidas. Não que isso interessasse a ele, uma vez que ele não era muito querido na vila, pois, no dia do seu nascimento o amado chefe da vila havia, lamentavelmente falecido. Mas, não era o que seu pai teria feito. Não era a maneira pela qual fora educado, se bem que ele não estava muito preocupado com a educação que seu pai lhe dera, não era igual a seu pai, e, nem sempre era tão nobre quanto ele, para começo de conversa. Rilhando os dentes, de raiva, correu para a direção oposta a torre, para o portão norte, entrando pouco depois num dos muitos becos próximos. A tropa de inimigos o seguiu, mas Aerion conhecia melhor as passagens da vila, e, pouco depois, parou num entroncamento, com uma mureta baixa. A tropa passou por ele, na certa sem vê-lo devido à parede próxima, do lado direito, que o encobria. Sorrindo, Aerion pulou o muro, andando pelo jardim em forma de forma circular contíguo a uma das casas até chegar ao outro lado, onde pulou novamente a mureta. Estava próximo ao portão sul e a torre sudeste. Discretamente foi para o primeiro, pensando em chamar auxilio. Entretanto, apesar de ser forte, não conseguiu se aproximar do local, pois sua audição de caçador distinguiu uma voz, que ele identificou como sendo de Marcielius, um dos jovens e populares defensores da vila:
- Sem duvida aquele tolo do Aerion deve ter aberto a vila para eles- falava em tom de imensa sabedoria – eu sempre disse que ele era um péssimo sujeito e...- Aerion não conseguiu ouvir o resto, cego de ódio. Afinal, ele lutara contra as criaturas, mas os outros haviam apenas fugido, e aquele grande covarde fora um dos primeiros a entrar. Mas ele daria uma resposta a altura.
 
Poxa cara... você é muito bom em temas psico-filosoficos... obrigado por me fazer brindar com um texto desse!
 
Adorei. :grinlove:

Muito bem trabalhado ele. Mas acho que você poderia organizá-lo melhor.

Anyway, ficou ótimo! :clap:

P.S: Tô esperando a segunda parte. :wink:
 
Kalring disse:
:oops: vcs me deixam encabulado....querem mais? tem outro conto recem saido do forno....é continuidade desse....

Sim. Coloque aqui o outro conto.
 
Boa leitura!

Aerion seguiu para a porta da torre, postando-se na frente dela e sacando a espada e adaga. Mas antes usou o encanto que selaria aquela entrada caso morresse. Depois se virou e ficou esperando, os olhos escuros e sem foco chamejando de raiva. Não demorou muito, umas vinte figuras surgiram por um dos becos da direita, uivado em sua direção. Aerion os combateu, e rapidamente os derrotou, não sofrendo nada mas serio do que alguns ferimentos superficiais, a custo da camisa da túnica. Que agora não era mais nada que um trapo inútil, que pendia para o lado direito do corpo, atrapalhando os movimentos da espada. Com um puxão, tirou a camisa, preferindo lutar com o peito nu. Pouco depois a segunda leva veio, sendo despachada com a mesma facilidade. A terceira leva era maior, (o que não preocupava Aerion nem um pouco) e estava encabeçada pelo líder (que o deixou um pouco apreensivo). A tropa parou a poucos metros, fazendo uma espécie de ala de honra para o chefe. Achando aquilo estranho Aerion se posicionou, mas o chefe parou a poucos metros e disse, numa voz profunda e grave, um pouco dissonante:
- É corajoso, jovem, isso vejo e admito. Mas, aqui não é considerado por ninguém. Então, por que não se junta a nos?
- Quem é você, que me fala como se fosse meu amigo mas ataca minha vila como um ladrão, na calada da noite? – falou com voz trovejante e desafiadora.
- Eu, sou o Mandarim da ordem do corvo, e príncipe de Cratopolis, a cidade do corvo. E quanto a minha ação, tenho meus motivos. Então, aceitas? – disse, um tanto bruscamente.
Aerion, sorrindo retrucou:
- Prefiro matá-lo. – falou em voz baixa. Seu inimigo irritado urrou:
- Pois vais morrer! E muito me alegrarei em ver sua agonia!- disse, indo em direção a Aerion com a espada na mão esquerda e uma outra, menor na direita. ele então cruzou as espadas e pulou, dando uma cambalhota no ar e parando atrás do inimigo. Este se voltou, enraivecido, e ele dessa vez inverteu a adaga e avançou em direção ao inimigo, defendendo os golpes laterais e estocando. Num dado momento ambos perderam as armas auxiliares, e Aerion brandia a espada com as duas mãos, e o inimigo também. Mas ele tinha uma idéia, e, no momento que o inimigo fez um movimento lateral particularmente exagerado, Aerion deu uma estocada no peito do mandarim, que o acertou no centro do torso, e este largou a espada. Aerion achou que tinha vencido até ver o inimigo erguer os braços e lançar um raio de poderosíssima energia negra, que acertou Aerion em cheio, fazendo-o bater com um estrondo fortíssimo na parede, que estava cheia de sangue quando o rapaz caiu no chão, quase inconsciente. Com suas ultimas forças, decidiu usar o encantamento secreto que desenvolvera: O Dragão Flamejante. Só que usá-lo no seu estado o deixaria quase morto, no mínimo. E por que faria isso? Por pessoas que desgostavam dele, pra dizer pouco? Mas, pensou, isso provaria a sua honra, alem de livrá-lo de uma vida que não era das melhores. Portanto usou.
A criatura devia achar que estava morto, por isso não se preocupou em manter a guarda. Por isso, quando Aerion se ergueu repentinamente e de seu antebraço jorrou uma torrente de chamas na forma de um dragão vermelho e dourado, o encantamento poderosíssimo o atingiu em cheio, e arremessou-o vários no ar ate cair com um forte barulho no chão a vários metros de distancia, pára o espanto da tropa inimiga. Aerion, com um suspiro se deixou apoiar na espada, rilhando os dente devido à dor dos ferimentos. Por alguns segundos jubilosos, pois aparentemente havia vencido o combate. Mas sua alegria terminou quando o inimigo se ergueu e disse algo numa língua estranha indo à sua direção. Era demais! Caiu no chão, triste, exausto depois de tanto esforço. A criatura disse simplesmente:
- Aceitas?
E o rapaz apenas cuspiu nele. A criatura sibilou, e, ergueu a mão em concha, e uma estrela negra surgiu em sua mão. Mas, quando tudo poderia ter acabado naquele momento Aerion foi salvo pelo abade Cellus, que fora buscar ajuda do condestável, capitão Antoninus e agora voltava com uma dúzia de arqueiros e três de lanceiros, investindo contra as criaturas. O inimigo urrou de ódio e dor, quando uma flecha o atingiu na perna, e, ele então revelou que a capa era na verdade potentes asas, que ele abriu e se ergueu para cima, para os céus, indo em direção ao sudoeste.
Ao velo o abade pensou “Sagrados Titãs, é um Nifilim renegado!” e foi em direção a ele, esquecendo momentaneamente o pobre diabo morto na soleira da porta. Mas, nem todos se comportaram assim, e, uma figura encapuzada se aproximou dele. Era uma mulher belíssima, e nua, exceto por um colar de ouro e âmbar entre os seios fartos. Ela se aproximou de Aerion e, com delicadeza tocou nas pálpebras fechadas dele, durante poucos segundos. Então, satisfeita beijou-o no alto da cabeça, e pousou-o delicadamente no chão, e ergueu-se, se afastando para um dos becos, lá desaparecendo no ar noturno.
O abade voltou, depois de minutos de uma perseguição sem resultados para a porta da torre, onde o pobre-diabo estava caído. Então, ergueu com uma certa rudeza o que ele acreditava ser um cadáver. Teve três surpresas: uma, era Aerion; duas, estava vivo; e três...
- A, meus titãs... algo terrível havia ocorrido.
Aerion despertou de um sonho com uma beldade nua, com quadris largos e seios fartos, pernas grossas, pele clara e um rosto fino e belo, com profundos olhos cinzentos. Ela lhe dizia para ir para o sul, para Taese, o que quer que fosse isso. Quando acordou, A primeira sensação de Aerion foi à sensação de alegria por estar vivo. Depois, uma sede incontrolável. Em questão de momentos então percebeu que estava em um local estranhamente familiar, com paredes azuis e janelas altas, com o caixilho de mármore branquíssimo. Num átimo se lembrou: um dos quartos do templo. Tentou se erguer mas acabou esbarrando num sino de cobre muito antigo e corroído, que caiu com um ruído metálico no chão atapetado. Aquilo fez com que a porta em poucos minutos se abrisse, pouco depois de tomar um gole em um cantil, ao lado da cama, na mesa do sino. O abade entrou, com um espelho. Sem dizer nada, ele o ergueu de modo que Aerion pudesse olhar para ele. O que viu deu-lhe vontade de estar morto.
Seus olhos estavam com uma marca estranha, como que feita a fogo: dois dragões alados, vermelhos e dourados, um em cada olho. Ele teve vontade de se cegar, e acabar com aquilo mas, o velho monge disse:
- Sente-se. Aerion obedeceu, apesar de relutantemente. Ele suspirou e continuou:
- O que esta em seus olhos é um símbolo. Um símbolo do titã do fogo, Seth.
- Mas- disse Aerion – o que significa? E por que apareceu em mim? Eu deveria estar morto, não?
- A resposta de seus questionamentos é: Não sei. Não sei o que significa, mas sei quem pode saber. E ele talvez possa responder a segunda pergunta. Quanto à terceira, duvido que possa.
- Quem é esta pessoa?- perguntou Aerion, com voz ansiosa.
- Calma, chegarei lá. Sem duvida você sabe que, a trinta e cinco anos o velho Darkius Ashartrein, Arconte-Emir de Trenus morreu sem deixar herdeiros. E que um dos seus primos, um dos duques do corrupto império Nektor, Ratanar Comodus assumiu o trono, inaugurando a dinastia dos Comodus.
- Sim, claro que sei isso. Falou Aerion, um pouco insolentemente.
- E certamente sabe que houve uma luta interna entre o Arconte e duas das ordens defensoras do Emirado: A ordem dos sete dragões e a ordem do Jaguar. E que estas foram derrotadas pela ordem da Águia em parceria com a proscrita ordem do corvo.
- Sim.
- O que você não sabe é que houve, na verdade uma traição: O velho Darkius tinha um testamento, na qual um dos seus primos em terceiro grau assumiriam o trono, eles eram os Argensor, e, seu patriarca, o Conde Elctorius Argensor-Ashartrein deveria assumir o trono do emirado, e era apoiado pelas ordens mais poderosas: A dos Dragões e a do Jaguar. Mas, o primo do imperador, o Duque Comodus achava que ele é que deveria assumir o cingir a mitra de Arconte-Emir. Então, procurou o Grande Mandarim da ordem do Corvo, Tyrrenus Cractos e, fez uma oferta a ele: Se a ordem o ajudasse a conquistar o trono, ele a tiraria da ilegalidade. Se não, ele ordenaria uma caçada aos territórios do corvo. Claro que o Grande Mandarim aceitou, e ambos reuniram suas forças e marcharam para a capital. A população ainda não sabia quem era o Arconte, mas, devido aos boatos dos espiões, acreditavam que era Ratanar, e, o aclamaram. Com apoio popular ele foi ao palácio, onde confrontou os três Grãos mestres, que disseram que, pelo testamento o Arconte era Elctorius. Mas, o duque, fortemente apoiado pelo exercito atacou as três ordens, matando muitos deles, e, tomando o poder a força. As ordens estavam enfraquecidas popularmente , de modo que não puderam lutar pelo legitimo soberano. Por isso, o Grão mestre da ordem do dragão propôs que todos se exilassem, deixando o reino à mercê do ursupador e de suas tropas, que agora incluíam monstros como os minocentauros, os Thariks e os homens-corvos, ate que os atos chegassem a tal ponto que a população pedisse auxilio, e, as ordens o forneceriam.
- Mas o que isso tem a ver comigo?- disse impaciente Aerion.
- Vou chegar lá. A idéia era astuciosa, e poderia ter dado certo, se não ocorresse um cisma nas ordens, que ficaram muito enfraquecidas, e tiveram de se exilar no extremo sul, na planície de Quetzacoaltl, onde foram fundadas duas cidades: Tenotitlan, capital do reino Jaguar e Meroé capital do império dos sete dragões. Esses territórios são locais perigosos e fortificados. E ai que entra você: o homem que pode ajudá-lo mora no império Meroitico: Ramset Velkor Grão mestre da ordem dos sete dragões e rei de Meroé.
Aerion estava estupefato. Nunca, havia tido tanta dificuldade para responder uma pergunta: Milhares de guerreiros, o Arconte-Emir, a ordem dos sete Dragões e a ordem do jaguar. Respondeu, com um toque de zombaria:
- Uma tarefa das mais fáceis, enfrentar três reinos para fazer uma pergunta, que, desconfio, vão me render mais perguntas, e mais viagens, imagino que para desafiar os próprios deuses, se não forem os titãs...
O abade, ao ouvir isso ficou com o rosto corado, e com os olhos profundamente chamejantes. Mas sabia como contornar a má vontade de Aerion, e por isso falou num tom intencionalmente calmo:
- Sabe, você tem sorte. Acredita que naquela noite quiseram lhe arrastar para um tribunal? Marcielius estava decidido a fazê-lo, mas eu o dissuadi...-Aerion não ouviu mas nada: Seu rosto estava branco, e seus olhos, brilhavam com um chama cruel:
- Eu salvei todos, eu enfrentei os malditos, eu me arrisquei á morte - falou- e aquele crápula filho de um cão manco que não teve coragem de lutar me acusa?
- Bem...sim- disse o esperto sacerdote.
- Parto pela manhã! – disse, resoluta Aerion – uma mudança de ares vai me fazer bem.

Estava na manhã seguinte, pronto para partir, com muito sono, devido à noite curta. Ficara acordado varias horas, preparando a jornada. Mas, era compensado por estar esplendidamente equipado: levava, em termos de armas um arco, a espada, as duas adagas nas botas e mais quatro dessas, só que de arremesso, o kit para arrombar portas e surpresas desagradáveis (leia-se: Armadilhas). Como armadura, levava uma cota de armas que achara em casa. Alem disso, levava comida suficiente para duas semanas, mudas de roupas limpas, dois cantis de oito e dez litros com água, um odre de três litros com vinho “cedido” (roubado é mais próximo da verdade) três kits de médicos (com agulha, linha, infusões, frascos e um ungüento anti-séptico tudo esterilizado), mochila e duas sacolas, alem do cinto, que mais parecia um cofre: lá ele levava uma pequena fortuna em ouro e jóias, o saco de dormir e cobertores. Tudo isso no cavalo e na égua que lhe haviam sido presenteados pelo Abade, junto com um conjunto de cinco mapas e dois livros das artes do encantamento. Por um momento, Aerion pensou em fugir para longe, se estabelecer em algum lugar distante, onde pudesse criar uns animais e estabelecer família, ver os filhos brincarem, enfim, ser livre e feliz. Mas, e se passasse o que quer que fosse aquilo para os filhos? E pior, se os filhos sofressem com aquilo? Afinal, Aerion conhecia a arte do encantamento, e a utilizara para criar a ilusão de olhos normais, mas e se isso não fosse possível para seus filhos? Suspirando, continuou seu caminho.
Passou então a estudar detidamente os mapas, com bastante atenção, atentando para os locais onde seria possível acampar, e, à distância para a cidade mais próxima: Sais, a sede do Baronato de D’alechan, a um dia de viagem a pé e depois a fronteira com o reino de Venecía. Este era um território aprazível, com solo fértil, clima temperado, tendendo para o frio no extremo norte. Era bem abastecido de rios e lagos, e, duas características inéditas, eram: suas fontes termais naturais, seu governo de Alianças com Dom Miguel, Capitão hereditário de uma das ilhas com o rei de direito, (pirata nas horas vagas). A viagem prosseguiu desinteressante, por uns dois dias, viajando da aurora ao crepúsculo, com breves pausas para se alimentar e descansar. Assim, se aproximou da metrópole regional, a cidade de cristal, Sais, de porte médio, muito populosa, cheia de artigos interessantes, ladeada por uma muralha imponente, de forma octogonal, com torres nas arestas e arqueiros nas ameias. Havia dois portões, feitos de rocha negra, coberta de agramarssa de cal e água, que davam a ela um tom branco imaculado (também eram fortemente guardados por vinte guardas, cada um trajando malhas e tendo como armas espadas e lanças, alem de bestas). Aerion entrou na cidade e se deparou com as ruas largas, bem pavimentadas, imponentes, feitas de pedras retocadas com cal branco. Seguiu para a acrópole, e, próximo a esta encontrou uma estalagem/taverna de fachada limpa e bem cuidada, com uma estatua na forma de um guerreiro atacando uma criatura repulsiva, com aparência de uma cobra, (“típico – pensou - de um estalajadeiro gordo, que nunca teve que lutar, mas se gaba de poder”). Entrou, e encontrou um ambiente aconchegante, com mesas e cadeiras espalhadas pelo salão, um balcão longo, com a parede coberta de vinhos e copos. Foi até lá e falou com uma mocinha baixa e magra, atraente e recatada (parecia).
- Saudações. – falou, cortesmente - Desejo alugar uma suíte para uma pessoa.
- A suíte custa trinta e sete lingotes de cobre, contando com uma refeição à noite, senhor.
- De acordo.
Depois disso, ele se dirigiu rapidamente para a avenida principal, onde perguntou a uma matrona com largas batas brancas e gargalhada que fazia o chão tremer, o caminho para a biblioteca. Ela lhe disse para seguir pela avenida ate um edifício de mármore branco, muito grande e com oito colunas servindo de sustentáculo para o teto. Lá, desconfiava haveria de achar informações sobre a viagem, que estrada seguir, que perigos encontrar e como se proteger. Chegando no local, se deparou com o esperado exagero (prezava pela beleza, porem). Um guarda, com armadura completa simples e armado com uma lança e espada guardava a entrada. Questionando-o, com um pouco de esperteza, rapidamente descobriu que a biblioteca era também um monastério, o que o moveu a entrar logo, por largas portas de cedro, com entalhes em prata. Estava em um cômodo largo e retangular, repleto de estantes com livros dos mais diversos tamanhos e tipos.
O mobiliário era simples, mas muito bem feito, com elegantes adornos espirais Divisou na parede uma mesa vazia, onde depositou um fardo de pergaminhos e canetas tinteiro. Depois, se levantou e olhou para as plaquetas de chifre onde estava escrito em tinta negra: Religião: crenças, filosofias... Pegou um volume grosso, de capa de madeira onde estava escrito: Principais e Poderosos cultos. Folheou. A linguagem era simples, didática, e bastante explicativa, mas limitada pela censura do Arconte Emir. Os outros, não eram mais promissores exceto
um, caindo aos pedaços, e com uma magia para disfarçá-lo. Não foi difícil cancelá-la, e o livro era recompensador, falando brevemente sobre as ordens, e suas células/dioceses. O monge/guerreiro veio de pois de um tempo, e tentou entabular conversa. Aerion o classificou como um noviço mais velho, que, obviamente se espantara em ver um desconhecido achar um livro que ele nunca vira (era o tipo de leitor que lia para não morrer de tédio, mas gravava as capas e títulos). Decidiu que podia se aproveitar do que ele sabia. Foi simpático e cortês, e o monge que era um ótimo companheiro para conversar, e obviamente não sabia guardar segredo. Logo, alem do que o livro fala, ele descobriu que o edil Ramirez era famoso por sua vasta biblioteca. E que muitos tomos falavam sobre religião, principalmente as... pouco lembradas.
Saiu horas depois, com muita coisa na cabeça, para pensar. Descobrira uma possível fonte de pesquisas mas, ao mesmo tempo soube que visitas não eram toleradas. Não as licitas. Então, bastava planejar uma entrada “pouco ortodoxa”. Para tal usaria suas habilidades ladinas adquiridas ao longo dos anos, com o treinamento de caçador. Quando a lua chegou ao seu auge saiu da estalagem (o dono não o viu. Entabulara conversa com uma morena bonita, e não parecia atentar para a cerveja que derrubava da caneca, quanto mais para sua rápida saída.) , indo em direção a um pequeno pelourinho (local onde se anunciavam às decisões e atos importantes) na zona sul, um bairro de casas altas e senhoriais. Uma, em particular era muito bonita, de madeira e pedras com torreões saindo dos tetos. E, ao lado dela um solar de pedra, que pertencia ao edil, longo e admiravelmente criado, obra de um talentoso arquiteto, sem duvida. guardado por dois soldados. Pensando rápido, concluiu: deveria distraí-los. E para isso, nada como um encantamento de invocação, num lobo solto pelo local. E assim, ocorreu, depois de um gesto longo e palavras num antigo idioma, pouco lembrado o lobo foi criado, e seguia, impávido pelas ruas, e como se a natureza se transformasse em uma criatura poderosa e inclemente, caindo sobre os pobres guardas, com uma distração mais que suficiente. Pulou a cerca, e, calmamente foi ate o pavilhão térreo. As janelas eram elegantes, e resistentes. Mesmo assim tinha um truque útil. E pegou de seu bolso um instrumento longo, feito de bronze com ponta de forquilha, fina mas resistente. Passou por debaixo da porta, rapidamente, e a lâmina afiadíssima raspou a tranca de madeira. O velho Constâncius merecia os parabéns. Conseguira fazer uma ferramenta digna de nota.
Olhou pela janela, e se surpreendeu: fosse como fosse seus olhos conseguiam enxergar na escuridão, ainda que parcialmente e com cores mais fracas. Era uma sala longa, com teto em arco e varias poltronas e sofás. Tinha um par de portas, no canto oposto à janela, e eram ladeadas por estatuas pequenas de basalto e arenito, ambas mostrando um guerreiro com uma espada montando um tigre, lindamente cinzeladas. Era clara sua função protetora. Tocou a corrente em seu pescoço, num gesto particular. Como passar por elas?
Acabou sendo fácil. As estatuas pareciam estar numa posição bastante confusa, como se já tivessem sido ativadas. Olhou melhor a sala. Ela parecia desarrumada, com as cadeiras um pouco deslocadas, e uma mais escondida tombada. Concentrou a audição, buscando sentir as vibrações no ar e na dimensão espiritual da sala, um truque que o abade lhe ensinara. E conforme esperava, havia vibrações perturbadoras. Olhou as estatuas, de acordo ao outro plano. Estavam estáticas sem energia. Aquilo confirmou: Haviam sido usadas. Foi ate a porta, e, lentamente a abriu, concentrando na audição. Ao longe o som de um lobo, talvez o seu. Aqui, o som de passos e uma espécie de grunhido. Ninguém no hall, que estava todo desorganizado, mostrando sinais de luta, particularmente próximo a uma escada, que dava para cima. Foi até ela, ate chegar, depois de trinta e três degraus numa porta de bronze, aparentando estar selada. Nada muito forte, por isso utilizou outro pequeno encantamento, para entortar a barra principal. E a porta cedeu rapidamente. Muito bom. Nessas horas, valia os dois anos de treinamento intensivo. Abriu levemente a porta. Era um cômodo alto, com uma fonte de luz forte e instável. As vozes eram agora audíveis, a porta devia abafá-las. Ouvia uma voz feminina Aguda e maligna: “A garota pela espada-coral e agora!” e outra mulher dizia, numa voz fria e baixa, mas melodiosa “Não aceito. A espada não vai ser moeda de troca!” E uma voz masculina, serena e possante: “mesmo que a mate, não vai sair viva daqui.”. Isso deixou Aerion curioso, e ele de fato se decidiu: Pegou a lamina da faca, e a colocou para fora, onde detectara uma leve sombra, de um vaso, talvez. Fazendo a luz incidir, olhou para a lâmina polida e teve varias surpresas. A primeira: Havia varias pessoas, das quis quatro eram nítidas: Um velho, uma mulher jovem e bela, de pele escura como o mais puro Ébano e muitíssimo bela, um velho moreno e outra mulher, de pele doentia, amarela e podre, com uma espada sobre o pescoço de uma adolescente. A adolescente o foi à segunda surpresa: Vivian, a única, junto com Helius que tinha amizade com ele nos longos anos de solidão. E ela estava ameaçada E o ódio cresceu, fazendo suas mãos tremerem. Não estava em condições aparentes de lutar mais o faria. Levou a mão à espada, e se preparou: Lançou-se sala adentro a espada numa mão e os “ventos solares” (encantamentos ofensivos que reúnem vento e fogo na outra. E foi realmente algo surpreendente o que ocorreu em seguida). A surpresa da mulher de pele doentia, (provavelmente uma Lakhchaza em forma humana) foi a mais desagradável: um vento quentíssimo em seu rosto, e queimaduras insuportáveis pelo corpo. Ergueu a espada, e preparou o golpe na garota,que não estava mais lá: o rapaz louco que atacara a salvara. Via ele com clareza, por traz do brilho da sala incinerada. Estava claro que o rapaz tinha um domínio invejável sob o fogo, que era digno de nota. Mas ela não era uma adversária qualquer, e foi com malicia que lançou um punhal com um veneno cruel, atingindo Aerion de raspão, apesar da corrente que legada a ele por seu pai. Mas, apesar de salvar Vivian, em sua fúria não se dispunha a recuar: Sacou as armas e se lançou contra a Lakhchaza, sabre numa mão, faca na outra, e fogo estelar em seus olhos escuros. E por um segundo parecia traja do com uma malha, e uma dupla coroa lhe aparecia na cabeça, com um diadema de um dragão poderoso, com a garganta inflamada pela fúria. O velho (que invocara um circulo de cristais gelados) empunhou uma lâmina de cor vermelha, na qual havia muitos antigos Hieróglifos (antigo sistema de escrita para aqueles povos) e atacou um grupo de criaturas aturditas, que rapidamente foram derrotadas. A mulher, com um tridente em riste golpeou o Ieti (criatura humanóide, peluda, astuciosa mas obtusa), a guisa de guarda da Lakhchaza, que era selvagemente ferida por Aerion Tão feroz e profundo foi seu ataque que ela se decidiu por assumir sai forma original: Uma enorme criatura, de quatro braços, pinças como mãos nos de baixo, garras de bronze nos de cima, Corpo de mulher e de um crocodilo, com patas de bode. Uma criatura realmente grotesca, e lançou em Aerion um golpe poderoso, atingindo dessa vez na perna direita, mas perdendo o braço na empreitada. Mas o furor de sua investida se consumira no veneno, e a criatura atacava velozmente. Não venceria. O velho, entretanto ergueu a espada e fez uma luz brilhar a partir de um pedaço de jóia amarela na impugnadora, e atacou a Lakhchaza com a lâmina, (que mais de perto era realmente feita de coral, e vivo! que encantamento teria sido usado naquela magnífica obra?) e ela tombou. A sala parou, silenciosa. Vivian havia se levantado, tremendo, e se aproximando de Aerion, parado, aparentando estar atordoado. O velho meditando sobre o corpo. Mas a mulher pegou o tridente e o apontou para Aerion, dizendo com frieza:
- o que faz aqui? Quem abriu a porta para você? – E o rapaz sorriu da colocação.
- Minha habilidade, senhora.- Ela rosnou e colocou o tridente no pescoço de Aerion. Ele sustentou o olhar, e ela afundou um pouco a lâmina, mas, ele fez um leve movimento, num ponto fundamental da arma e a desarmou. Um fio de sangue escorria do talho e, o homem idoso falou, severo:
- Se sair daqui agora, lhe pouparei de um julgamento e esquecerei esta invasão.
- Não. Meu objetivo é ler os livros da biblioteca e os lerei!
- Espião! – disse a mulher morena. Mas O velho ergueu a mão e falou:
- Calma Elena! Não seja precipitada! E quanto a você- disse, olhando para Aerion – este disposto a tudo para contemplar as paginas dos livros?
- Sim.
- Então lute comigo. Escolha as armas.
- Meu sabre
- A lâmina coral será a minha.- falou o velho, sorrindo, divertido: o rapaz era esperto, apesar de impulsivo. Devia te uns 14 anos, embora parecesse mais. Gostou dele.
- Qual o seu nome?
- Aerion Terani. E o senhor?
- Ramirez. Dom Ramirez, para ser formal, embora eu....
- Se vocês pararem com a ridícula sessão de gentilezas – disse acidamente Elena – podem resolver isso logo.
- Não! – Vivian, até agora quieta explodiu – ele nos ajudou! E esta com o en....
- Mas deve sofrer uma punição. – cortou o altivo Ramirez, novamente severo - E se ele não aceitar, pode ir, mas sem contemplar os tomos.
 
Nossa cara, eu sou difícil de agradar, o trem tem que ser muito fiel às obras para não ficar muito utópico.
Conclusão final: você me agradou pra valer cara!!! Muito bem elaborado, coerente, realista (na realidade de Tolkien, claro), bem estruturado, usou uma linguagem típica de Tolkien. A história ficou envolvente, ficou curioso o texto. Se eu for ficar elogiando os textos vou gastar quase uma página, porque num estou puchando-saco não, estou falando a verdade, e aposto como tem muita gente que concorda comigo.
O que mais me fez pirar foi sua descrição perspicaz dos fatos, nos fazem crer realmente que era Tolkien escrevendo.
:clap: :clap: :clap: :clap: está de parabens cara :clap: :clap: :clap:
Depois poste mais partes (se tiverem) ou poste outra história (crônica, em geral).
Essa história me fez lembrar Tolkien porque antes de vir aqui ler estava lendo Silmarillion no meu PC, então vi esses fatos. Cheguei a acreditar em certo ponto que você havia criado essa história dentro das de Tolkien, porque ficou muito bom mesmo.
:) Com certeza compro o livro :)
 
Bom, essa é a terceira e ultima parte do meu licro, cujo prineiro volume estou a encaminhar para tirar direitos autorais. esperoq tenham agrdado, é apenas um prewiew

Vivian abriu a boca para argumentar, mas o olhar de Aerion a silenciou. Ele parecia decidido a lutar, ainda que com o veneno no sangue. Havia decidido ler as paginas. Ele e Ramirez foram para direções opostas, cada um com as armas em riste se observavam, analisando as defesas. Aerion parecia mais ágil, e tinha muita técnica, enquanto Ramirez era mais forte. Aerion logo atacou, com apenas um terço de sua velocidade normal. Sondava a força, e constatou que o adversário não o subestimara, mas rebatia os golpes com força, de forma prudente, a bloquear qualquer tipo de investida arrojada que pudesse usar. Saltou para traz, e girou a espada, parando-a no meio do giro e estocando na direção da perna de Ramirez. Não adiantou. Ele estava usando uma malha metálica poderosa, que defendeu facilmente o golpe. Ramirez sorriu, e a espada se transformou em um mangual, que ele velozmente lançou na direção de Aerion. Este saltou para traz. A corrente, no entanto não parou de ir a sua direção, e o mangual acabou por o acertar no braço esquerdo, ferindo o local com seus espinhos longos e mortais. Aerion grunhiu, raivoso e surpreendentemente prendeu a corrente no braço da espada. Puxou-a e, usando seu sangue com canal Um encantamento de raios partindo de seu ombro acertou seu inimigo, quase que destruindo a malha. E certamente ferindo o homem idoso. Ramirez ficou sobressaltado. O que aquele rapaz fizera?
- Habilidoso...
- O senhor não fica atrás.
- Tive centenas de anos de pratica. De tal, isso não é de se espantar.
- O senhor é bem velho, não?
- Seu insolente!

Ramirez se lançou ao ataque, com renovada energia, utilizando ora mangal, ora maça, e todas as outras armas que a lâmina de coral podia se metamorfosear. Aerion defendia com alguma facilidade usando de estocadas violentas e uma defesa eficiente. Pararam novamente afastados e se mediram. Ramirez com o olho da experiência enxergava em Aerion uma coisa intrigante: Ao invés de manter a espada em riste ou ao longo do corpo, ele a mantinha a espada e a adaga numa posição um tanto quanto diferente. Ramirez estremeceu: Se for o que ele estava imaginando, a esgrima conhecida por muito poucos no império, ele encontrara um adversário a altura. Decidiu então que não iria mais utilizar pouco de sua força e habilidade; usuária tudo que tinha e conhecia. Por isso partiu para cima de Aerion, com força, atacando com golpes curtos laterais, súbitas estocadas, e golpes por cima da cabeça, de modo que em pouco tempo havia aberto dois talhos sérios no braço esquerdo de Aerion. Esse por sua vez ficou furioso atacando como um endemoniado, utilizando uma esgrima que Ramirez não julgava possível que alguém conhecesse além dele e dos poucos que receberam treinamento completo: A dança da espada esgrima que consistia em uma série de movimentos com o sabre da mão destra ao passo que a outra contrabalançava o golpe para que ele não saísse de controle. Aerion claramente era muito habilidoso, pois Ramirez se viu obrigada a recuar devido à investida dele. Claramente, ele era realmente muito habilidoso.
O rapaz por sua vez, começava a sent Vivian chamou alguns pajens para carregar e levou Aerion para a sua ala, pensando no que ocorrera. Ele ganhara uma promoção recorde (mas não imerecida) graças a sua coragem. Chegou por fim a um quarto ao lado do seu. Abriu a porta e o jogou na cama. Tirou o gibão e o medicou, passando ungüento e depois o enfaixando. Saiu e fechou a porta, seu coração pulando de alegria: Sim, aquele que por tanto tempo fora seu companheiro voltara! E pouco mudara, pois ainda parecia forte e ousado. Instintivamente olhou para o espelho: Era uma jovem, nem criança nem mulher, mas belíssima já naquela época, O corpo cheio de curvas, macio, mas com a rijeza de uma atleta, a pele morena clara, aveludada, os cabelos escuros, a boca nacarada, os olhos como os cabelos, ornados por sobrancelhas longas e arqueadas. Ou, se não fosse suficiente, seus seios fartos e generosos, suas coxas grossas, sua voz, um sussurro de delicadeza, como uma mulher que ainda conserva a inocência de sua infância. Era Vivian, sacerdotisa e amazona, que fora a companhia de Aerion na frieza da solidão que injustamente impingiram a ele, mas que o tornaram tão atraente aos olhos dela (apesar de achá-lo atrevido, se não safado).

De fato, era assim que se lembrava dele. Foi para seu quarto e adormeceu.
Aerion acordou cedo, crendo que estavam a lhe torturar. Na verdade, acabara por dormir sobre seu braço que estava quase sem irrigação sangüínea. “Água – pensou - preciso de um banho. Estou realmente precisando.”
Levantou-se, abrindo e fechando as mãos. Olhou para o quarto. Duas portas, uma à direita (mais perto) e outra à frente (mais longe) optou pela primeira, e deu sorte, pois estava efetivamente em uma sala de banhos completa. “que meu anfitrião me perdoe, mas preciso disso.” Portanto olhou para um registro acima de um cano, que desembocava numa pequena piscina. Girou, e água fria caiu , alternada por água quente que vinha da parte de baixo. Quando atingiu algo entre 1:60 m desligou e derramou óleo, que deixou a água opaca. Despiu-se e mergulhou, rápido lavando-se da sujeira e esfregando o braço. Foi quando ouviu uma voz no quarto, a voz de Vivian, dizendo seu nome. Respondeu que estava no banho, e ela disse algo haver com “limpa” e saiu. Ele também não demorou, abrindo um segundo registro que recolheu a água. Enrolou-se numa toalha e voltou ao quarto. Não reparara, mas ele tinha uma varanda-sacada, aberta para as montanhas. A “limpas” se mostrou como um estranho conjunto de roupas, formado por camisa, calças, botas, e um, sobretudo. Quente, pensou. Era de um tom leve, azul escuro, com detalhes de sete dragões. Conhecia o símbolo, usado pelos membros da ordem dos sete dragões. Vestiu. Eram leves, e lhe assentavam como um dólmã. Assim, logo após isso encontrou aos pés da cama sua bagagem, sobre um bilhete de alguém. Leu


A Aerion Terani

Minhas cordiais saudações.
Venho a lhe pedir a fineza de comparecer
Ao pavilhão sul, para tratarmos de nossa contenda, quando acordar
Ou lhe parecer mais propício.

Ass: Edil Ramirez Severus


Numa tormenta de pensamentos percebeu o que estava acontecendo: Estava em algum lugar, sob a custodia de Ramirez! Mas que custodia estranha, onde tinha armas e bens!Que significava? Bom, melhor era esclarecer o fato. Saiu do cômodo, entrando numa saleta em abobada, com quatro portas. Numa estava escrito o nome de Vivian, na outra P-N, a oposta a essa, P-S, e a quarta era o local de onde viera. Seguiu pela P-S, onde achava provável que o significado fosse Pavilhão Sul. E foi, por um longo corredor aberto para os jardins. Chovia, e os cajueiros recebiam a água. Uma estatua de pedra basáltica, na forma de um Delfin enfeitava o centro do local. Andava de forma lenta, pensando no que vira desde que partira. Sentia-se confuso, e queria explicações. Seria talvez melhor começar por Ramirez. Apressou-se, ouvindo a sinfonia da chuva batendo no mato, e quase não se deu conta quando se aproximou de um estreito, mas longo retângulo de tijolos e cal branco. A porta era de madeira pesada, provavelmente mogno, e as fechaduras eram de ferro. Bateu, e não demorou a porta se abriu, por um ordenança. Este, rápido disse:
- Ele o aguarda para comer. Deseja algo?
- Não. Conduza-me, por favor.
- Pois não, senhor.
Corredor adentro , chegou a um pavilhão com diversas colunas de mármore claro, e uma mesa central de algum tipo de metal vermelho. A mesa em si era redonda, coberta dos mais excelentes alimentos. Estavam ocupando quatro dos cinco lugares, e já comiam a vontade. Reconheceu os três mais próximos, como sendo Ramirez, Vivian e Elena. O ultimo não lhe era estranho, alto, muito forte, moreno, com cabelos curtos penteados para traz, num topete. Ramirez sorriu, parou de conversar e falou com jovialidade:
- Sente-se rapaz, deve estar com fome, depois de um dia inteiro sem nenhum alimento. Tivemos de mantê-lo sedado, pois se mexesse o tronco ou os braços o ungüento não faria efeito. Mas agora coma.
- Não posso dizer que a eficácia do ungüento me alegre. Mas agradeço o convite. Quero porem respostas à altura das perguntas que farei.
- Muito bem, mas primeiro sente-se e coma, teremos muito que falar.
Sentou-se, comeu e bebeu fartamente, pois era uma mesa realmente digna do mais exigente monarca. Apreciou em particular uma salada das mais variadas frutas tropicais, embebida em vinho tinto suave vindo da cidade de Setab (contra a vontade do Abade, e muitas vezes escondido, se tornara um grande apreciador de vinho). A conversa versou no campo das viagens do desconhecido, que falava com um sotaque carregado, parecido com o de Aerion de súbito este o reconheceu: Helius, a outra criança que falava com ele com alguma gentileza e lhe fazia companhia. Não deu mostras de o reconhecer, pois ele de fato mudara, de um menino magro se tornara um jovem gigante. A refeição logo acabou e passaram para uma sala menor, onde poderiam conversara com calma, embora Aerion estivesse extremamente impaciente.

Do outro lado da casa, numa sala fechada de aço, jazia numa almofada a lâmina de coral. Ela brilhava, um brilho estranho, bruxuleante, que espantaria quem a visse. O coral vivo se movia, e cinco vozes se comunicavam num idioma ancestral. Falavam de tempos passados, onde tinham poder e eram temidas, de seus grandes reinos, de sua queda e derrota, de sua maldita prisão. Quase 10.000 anos adormecidos. Mas hoje, acordavam. Voltavam à atividade, e inspiravam atos de vilania onde quer que seu poder mestre chegasse.
Mas os tempos haviam mudado. Um poder antigo, anterior ao deles próprios voltara, e percebia a utilidade daqueles entidades. Calculou em sua mente astuta, e decidiu acabar com um de seus inimigos.
No vale, onde se localizava o solar de don Ramirez, chegara numa distorção da realidade. Uma figura estranha: Alto, pela escura, utilizara roupas formais, típicas das mais altas classes. Na mão direita, tinha uma bengala cujo castão tinha forma de um carneiro com os chifres recurvados. Pensava na tola Lakhchaza, que achara que poderia vencer sozinha e acabara por morrer. Pensou rápido: seus inimigos mal tinham 300 pessoas armadas. Se mandasse mil poderia derrotar rapidamente esses tolos. Sim, o grande Kxatria lhe seria eternamente grato. Assim, com seu pode maligno começou a abrir pequenas distorções na realidade, pela qual seus servos malignos eram levados para a área próxima ao solar. Durante horas assim foi. A ultima distorção levava seu mensageiro. Uma figura de baixa estatura, com um cajado na mão direita na ponta superior do qual havia uma mão negra apertando uma esfera de cor roxa. Em volta dele, um pequeno grupo de elite, e, a vista de todos num pequeno outeiro havia o solar do Edil Ramirez. Olhou e disse, com uma voz maligna:
- Cuidem para que não percebam nosso avanço. Deve ser gradual, mas ligeiro. _ falou a um oficial próximo.
- Sim, milorde.
- E não me falhe, comandante. Não quero sequer um sobrevivente.
Farei come me ordena, Barão Samedi. Excelência... -fazendo uma mesura, o comandante se retirou.

* * *

Na pequena sala, havia uma mesa redonda, disposta em volta dela, quatro cadeiras,uma cadeira de espaldar reto e braços,trabalhada por motivos geométricos, animais e seres fantásticos na madeira belíssima de mogno. Nesta cadeira sentou-se Ramirez, e os outros se colocaram em volta. Aerion então falou:
- parece que conheço mais de uma pessoa aqui, não é mesmo Helius?-O homem moreno então respondeu rindo:
- Você continua atrevido como sempre. Eu e Vivian sentimos sua falta- Aerion suspirou:
- Eu também senti. Você não imagina como é chato criticar com mordacidade aquele simplório do Marcielius Os outros e ele gargalharam.
Aerion olhou para os outros que aparentavam a satisfação de um bom almoço. Falou então:
- Bom, creio que já nos satisfizemos. Agora desejo respostas
- Claro – disse Ramirez – e as terá. O que você quer saber?
- Por que me pouparam?
- Para lhe fazer uma oferta.
- Qual?
- Você deseja ler os livros, certo?
- Certo.
- E eu preciso de mais cavaleiros.
- O quê?!
- Bom, eu não sou edil. Sou atualmente comandante da grande diocese de Elisus.
- Diocese? Da ordem dos sete dragões?
- Sim
- E, devo entender que você me quer como cavaleiro?
- Sim.
- Por que?
- Porque tenho 5.000 unidades em cinco dioceses e estas em quatro colunas. É pouco, e quanto mais, melhor.
- Melhor para quê?
- Para enfrenta a situação. Pois a ordem do corvo se mostra poderosa. Doravante é imperativo vigiá-la.
- E para isso você precisa de mais cavaleiros...
- De fato
- Suponho que serei um dos noviços...
- Ah, não mesmo. Você terá o direito de um cavaleiro com um ano me membro.
- Por que?? Isso é muito inquietante! Sou muito novo, tenho apenas 14 anos, e....
- Você já é forte o suficiente. Já chega, você aceita ou não?
- Bem... aceito. Quais minhas atribuições?
- Obedecer a seu comandante na subdiocese indicada.
- E qual será?
- Não sei ainda. Veremos.
- Enquanto isso...
- Treine e consulte os livros. Estão a sua disposição.
- Por quanto tempo?
- Uma semana.
* * *
- Você está diferente Aerion. Mudou muito, -Era Vivian que lhe falava. Estavam nos jardins privativos do quarto de Aerion. Aliais, “quarto” é um termo errado para um quarto, um gabinete, uma sala de banho, um jardim privativo e alcova secreta. Falavam sobre o que havia sido acertado entre Ele e Ramirez. Aerion estava impressionado com o salário de 300 lingotes de ouro mensais. Era muito dinheiro, quase o que um artesão prospero ganhava. Alimentação casa e roupas garantidas.
- Sei que mudei, mas já faz dois anos. É natural e você também mudou. estava há uma semana na sede da ordem, se familiarizando com o local, lendo os livros e treinado combate, e recebendo alguns avisos sobre as regra (uma em particular era chata: usar o dólmã a toda hora. Era implicante, pois parecia um uniforme. Culpa da organização militar.).
- Bem –ela falou encabulada- está certo, é isso mesmo. Vamos? Helius está esperando.
- Não. O que em mim mudou tanto?
- Você esta mais velho.....diferente....
- Sim, mas diferente como?
- Sombrio.....
- Há, pelamordosquatrotitãs, você nisso não mudou, - disse, rindo, o adolescente- eu sempre fui meio sombrio. Como se fala, um “misterioso intrigante metido a intelectual”.
- Mas diga-me, o que você tem feito? – ela questionou
- Treinando meus encantamentos para fazer Marcielius passar vergonha. Sabe que a uns três meses eu usei uma poção e ele ingeriu com vinho na taberna. Ele ficou louco, bêbado, e quase foi expulso por constranger a filha do condestável.
- Você é terrível!
- Eu sei.
- Sim, mas quero que fale da disputa.
- Bem, para decidir um novo líder da diocese, promoveu-se um torneio entre os cavaleiros. Daqui a três dias.
- Eu vou me inscrever.
- Vai?! Mas você não se recuperou!
- Faz uma semana hoje, desde que você me deu o ungüento.
- Ta bom, ta bom, mas fica difícil saber se você esta bom ou não. Sei que você se recupera muito rápido, mas ...
- Vamos? Helius deve estar impaciente.
- Ta bom, mas vista o Dólmã.
- Por que? esse traje é muito estranho!
- É a roupa que o identifica como oficial intermediário.
- Sim, ta, já sei. Vamos então?
- E o dol...
- Detalhes vamos logo – e correu
- Passaram por vários corredores até um grande pátio, onde ecoava o som de armas. O pátio tinha a forma de um pequeno anfiteatro, todo decorado com mármore, colunas de basalto verde, e ouro nos enfeites. Aproximadamente 50 pessoas de idades variadas estavam, com armas em punho, lutando com grande ferocidade. Para se proteger levaram escudos grandes em forma de folha ou retângulo, além de corselete de couro guarnecidos de chapas de bronze. Heitor se batia, portando um mangual com um jovem de nome Constâncio, que usava um machado. A luta permanecia indecisa, e Aerion e Vivian se postaram frente a frente e se prepararam.
Aerion levava uma espada de madeira de 1 m de lâmina e, ao invés de escudo, tinha um gládio (espada curta, de 40-65 cm).
Vivian usava um chakram (uma espécie de disco de metal fino e afiado, com três raios, que lançado podia cortar literalmente qualquer coisa) e uma machadinha. A um sinal de um cavaleiro investido como juiz, identificável pela acha de prata irradiando magia, começaram a lutar.

A principio, Vivian lançou o chakram , tentando atingir Aerion,, que se esquivara distraidamente, mas com dificuldade. Ela era rápida, e ele embora também o fosse estava mais devagar devido aos ferimentos ainda cicatrizando das lutas com o Nifilim e D. Ramirez. A luta prosseguia indecisa, e aerion buscava usar o Gládio, que tinha na lâmina próxima ao punho da arma um gancho, para que, prendendo entre o gancho e a lamina a arma adversária, esta quebrasse, mas era difícil, viviam tinha maestria com o chakram e batia no gládio com a machadinha. Finalmente, entretanto, o Chakram foi perdido, pois Aerion arremessara no centro dele sua espada atingindo com força um dos raios. Este, ao se quebrar perdeu o equilíbrio e chegou ao chão. Apesar disso, a espada fora inutilizada, de parte que lutariam agora um contra, com apenas uma arma. Vivian levantou o machado com força, pois era uma jovem vigorosa e muito habilidosa com a machadinha. Esta era uma haste de madeira, geralmente sequóia, cedro (as vazes jacarandá) trabalhada, de 40 cm, cuja extremidade superior uma lâmina de madeira é encaixada. É uma arma bastante leve, causando um dano considerável, apesar da lâmina não ser metálica. Pois todas as armas eram de madeira, para evitar ferimentos sérios ou que, no ardor da competição haja uma morte.
A luta entre ambos prosseguia escarnecida, com Vivian dando golpes laterais poderosos ou tentando usar a ponta de lança que ela havia encaixado. Aerion defendia, com pouca força, preparando um golpe forte quando ela se distraísse. Assim, quando ela tentou atingi-lo com força nos braço esquerdo, ele defendeu contra-golpeando com o Maximo de força.
Ela certamente não esperava por isso, e se desequilibrou, e percebendo que tinha sido derrotada, rendeu-se.
- É um admirável esgrimista – a voz fria de Elena chegava, sussurrante, a seus ouvidos- mas creio que não mostrou toda a sua habilidade. Minto?
- ................
- Responda!
- Por que deveria?
- Talvez por que para se candidatar à liderança da subdiocese precise passar por mim.
- Mente! Qualquer um pode se candidatar.
- Qualquer um que já tenha provado suas habilidades.
- Então é assim?! Em guarda, tola!
- Ah, não! Aqui não. Amanhã, ao alvorecer, na colina da floresta. De acordo?
- Sim. Aguardo-te.
- O prêmio, não sei se sabe, para o comandante é uma arma de rara beleza e poder. É uma espada, cuja lâmina é feita do chifre puro de um unicórnio. Surpreso?
- Não. Ela será uma augusta companheira para minha espada.
- Esta tão certo de sua vitória?
- Você vai descobrir amanha.



* * *
Aerion passou o resto do dia enfiado no seu quarto, pensando nas armas que usaria. Tinha boas opções, principalmente a Espada e o Gládio, que utilizava simultaneamente. Elena deveria usar, achava ele ou uma espada ou um par de adagas.
Suspirando, abandonou a reflexão. E olhou para as traves elegantes do teto em abobada, pensando no que foi e no que poderia ser dessa luta.

Mas lá fora o mundo era inquieto. Na noite sussurrante e clara, um vulto esta de pé, as arvores a sua volta numa estranha quietude, um antigo poder despertou, das profundezas ocultas de um ser das sombras. E de lá, um ser a muito adormecido acordou, ao chamado do Barão Samedi, grande Bruxo de Epiro balançava a bengala, e falava antigos encantamentos, despertando aquele ser, o mais antigo dos demônios da Era Titânica, era ele, o poderoso Rajgadriva, mestre da morte. uivou, sedento pelo sangue, e se curvou diante de seu mestre. E este falou:
- Vá, e mate os que encontrar ali, seja quem for.
* * *
Aerion adormecera, e nos reinos oníricos agora vagava, em busca de uma verdade estranha. Estava despido de qualquer equipamento, e caminhava por um longo deserto, repleto de oásis inatingíveis. Caminhava como um sedento, mas não por água. E via a distância um castelo, feito das areias daquele estranho lugar. E caminhava, mais e mais depressa, e as areias lhe barravam caminhos, mas Aerion, com grande dor insistia em continuar. E, enfim ao lugar chegou, e dois escorpiões, seres meio-homem, meio-dragão lhe interditava, a entrada. Eles dissera
- Sois vos Aerion Terani. Pois cá não deve entrar.
- Quem me impede de visitar as terras oníricas?
- Aquele que lhe deu origem
Aerion parou, em choque. O que significava aquilo?
- Entrarei mesmo assim.
- E quem lhe permite?
- A senha, a qual você deve responder – um conhecimento antigo brotou de sua mente, e a palavra de poder, que a muito não ecoava nasceu em sua garganta. E o uivo escapou, com muita força. Atingindo os ouvidos, o eco se prolongando. Os escorpiões, calados abrira ma s portas. E tudo se tornou luz, e seus paia estavam atrás da porta. E ele sentiu a voz deles em suja mente, dizendo tudo o que precisava saber. E ele sabia, lembraria de algo, e iria para um lugar, onde antigos livros diriam a historia toda. A de sua família, os Terani. Bastava saber que eles eram importantes. O resto ele saberia em breve. Agora, a luta contar um antigo inimigo. O Barão Samedi.
 
Bom, essa é a terceira e ultima parte do meu licro, cujo prineiro volume estou a encaminhar para tirar direitos autorais. esperoq tenham agrdado, é apenas um prewiew

• Aerion descobre a verdade de sua família, e precisa lidar com uma nova responsabilidade.
• A história do Barão Samedi.
• Quem esta por trás de tudo?
Numa tormenta de pensamentos percebeu o que estava acontecendo: Estava em algum lugar, sob a custodia de Ramirez! Mas que custodia estranha, onde tinha armas e bens!Que significava? Bom, melhor era esclarecer o fato. Saiu do cômodo, entrando numa saleta em abobada, com quatro portas. Numa estava escrito o nome de Vivian, na outra P-N, a oposta a essa, P-S, e a quarta era o local de onde viera. Seguiu pela P-S, onde achava provável que o significado fosse Pavilhão Sul. E foi, por um longo corredor aberto para os jardins. Chovia, e os cajueiros recebiam a água. Uma estatua de pedra basáltica, na forma de um Delfin enfeitava o centro do local. Andava de forma lenta, pensando no que vira desde que partira. Sentia-se confuso, e queria explicações. Seria talvez melhor começar por Ramirez. Apressou-se, ouvindo a sinfonia da chuva batendo no mato, e quase não se deu conta quando se aproximou de um estreito, mas longo retângulo de tijolos e cal branco. A porta era de madeira pesada, provavelmente mogno, e as fechaduras eram de ferro. Bateu, e não demorou a porta se abriu, por um ordenança. Este, rápido disse:
- Ele o aguarda para comer. Deseja algo?
- Não. Conduza-me, por favor.
- Pois não, senhor.
Corredor adentro , chegou a um pavilhão com diversas colunas de mármore claro, e uma mesa central de algum tipo de metal vermelho. A mesa em si era redonda, coberta dos mais excelentes alimentos. Estavam ocupando quatro dos cinco lugares, e já comiam a vontade. Reconheceu os três mais próximos, como sendo Ramirez, Vivian e Elena. O ultimo não lhe era estranho, alto, muito forte, moreno, com cabelos curtos penteados para traz, num topete. Ramirez sorriu, parou de conversar e falou com jovialidade:
- Sente-se rapaz, deve estar com fome, depois de um dia inteiro sem nenhum alimento. Tivemos de mantê-lo sedado, pois se mexesse o tronco ou os braços o ungüento não faria efeito. Mas agora coma.
- Não posso dizer que a eficácia do ungüento me alegre. Mas agradeço o convite. Quero porem respostas à altura das perguntas que farei.
- Muito bem, mas primeiro sente-se e coma, teremos muito que falar.
Sentou-se, comeu e bebeu fartamente, pois era uma mesa realmente digna do mais exigente monarca. Apreciou em particular uma salada das mais variadas frutas tropicais, embebida em vinho tinto suave vindo da cidade de Setab (contra a vontade do Abade, e muitas vezes escondido, se tornara um grande apreciador de vinho). A conversa versou no campo das viagens do desconhecido, que falava com um sotaque carregado, parecido com o de Aerion de súbito este o reconheceu: Helius, a outra criança que falava com ele com alguma gentileza e lhe fazia companhia. Não deu mostras de o reconhecer, pois ele de fato mudara, de um menino magro se tornara um jovem gigante. A refeição logo acabou e passaram para uma sala menor, onde poderiam conversara com calma, embora Aerion estivesse extremamente impaciente.
Do outro lado da casa, numa sala fechada de aço, jazia numa almofada a lâmina de coral. Ela brilhava, um brilho estranho, bruxuleante, que espantaria quem a visse. O coral vivo se movia, e cinco vozes se comunicavam num idioma ancestral. Falavam de tempos passados, onde tinham poder e eram temidas, de seus grandes reinos, de sua queda e derrota, de sua maldita prisão. Quase 10.000 anos adormecidos. Mas hoje, acordavam. Voltavam à atividade, e inspiravam atos de vilania onde quer que seu poder mestre chegasse.
Mas os tempos haviam mudado. Um poder antigo, anterior ao deles próprios voltara, e percebia a utilidade daqueles entidades. Calculou em sua mente astuta, e decidiu acabar com um de seus inimigos.
No vale, onde se localizava o solar de don Ramirez, chegara numa distorção da realidade. Uma figura estranha: Alto, pela escura, utilizara roupas formais, típicas das mais altas classes. Na mão direita, tinha uma bengala cujo castão tinha forma de um carneiro com os chifres recurvados. Pensava na tola Lakhchaza, que achara que poderia vencer sozinha e acabara por morrer. Pensou rápido: seus inimigos mal tinham 300 pessoas armadas. Se mandasse mil poderia derrotar rapidamente esses tolos. Sim, o grande Kxatria lhe seria eternamente grato. Assim, com seu pode maligno começou a abrir pequenas distorções na realidade, pela qual seus servos malignos eram levados para a área próxima ao solar. Durante horas assim foi. A ultima distorção levava seu mensageiro. Uma figura de baixa estatura, com um cajado na mão direita na ponta superior do qual havia uma mão negra apertando uma esfera de cor roxa. Em volta dele, um pequeno grupo de elite, e, a vista de todos num pequeno outeiro havia o solar do Edil Ramirez. Olhou e disse, com uma voz maligna:
- Cuidem para que não percebam nosso avanço. Deve ser gradual, mas ligeiro. _ falou a um oficial próximo.
- Sim, milorde.
- E não me falhe, comandante. Não quero sequer um sobrevivente.
Farei come me ordena, Barão Samedi. Excelência... -fazendo uma mesura, o comandante se retirou.

* * *

Na pequena sala, havia uma mesa redonda, disposta em volta dela, quatro cadeiras,uma cadeira de espaldar reto e braços,trabalhada por motivos geométricos, animais e seres fantásticos na madeira belíssima de mogno. Nesta cadeira sentou-se Ramirez, e os outros se colocaram em volta. Aerion então falou:
- parece que conheço mais de uma pessoa aqui, não é mesmo Helius?-O homem moreno então respondeu rindo:
- Você continua atrevido como sempre. Eu e Vivian sentimos sua falta- Aerion suspirou:
- Eu também senti. Você não imagina como é chato criticar com mordacidade aquele simplório do Marcielius Os outros e ele gargalharam.
Aerion olhou para os outros que aparentavam a satisfação de um bom almoço. Falou então:
- Bom, creio que já nos satisfizemos. Agora desejo respostas
- Claro – disse Ramirez – e as terá. O que você quer saber?
- Por que me pouparam?
- Para lhe fazer uma oferta.
- Qual?
- Você deseja ler os livros, certo?
- Certo.
- E eu preciso de mais cavaleiros.
- O quê?!
- Bom, eu não sou edil. Sou atualmente comandante da grande diocese de Elisus.
- Diocese? Da ordem dos sete dragões?
- Sim
- E, devo entender que você me quer como cavaleiro?
- Sim.
- Por que?
- Porque tenho 5.000 unidades em cinco dioceses e estas em quatro colunas. É pouco, e quanto mais, melhor.
- Melhor para quê?
- Para enfrenta a situação. Pois a ordem do corvo se mostra poderosa. Doravante é imperativo vigiá-la.
- E para isso você precisa de mais cavaleiros...
- De fato
- Suponho que serei um dos noviços...
- Ah, não mesmo. Você terá o direito de um cavaleiro com um ano me membro.
- Por que?? Isso é muito inquietante! Sou muito novo, tenho apenas 14 anos, e....
- Você já é forte o suficiente. Já chega, você aceita ou não?
- Bem... aceito. Quais minhas atribuições?
- Obedecer a seu comandante na subdiocese indicada.
- E qual será?
- Não sei ainda. Veremos.
- Enquanto isso...
- Treine e consulte os livros. Estão a sua disposição.
- Por quanto tempo?
- Bem –ela falou encabulada- está certo, é isso mesmo. Vamos? Helius está esperando.
- Não. O que em mim mudou tanto?
- Você esta mais velho.....diferente....
- Sim, mas diferente como?
- Sombrio.....
- Há, pelamordosquatrotitãs, você nisso não mudou, - disse, rindo, o adolescente- eu sempre fui meio sombrio. Como se fala, um “misterioso intrigante metido a intelectual”.
- Mas diga-me, o que você tem feito? – ela questionou
- Treinando meus encantamentos para fazer Marcielius passar vergonha. Sabe que a uns três meses eu usei uma poção e ele ingeriu com vinho na taberna. Ele ficou louco, bêbado, e quase foi expulso por constranger a filha do condestável.
- Você é terrível!
- Eu sei.
- Sim, mas quero que fale da disputa.
- Bem, para decidir um novo líder da diocese, promoveu-se um torneio entre os cavaleiros. Daqui a três dias.
- Eu vou me inscrever.
- Vai?! Mas você não se recuperou!
- Faz uma semana hoje, desde que você me deu o ungüento.
- Ta bom, ta bom, mas fica difícil saber se você esta bom ou não. Sei que você se recupera muito rápido, mas ...
- Vamos? Helius deve estar impaciente.
- Ta bom, mas vista o Dólmã.
- Por que? esse traje é muito estranho!
- É a roupa que o identifica como oficial intermediário.
- Sim, ta, já sei. Vamos então?
- E o dol...
- Detalhes vamos logo – e correu
- Passaram por vários corredores até um grande pátio, onde ecoava o som de armas. O pátio tinha a forma de um pequeno anfiteatro, todo decorado com mármore, colunas de basalto verde, e ouro nos enfeites. Aproximadamente 50 pessoas de idades variadas estavam, com armas em punho, lutando com grande ferocidade. Para se proteger levaram escudos grandes em forma de folha ou retângulo, além de corselete de couro guarnecidos de chapas de bronze. Heitor se batia, portando um mangual com um jovem de nome Constâncio, que usava um machado. A luta permanecia indecisa, e Aerion e Vivian se postaram frente a frente e se prepararam.
- É um admirável esgrimista – a voz fria de Elena chegava, sussurrante, a seus ouvidos- mas creio que não mostrou toda a sua habilidade. Minto?
- ................
- Responda!
- Por que deveria?
- Talvez por que para se candidatar à liderança da subdiocese precise passar por mim.
- Mente! Qualquer um pode se candidatar.
- Qualquer um que já tenha provado suas habilidades.
- Então é assim?! Em guarda, tola!
- Ah, não! Aqui não. Amanhã, ao alvorecer, na colina da floresta. De acordo?
- Sim. Aguardo-te.
- O prêmio, não sei se sabe, para o comandante é uma arma de rara beleza e poder. É uma espada, cuja lâmina é feita do chifre puro de um unicórnio. Surpreso?
- Não. Ela será uma augusta companheira para minha espada.
- Esta tão certo de sua vitória?
- Você vai descobrir amanha.
Faz bastante tempo, desde que alguém, homem ou mulher me questionou sobre a minha vida antes da guerra da Luz e das sombras, da qual fiz parte e lutei, como um dos lideres. Mas, é necessário deixar esse relato para as futuras gerações, pois estou velho, e, a coroa de duplo rei pesa em minha fronte. Ademais, já vivi muito, somando-se cerca de dois mil e setecentos anos desde o meu nascimento. E, alem disso, meu neto a todo o momento quer me questionar sobre minha juventude, mas nunca o faz, por medo, presumo. Mas não vou começar a minha historia a partir da infância, uma vez que esta crônica é romanceada, de modo a ser lida como um relato fiel dos fatos. A historia começa, creio, no ano que completei quatorze anos, na vila de Ialgar, onde eu morava. Naquela manhã do ano de 4.900 desde a fundação do Império Austral-ocidental.
Aerion estava, tarde da noite do ultimo mês do verão contemplando os céus limpos e estrelados, meditando. Afinal, há dias esperava um sinal. Na verdade, há anos. Desde que se entendia por gente tinha o desejo de ir embora e viver aventuras, acentuado pelo fascínio pelos encantamentos, desde que, ainda criança vira um Encantador executar pequenos truques na feira da vila. Por isso, entre o trabalho e os estudos, começara a estudar o Encantamierrium (aprendizado dos encantamentos), sem seus pais saberem. Mas há cinco anos eles haviam morrido, quando tinha apenas nove anos. Desde então havia sido criado pelo abade do templo local, que lhe ensinara os preceitos da fé aos quatro titãs, alem de deixar que ele pesquisasse nos tomos do mosteiro sobre os encantamentos e lhe ensinara a Poder dos sacerdotes, a Fé. Mas, Aerion sempre soube que seu destino não era aquele. Por isso, agora buscava nos céus um sinal, na sua estrela, Sothis, a estrela do poder encantado e o olho direito de Seth, titã do fogo e mestre dos dragões. Mas, desde que a lua nascera Aerion contemplava os céus, mas até agora não vira nenhum sinal. Decepcionado, virou-se e seguiu para o sobrado que fora de seus pais um vulto escuro na noite clara. Era um rapaz de estatura mediana, musculoso, com a pele clara e rosto anguloso, forte e com traços imponentes. Tinha olhos escuros e sem foco, que davam um ar serio ao seu rosto. Os cabelos eram escuro, cortados curtos e penteados para trás, deixando-o lamentavelmente espetado. Ainda contrariado, deu um ultimo olhar para Sothis e se voltou para a porta de casa.
Mas enganara-se. O sinal fora dado, e estava lá fora, espreitando na escuridão, aguardando o momento de agir, na forma de dezenas de figuras negras, ocultas pelas arvores e apenas aguardando o momento de atacar a pequena vila. A ansiosidade prendia o ar em volta, e eles olhavam fixamente para o portão da muralha protetora, defendido por uma companhia de arqueiros sonolentos. Talvez por isso não notaram a figura que se esgueirara para fora da cidade por uma porta lateral, indo na direção leste, para a fortaleza do condestável, a um quilometro de distância.
E talvez fosse conhecidência, mas quando a figura desapareceu na estrada, a criatura que estava à frente das outras ergueu a mão e, baixou-a em seguida. O ataque à vila de Ialgar.
Aerion despertou apenas pouco mais de uma hora desde que adormecera, ouvindo gritos vindos da rua principal, para onde dava o seu sobrado. Num primeiro momento ficou confuso, mas, depois de clarear a mente saiu da cama de um salto, e vestiu rapidamente uma túnica e calças, alem de pendurar um cinto de onde pendia um sabre e uma faca, e colocar no pescoço a corrente de ouro vermelho, que segundo seu pai, lhe dava a mesma proteção de uma cota de armas de aço puro. Então, desceu para a porta e, com um suspiro a abriu. E o inferno veio à tona. A vila estava sendo atacada por o que parecia ser uma tropa de estranhas criaturas, com mantos de penas negro-resplandecente como as de um corvo.
Assim que saiu de casa, Aerion foi atacado por um trio de criaturas, que cometeram a tolice de ir a sua direção. Aerion simplesmente acertou com a espada o flanco do primeiro e de quebra decepou a perna do segundo, terminando por decapitar o terceiro. Mas, infelizmente, aquilo chamou a atenção de um grupo maior, de oito. Franzindo a testa, ele viu que o trabalho seria mais complicado, e, de fato, na altura em que o terminara um grupo grande estava olhando para Aerion. Inclusive o chefe, que tinha uma espada trabalhada na forma de uma pena de corvo, só que feita de platina, e, por debaixo do estranho manto havia uma cintilação no mesmo tom, que indicava que a cota dele sem duvida deveria ser encantada. Ele olhou para Aerion, e, este por sua vez olhou em volta para avaliara a situação. Estava cercado, mas não foi isso que lhe chamou a atenção, mas sim o fato de todas as pessoas se dirigirem para a torre sudeste, onde ficariam protegidas. Não que isso interessasse a ele, uma vez que ele não era muito querido na vila, pois, no dia do seu nascimento o amado chefe da vila havia, lamentavelmente falecido. Mas, não era o que seu pai teria feito. Não era a maneira pela qual fora educado, se bem que ele não estava muito preocupado com a educação que seu pai lhe dera, não era igual a seu pai, e, nem sempre era tão nobre quanto ele, para começo de conversa. Rilhando os dentes, de raiva, correu para a direção oposta a torre, para o portão norte, entrando pouco depois num dos muitos becos próximos. A tropa de inimigos o seguiu, mas Aerion conhecia melhor as passagens da vila, e, pouco depois, parou num entroncamento, com uma mureta baixa. A tropa passou por ele, na certa sem vê-lo devido à parede próxima, do lado direito, que o encobria. Sorrindo, Aerion pulou o muro, andando pelo jardim em forma de forma circular contíguo a uma das casas até chegar ao outro lado, onde pulou novamente a mureta. Estava próximo ao portão sul e a torre sudeste. Discretamente foi para o primeiro, pensando em chamar auxilio. Entretanto, apesar de ser forte, não conseguiu se aproximar do local, pois sua audição de caçador distinguiu uma voz, que ele identificou como sendo de Marcielius, um dos jovens e populares defensores da vila:
- Quem é você, que me fala como se fosse meu amigo, mas ataca minha vila como um ladrão, na calada da noite? – falou com voz trovejante e desafiadora.
- Eu, sou o Mandarim da ordem do corvo, e príncipe de Cratopolis, a cidade do corvo. E quanto a minha ação, tenho meus motivos. Então, aceitas? – disse, um tanto bruscamente.
Aerion, sorrindo retrucou:
- Prefiro matá-lo. – falou em voz baixa. Seu inimigo irritado urrou:
- Pois vais morrer! E muito me alegrarei em ver sua agonia!- disse, indo em direção a Aerion com a espada na mão esquerda e uma outra, menor na direita. Ele então cruzou as espadas e pulou, dando uma cambalhota no ar e parando atrás do inimigo. Este se voltou, enraivecido, e ele dessa vez inverteu a adaga e avançou em direção ao inimigo, defendendo os golpes laterais e estocando. Num dado momento ambos perderam as armas auxiliares, e Aerion brandia a espada com as duas mãos, e o inimigo também. Mas ele tinha uma idéia, e, no momento que o inimigo fez um movimento lateral particularmente exagerado, Aerion deu uma estocada no peito do mandarim, que o acertou no centro do torso, e este largou a espada. Aerion achou que tinha vencido até ver o inimigo erguer os braços e lançar um raio de poderosíssima energia negra, que acertou Aerion em cheio, fazendo-o bater com um estrondo fortíssimo na parede, que estava cheia de sangue quando o rapaz caiu no chão, quase inconsciente. Com suas ultimas forças, decidiu usar o encantamento secreto que desenvolvera: O Dragão Flamejante. Só que usá-lo no seu estado o deixaria quase morto, no mínimo. E por que faria isso? Por pessoas que desgostavam dele, pra dizer pouco? Mas, pensou, isso provaria a sua honra, alem de livrá-lo de uma vida que não era das melhores. Portanto usou.
A criatura devia achar que estava morto, por isso não se preocupou em manter a guarda. Por isso, quando Aerion se ergueu repentinamente e de seu antebraço jorrou uma torrente de chamas na forma de um dragão vermelho e dourado, o encantamento poderosíssimo o atingiu em cheio, e arremessou-o vários metros no ar ate cair com um forte barulho no chão a vários metros de distancia, pára o espanto da tropa inimiga. Aerion, com um suspiro se deixou apoiar na espada, rilhando os dente devido à dor dos ferimentos. Por alguns segundos jubilosos, pois aparentemente havia vencido o combate. Mas sua alegria terminou quando o inimigo se ergueu e disse algo numa língua estranha indo à sua direção. Era demais! Caiu no chão, triste, exausto depois de tanto esforço. A criatura disse simplesmente:
E o rapaz apenas cuspiu nele. A criatura sibilou, e, ergueu a mão em concha, e uma estrela negra surgiu em sua mão. Mas, quando tudo poderia ter acabado naquele momento Aerion foi salvo pelo abade Cellus, que fora buscar ajuda do condestável, capitão Antoninus e agora voltava com uma dúzia de arqueiros e três de lanceiros, investindo contra as criaturas. O inimigo urrou de ódio e dor, quando uma flecha o atingiu na perna, e, ele então revelou que a capa era na verdade potentes asas, que ele abriu e se ergueu para cima, para os céus, indo em direção ao sudoeste.
Ao velo o abade pensou “Sagrados Titãs, é um Nifilim renegado!” E foi em direção a ele, esquecendo momentaneamente o pobre diabo morto na soleira da porta. Mas, nem todos se comportaram assim, e, uma figura encapuzada se aproximou dele. Era uma mulher belíssima, e nua, exceto por um colar de ouro e âmbar entre os seios fartos. Ela se aproximou de Aerion e, com delicadeza tocou nas pálpebras fechadas dele, durante poucos segundos. Então, satisfeita beijou-o no alto da cabeça, e pousou-o delicadamente no chão, e ergueu-se, se afastando para um dos becos, lá desaparecendo no ar noturno.
O abade voltou, depois de minutos de uma perseguição sem resultados para a porta da torre, onde o pobre-diabo estava caído. Então, ergueu com uma certa rudeza o que ele acreditava ser um cadáver. Teve três surpresas: uma, era Aerion; duas, estava vivo; e três...
Aerion despertou de um sonho com uma beldade nua, com quadris largos e seios fartos, pernas grossas, pele clara e um rosto fino e belo, com profundos olhos cinzentos. Ela lhe dizia para ir para o sul, para Taese, o que quer que fosse isso. Quando acordou, A primeira sensação de Aerion foi à sensação de alegria por estar vivo. Depois, uma sede incontrolável. Em questão de momentos então percebeu que estava em um local estranhamente familiar, com paredes azuis e janelas altas, com o caixilho de mármore branquíssimo. Num átimo se lembrou: um dos quartos do templo. Tentou se erguer, mas acabou esbarrando num sino de cobre muito antigo e corroído, que caiu com um ruído metálico no chão atapetado. Aquilo fez com que a porta em poucos minutos se abrisse, pouco depois de tomar um gole em um cantil, ao lado da cama, na mesa do sino. O abade entrou, com um espelho. Sem dizer nada, ele o ergueu de modo que Aerion pudesse olhar para ele. O que viu deu-lhe vontade de estar morto.
Seus olhos estavam com uma marca estranha, como que feita a fogo: dois dragões alados, vermelhos e dourados, um em cada olho. Ele teve vontade de se cegar, e acabar com aquilo, mas, o velho monge disse:
- Sente-se. Aerion obedeceu, apesar de relutantemente. Ele suspirou e continuou:
- O que esta em seus olhos é um símbolo. Um símbolo do titã do fogo, Seth.
- Mas - disse Aerion – o que significa? E por que apareceu em mim? Eu deveria estar morto, não?
- A resposta de seus questionamentos é: Não sei. Não sei o que significa, mas sei quem pode saber. E ele talvez possa responder a segunda pergunta. Quanto à terceira, duvido que possa.
- Quem é esta pessoa?- perguntou Aerion, com voz ansiosa.
- Calma, chegarei lá. Sem duvida você sabe que, a trinta e cinco anos o velho Darkius Ashartrein, Arconte-Emir de Trenus morreu sem deixar herdeiros. E que um dos seus primos, um dos duques do corrupto império Nektor, Ratanar Comodus assumiu o trono, inaugurando a dinastia dos Comodus.
- Sim, claro que sei isso. Falou Aerion, um pouco insolentemente.
- E certamente sabe que houve uma luta interna entre o Arconte e duas das ordens defensoras do Emirado: A ordem dos sete dragões e a ordem do Jaguar. E que estas foram derrotadas pela ordem da Águia em parceria com a proscrita ordem do corvo.
- O que você não sabe é que houve, na verdade uma traição: O velho Darkius tinha um testamento, na qual um dos seus primos em terceiro grau assumiriam o trono, eles eram os Argensor, e, seu patriarca, o Conde Elctorius Argensor-Ashartrein deveria assumir o trono do emirado, e era apoiado pelas ordens mais poderosas: A dos Dragões e a do Jaguar. Mas, o primo do imperador, o Duque Comodus achava que ele é que deveria assumir o cingir a mitra de Arconte-Emir. Então, procurou o Grande Mandarim da ordem do Corvo, Tyrrenus Cractos e, fez uma oferta a ele: Se a ordem o ajudasse a conquistar o trono, ele a tiraria da ilegalidade. Se não, ele ordenaria uma caçada aos territórios do corvo. Claro que o Grande Mandarim aceitou, e ambos reuniram suas forças e marcharam para a capital. A população ainda não sabia quem era o Arconte, mas, devido aos boatos dos espiões, acreditavam que era Ratanar, e, o aclamaram. Com apoio popular ele foi ao palácio, onde confrontou os três Grãos mestres, que disseram que, pelo testamento o Arconte era Elctorius. Mas, o duque, fortemente apoiado pelo exercito atacou as três ordens, matando muitos deles, e, tomando o poder a força. As ordens estavam enfraquecidas popularmente, de modo que não puderam lutar pelo legitimo soberano. Por isso, o Grão mestre da ordem do dragão propôs que todos se exilassem, deixando o reino à mercê do usurpador e de suas tropas, que agora incluíam monstros como os minocentauros, os Thariks e os homens-corvos, ate que os atos chegassem a tal ponto que a população pedisse auxilio, e, as ordens o forneceriam.
- Mas o que isso tem a ver comigo?- disse impaciente Aerion.
- Vou chegar lá. A idéia era astuciosa, e poderia ter dado certo, se não ocorresse um cisma nas ordens, que ficaram muito enfraquecidas, e tiveram de se exilar no extremo sul, na planície de Quetzacoaltl, onde foram fundadas duas cidades: Tenotitlan, capital do reino Jaguar e Meroé capital do império dos sete dragões. Esses territórios são locais perigosos e fortificados. E ai que entra você: o homem que pode ajudá-lo mora no império Meroitico: Ramset Velkor Grão mestre da ordem dos sete dragões e rei de Meroé.
• Aerion descobre a verdade de sua família, e precisa lidar com uma nova responsabilidade.
• A história do Barão Samedi.
• Quem esta por trás de tudo?

Vivian chamou alguns pajens para carregar e levou Aerion para a sua ala, pensando no que ocorrera. Ele ganhara uma promoção recorde (mas não imerecida) graças a sua coragem. Chegou por fim a um quarto ao lado do seu. Abriu a porta e o jogou na cama. Tirou o gibão e o medicou, passando ungüento e depois o enfaixando. Saiu e fechou a porta, seu coração pulando de alegria: Sim, aquele que por tanto tempo fora seu companheiro voltara! E pouco mudara, pois ainda parecia forte e ousado. Instintivamente olhou para o espelho: Era uma jovem, nem criança nem mulher, mas belíssima já naquela época, O corpo cheio de curvas, macio, mas com a rijeza de uma atleta, a pele morena clara, aveludada, os cabelos escuros, a boca nacarada, os olhos como os cabelos, ornados por sobrancelhas longas e arqueadas. Ou, se não fosse suficiente, seus seios fartos e generosos, suas coxas grossas, sua voz, um sussurro de delicadeza, como uma mulher que ainda conserva a inocência de sua infância. Era Vivian, sacerdotisa e amazona, que fora a companhia de Aerion na frieza da solidão que injustamente impingiram a ele, mas que o tornaram tão atraente aos olhos dela (apesar de achá-lo atrevido, se não safado).

De fato, era assim que se lembrava dele. Foi para seu quarto e adormeceu.
Aerion acordou cedo, crendo que estavam a lhe torturar. Na verdade, acabara por dormir sobre seu braço que estava quase sem irrigação sangüínea. “Água – pensou - preciso de um banho. Estou realmente precisando.”
Levantou-se, abrindo e fechando as mãos. Olhou para o quarto. Duas portas, uma à direita (mais perto) e outra à frente (mais longe) optou pela primeira, e deu sorte, pois estava efetivamente em uma sala de banhos completa. “que meu anfitrião me perdoe, mas preciso disso.” Portanto olhou para um registro acima de um cano, que desembocava numa pequena piscina. Girou, e água fria caiu , alternada por água quente que vinha da parte de baixo. Quando atingiu algo entre 1:60 m desligou e derramou óleo, que deixou a água opaca. Despiu-se e mergulhou, rápido lavando-se da sujeira e esfregando o braço. Foi quando ouviu uma voz no quarto, a voz de Vivian, dizendo seu nome. Respondeu que estava no banho, e ela disse algo haver com “limpa” e saiu. Ele também não demorou, abrindo um segundo registro que recolheu a água. Enrolou-se numa toalha e voltou ao quarto. Não reparara, mas ele tinha uma varanda-sacada, aberta para as montanhas. A “limpas” se mostrou como um estranho conjunto de roupas, formado por camisa, calças, botas, e um, sobretudo. Quente, pensou. Era de um tom leve, azul escuro, com detalhes de sete dragões. Conhecia o símbolo, usado pelos membros da ordem dos sete dragões. Vestiu. Eram leves, e lhe assentavam como um dólmã. Assim, logo após isso encontrou aos pés da cama sua bagagem, sobre um bilhete de alguém. Leu


Numa tormenta de pensamentos percebeu o que estava acontecendo: Estava em algum lugar, sob a custodia de Ramirez! Mas que custodia estranha, onde tinha armas e bens!Que significava? Bom, melhor era esclarecer o fato. Saiu do cômodo, entrando numa saleta em abobada, com quatro portas. Numa estava escrito o nome de Vivian, na outra P-N, a oposta a essa, P-S, e a quarta era o local de onde viera. Seguiu pela P-S, onde achava provável que o significado fosse Pavilhão Sul. E foi, por um longo corredor aberto para os jardins. Chovia, e os cajueiros recebiam a água. Uma estatua de pedra basáltica, na forma de um Delfin enfeitava o centro do local. Andava de forma lenta, pensando no que vira desde que partira. Sentia-se confuso, e queria explicações. Seria talvez melhor começar por Ramirez. Apressou-se, ouvindo a sinfonia da chuva batendo no mato, e quase não se deu conta quando se aproximou de um estreito, mas longo retângulo de tijolos e cal branco. A porta era de madeira pesada, provavelmente mogno, e as fechaduras eram de ferro. Bateu, e não demorou a porta se abriu, por um ordenança. Este, rápido disse:
- Ele o aguarda para comer. Deseja algo?
- Não. Conduza-me, por favor.
- Pois não, senhor.
Corredor adentro , chegou a um pavilhão com diversas colunas de mármore claro, e uma mesa central de algum tipo de metal vermelho. A mesa em si era redonda, coberta dos mais excelentes alimentos. Estavam ocupando quatro dos cinco lugares, e já comiam a vontade. Reconheceu os três mais próximos, como sendo Ramirez, Vivian e Elena. O ultimo não lhe era estranho, alto, muito forte, moreno, com cabelos curtos penteados para traz, num topete. Ramirez sorriu, parou de conversar e falou com jovialidade:
- Sente-se rapaz, deve estar com fome, depois de um dia inteiro sem nenhum alimento. Tivemos de mantê-lo sedado, pois se mexesse o tronco ou os braços o ungüento não faria efeito. Mas agora coma.
- Não posso dizer que a eficácia do ungüento me alegre. Mas agradeço o convite. Quero porem respostas à altura das perguntas que farei.
- Muito bem, mas primeiro sente-se e coma, teremos muito que falar.
Sentou-se, comeu e bebeu fartamente, pois era uma mesa realmente digna do mais exigente monarca. Apreciou em particular uma salada das mais variadas frutas tropicais, embebida em vinho tinto suave vindo da cidade de Setab (contra a vontade do Abade, e muitas vezes escondido, se tornara um grande apreciador de vinho). A conversa versou no campo das viagens do desconhecido, que falava com um sotaque carregado, parecido com o de Aerion de súbito este o reconheceu: Helius, a outra criança que falava com ele com alguma gentileza e lhe fazia companhia. Não deu mostras de o reconhecer, pois ele de fato mudara, de um menino magro se tornara um jovem gigante. A refeição logo acabou e passaram para uma sala menor, onde poderiam conversara com calma, embora Aerion estivesse extremamente impaciente.
Do outro lado da casa, numa sala fechada de aço, jazia numa almofada a lâmina de coral. Ela brilhava, um brilho estranho, bruxuleante, que espantaria quem a visse. O coral vivo se movia, e cinco vozes se comunicavam num idioma ancestral. Falavam de tempos passados, onde tinham poder e eram temidas, de seus grandes reinos, de sua queda e derrota, de sua maldita prisão. Quase 10.000 anos adormecidos. Mas hoje, acordavam. Voltavam à atividade, e inspiravam atos de vilania onde quer que seu poder mestre chegasse.
Mas os tempos haviam mudado. Um poder antigo, anterior ao deles próprios voltara, e percebia a utilidade daqueles entidades. Calculou em sua mente astuta, e decidiu acabar com um de seus inimigos.
No vale, onde se localizava o solar de don Ramirez, chegara numa distorção da realidade. Uma figura estranha: Alto, pela escura, utilizara roupas formais, típicas das mais altas classes. Na mão direita, tinha uma bengala cujo castão tinha forma de um carneiro com os chifres recurvados. Pensava na tola Lakhchaza, que achara que poderia vencer sozinha e acabara por morrer. Pensou rápido: seus inimigos mal tinham 300 pessoas armadas. Se mandasse mil poderia derrotar rapidamente esses tolos. Sim, o grande Kxatria lhe seria eternamente grato. Assim, com seu pode maligno começou a abrir pequenas distorções na realidade, pela qual seus servos malignos eram levados para a área próxima ao solar. Durante horas assim foi. A ultima distorção levava seu mensageiro. Uma figura de baixa estatura, com um cajado na mão direita na ponta superior do qual havia uma mão negra apertando uma esfera de cor roxa. Em volta dele, um pequeno grupo de elite, e, a vista de todos num pequeno outeiro havia o solar do Edil Ramirez. Olhou e disse, com uma voz maligna:
- Cuidem para que não percebam nosso avanço. Deve ser gradual, mas ligeiro. _ falou a um oficial próximo.
- Sim, milorde.
- E não me falhe, comandante. Não quero sequer um sobrevivente.
Farei come me ordena, Barão Samedi. Excelência... -fazendo uma mesura, o comandante se retirou.

* * *

Na pequena sala, havia uma mesa redonda, disposta em volta dela, quatro cadeiras,uma cadeira de espaldar reto e braços,trabalhada por motivos geométricos, animais e seres fantásticos na madeira belíssima de mogno. Nesta cadeira sentou-se Ramirez, e os outros se colocaram em volta. Aerion então falou:
- parece que conheço mais de uma pessoa aqui, não é mesmo Helius?-O homem moreno então respondeu rindo:
- Você continua atrevido como sempre. Eu e Vivian sentimos sua falta- Aerion suspirou:
- Eu também senti. Você não imagina como é chato criticar com mordacidade aquele simplório do Marcielius Os outros e ele gargalharam.
Aerion olhou para os outros que aparentavam a satisfação de um bom almoço. Falou então:
- Bom, creio que já nos satisfizemos. Agora desejo respostas
- Claro – disse Ramirez – e as terá. O que você quer saber?
- Por que me pouparam?
- Para lhe fazer uma oferta.
- Qual?
- Você deseja ler os livros, certo?
- Certo.
- E eu preciso de mais cavaleiros.
- O quê?!
- Bom, eu não sou edil. Sou atualmente comandante da grande diocese de Elisus.
- Diocese? Da ordem dos sete dragões?
- Sim
- E, devo entender que você me quer como cavaleiro?
- Sim.
- Por que?
- Porque tenho 5.000 unidades em cinco dioceses e estas em quatro colunas. É pouco, e quanto mais, melhor.
- Melhor para quê?
- Para enfrenta a situação. Pois a ordem do corvo se mostra poderosa. Doravante é imperativo vigiá-la.
- E para isso você precisa de mais cavaleiros...
- De fato
- Suponho que serei um dos noviços...
- Ah, não mesmo. Você terá o direito de um cavaleiro com um ano me membro.
- Por que?? Isso é muito inquietante! Sou muito novo, tenho apenas 14 anos, e....
- Você já é forte o suficiente. Já chega, você aceita ou não?
- Bem... aceito. Quais minhas atribuições?
- Obedecer a seu comandante na subdiocese indicada.
- E qual será?
- Não sei ainda. Veremos.
- Enquanto isso...
- Treine e consulte os livros. Estão a sua disposição.
- Por quanto tempo?
- Bem –ela falou encabulada- está certo, é isso mesmo. Vamos? Helius está esperando.
- Não. O que em mim mudou tanto?
- Você esta mais velho.....diferente....
- Sim, mas diferente como?
- Sombrio.....
- Há, pelamordosquatrotitãs, você nisso não mudou, - disse, rindo, o adolescente- eu sempre fui meio sombrio. Como se fala, um “misterioso intrigante metido a intelectual”.
- Mas diga-me, o que você tem feito? – ela questionou
- Treinando meus encantamentos para fazer Marcielius passar vergonha. Sabe que a uns três meses eu usei uma poção e ele ingeriu com vinho na taberna. Ele ficou louco, bêbado, e quase foi expulso por constranger a filha do condestável.
- Você é terrível!
- Eu sei.
- Sim, mas quero que fale da disputa.
- Bem, para decidir um novo líder da diocese, promoveu-se um torneio entre os cavaleiros. Daqui a três dias.
- Eu vou me inscrever.
- Vai?! Mas você não se recuperou!
- Faz uma semana hoje, desde que você me deu o ungüento.
- Ta bom, ta bom, mas fica difícil saber se você esta bom ou não. Sei que você se recupera muito rápido, mas ...
- Vamos? Helius deve estar impaciente.
- Ta bom, mas vista o Dólmã.
- Por que? esse traje é muito estranho!
- É a roupa que o identifica como oficial intermediário.
- Sim, ta, já sei. Vamos então?
- E o dol...
- Detalhes vamos logo – e correu
- Passaram por vários corredores até um grande pátio, onde ecoava o som de armas. O pátio tinha a forma de um pequeno anfiteatro, todo decorado com mármore, colunas de basalto verde, e ouro nos enfeites. Aproximadamente 50 pessoas de idades variadas estavam, com armas em punho, lutando com grande ferocidade. Para se proteger levaram escudos grandes em forma de folha ou retângulo, além de corselete de couro guarnecidos de chapas de bronze. Heitor se batia, portando um mangual com um jovem de nome Constâncio, que usava um machado. A luta permanecia indecisa, e Aerion e Vivian se postaram frente a frente e se prepararam.
- É um admirável esgrimista – a voz fria de Elena chegava, sussurrante, a seus ouvidos- mas creio que não mostrou toda a sua habilidade. Minto?
- ................
- Responda!
- Por que deveria?
- Talvez por que para se candidatar à liderança da subdiocese precise passar por mim.
- Mente! Qualquer um pode se candidatar.
- Qualquer um que já tenha provado suas habilidades.
- Então é assim?! Em guarda, tola!
- Ah, não! Aqui não. Amanhã, ao alvorecer, na colina da floresta. De acordo?
- Sim. Aguardo-te.
- O prêmio, não sei se sabe, para o comandante é uma arma de rara beleza e poder. É uma espada, cuja lâmina é feita do chifre puro de um unicórnio. Surpreso?
- Não. Ela será uma augusta companheira para minha espada.
- Esta tão certo de sua vitória?
- Você vai descobrir amanha.
- Uma tarefa das mais fáceis, enfrentar três reinos para fazer uma pergunta, que, desconfio, vão me render mais perguntas, e mais viagens, imagino que para desafiar os próprios deuses, se não forem os titãs...
O abade, ao ouvir isso ficou com o rosto corado, e com os olhos profundamente chamejantes. Mas sabia como contornar a má vontade de Aerion, e por isso falou num tom intencionalmente calmo:
- Sabe, você tem sorte. Acredita que naquela noite quiseram lhe arrastar para um tribunal? Marcielius estava decidido a fazê-lo, mas eu o dissuadi...-Aerion não ouviu, mas nada: Seu rosto estava branco, e seus olhos, brilhavam com um chama cruel:
- Eu salvei todos, eu enfrentei os malditos, eu me arrisquei á morte - falou - e aquele crápula filho de um cão manco que não teve coragem de lutar me acusa?
- Bem...Sim - disse o esperto sacerdote.
- Parto pela manhã! – disse, resoluta Aerion – uma mudança de ares vai me fazer bem.

Estava na manhã seguinte, pronto para partir, com muito sono, devido à noite curta. Ficara acordado varias horas, preparando a jornada. Mas, era compensado por estar esplendidamente equipado: levava, em termos de armas um arco, a espada, as duas adagas nas botas e mais quatro dessas, só que de arremesso, o kit para arrombar portas e surpresas desagradáveis (leia-se: Armadilhas). Como armadura, levava uma cota de armas que achara em casa. Alem disso, levava comida suficiente para duas semanas, mudas de roupas limpas, dois cantis de oito e dez litros com água, um odre de três litros com vinho “cedido” (roubado é mais próximo da verdade) três kits de médicos (com agulha, linha, infusões, frascos e um ungüento anti-séptico tudo esterilizado), mochila e duas sacolas, alem do cinto, que mais parecia um cofre: lá ele levava uma pequena fortuna em ouro e jóias, o saco de dormir e cobertores. Tudo isso no cavalo e na égua que lhe haviam sido presenteados pelo Abade, junto com um conjunto de cinco mapas e dois livros das artes do encantamento. Por um momento, Aerion pensou em fugir para longe, se estabelecer em algum lugar distante, onde pudesse criar uns animais e estabelecer família, ver os filhos brincarem, enfim, ser livre e feliz. Mas, e se passasse o que quer que fosse aquilo para os filhos? E pior, se os filhos sofressem com aquilo? Afinal, Aerion conhecia a arte do encantamento, e a utilizara para criar a ilusão de olhos normais, mas e se isso não fosse possível para seus filhos? Suspirando, continuou seu caminho.
Passou então a estudar detidamente os mapas, com bastante atenção, atentando para os locais onde seria possível acampar, e, à distância para a cidade mais próxima: Sais, a sede do Baronato de D’alechan, a um dia de viagem a pé e depois a fronteira com o reino de Varenya. Este era um território aprazível, com solo fértil, clima temperado, tendendo para o frio no extremo norte. Era bem abastecido de rios e lagos, e, duas características inéditas, eram: suas fontes termais naturais, seu governo de Alianças com Dom Miguel, Capitão hereditário de uma das ilhas com o rei de direito, (pirata nas horas vagas). A viagem prosseguiu desinteressante, por uns dois dias, viajando da aurora ao crepúsculo, com breves pausas para se alimentar e descansar. Assim, se aproximou da metrópole regional, a cidade de cristal, Sais, de porte médio, muito populosa, cheia de artigos interessantes, ladeada por uma muralha imponente, de forma octogonal, com torres nas arestas e arqueiros nas ameias. Havia dois portões, feitos de rocha negra, coberta de agramarssa de cal e água, que davam a ela um tom branco imaculado (também eram fortemente guardados por vinte guardas, cada um trajando malhas e tendo como armas espadas e lanças, alem de bestas). Aerion entrou na cidade e se deparou com as ruas largas, bem pavimentadas, imponentes, feitas de pedras retocadas com cal branco. Seguiu para a acrópole, e, próximo a esta encontrou uma estalagem/taverna de fachada limpa e bem cuidada, com uma estatua na forma de um guerreiro atacando uma criatura repulsiva, com aparência de uma cobra, (“típico – pensou - de um estalajadeiro gordo, que nunca teve que lutar, mas se gaba de poder”). Entrou, e encontrou um ambiente aconchegante, com mesas e cadeiras espalhadas pelo salão, um balcão longo, com a parede coberta de vinhos e copos. Foi até lá e falou com uma mocinha baixa e magra, atraente e recatada (parecia).
- Saudações. – falou, cortesmente - Desejo alugar uma suíte para uma pessoa.
- A suíte custa trinta e sete lingotes de cobre, contando com uma refeição à noite, senhor.
- De acordo.
Depois disso, ele se dirigiu rapidamente para a avenida principal, onde perguntou a uma matrona com largas batas brancas e gargalhada que fazia o chão tremer, o caminho para a biblioteca. Ela lhe disse para seguir pela avenida ate um edifício de mármore branco, muito grande e com oito colunas servindo de sustentáculo para o teto. Lá, desconfiava haveria de achar informações sobre a viagem, que estrada seguir, que perigos encontrar e como se proteger. Chegando no local, se deparou com o esperado exagero (prezava pela beleza, porem). Um guarda, com armadura completa simples e armado com uma lança e espada guardava a entrada. Questionando-o, com um pouco de esperteza, rapidamente descobriu que a biblioteca era também um monastério, o que o moveu a entrar logo, por largas portas de cedro, com entalhes em prata. Estava em um cômodo largo e retangular, repleto de estantes com livros dos mais diversos tamanhos e tipos.
O mobiliário era simples, mas muito bem feito, com elegantes adornos espirais Divisou na parede uma mesa vazia, onde depositou um fardo de pergaminhos e canetas tinteiro. Depois, se levantou e olhou para as plaquetas de chifre onde estava escrito em tinta negra: Religião: crenças, filosofias... Pegou um volume grosso, de capa de madeira onde estava escrito: Principais e Poderosos cultos. Folheou. A linguagem era simples, didática, e bastante explicativa, mas limitada pela censura do Arconte Emir. Os outros, não eram mais promissores exceto
um, caindo aos pedaços, e com uma magia para disfarçá-lo. Não foi difícil cancelá-la, e o livro era recompensador, falando brevemente sobre as ordens, e suas células/dioceses. O monge/guerreiro veio depois de um tempo, e tentou entabular conversa. Aerion o classificou como um noviço mais velho, que, obviamente se espantara em ver um desconhecido achar um livro que ele nunca vira (era o tipo de leitor que lia para não morrer de tédio, mas gravava as capas e títulos). Decidiu que podia se aproveitar do que ele sabia. Foi simpático e cortês, e o monge que era um ótimo companheiro para conversar, e obviamente não sabia guardar segredo. Logo, alem do que o livro fala, ele descobriu que o edil Ramirez era famoso por sua vasta biblioteca. E que muitos tomos falavam sobre religião, principalmente as... pouco lembradas.
Saiu horas depois, com muita coisa na cabeça, para pensar. Descobrira uma possível fonte de pesquisas, mas, ao mesmo tempo soube que visitas não eram toleradas. Não as licitas. Então, bastava planejar uma entrada “pouco ortodoxa”. Para tal usaria suas habilidades ladinas adquiridas ao longo dos anos, com o treinamento de caçador. Quando a lua chegou ao seu auge saiu da estalagem (o dono não o viu. Entabulara conversa com uma morena bonita, e não parecia atentar para a cerveja que derrubava da caneca, quanto mais para sua rápida saída.) , indo em direção a um pequeno pelourinho (local onde se anunciavam às decisões e atos importantes) na zona sul, um bairro de casas altas e senhoriais. Uma em particular era muito bonita, de madeira e pedras com torreões saindo dos tetos. E, ao lado dela um solar de pedra, que pertencia ao edil, longo e admiravelmente criado, obra de um talentoso arquiteto, sem duvida. guardado por dois soldados. Pensando rápido, concluiu: deveria distraí-los. E para isso, nada como um encantamento de invocação, num lobo solto pelo local. E assim, ocorreu, depois de um gesto longo e palavras num antigo idioma, pouco lembrado o lobo foi criado, e seguia, impávido pelas ruas, e como se a natureza se transformasse em uma criatura poderosa e inclemente, caindo sobre os pobres guardas, com uma distração mais que suficiente. Pulou a cerca, e, calmamente foi ate o pavilhão térreo. As janelas eram elegantes, e resistentes. Mesmo assim tinha um truque útil. E pegou de seu bolso um instrumento longo, feito de bronze com ponta de forquilha, fina, mas resistente. Passou por debaixo da porta, rapidamente, e a lâmina afiadíssima raspou a tranca de madeira. O velho Constâncius merecia os parabéns. Conseguira fazer uma ferramenta digna de nota.
Olhou pela janela, e se surpreendeu: fosse como fosse seus olhos conseguiam enxergar na escuridão, ainda que parcialmente e com cores mais fracas. Era uma sala longa, com teto em arco e varias poltronas e sofás. Tinha um par de portas, no canto oposto à janela, e eram ladeadas por estatuas pequenas de basalto e arenito, ambas mostrando um guerreiro com uma espada montando um tigre, lindamente cinzeladas. Era clara sua função protetora. Tocou a corrente em seu pescoço, num gesto particular. Como passar por elas?
Acabou sendo fácil. As estatuas pareciam estar numa posição bastante confusa, como se já tivessem sido ativadas. Olhou melhor a sala. Ela parecia desarrumada, com as cadeiras um pouco deslocadas, e uma mais escondida tombada. Concentrou a audição, buscando sentir as vibrações no ar e na dimensão espiritual da sala, um truque que o abade lhe ensinara. E conforme esperava, havia vibrações perturbadoras. Olhou as estatuas, de acordo ao outro plano. Estavam estáticas sem energia. Aquilo confirmou: Haviam sido usadas. Foi ate a porta, e, lentamente a abriu, concentrando na audição. Ao longe o som de um lobo, talvez o seu. Aqui, o som de passos e uma espécie de grunhido. Ninguém no hall, que estava todo desorganizado, mostrando sinais de luta, particularmente próximo a uma escada, que dava para cima. Foi até ela, ate chegar, depois de trinta e três degraus numa porta de bronze, aparentando estar selada. Nada muito forte, por isso utilizou outro pequeno encantamento, para entortar a barra principal. E a porta cedeu rapidamente. Muito bom. Nessas horas, valia os dois anos de treinamento intensivo. Abriu levemente a porta. Era um cômodo alto, com uma fonte de luz forte e instável. As vozes eram agora audíveis, a porta devia abafá-las. Ouvia uma voz feminina Aguda e maligna: “A garota pela espada-coral e agora!” e outra mulher dizia, numa voz fria e baixa, mas melodiosa “Não aceito. A espada não vai ser moeda de troca!” E umas vozes masculinas, serenas e possantes: “mesmo que a mate, não vai sair viva daqui.”. Isso deixou Aerion curioso, e ele de fato se decidiu: Pegou a lamina da faca, e a colocou para fora, onde detectara uma leve sombra, de um vaso, talvez. Fazendo a luz incidir, olhou para a lâmina polida e teve varias surpresas. A primeira: Havia varias pessoas, das quis quatro eram nítidas: Um velho, uma mulher jovem e bela, de pele escura como o mais puro Ébano e muitíssimo bela, um velho moreno e outra mulher, de pele doentia, amarela e podre, com uma espada sobre o pescoço de uma adolescente. A adolescente o foi à segunda surpresa: Vivian, a única, junto com Cílios que tinha amizade com ele nos longos anos de solidão. E ela estava ameaçada E o ódio cresceu, fazendo suas mãos tremerem. Não estava em condições aparentes de lutar mais o faria. Levou a mão à espada, e se preparou: Lançou-se sala adentro a espada numa mão e os “ventos solares” (encantamentos ofensivos que reúnem vento e fogo na outra. E foi realmente algo surpreendente o que ocorreu em seguida). A surpresa da mulher de pele doentia (provavelmente uma Lakhchaza em forma humana) foi a mais desagradável: um vento quentíssimo em seu rosto, e queimaduras insuportáveis pelo corpo. Ergueu a espada, e preparou o golpe na garota,que não estava mais lá: o rapaz louco que atacara a salvara. Via ele com clareza, por traz do brilho da sala incinerada. Estava claro que o rapaz tinha um domínio invejável sob o fogo, que era digno de nota. Mas ela não era uma adversária qualquer, e foi com malicia que lançou um punhal com um veneno cruel, atingindo Aerion de raspão, apesar da corrente que legada a ele por seu pai. Mas, apesar de salvar Vivian, em sua fúria não se dispunha a recuar: Sacou as armas e se lançou contra a Lakhchaza, sabre numa mão, faca na outra, e fogo estelar em seus olhos escuros. E por um segundo parecia traja do com uma malha, e uma dupla coroa lhe aparecia na cabeça, com um diadema de um dragão poderoso, com a garganta inflamada pela fúria. O velho (que invocara um circulo de cristais gelados) empunhou uma lâmina de cor vermelha, na qual havia muitos antigos Hieróglifos (antigo sistema de escrita para aqueles povos) e atacou um grupo de criaturas aturditas, que rapidamente foram derrotadas. A mulher, com um tridente em riste golpeou o Ieti (criatura humanóide, peluda, astuciosa, mas obtusa), a guisa de guarda da Lakhchaza, que era selvagemente ferida por Aerion Tão feroz e profundo foi seu ataque que ela se decidiu por assumir sai forma original: Uma enorme criatura, de quatro braços, pinças como mãos nos de baixo, garras de bronze nos de cima, Corpo de mulher e de um crocodilo, com patas de bode. Uma criatura realmente grotesca, e lançou em Aerion um golpe poderoso, atingindo dessa vez na perna direita, mas perdendo o braço na empreitada. Mas o furor de sua investida se consumira no veneno, e a criatura atacava velozmente. Não venceria. O velho, entretanto ergueu a espada e fez uma luz brilhar a partir de um pedaço de jóia amarela na impugnadora, e atacou a Lakhchaza com a lâmina, (que mais de perto era realmente feita de coral, e vivo! que encantamento teria sido usado naquela magnífica obra?) e ela tombou. A sala parou, silenciosa. Vivian havia se levantado, tremendo, e se aproximando de Aerion, parado, aparentando estar atordoado. O velho meditando sobre o corpo. Mas a mulher pegou o tridente e o apontou para Aerion, dizendo com frieza:
- o que faz aqui? Quem abriu a porta para você? – E o rapaz sorriu da colocação.
- Minha habilidade, senhora.- Ela rosnou e colocou o tridente no pescoço de Aerion. Ele sustentou o olhar, e ela afundou um pouco a lâmina, mas, ele fez um leve movimento, num ponto fundamental da arma e a desarmou. Um fio de sangue escorria do talho e, o homem idoso falou, severo:
- Se sair daqui agora, lhe pouparei de um julgamento e esquecerei esta invasão.
- Não. Meu objetivo é ler os livros da biblioteca e os lerei!
- Espião! – disse a mulher morena. Mas O velho ergueu a mão e falou:
- Calma Elena! Não seja precipitada! E quanto a você- disse, olhando para Aerion – este disposto a tudo para contemplar as paginas dos livros?
- Sim.
- Então lute comigo. Escolha as armas.
- Meu sabre
- A lâmina coral será a minha. - falou o velho, sorrindo, divertido: o rapaz era esperto, apesar de impulsivo. Devia te uns 14 anos, embora parecesse mais. Gostou dele.
- Qual o seu nome?
- Aerion Terani. E o senhor?
- Ramirez. Dom Ramirez, para ser formal, embora eu...
- Se vocês pararem com a ridícula sessão de gentilezas – disse acidamente Elena – podem resolver isso logo.
- Não! – Vivian, até agora quieta explodiu – ele nos ajudou! E esta com o en...
- Mas deve sofrer uma punição. – cortou o altivo Ramirez, novamente severo - E se ele não aceitar, pode ir, mas sem contemplar os tomos.
Vivian abriu a boca para argumentar, mas o olhar de Aerion a silenciou. Ele parecia decidido a lutar, ainda que com o veneno no sangue. Havia decidido ler as paginas. Ele e Ramirez foram para direções opostas, cada um com as armas em riste se observavam, analisando as defesas. Aerion parecia mais ágil, e tinha muita técnica, enquanto Ramirez era mais forte. Aerion logo atacou, com apenas um terço de sua velocidade normal. Sondava a força, e constatou que o adversário não o subestimara, mas rebatia os golpes com força, de forma prudente, a bloquear qualquer tipo de investida arrojada que pudesse usar. Saltou para traz, e girou a espada, parando-a no meio do giro e estocando na direção da perna de Ramirez. Não adiantou. Ele estava usando uma malha metálica poderosa, que defendeu facilmente o golpe. Ramirez sorriu, e a espada se transformou em um mangual, que ele velozmente lançou na direção de Aerion. Este saltou para traz. A corrente, no entanto não parou de ir a sua direção, e o mangual acabou por o acertar no braço esquerdo, ferindo o local com seus espinhos longos e mortais. Aerion grunhiu, raivoso e surpreendentemente prendeu a corrente no braço da espada. Puxou-a e, usando seu sangue com canal Um encantamento de raios partindo de seu ombro acertou seu inimigo, quase que destruindo a malha. E certamente ferindo o homem idoso. Ramirez ficou sobressaltado. O que aquele rapaz fizera?
- Habilidoso...
- O senhor não fica atrás.
- Tive centenas de anos de pratica. De tal, isso não é de se espantar.
- O senhor é bem velho, não?
- Seu insolente!

Ramirez se lançou ao ataque, com renovada energia, utilizando ora mangal, ora maça, e todas as outras armas que a lâmina de coral podia se metamorfosear. Aerion defendia com alguma facilidade usando de estocadas violentas e uma defesa eficiente. Pararam novamente afastados e se mediram. Ramirez com o olho da experiência enxergava em Aerion uma coisa intrigante: Ao invés de manter a espada em riste ou ao longo do corpo, ele a mantinha a espada e a adaga numa posição um tanto quanto diferente. Ramirez estremeceu: Se for o que ele estava imaginando, a esgrima conhecida por muito poucos no império, ele encontrara um adversário a altura. Decidiu então que não iria mais utilizar pouco de sua força e habilidade; usuária tudo que tinha e conhecia. Por isso partiu para cima de Aerion, com força, atacando com golpes curtos laterais, súbitas estocadas, e golpes por cima da cabeça, de modo que em pouco tempo havia aberto dois talhos sérios no braço esquerdo de Aerion. Esse por sua vez ficou furioso atacando como um endemoniado, utilizando uma esgrima que Ramirez não julgava possível que alguém conhecesse além dele e dos poucos que receberam treinamento completo: A dança da espada esgrima que consistia em uma série de movimentos com o sabre da mão destra ao passo que a outra contrabalançava o golpe para que ele não saísse de controle. Aerion claramente era muito habilidoso, pois Ramirez se viu obrigada a recuar devido à investida dele. Claramente, ele era realmente muito habilidoso.
O rapaz por sua vez, começava a sent Vivian chamou alguns pajens para carregar e levou Aerion para a sua ala, pensando no que ocorrera. Ele ganhara uma promoção recorde (mas não imerecida) graças a sua coragem. Chegou por fim a um quarto ao lado do seu. Abriu a porta e o jogou na cama. Tirou o gibão e o medicou, passando ungüento e depois o enfaixando. Saiu e fechou a porta, seu coração pulando de alegria: Sim, aquele que por tanto tempo fora seu companheiro voltara! E pouco mudara, pois ainda parecia forte e ousado. Instintivamente olhou para o espelho: Era uma jovem, nem criança nem mulher, mas belíssima já naquela época, O corpo cheio de curvas, macio, mas com a rijeza de uma atleta, a pele morena clara, aveludada, os cabelos escuros, a boca nacarada, os olhos como os cabelos, ornados por sobrancelhas longas e arqueadas. Ou, se não fosse suficiente, seus seios fartos e generosos, suas coxas grossas, sua voz, um sussurro de delicadeza, como uma mulher que ainda conserva a inocência de sua infância. Era Vivian, sacerdotisa e amazona, que fora a companhia de Aerion na frieza da solidão que injustamente impingiram a ele, mas que o tornaram tão atraente aos olhos dela (apesar de achá-lo atrevido, se não safado).

De fato, era assim que se lembrava dele. Foi para seu quarto e adormeceu.
Aerion acordou cedo, crendo que estavam a lhe torturar. Na verdade, acabara por dormir sobre seu braço que estava quase sem irrigação sangüínea. “Água – pensou - preciso de um banho. Estou realmente precisando.”
Levantou-se, abrindo e fechando as mãos. Olhou para o quarto. Duas portas, uma à direita (mais perto) e outra à frente (mais longe) optou pela primeira, e deu sorte, pois estava efetivamente em uma sala de banhos completa. “que meu anfitrião me perdoe, mas preciso disso.” Portanto olhou para um registro acima de um cano, que desembocava numa pequena piscina. Girou, e água fria caiu , alternada por água quente que vinha da parte de baixo. Quando atingiu algo entre 1:60 m desligou e derramou óleo, que deixou a água opaca. Despiu-se e mergulhou, rápido lavando-se da sujeira e esfregando o braço. Foi quando ouviu uma voz no quarto, a voz de Vivian, dizendo seu nome. Respondeu que estava no banho, e ela disse algo haver com “limpa” e saiu. Ele também não demorou, abrindo um segundo registro que recolheu a água. Enrolou-se numa toalha e voltou ao quarto. Não reparara, mas ele tinha uma varanda-sacada, aberta para as montanhas. A “limpas” se mostrou como um estranho conjunto de roupas, formado por camisa, calças, botas, e um, sobretudo. Quente, pensou. Era de um tom leve, azul escuro, com detalhes de sete dragões. Conhecia o símbolo, usado pelos membros da ordem dos sete dragões. Vestiu. Eram leves, e lhe assentavam como um dólmã. Assim, logo após isso encontrou aos pés da cama sua bagagem, sobre um bilhete de alguém. Leu
 
eu sinto muito, mas os posts anteriores tiveram alguns problemas. assim, eu editei esse ultimo, para que os leitores pudessem ter uma leitrura agradavel da obra. reiterando minhas desculpas ao Forun e aos usuarios, peço que, se desejarem falar algo mais, como sugestão critica, ou outra coisa que me mande um MP. Agardecimentos ao Usuario Kabral, o negro, que muito me ajudou com suas sugestões, e aos usuarios Witch king e Dwain.

Vivian abriu a boca para argumentar, mas o olhar de Aerion a silenciou. Ele parecia decidido a lutar, ainda que com o veneno no sangue. Havia decidido ler as paginas. Ele e Ramirez foram para direções opostas, cada um com as armas em riste se observavam, analisando as defesas. Aerion parecia mais ágil, e tinha muita técnica, enquanto Ramirez era mais forte. Aerion logo atacou, com apenas um terço de sua velocidade normal. Sondava a força, e constatou que o adversário não o subestimara, mas rebatia os golpes com força, de forma prudente, a bloquear qualquer tipo de investida arrojada que pudesse usar. Saltou para traz, e girou a espada, parando-a no meio do giro e estocando na direção da perna de Ramirez. Não adiantou. Ele estava usando uma malha metálica poderosa, que defendeu facilmente o golpe. Ramirez sorriu, e a espada se transformou em um mangual, que ele velozmente lançou na direção de Aerion. Este saltou para traz. A corrente, no entanto não parou de ir a sua direção, e o mangual acabou por o acertar no braço esquerdo, ferindo o local com seus espinhos longos e mortais. Aerion grunhiu, raivoso e surpreendentemente prendeu a corrente no braço da espada. Puxou-a e, usando seu sangue com canal Um encantamento de raios partindo de seu ombro acertou seu inimigo, quase que destruindo a malha. E certamente ferindo o homem idoso. Ramirez ficou sobressaltado. O que aquele rapaz fizera?
- Habilidoso...
- O senhor não fica atrás.
- Tive centenas de anos de pratica. De tal, isso não é de se espantar.
- O senhor é bem velho, não?
- Seu insolente!

Ramirez se lançou ao ataque, com renovada energia, utilizando ora mangal, ora maça, e todas as outras armas que a lâmina de coral podia se metamorfosear. Aerion defendia com alguma facilidade usando de estocadas violentas e uma defesa eficiente. Pararam novamente afastados e se mediram. Ramirez com o olho da experiência enxergava em Aerion uma coisa intrigante: Ao invés de manter a espada em riste ou ao longo do corpo, ele a mantinha a espada e a adaga numa posição um tanto quanto diferente. Ramirez estremeceu: Se for o que ele estava imaginando, a esgrima conhecida por muito poucos no império, ele encontrara um adversário a altura. Decidiu então que não iria mais utilizar pouco de sua força e habilidade; usuária tudo que tinha e conhecia. Por isso partiu para cima de Aerion, com força, atacando com golpes curtos laterais, súbitas estocadas, e golpes por cima da cabeça, de modo que em pouco tempo havia aberto dois talhos sérios no braço esquerdo de Aerion. Esse por sua vez ficou furioso atacando como um endemoniado, utilizando uma esgrima que Ramirez não julgava possível que alguém conhecesse além dele e dos poucos que receberam treinamento completo: A dança da espada esgrima que consistia em uma série de movimentos com o sabre da mão destra ao passo que a outra contrabalançava o golpe para que ele não saísse de controle. Aerion claramente era muito habilidoso, pois Ramirez se viu obrigada a recuar devido à investida dele. Claramente, ele era realmente muito habilidoso.
O rapaz por sua vez, começava a sent Vivian chamou alguns pajens para carregar e levou Aerion para a sua ala, pensando no que ocorrera. Ele ganhara uma promoção recorde (mas não imerecida) graças a sua coragem. Chegou por fim a um quarto ao lado do seu. Abriu a porta e o jogou na cama. Tirou o gibão e o medicou, passando ungüento e depois o enfaixando. Saiu e fechou a porta, seu coração pulando de alegria: Sim, aquele que por tanto tempo fora seu companheiro voltara! E pouco mudara, pois ainda parecia forte e ousado. Instintivamente olhou para o espelho: Era uma jovem, nem criança nem mulher, mas belíssima já naquela época, O corpo cheio de curvas, macio, mas com a rijeza de uma atleta, a pele morena clara, aveludada, os cabelos escuros, a boca nacarada, os olhos como os cabelos, ornados por sobrancelhas longas e arqueadas. Ou, se não fosse suficiente, seus seios fartos e generosos, suas coxas grossas, sua voz, um sussurro de delicadeza, como uma mulher que ainda conserva a inocência de sua infância. Era Vivian, sacerdotisa e amazona, que fora a companhia de Aerion na frieza da solidão que injustamente impingiram a ele, mas que o tornaram tão atraente aos olhos dela (apesar de achá-lo atrevido, se não safado).

De fato, era assim que se lembrava dele. Foi para seu quarto e adormeceu.
Aerion acordou cedo, crendo que estavam a lhe torturar. Na verdade, acabara por dormir sobre seu braço que estava quase sem irrigação sangüínea. “Água – pensou - preciso de um banho. Estou realmente precisando.”
Levantou-se, abrindo e fechando as mãos. Olhou para o quarto. Duas portas, uma à direita (mais perto) e outra à frente (mais longe) optou pela primeira, e deu sorte, pois estava efetivamente em uma sala de banhos completa. “que meu anfitrião me perdoe, mas preciso disso.” Portanto olhou para um registro acima de um cano, que desembocava numa pequena piscina. Girou, e água fria caiu , alternada por água quente que vinha da parte de baixo. Quando atingiu algo entre 1:60 m desligou e derramou óleo, que deixou a água opaca. Despiu-se e mergulhou, rápido lavando-se da sujeira e esfregando o braço. Foi quando ouviu uma voz no quarto, a voz de Vivian, dizendo seu nome. Respondeu que estava no banho, e ela disse algo haver com “limpa” e saiu. Ele também não demorou, abrindo um segundo registro que recolheu a água. Enrolou-se numa toalha e voltou ao quarto. Não reparara, mas ele tinha uma varanda-sacada, aberta para as montanhas. A “limpas” se mostrou como um estranho conjunto de roupas, formado por camisa, calças, botas, e um, sobretudo. Quente, pensou. Era de um tom leve, azul escuro, com detalhes de sete dragões. Conhecia o símbolo, usado pelos membros da ordem dos sete dragões. Vestiu. Eram leves, e lhe assentavam como um dólmã. Assim, logo após isso encontrou aos pés da cama sua bagagem, sobre um bilhete de alguém. Leu


A Aerion Terani

Minhas cordiais saudações.
Venho a lhe pedir a fineza de comparecer
Ao pavilhão sul, para tratarmos de nossa contenda, quando acordar
Ou lhe parecer mais propício.

Ass: Edil Ramirez Severus


Numa tormenta de pensamentos percebeu o que estava acontecendo: Estava em algum lugar, sob a custodia de Ramirez! Mas que custodia estranha, onde tinha armas e bens!Que significava? Bom, melhor era esclarecer o fato. Saiu do cômodo, entrando numa saleta em abobada, com quatro portas. Numa estava escrito o nome de Vivian, na outra P-N, a oposta a essa, P-S, e a quarta era o local de onde viera. Seguiu pela P-S, onde achava provável que o significado fosse Pavilhão Sul. E foi, por um longo corredor aberto para os jardins. Chovia, e os cajueiros recebiam a água. Uma estatua de pedra basáltica, na forma de um Delfin enfeitava o centro do local. Andava de forma lenta, pensando no que vira desde que partira. Sentia-se confuso, e queria explicações. Seria talvez melhor começar por Ramirez. Apressou-se, ouvindo a sinfonia da chuva batendo no mato, e quase não se deu conta quando se aproximou de um estreito, mas longo retângulo de tijolos e cal branco. A porta era de madeira pesada, provavelmente mogno, e as fechaduras eram de ferro. Bateu, e não demorou a porta se abriu, por um ordenança. Este, rápido disse:
- Ele o aguarda para comer. Deseja algo?
- Não. Conduza-me, por favor.
- Pois não, senhor.
Corredor adentro , chegou a um pavilhão com diversas colunas de mármore claro, e uma mesa central de algum tipo de metal vermelho. A mesa em si era redonda, coberta dos mais excelentes alimentos. Estavam ocupando quatro dos cinco lugares, e já comiam a vontade. Reconheceu os três mais próximos, como sendo Ramirez, Vivian e Elena. O ultimo não lhe era estranho, alto, muito forte, moreno, com cabelos curtos penteados para traz, num topete. Ramirez sorriu, parou de conversar e falou com jovialidade:
- Sente-se rapaz, deve estar com fome, depois de um dia inteiro sem nenhum alimento. Tivemos de mantê-lo sedado, pois se mexesse o tronco ou os braços o ungüento não faria efeito. Mas agora coma.
- Não posso dizer que a eficácia do ungüento me alegre. Mas agradeço o convite. Quero porem respostas à altura das perguntas que farei.
- Muito bem, mas primeiro sente-se e coma, teremos muito que falar.
Sentou-se, comeu e bebeu fartamente, pois era uma mesa realmente digna do mais exigente monarca. Apreciou em particular uma salada das mais variadas frutas tropicais, embebida em vinho tinto suave vindo da cidade de Setab (contra a vontade do Abade, e muitas vezes escondido, se tornara um grande apreciador de vinho). A conversa versou no campo das viagens do desconhecido, que falava com um sotaque carregado, parecido com o de Aerion de súbito este o reconheceu: Helius, a outra criança que falava com ele com alguma gentileza e lhe fazia companhia. Não deu mostras de o reconhecer, pois ele de fato mudara, de um menino magro se tornara um jovem gigante. A refeição logo acabou e passaram para uma sala menor, onde poderiam conversara com calma, embora Aerion estivesse extremamente impaciente.

Do outro lado da casa, numa sala fechada de aço, jazia numa almofada a lâmina de coral. Ela brilhava, um brilho estranho, bruxuleante, que espantaria quem a visse. O coral vivo se movia, e cinco vozes se comunicavam num idioma ancestral. Falavam de tempos passados, onde tinham poder e eram temidas, de seus grandes reinos, de sua queda e derrota, de sua maldita prisão. Quase 10.000 anos adormecidos. Mas hoje, acordavam. Voltavam à atividade, e inspiravam atos de vilania onde quer que seu poder mestre chegasse.
Mas os tempos haviam mudado. Um poder antigo, anterior ao deles próprios voltara, e percebia a utilidade daqueles entidades. Calculou em sua mente astuta, e decidiu acabar com um de seus inimigos.
No vale, onde se localizava o solar de don Ramirez, chegara numa distorção da realidade. Uma figura estranha: Alto, pela escura, utilizara roupas formais, típicas das mais altas classes. Na mão direita, tinha uma bengala cujo castão tinha forma de um carneiro com os chifres recurvados. Pensava na tola Lakhchaza, que achara que poderia vencer sozinha e acabara por morrer. Pensou rápido: seus inimigos mal tinham 300 pessoas armadas. Se mandasse mil poderia derrotar rapidamente esses tolos. Sim, o grande Kxatria lhe seria eternamente grato. Assim, com seu pode maligno começou a abrir pequenas distorções na realidade, pela qual seus servos malignos eram levados para a área próxima ao solar. Durante horas assim foi. A ultima distorção levava seu mensageiro. Uma figura de baixa estatura, com um cajado na mão direita na ponta superior do qual havia uma mão negra apertando uma esfera de cor roxa. Em volta dele, um pequeno grupo de elite, e, a vista de todos num pequeno outeiro havia o solar do Edil Ramirez. Olhou e disse, com uma voz maligna:
- Cuidem para que não percebam nosso avanço. Deve ser gradual, mas ligeiro. _ falou a um oficial próximo.
- Sim, milorde.
- E não me falhe, comandante. Não quero sequer um sobrevivente.
Farei come me ordena, Barão Samedi. Excelência... -fazendo uma mesura, o comandante se retirou.

* * *

Na pequena sala, havia uma mesa redonda, disposta em volta dela, quatro cadeiras,uma cadeira de espaldar reto e braços,trabalhada por motivos geométricos, animais e seres fantásticos na madeira belíssima de mogno. Nesta cadeira sentou-se Ramirez, e os outros se colocaram em volta. Aerion então falou:
- parece que conheço mais de uma pessoa aqui, não é mesmo Helius?-O homem moreno então respondeu rindo:
- Você continua atrevido como sempre. Eu e Vivian sentimos sua falta- Aerion suspirou:
- Eu também senti. Você não imagina como é chato criticar com mordacidade aquele simplório do Marcielius Os outros e ele gargalharam.
Aerion olhou para os outros que aparentavam a satisfação de um bom almoço. Falou então:
- Bom, creio que já nos satisfizemos. Agora desejo respostas
- Claro – disse Ramirez – e as terá. O que você quer saber?
- Por que me pouparam?
- Para lhe fazer uma oferta.
- Qual?
- Você deseja ler os livros, certo?
- Certo.
- E eu preciso de mais cavaleiros.
- O quê?!
- Bom, eu não sou edil. Sou atualmente comandante da grande diocese de Elisus.
- Diocese? Da ordem dos sete dragões?
- Sim
- E, devo entender que você me quer como cavaleiro?
- Sim.
- Por que?
- Porque tenho 5.000 unidades em cinco dioceses e estas em quatro colunas. É pouco, e quanto mais, melhor.
- Melhor para quê?
- Para enfrenta a situação. Pois a ordem do corvo se mostra poderosa. Doravante é imperativo vigiá-la.
- E para isso você precisa de mais cavaleiros...
- De fato
- Suponho que serei um dos noviços...
- Ah, não mesmo. Você terá o direito de um cavaleiro com um ano me membro.
- Por que?? Isso é muito inquietante! Sou muito novo, tenho apenas 14 anos, e....
- Você já é forte o suficiente. Já chega, você aceita ou não?
- Bem... aceito. Quais minhas atribuições?
- Obedecer a seu comandante na subdiocese indicada.
- E qual será?
- Não sei ainda. Veremos.
- Enquanto isso...
- Treine e consulte os livros. Estão a sua disposição.
- Por quanto tempo?
- Uma semana.
* * *
- Você está diferente Aerion. Mudou muito, -Era Vivian que lhe falava. Estavam nos jardins privativos do quarto de Aerion. Aliais, “quarto” é um termo errado para um quarto, um gabinete, uma sala de banho, um jardim privativo e alcova secreta. Falavam sobre o que havia sido acertado entre Ele e Ramirez. Aerion estava impressionado com o salário de 300 lingotes de ouro mensais. Era muito dinheiro, quase o que um artesão prospero ganhava. Alimentação casa e roupas garantidas.
- Sei que mudei, mas já faz dois anos. É natural e você também mudou. estava há uma semana na sede da ordem, se familiarizando com o local, lendo os livros e treinado combate, e recebendo alguns avisos sobre as regra (uma em particular era chata: usar o dólmã a toda hora. Era implicante, pois parecia um uniforme. Culpa da organização militar.).
- Bem –ela falou encabulada- está certo, é isso mesmo. Vamos? Helius está esperando.
- Não. O que em mim mudou tanto?
- Você esta mais velho.....diferente....
- Sim, mas diferente como?
- Sombrio.....
- Há, pelamordosquatrotitãs, você nisso não mudou, - disse, rindo, o adolescente- eu sempre fui meio sombrio. Como se fala, um “misterioso intrigante metido a intelectual”.
- Mas diga-me, o que você tem feito? – ela questionou
- Treinando meus encantamentos para fazer Marcielius passar vergonha. Sabe que a uns três meses eu usei uma poção e ele ingeriu com vinho na taberna. Ele ficou louco, bêbado, e quase foi expulso por constranger a filha do condestável.
- Você é terrível!
- Eu sei.
- Sim, mas quero que fale da disputa.
- Bem, para decidir um novo líder da diocese, promoveu-se um torneio entre os cavaleiros. Daqui a três dias.
- Eu vou me inscrever.
- Vai?! Mas você não se recuperou!
- Faz uma semana hoje, desde que você me deu o ungüento.
- Ta bom, ta bom, mas fica difícil saber se você esta bom ou não. Sei que você se recupera muito rápido, mas ...
- Vamos? Helius deve estar impaciente.
- Ta bom, mas vista o Dólmã.
- Por que? esse traje é muito estranho!
- É a roupa que o identifica como oficial intermediário.
- Sim, ta, já sei. Vamos então?
- E o dol...
- Detalhes vamos logo – e correu
- Passaram por vários corredores até um grande pátio, onde ecoava o som de armas. O pátio tinha a forma de um pequeno anfiteatro, todo decorado com mármore, colunas de basalto verde, e ouro nos enfeites. Aproximadamente 50 pessoas de idades variadas estavam, com armas em punho, lutando com grande ferocidade. Para se proteger levaram escudos grandes em forma de folha ou retângulo, além de corselete de couro guarnecidos de chapas de bronze. Heitor se batia, portando um mangual com um jovem de nome Constâncio, que usava um machado. A luta permanecia indecisa, e Aerion e Vivian se postaram frente a frente e se prepararam.
Aerion levava uma espada de madeira de 1 m de lâmina e, ao invés de escudo, tinha um gládio (espada curta, de 40-65 cm).
Vivian usava um chakram (uma espécie de disco de metal fino e afiado, com três raios, que lançado podia cortar literalmente qualquer coisa) e uma machadinha. A um sinal de um cavaleiro investido como juiz, identificável pela acha de prata irradiando magia, começaram a lutar.

A principio, Vivian lançou o chakram , tentando atingir Aerion,, que se esquivara distraidamente, mas com dificuldade. Ela era rápida, e ele embora também o fosse estava mais devagar devido aos ferimentos ainda cicatrizando das lutas com o Nifilim e D. Ramirez. A luta prosseguia indecisa, e aerion buscava usar o Gládio, que tinha na lâmina próxima ao punho da arma um gancho, para que, prendendo entre o gancho e a lamina a arma adversária, esta quebrasse, mas era difícil, viviam tinha maestria com o chakram e batia no gládio com a machadinha. Finalmente, entretanto, o Chakram foi perdido, pois Aerion arremessara no centro dele sua espada atingindo com força um dos raios. Este, ao se quebrar perdeu o equilíbrio e chegou ao chão. Apesar disso, a espada fora inutilizada, de parte que lutariam agora um contra, com apenas uma arma. Vivian levantou o machado com força, pois era uma jovem vigorosa e muito habilidosa com a machadinha. Esta era uma haste de madeira, geralmente sequóia, cedro (as vazes jacarandá) trabalhada, de 40 cm, cuja extremidade superior uma lâmina de madeira é encaixada. É uma arma bastante leve, causando um dano considerável, apesar da lâmina não ser metálica. Pois todas as armas eram de madeira, para evitar ferimentos sérios ou que, no ardor da competição haja uma morte.
A luta entre ambos prosseguia escarnecida, com Vivian dando golpes laterais poderosos ou tentando usar a ponta de lança que ela havia encaixado. Aerion defendia, com pouca força, preparando um golpe forte quando ela se distraísse. Assim, quando ela tentou atingi-lo com força nos braço esquerdo, ele defendeu contra-golpeando com o Maximo de força.
Ela certamente não esperava por isso, e se desequilibrou, e percebendo que tinha sido derrotada, rendeu-se.
- É um admirável esgrimista – a voz fria de Elena chegava, sussurrante, a seus ouvidos- mas creio que não mostrou toda a sua habilidade. Minto?
- ................
- Responda!
- Por que deveria?
- Talvez por que para se candidatar à liderança da subdiocese precise passar por mim.
- Mente! Qualquer um pode se candidatar.
- Qualquer um que já tenha provado suas habilidades.
- Então é assim?! Em guarda, tola!
- Ah, não! Aqui não. Amanhã, ao alvorecer, na colina da floresta. De acordo?
- Sim. Aguardo-te.
- O prêmio, não sei se sabe, para o comandante é uma arma de rara beleza e poder. É uma espada, cuja lâmina é feita do chifre puro de um unicórnio. Surpreso?
- Não. Ela será uma augusta companheira para minha espada.
- Esta tão certo de sua vitória?
- Você vai descobrir amanha.



* * *
Aerion passou o resto do dia enfiado no seu quarto, pensando nas armas que usaria. Tinha boas opções, principalmente a Espada e o Gládio, que utilizava simultaneamente. Elena deveria usar, achava ele ou uma espada ou um par de adagas.
Suspirando, abandonou a reflexão. E olhou para as traves elegantes do teto em abobada, pensando no que foi e no que poderia ser dessa luta.

Mas lá fora o mundo era inquieto. Na noite sussurrante e clara, um vulto esta de pé, as arvores a sua volta numa estranha quietude, um antigo poder despertou, das profundezas ocultas de um ser das sombras. E de lá, um ser a muito adormecido acordou, ao chamado do Barão Samedi, grande Bruxo de Epiro balançava a bengala, e falava antigos encantamentos, despertando aquele ser, o mais antigo dos demônios da Era Titânica, era ele, o poderoso Rajgadriva, mestre da morte. uivou, sedento pelo sangue, e se curvou diante de seu mestre. E este falou:
- Vá, e mate os que encontrar ali, seja quem for.
* * *
Aerion adormecera, e nos reinos oníricos agora vagava, em busca de uma verdade estranha. Estava despido de qualquer equipamento, e caminhava por um longo deserto, repleto de oásis inatingíveis. Caminhava como um sedento, mas não por água. E via a distância um castelo, feito das areias daquele estranho lugar. E caminhava, mais e mais depressa, e as areias lhe barravam caminhos, mas Aerion, com grande dor insistia em continuar. E, enfim ao lugar chegou, e dois escorpiões, seres meio-homem, meio-dragão lhe interditava, a entrada. Eles dissera
- Sois vos Aerion Terani. Pois cá não deve entrar.
- Quem me impede de visitar as terras oníricas?
- Aquele que lhe deu origem
Aerion parou, em choque. O que significava aquilo?
- Entrarei mesmo assim.
- E quem lhe permite?
- A senha, a qual você deve responder – um conhecimento antigo brotou de sua mente, e a palavra de poder, que a muito não ecoava nasceu em sua garganta. E o uivo escapou, com muita força. Atingindo os ouvidos, o eco se prolongando. Os escorpiões, calados abrira ma s portas. E tudo se tornou luz, e seus paia estavam atrás da porta. E ele sentiu a voz deles em suja mente, dizendo tudo o que precisava saber. E ele sabia, lembraria de algo, e iria para um lugar, onde antigos livros diriam a historia toda. A de sua família, os Terani. Bastava saber que eles eram importantes. O resto ele saberia em breve. Agora, a luta contar um antigo inimigo. O Barão Samedi.

No próximo livro:
• Aerion descobre a verdade de sua família, e precisa lidar com uma nova responsabilidade.
• A história do Barão Samedi.
• Quem esta por trás de tudo?
 
Realmente está fabuloso....empolgante do começo ao fim...e com pouquissimos erros..Parabens está muito legal e o que eu puder fazer para ajudar farei com muita boa vontade :mrgreen:
 

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