02.
Máscara
Acordo
com máscara,
sem vontade.
O sonho estava tão bom,
para que voltar a realidade?
Meu lar,
um jardim de cores, um palácio de flores
um mundo aéreo, onde tudo é possível
e todos meus desejos são reais...
Acordo de sobresalto:
Olha a hora, menina!
Zumbi, começo mais um dia
sempre a mesma rotina.
Antes de sair,
um último ajuste a máscara.
Você não vai querer mostrar seu rosto ao mundo, vai?
Já no carro, quase chegando,
obrigo-me a me encontrar:
Mais um dia, mesma rotina, tudo recomeça.
Olhe bem no meu rosto,
enxerge dentro de minha alma
as lágrimas escondidas
a dor reprimida.
Na escola, uma amiga(?) :
"Nossa, Helena, que cara de sono!"
É, sono... Bem sono mesmo!
A máscara firme, colada em minha face.
Cara de sono?
De tristeza, de melancolia
de morte, talvez.
Sono? Sono é o que menos tenho,
vivo em estado de latência,
não quero esta existência!
O dia segue em frente,
ninguem presta atenção em mim.
Quanto maior a dor, menor a tua importância.
Meu refúgio, a realidade do sonho.
Segue o dia, minhas lágrimas secando,
talvez não seja tudo assim, tão ruim.
Até sorrisos esboço, sorrisos profundos
Ainda há solução para tudo.
Ha! Ledo engano,
Logo volto a mim novamente
E a dor, Ah!, a dor é tão grande!
Não vejo a saida,
cadê o fim deste túnel?
Tento arrancar minha máscara
A pele arde, a alma queima
Isso não pode ser real,
É apenas um sonho!
Acorde, acorde!
Corte os pulsos tentando se beliscar, acordar.
E tudo parece ainda pior.
Esta noite, quando deitar,
será pela última vez.
Passarei a viver nos meus sonhos,
as deliciosas aventuras, os eternos amores.
Não mais esta realidade angustiante,
agoniante,
agonizante.