• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

[L] [Amaris][sem título]

Amaris

Usuário
[Amaris][sem título]

Essa coisa aí abaixo é o início de una história que me passou pela cabeça, não está completa ainda e aos poucos adiciono o resto. O que vocês acharam? Nem tem título ainda.


Já caminhava há muito tempo por aquela estrada flanqueada pela floresta. Estava gélido e a neblina baixa da manhã deixava seu rosto jovem ainda mais vermelho. Nem o gorro, as luvas e o casaco o protegiam do frio. O sol estava escondido em algum lugar por detrás das nuvens e das copas das árvores.
Também não se ouvia nada. A floresta parecia mal assombrada. Há muito tempo que ele perdera as esperanças de alguém aparecer de carroça. Pequenos pedaços de gelo já grudavam na ponta de seus cabelos negros.
Porque diabos tinha decidido virar gente no inverno? Poderia ter esperado até a primavera para pegar o caminho para a cidade de Lionel onde poderia aprender a lutar e quem sabe entrar para o exército do rei. Tinha nascido há 15 verões atrás em um vilarejo qualquer e sua mãe o chamou de Charles. Cuidara de vacas e porcos por toda vida e quando podia, observava os filhos dos nobres serem treinados com espadas, arcos e escudos. Às vezes, servia de alvo para os treinamentos e por isso aprendeu a se defender dos golpes. Quando ninguém observava, roubava um cavalo em suas horas vagas e cavalgava grandes extensões fingindo ser um grande guerreiro a caminho de uma batalha. Já tinha até uma cicatriz no queixo, se orgulhava dela, pois fora golpeado em uma luta a dois, a primeira luta com espadas de verdade que vencera! Mas porque vencera, fora expulso do vilarejo.
E agora não mais criaria porcos e vacas, caminhava rumo à cidade de Lionel, onde seria treinado pelos mestres que o tornariam o grande guerreiro de seus sonhos. Só precisava provar seu valor. A começar por conseguir chegar lá. O frio continuava intenso.
Não agüentando mais, Charles resolveu parar por um instante, já estava escurecendo e precisava descansar. Entrou na floresta para conseguir um pouco de lenha. Pelo menos se aqueceria um pouco.
- Maldito frio!
Foi recolhendo gravetos do chão e juntando-os nos braços. A mata ia ficando cada vez mais densa. Foi entrando mais na floresta, cheio de gravetos nos braços, até que enxergou algo luminoso mais a frente. Seria uma cabana? Continuou caminhando, agora tentando ser silencioso e não mais catando gravetos. Foi então que escutou um grito. Jogou todos os gravetos no chão, andou mais rápido, agora não mais se preocupando com o silêncio de seus passos. Outro grito. Passou a correr, não era uma cabana, parecia mais uma fogueira, faltava pouco para chegar e salvar quem quer que fosse. Agora podia ouvir gemidos, cada vez mais altos, pois se aproximava da fogueira. Agora já divisava uma clareira, uma fogueira ao centro e uma figura deitada ao lado. Um cavalo ao canto.
Aproximou-se da figura. Era uma mulher. Estava empapada de suor, deitada com as pernas abertas e o olhar perdido na noite. Ela se dobrava, gritava e gemia ao mesmo tempo. Abraçava seu corpo e depois se esticava em inspirações pausadas, quase em soluços. Ela está parindo! Ficou mais desesperado ainda, preferia ter que lutar com 15 homens. Não sabia o que fazer.
- Qual seu nome dona?
Não houve resposta.
- O que posso fazer para ajudar?
Outro grito.
Agora tentou se lembrar de quando tinha visto alguma mulher parir. Não se lembrou de nenhuma.
- Droga! Não sei o que fazer. Dona, me diz alguma coisa, por favor!
Levantou, caminhou em círculos pela clareira.
- Pensa seu burro, pensa em algo.
Foi até o cavalo, era uma égua, estava agitada. Tinha algumas coisas presas e Charles achou um cantil. Tirou o cantil da égua e levou até à mulher.
- Toma, aqui, bebe um pouco.
E posicionou o cantil na boca dela, entornou a água. Ela bebeu. Molhou um pano que encontrou em suas coisas e limpou o rosto dela. Não era uma dona, era quase uma menina. Ficou com mais medo ainda. Ela gemia muito, tinha a respiração acelerada, gritava de vez em quando e suava horrores. Continuou a limpar seus rostos, agora segurando sua cabeça e afagando seu cabelo.
- Você vai ficar bem, já vai passar, logo ele nasce. Não vai demorar muito.
Mas estava demorando uma eternidade. Precisava aquecer alguma coisa, precisava colocar mais gravetos na fogueira, estava muito frio.
- Eu já volto, tudo bem?
Mas parecia que ela não estava ali ou era ele que ali não estava. Levantou correndo, catou os gravetos que encontrou e animou a fogueira. Achou uma panela em sua mochila, colocou água e pôs na fogueira para aquecer.
- Nem sei pra que vai servir isso, mas deve ser pra alguma coisa. Não sentia mais frio, estava suando também. Foi até a menina, sentou ao seu lado e começou a limpar seu rosto murmurando palavras desconexas. Ela agora respirava mais rápido, gemia mais, gritava mais. Suas respirações ficavam mais entrecortadas e mais fortes. E então ela gritou muito alto e caiu no chão. E houve um choro.
Uma criatura se mexia no chão. Ele então pegou a criança, estava toda suja de sangue e chorava muito, era minúscula.
- Menino ou menina? Falou ela pela primeira vez.
- Menino. É um menino, você deu a luz a um menino!
Ela então deu um suspiro muito alto e não falou mais nada. Tirou uma faca de um de seus bolsos, se dobrou até pegar o cordão que a ligava ao filho e cortou, deitou no chão e na se moveu mais. Charles então pegou aquela criatura minúscula do chão e o limpou com a água que estava aquecendo, depois o enrolou aos panos que encontrou com a mãe e levou-o até ela. A menina estava com os olhos fechados, caída no chão e enrolada em si mesma.
- Você deve estar com frio. Falou ele. Tirou seu casaco e enrolou nela. A criança ainda berrava.
- Vai, pega ele.
- É um menino. Falou ela.
- Sim, e ele está berrando, pega ele enquanto eu faço algo para você comer. Toma!
- Não posso, não posso. É um menino. Ele deve ficar com você.
- Comigo? Eu não sou mulher, eu não nada de crianças, sou um guerreiro.
Ela ficou calada por muito tempo.
- Diabos mulher, pega seu filho!
Continuou calada, só se ouvia o berro da criança. Ele ficou olhando pra ela esperando por uma reação, não houve nenhuma. Agora podia ver melhor seu rosto. Parecia mesmo apenas uma menina, não mais que 16 anos. Estava de olhos fechados. Tinha o cabelo dourado. Seu rosto era fino, pequeno, delicado. Mas seus lábios eram grossos.
- Ele está berrando, por favor, ele vai morrer. Pegue-o, ele quer você.
Ela abriu os olhos e ele se assustou quando viu aqueles olhos cor de mel, brilhantes. Eles brilhavam como o sol. Ela o olhava agora com o cenho franzido, depois olhou a criança.
- Eu não posso ficar com ele. Ele é um menino e meu povo não aceita meninos. Você pode levá-lo para algum vilarejo e deixá-lo com alguma mulher que perdeu um filho e quer algum no lugar.
- E como eu vou dar de comida para ele? Não tem nenhum vilarejo aqui perto, ele deve estar com fome.
- A égua está prenha, ela vai dar leite pra ele.
- Como?
Mas ela não respondia mais. Agora, de olhos fechados, apenas lágrimas se movimentavam em seu rosto. Ele pegou a criança, que agora não berrava mais. Deitou-o próximo ao fogo, não berrava mais e logo dormiu. Mãe e filho dormiam. Ele deitou ao lado da criança e também foi dormir um pouco.
Acordou com um assovio. Levantou assustado. Ela já estava de pé. E deu um segundo assobio. Era linda, os olhos e os cabelos dourados. Tinha-os agora presos em um rabo de cavalo. Ela estava vestida com roupas de montar, um casaco de lobo a cobria.
- O que você está fazendo? Perguntou ele.
Ela o olhou. Seus olhos agora eram frios.
- Eu deveria te matar por ter se aproximado, mas vou deixá-lo vivo, assim você pode levar a criança para um vilarejo qualquer. Leve a égua junto, ela agora é sua.
Foi então que do meio da mata surgiu um cavalo. Era enorme e imponente e todo negro. Estava armado com placas de metal que mantinham uma espada, um arco e uma lança presos.
Ela o montou como se voasse do chão até o lombo daquele monstro_Olhou para Charles, bem em seus olhos. O tempo pareceu parar. E cavalgou mata adentro.
- Não, espere! Ele saiu correndo atrás dela – você não pode me deixar aqui com ele. Você não pode me deixar aqui, você nem disse o seu nome. O seu nome. Não me deixe aqui, volte! Gritava ele.
Mas não havia mais nada na mata. Apenas vestígios daquele cavalo gigantesco. Voltou até a criança. Ela agora chorava baixinho.
 
Esta excelente! Eu li outro dia e acabei esquecendo de comentar... Mas estou reparando o erro :)

Definitivamente, me surpreendeu bastante. Eu não esperava isso ao ler o começo.

Mas bem, adorei a forma como a história se desenvolveu e os dois personagens, além das possibilidades que vc deixou para a continuação dela.

Estou ansioso para ler a próxima parte ^^
 
Perdoe a demora.

Eu gostei; a narrativa possui ritmo e é harmônica. Concisa.

Uma guerreira de uma tribo de amazonas, as quais não aceitam homens; um rapaz com uma criança nas mãos, e agora não sabe o que fazer.

Há um grande potencial pela frente; talvez a história avançasse ao ponto de que o pequenino aparecesse adolescente, enquanto Charles fosse um veterano experiente. Ou as desventuras do adolescente Charles com o pequeno. Ou tudo ao mesmo tempo.

Continue, continue. :clap:
 
Essa história eu comecei com o propósito de ser longa, tenho uma idéia de parte do desenvolvimento. Ela tem continuação e assim que eu conseguir reler, eu posto aqui. Fiquei feliz que vocês gostaram, obrigada pelos comentários.
Ah, e irmãzinho, essa história vc não tinha lido ainda.
bjinhos
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo