Amigos, perdão por demorar, mas cá está o último dos capítulos escrítos!
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O modo de vida dos Sillions
Tudo ia. Tudo acontecia. A vida dos vampiros da Terra Media ficava mais firme, e o jeito como eles interagiam com o mundo em que viviam já se acostumava aos acontecimentos. De um lado, temos os malaschi de Gomorrah, com sua terrível e monstruosa força, destruindo a tudo e a todos os seres que não fossem como eles servos de Melkor. Os nosil, que agora viviam perto do reino de Fingolfin, e possuíam seu próprio lar, não mais dependentes da sede, nem muito menos de ter que viver em um local onde não pudessem chamar de seu, e os outros.
O outros que são referidos são aqueles que, logicamente foram contados aqui nestes escritos, mas até agora, pouco se sabia sobre sua vida. São os silions, subordinados de Sillina, irmã de Ninloth e Maladras.
Até a data presente, época em que Ninloth começou o sei reinado em sua nova terra, poucos eram os fatos sobre os silions que as pessoas sabiam. Mas com o passar do tempo, assim como foi dito antes, houve no Rei um profundo desejo por descrever e mostrar a vida na Terra Media, mostrar como viviam os vampiros. E isto não aconteceu com os nosil apenas. Os silions, súditos de sua irmã também entraram nos escritos.
Desse modo, eis que eu, Papillon, estou a mostrar-lhes como era um pouco de sua vida, de acordo com os poucos dados que obtive de diversas fontes, e da própria Sillina, como está contado.
"Desde a separação dos grupos de Ninloth e Sillina, após o seu ultimo encontro, no episódio posterior a derrota de Malaschi, pouco foi ouvido falar sobre os silions, aqueles que seguiam A Vampira. Sua fama era grande, mas eles eram como seres ocultos, inexistentes aos olhos comuns, e muito menos aos incomuns. Aqueles que não os via, talvez vivessem. Aqueles que os encontrassem, jamais voltaria a ver a luz do Sol novamente.
A verdade, é que eram seres ocultos, mais do que as próprias sombras. Era claramente possível identificar nas mortes visíveis nos dias posteriores aos seus ataques e saques, quem eram os responsáveis pelos fatos: a perfeição nos roubos, a perfeição na morte, a destreza memorável com armas brancas, com as mãos. Nenhum ser da Terra Media possuía tão perfeita sincronia de luta e de invasões.
Naquela época, os nosil estavam isolados demais nas Ered Luin para saber de algo sobre o modo de vida de Sillina, e eles criam serem os seres mais poderosos existentes na Terra Media. Isso era fato, pelo motivo de serem todos de segunda geração, mas não pela exímia destreza em todas as suas artes.
Depois da ascensão dos nosil a um povo livre do mal, mas fraco como os elfos, era indiscutível que os silions fossem os mais poderosos em estratégias de ataques em toda a Beleriand, que era o seu local de moradia. Ninloth soube de sua fama, que percorria praticamente toda a Terra Media como ‘o terror assassino da floresta’, seja de dia, seja noite.
Arautos foram, inicialmente, cogitados em ir fazer uma visita à Beleriand, a fim de encontrar Sillina, mas não foi essa a idéia final de Ninloth. Ele, ao fim, decidiu apenas que fossem dois dos seus mandar uma carta a sua irmã. O mais ágil de todos os seus guerreiros, Gyaren, e o escribão, para contar a história de como viviam os silions no Livro Negro, o livro que conta a história dos Vampiros da Terra Media. Ou seja, Papillon.
Minha viagem foi calma, até porque Gyaren estava do meu lado, o que diminuía drasticamente todos os problemas com relação a inimigos. Nenhum ser seria todo o bastante para atacar-nos, e aqueles que foram, não duraram mais do que alguns segundos: o suficiente para perceber o quão tolos tinham sido, e como jamais poderiam ter a chance de voltar atrás.
Enquanto seguíamos apenas pelo Sirion, os problemas existentes eram insignificantes. Mas o perigo se aproximou quando chegamos nas proximidades do Cinturão, que é onde viviam os silions, de acordo com o que era dito na Terra Media. Inteligência perfeita de Sillina: morar perto de um dos mais poderosos inimigos de Melkor, a grande Melian e o Rei Thingol.
Não tínhamos ainda sido atacados por silions, até aquele dia...
As árvores começavam a balançar, fazendo um barulho muito mais forte do que normalmente faria com apenas os ventos que circundam o Cinturão e o Sirion. Era possível se sentir passos chegando invisíveis até nós, mas não havia barulho. Não havia nada... Caminhamos, eu e Gyaren cerca de horas com essa impressão, mas não éramos seres quaisquer, e sim dois dos mais graduados servos de Ninloth. E mesmo não sendo iguais aos silions ou malaschi, ainda éramos vampiros. Mesmo não tendo a sede.
Então, em um piscar de olhos, lá estavam! Cerca de dez vampiros! Ao nosso lado, frente, trás, cima... todas as direções... Dois tomaram a frente, pararam... correram para cima de mim e então foi que eu realmente o porque de Gyaren estar comigo nesta viagem: muito mais rápido do que os meus próprios olhos possam ter visto, todo o chão estava vermelho escuro... impregnado com o sangue dos silions que nos atacaram, agora jogados ao chão, com suas cabeças decapitadas.
- Escutem, meros seres! Não vim aqui para falar com vocês, ou qualquer que sejam. Vim apenas com uma missão: entregar uma mensagem de meu mestre, Ninloth, o Guerreiro, à sua irmã Sillina. Este que está comigo é apenas um escritor, que não deverá morrer também. Mas, caso haja alguma coisa que queiram fazer antes de me levarem até sua mestra, como tentar uma vingança fútil que os levará apenas até o final da própria existência, o façam agora!
Até então, eu nunca havia presenciado um jeito tão severo e austero no modo de falar de Gyaren. Suas vozes pareciam serem ditas pelo próprio Thorondor nos picos de Crissaegrin. A violência empregada na voz e no assassinato dos vampiros que tentaram me atacar foi quase assustadora para mim, mas agradeço ao que a mim foi feito. Depois dessas palavras, um dos vampiros(que parecia ser líder do grupo de ataque, ou saque) se adiantou:
- Se são servos de Ninloth, não creio que poderemos nos vingar. Primeiro, porque não sabemos até onde os discípulos de Ninloth continuam fortes como os mesmos que derrotaram Maladras. Com certeza, se tiverem que ser mortos, creio que a própria Senhora não hesitará em eliminar-vos. Venham ambos comigo, eu sou Tarij, um dos líderes de caça da região oeste.
Então, finalmente fomos levados... Por caminhos tortuosos e ocultos, começamos a andar... a floresta se tornava cada vez mais densa e escura, até que chegamos a uma cachoeira. Era bela e límpida, mesmo que quase impossível de ser vista por olhos quaisquer por causa da escuridão.
Tarij pediu para que guardássemos todas as coisas que não poderiam ser molhadas dentro de um compartimento feito com um tecido especial que ele carregava, e disse para que seguíssemos. Ele e os outros.
- A entrada para nossa moradia só pode ser visualizada parta aqueles que passam pelo túnel interno dentro do rio. Devemos nadar até passar por baixo da cachoeira por uma passagem subterrânea. Espero que vocês não precisem respirar... caso precisem, necessitarão de muito fôlego. Não me importo de mostrar o caminho, pois com já disse, se tiverem que morrer, não serei eu a decidir isso e sim Sillina, mas caso morram na travessia, a falha é toda de vocês...
As palavras de Tarij pareceram muito arrogantes, como se não fossemos capazes de passar por uma simples caverna aquática. A água era fria e quase congelando. Mas esse não era o nosso problema. Fato é que percebemos o quão grande era o caminho que vinha pela frente. Eu e Gyaren, por mais que nadássemos, parecia que nunca chegaríamos a um local com ar, e meu fôlego, embora forte, estava quase se esgotando. Foi então nesse momento que eu pude finalmente encontrar um pouco de claridade. A luz, pouco a pouco, foi ficando mais forte e forte. Então finalmente pude ver os da frente saindo da água, bem como depois eu e Gyaren.
Surpreendente foi aquela visão... um mundo totalmente averso ao externo. Com árvores belas, de copas prateadas, casas em cimas das árvores, e uma formação grande e majestosa, como se fosse um palácio, mas misto em natureza... Parecia belo demais para ser uma comunidade de vampiros, mas ao mesmo tempo, era óbvio: humanos ou elfos da Terra Media jamais conseguiriam ter acesso àquele local, e os silions eram seres que viviam nas árvores. Aquele local, apesar de não parecer adequado à vampiros, e talvez mais aos teleri, era a morada dos silions.
- Venham ambos, a mestra provavelmente não está no castelo. Vocês ficarão trancados até ela chegar, a menos que prefiram problemas menores do que os que já estão tendo aqui. – disse Tarij
E então, ao mesmo tempo, começaram a aparecer como vultos, dezenas de outros vampiros. Uns belos e altos, outros mal vestidos e de tamanho mediano. Mas todos nos olhavam com expressão de displicência e superioridade... No fim, fomos escoltados para a mansão que falei a pouco, por uns trinta silions, enquanto Tarij e seus subordinados voltaram pelo caminho.
O tempo parecia não passar. Não posso dizer com exatidão quanto tempo ficamos esperando, mas sei que o Sol sumiu e apareceu várias vezes. Talvez não fossem dias se passando, mas a impressão daquele lugar era, se não macabra, no mínimo mística. Fato é que, finalmente fomos levado do local, e voltamos para o centro da cidade dos silions. Depois, levados ao castelo de Sillina.
Uma visão majestosa então começou a se formar diante dos meu olhos. Desenhos e ilustrações nas paredes. Ornamentações de ouro e prata, peles de animais perigosos, de tudo um pouco era possível se visualizar por cada corredor que andávamos. Até que, depois de alguns poucos minutos, chegamos á uma sala grande, sem diferenciação desta do corredor por nenhuma porta, sem guardas.
Dentro, podia-se ver uma mesaem formato nunca antes visto por mim. Era triangular, e uma das pontas era cortada, como um lugar preferencial. Eis que neste local estava Sillina. Uma visão da perfeição para uns, da perdição para outros, e da morte para quase todos.
Perguntei ao meu íntimo se ela sempre usava roupas tão exuberantes perto de seus criados... Uma calça extrememente apertada, bem como um espartilho verde. A roupa era para camuflagem, notava-se, mas em Sillina não só esse efeito surtia.
- Papillon, sei que este é o seu nome. - Disse ela então - Tome cuidado com os teus pensamentos aqui em meu lar. Talvez Ninloth não tenha costume de ler a mente de seus súditos, mas eu o faço sempre. Me visto assim porque quero, e porque posso, somente isso.
Mas, sei que você e seu amigo têm uma missão, então, cumpram-na logo.
Medo. Não sabia que os de Primeira Geração poderiam ler mentes, e isso me assustou, justamente porque Sillina possuia uma fama nada amistosa. Então, Gyaren se adiantou:
- Tudo o que viemos fazer é entregar esta carta à vossa excelência, dama. - disse entregando a mensagem de Ninloth - Nosso mestre a estima muito, senão não teria escolhido-me para essa missão, bem como Papillon. Tudo que preciso é de uma resposta, e já poderemos voltar para Taur-en-Faroth.
Então, Sillina olhou a mensagem com olhos de águia, deu um soriso de leve, e respondeu
- Se Ninloth quer minha aliança, infelizmente não poderei dá-la hoje, mas em grande perigo, fique decidido que qualquer um poderá invocar esse acordo. Paz teremos, claro, como sempre. Mas que fique decidido: um dia com certeza precisarei da ajuda dos nosil, bem como um dia os nosil precisarão da ajuda dos silions, e eu não irei falhar. Espero que vocês também não.
Somos mercenários. Trabalhamos de modo oculto até mesmo para Thingol, caso vocês queiram saber... mas Melkor se torna cada vez mais forte. Enfrentá-lo mesmo que só por prazer ou como mercenários começa a se tornar perigoso. Um dia, haverá uma guerra entre todos os povos da Terra Media, e isso qualquer um sabe. Nesse dia, Tarij irá até vocês, como vieram uma vez até mim.
Finalmente, depois de tudo isso, Sillina saiu. Os guargas nos mandaram sair, e nos escoltaram até fora da passagem subterrânea, e finalmente voltamos aos domínios de Beleriand. Quando nos demos conta, não havia mais ninguém conosco, e tudo voltou a ser como era antes."
O caminhos para o lar finalmente reapareceu, e agora, a sombra dos silions deixou de existir também. A segunda raça de vampiros ainda existia, e era tão ágil e forte quanto qualquer um poderia imaginar que fosse.