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[L][Alcalimë e Gaerwen][Dia "D"]

Não vou comentar nada inicialmente, leiam tudo. Baseado em fatos reais.
Sim, voces podem e devem fazer todo o tipo de comentário construtivo, eu e a Gaerwen queremos melhorar o texto onde der! :mrgreen:

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O dia estava estranho, Marina e Clarissa não podiam negar isto. O ar estava parado, era difícil respirar, e o coração apertava. O simples som de um lápis caindo no chão era excruciante aos ouvidos. A hora se aproximava. Trocavam olhares, assustados; muitas vezes, conformados. A agonia era tal que era possível imaginar um elástico sendo esticado, até o fim, enquanto esperavam ele arrebentar, chicoteando nas suas mãos.

***

Clarissa olhou no relógio, dois minutos. Levantou-se da cadeira e começou a caminhar pela sala. O tempo estava tão distorcido, que parecia correr, mas com uma lentidão agonizante. Não ouvia mais nada, além de seus passos ecoando na sala. No corredor do lado de fora passos mais pesados e severos se aproximavam. Ela podia ver o elástico afinando, enquanto imaginava cordas de um violino arrebentando-se.
Como um trovão que antecede a tempestade, a porta se abriu, e depois disso, nem mais o barulho da própria respiração ela ouvia. Fechou os olhos, e respirou fundo. Ele chegara.

***

“E as portas do Inferno se abriram”, pensou Marina, caindo na cadeira quando seus joelhos cederam. “O fim está próximo”.
Respirou fundo, tentando fazer com que o seu coração voltasse no ritmo normal. O silencio era retumbante. Ela olhou para Clarissa, como uma estátua, mas dessa vez não recebeu nem mesmo um olhar apavorado em resposta.
O tempo definitivamente havia parado, Marina concluiu. Ninguém se movia. Todos tinham os olhos fixos naquela implacável figura, como coelhos assustados e paralisados pelo medo. Em frente a porta, ele os observava, o olhar duro e frio como uma pedra de gelo. O carrasco. O pior pesadelo de todos aqueles coelhos assustados, que em breve se tornariam vitimas de sua cruel tortura mental.
“Por favor”, pensou, enquanto fechava os olhos e batia a cabeça contra a parede repetidas vezes. “Na próxima encarnação, eu quero ser um gênio”.

***

Repentinamente, o tempo voltou a correr, a cena congelada agora lentamente se movia, mas o gelo criado pela tensão na sala piorava.
O carrasco moveu-se lentamente, ignorando os olhares aterrorizantes lançados em sua direção. Carregava nas mãos um envelope, o tão temido envelope. Temido e ao mesmo tempo almejado! Se saísse em outras mãos, mãos que não a do carrasco, poderia realizar verdadeiros milagres. Lá dentro, documentos contendo os maiores enigmas já concebidos pela mente humana. Enigmas que, se resolvidos, poderiam mudar o destino de muitos que ali se encontravam.
Clarissa sentou-se lentamente em seu lugar, aparentemente recuperando os movimentos. Marina parou de bater com a cabeça na parede, e, ligeiramente zonza, abriu os olhos. Uma última troca de olhares desesperados. Quase uma despedida. Era mesmo o fim. O envelope for aberto.

***

Depois de um longo suspiro, Clarissa levantou a cabeça, olhando para o céu. Estaria ela viva ou já era um fantasma vagando? Só sabia uma coisa: ela havia conseguido encarar o inimigo, olhá-lo nos olhos e, depois de muito implorar pela ajuda divina, descobrira o seu ponto fraco. Afinal, nem tudo estava perdido. O monstruoso carrasco fora aos poucos perdendo força e tamanho.
Ela havia respirado fundo, pensando na coisa mais inofensiva em que conseguira imaginar, tirando do carrasco o seu manto de terror e poder. Agora, eram as armas do inimigo que se pareciam com coelhinhos assustados.
Fora uma batalha difícil, mas o inimigo tinha sido derrotado. Lembrando de tudo, podia agora sentir suaves dedos massageando seu ego. Olhando para frente, viu Marina se aproximando.

***

Marina fechou lentamente a porta atrás de si. A primeira coisa que fez foi pensar em uma complicadíssima equação matemática, e em seguida tentar resolvê-la. Não conseguiu. “Eu ainda não sou um gênio”, concluiu, pasma. “O que significa que... eu sobrevivi!” Era inacreditável, absolutamente inacreditável. “Eu estou viva”, pensou Marina, começando a caminhar para longe dali. “E parece que os meus neurônios continuam no lugar!”
Então ela avistou Clarissa, sentada sozinha em um frio banco de cimento. Ela também parecia estar bem. Mas era melhor aproximar-se para conferir.

***

- Sissa! Você esta... Viva? Eu ainda não me acostumei com a idéia.
Clarissa lançou um olhar seguido dum sorriso de contentamento.
- Nunca me senti tão viva. – falou enquanto sentia o sol queimando seu rosto. – Você se saiu bem?
- Sim, e estou viva! – Marina desaba ao seu lado. – Ou acertei tudo, ou errei tudo!
- Bom, vamos sair daqui, e vamos mudar de assunto! Porque pelo jeito só saberemos nossas notas na segunda-feira, na próxima aula de química.
 
Tri! Caraca, adorei, ficou excelente!

A construção das cenas ta muito legal, as referências de tempo e espaço, e o final também. Mas o mais interessante foi a maneira que vocês lidaram com as palavras e harmonizaram os estilos; realmente impressionante ^^
 
valeu, Skylink... :obiggraz:

modéstia à parte, eu gostei desse nosso texto. nunca imaginei que algo tão horrível pudesse inspirar uma história. :mrgreen:
 
Ficou interessante a forma de tratar uma coisa aparentemente simples, criando uma força literaria (ou cinamatografica) ao redor dela.

Achei interessante essa parte:
Marina fechou lentamente a porta atrás de si. A primeira coisa que fez foi pensar em uma complicadíssima equação matemática, e em seguida tentar resolvê-la. Não conseguiu. “Eu ainda não sou um gênio”, concluiu, pasma. “O que significa que... eu sobrevivi!”

A ideia de que a 'morte' te levaria a ser um gênio foi fantástica...foi uma das passagens mais interessantes do texto.

Parabéns a vocês, o texto está bem legal e bem escrito também...
 

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