Engethor
Son of Jango
Julgamentos de valor x julgamentos factuais
(ou Opinião x Fatos)
"Ah, mas isso é só sua opinião."
Esse tipo de frase (ou uma de suas variantes) é muito utilizado para "encerrar" algum debate.
O problema é que nem toda afirmação é uma opinião. Mas muitas vezes se confunde opinião com afirmação factual. Um julgamento de valor é bem diferente de um julgamento factual. E não dá para fugir de afirmações factuais com a desculpa de "opinião não se discute". (estou usando opinião e julgamento de valor como sinônimos)
Adaptando de definições do filósofo e professor Richard Hanley:
"'Esta camisa tem uma cor brilhante.' - é um exemplo de julgamento factual.
'Esta camisa é feia.' - é um exemplo de julgamento de valor.
Julgamentos factuais referem-se a fatos. É uma sentença à qual pode ser atribuído o valor lógico verdadeiro ou falso (ou indefinido, indeterminado, depende da lógica). Mas isso não implica que julgamentos de valor não sejam sobre fatos, ou não sejam verdadeiros ou falsos. Às vezes se alega que o valor, como a beleza, está nos olhos de quem vê, mas nenhum bom argumento foi apresentado para essa afirmação (algumas camisas são mesmo feias! ).
Para escapar do conceito "valor", pode-se utilizar as definições de Julgamentos descritivos e normativos. O primeiro faz uma afirmação sobre como as coisas são enquanto o segundo faz uma afirmação sobre como as coisas deveriam ser (quer sejam ou não). Um julgamento de valor carrega uma força normativa (no caso da camisa feia, o implícito pode ser: "vc deveria ter usado outra camisa"). Um julgamento factual carrega força descritiva. "
Portanto, frases como "dado nosso conhecimento, a teoria X é a que melhor explica esse evento" ou "teoria tal fez tais e tais previsões e teve tais e tais confirmações" não são opiniões, não são julgamentos de valor. São sentenças descritivas. Então, nesses casos, a resposta "mas isso é só sua opinião" não se aplica. "Mas é só uma teoria" tb não se aplica, vide ( http://forum.valinor.com.br/viewtopic.php?t=12901).
Cientistas fazem julgamentos de valor? Certamente (se bem que isso é assunto para outra conversa). Eles têm que escolher que teoria investigar, que ramo da natureza estudar, isso envolve uma atividade normativa, uma avaliação do que vale a pena para ele. Mas eles sabem que não podem ser prender a uma teoria apenas por gostarem dela, para avaliar algo utilizam critérios factuais, pesam as evidências.
O interessante é que os cientistas conseguem dar utilidade até mesmo a seus gostos. Por ex, eles têm uma preferência por simetrias. Eles adoram procurar simetrias. Eles vêem beleza na simetria. E a boa notícia é que diretamente de buscas por simetrias eles já formularam novas teorias, descobriram partículas, encontraram novas maneiras de visualizar fenômenos.
--
Hora de passar a palavra... O "como deveria ser" x "como as evidências apontam". O 'deveria ser', o idealizado fascina mais? É por isso que julgamentos de valor de um indivíduo são tão arraigados? (muitas vezes mais do que avaliações descritivas)
(ou Opinião x Fatos)
"Ah, mas isso é só sua opinião."
Esse tipo de frase (ou uma de suas variantes) é muito utilizado para "encerrar" algum debate.
O problema é que nem toda afirmação é uma opinião. Mas muitas vezes se confunde opinião com afirmação factual. Um julgamento de valor é bem diferente de um julgamento factual. E não dá para fugir de afirmações factuais com a desculpa de "opinião não se discute". (estou usando opinião e julgamento de valor como sinônimos)
Adaptando de definições do filósofo e professor Richard Hanley:
"'Esta camisa tem uma cor brilhante.' - é um exemplo de julgamento factual.
'Esta camisa é feia.' - é um exemplo de julgamento de valor.
Julgamentos factuais referem-se a fatos. É uma sentença à qual pode ser atribuído o valor lógico verdadeiro ou falso (ou indefinido, indeterminado, depende da lógica). Mas isso não implica que julgamentos de valor não sejam sobre fatos, ou não sejam verdadeiros ou falsos. Às vezes se alega que o valor, como a beleza, está nos olhos de quem vê, mas nenhum bom argumento foi apresentado para essa afirmação (algumas camisas são mesmo feias! ).
Para escapar do conceito "valor", pode-se utilizar as definições de Julgamentos descritivos e normativos. O primeiro faz uma afirmação sobre como as coisas são enquanto o segundo faz uma afirmação sobre como as coisas deveriam ser (quer sejam ou não). Um julgamento de valor carrega uma força normativa (no caso da camisa feia, o implícito pode ser: "vc deveria ter usado outra camisa"). Um julgamento factual carrega força descritiva. "
Portanto, frases como "dado nosso conhecimento, a teoria X é a que melhor explica esse evento" ou "teoria tal fez tais e tais previsões e teve tais e tais confirmações" não são opiniões, não são julgamentos de valor. São sentenças descritivas. Então, nesses casos, a resposta "mas isso é só sua opinião" não se aplica. "Mas é só uma teoria" tb não se aplica, vide ( http://forum.valinor.com.br/viewtopic.php?t=12901).
Cientistas fazem julgamentos de valor? Certamente (se bem que isso é assunto para outra conversa). Eles têm que escolher que teoria investigar, que ramo da natureza estudar, isso envolve uma atividade normativa, uma avaliação do que vale a pena para ele. Mas eles sabem que não podem ser prender a uma teoria apenas por gostarem dela, para avaliar algo utilizam critérios factuais, pesam as evidências.
O interessante é que os cientistas conseguem dar utilidade até mesmo a seus gostos. Por ex, eles têm uma preferência por simetrias. Eles adoram procurar simetrias. Eles vêem beleza na simetria. E a boa notícia é que diretamente de buscas por simetrias eles já formularam novas teorias, descobriram partículas, encontraram novas maneiras de visualizar fenômenos.
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Hora de passar a palavra... O "como deveria ser" x "como as evidências apontam". O 'deveria ser', o idealizado fascina mais? É por isso que julgamentos de valor de um indivíduo são tão arraigados? (muitas vezes mais do que avaliações descritivas)