Sim, a poesia da Angélica é uma das mais maduras no cenário contemporâneo. Achei interessante que no Um útero ela desenvolveu um tipo de humor que, ao contrário do que alguns críticos apontaram como sendo "mais do mesmo" ou "feminismo ralo", mostra um amadurecimento, um certo rancor que se afasta de uma comunicação mais presa à tradição satírica. O Ricardo Domeneck tem um texto interessante onde ele aborda as raízes satíricas da poesia da Angélica no século XIX e na poesia nonsense.
Assim, o Rilke Shake era contrabalanceado de poemas praticamente vazios de sentido (ou de carga semântica pobre) como o "Dentadura perfeita", até poemas realmente bons como o "Sereia a sério". Mas no Um útero a coisa vai ficando mais definida, e o humor dela tende a se tornar um humor mais corrosivo, como se ela brincasse com coisas que no fundo não tem graça nenhuma. De certo modo, esse percurso lembra o Drummond que sai de Alguma poesia para O Brejo das Almas.
P.S.: Algo me diz que a Raquel Cozer tem alguma coisa a nos dizer sobre o Rilke Shake...
Assim, o Rilke Shake era contrabalanceado de poemas praticamente vazios de sentido (ou de carga semântica pobre) como o "Dentadura perfeita", até poemas realmente bons como o "Sereia a sério". Mas no Um útero a coisa vai ficando mais definida, e o humor dela tende a se tornar um humor mais corrosivo, como se ela brincasse com coisas que no fundo não tem graça nenhuma. De certo modo, esse percurso lembra o Drummond que sai de Alguma poesia para O Brejo das Almas.
P.S.: Algo me diz que a Raquel Cozer tem alguma coisa a nos dizer sobre o Rilke Shake...