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Joseph Conrad, de nome de baptismo Józef Teodor Nałęcz Korzeniowski (Berdyczew, 3 de dezembro de 1857 – Bishopbourne, 3 de agosto de 1924) foi um escritor britânico de origem polaca. Muitas das obras de Conrad centram-se em marinheiros e no mar.
Conrad foi educado na Polónia ocupada pela Rússia. O seu pai, um aristocrata empobrecido de Nałęcz, foi escritor e militante armado, sendo preso pelas suas actividades contra os ocupantes russos e condenado a trabalhos forçados na Sibéria. Pouco depois, a sua mãe morreu de tuberculose no exílio, e quatro anos depois também o seu pai, apesar de ter sido autorizado a voltar a Cracóvia. Destas traumáticas experiências de infância durante a ocupação russa é possível que Conrad derivasse temas contra o colonialismo como no romance Heart of Darkness (Coração das trevas). A sua última obra publicada em vida foi 'The Rover' (1923), onde conta a história de Peyrol, um pirata que decide reformar-se.
Foi colocado sob os cuidados de seu tio, uma figura mais cautelosa do que qualquer um de seus pais, que não obstante, permitiu que Conrad viajasse para Marselha e começasse sua carreira como marinheiro com a idade de 17 anos. Em 1878, depois de uma tentativa falhada de suicídio, passou a servir num barco britânico para evitar o serviço militar russo. Aos 21 anos tinha aprendido inglês, língua que mais tarde dominaria com excelência. Conseguiu, depois de várias tentativas, passar no exame de Capitão de barco e finalmente conseguiu a nacionalidade britânica em 1884. Pôs pela primeira vez o pé em Inglaterra no porto de Lowestoft, Suffolk, e viveu em Londres e posteriormente perto de Cantuária, Kent.
O filósofo Bertrand Russell, que veio a conhecê-lo depois da sua chegada a Inglaterra, tinha verdeiro fascínio pela sua obra, em especial, pela obra Coração das trevas. (O grau de amizade foi tal que Russell baptizou um de seus filhos com o nome "Conrad".)
Fonte: Wikipedia
São muitas as obras aclamadas de Conrad. As principais são Coração das trevas, Nostromo, Lord Jim e O agente secreto. Destas, só li a primeira, mas, assim como faz o Lucas, venho desde o ano passado lendo livros do Conrad esporadicamente, e já me viciei incondicionalmente, só lendo obras "menores". É um fato: uma vez que você conhecer a obra desse polonês, serão poucos os autores que conseguirão lhe contar uma história tão bem contada. O número de reflexões que a obra de Conrad incita são tantas que dificilmente eu conseguirei passar por aqui o fascínio que ele produz.
Em primeiro lugar, ele tinha a mente de um grande estrategista. Tendo servido por muito tempo na marinha mercante britânica, ele possuia um conhecimento bem vasto desse meio, de onde ele conseguiu produzir um rol bastante amplo de personagens, que fizeram as suas vidas a bordo de navios e em postos de comércio no exterior. De fato, muitos chamam a ficção de Conrad de exótica, pois seus cenários são em sua maioria ilhas orientais, ou então na África, ou na América do Sul. Ele tinha um olho muito aberto para as forças econômicas e políticas que moldaram uma parte do mundo em sua época, mas só isso não foi o suficiente para ele ter se tornado um grande escritor.
O que mais me admira em suas obras é o cuidado com que ele cuida do psicológico de suas personagens. Poucos escritores (penso aqui em Dostoievski) conseguiram delinear as motivações de suas personagens tão precisamente como o fez Conrad. Por isso sua ficção é sempre verossímil, ele tratava de apurar ao máximo os meandros mentais de suas personagens, aliadas a descrições muito lúcidas do meio em que viviam, e conseguia tirar histórias fascinantes a partir desse material. Tirando o Coração das trevas, dentre as obras que li dele, duas são minhas favoritas: Vitória e Os duelistas. Na primeira, um casal em retiro da sociedade tem sua ilha invadida por criminosos; na segunda, dois oficiais do exército de Napoleão travam uma guerra particular, enquanto lutam lado a lado na Europa. Nesses dois livros Conrad revela sua maestria, ele tem um domínio total da narrativa, nada do que ele escreve é supérfluo, e ele pode passar páginas explicando o porque de seus personagens agirem da maneira que agem que não cansa o leitor, apenas o torna mais intrigado.
Se eu tivesse de apostar numa espinha temática para os seus livros, seria a de homens lutando contra um mundo em constante ebulição. Homens que se apegam a um plano de ação, mas são constantemente desafiados quando o caos do mundo real entra em suas vidas.
Outra, dizem que O agente secreto (seu único romance a se passar em Londres) foi a inspiração de toda a literatura de espionagem do século XX.