A pessoa de Saramago pouco tem a ver com a obra dele. Se ele é chato ou algo do tipo, não é isso que nós queremos saber neste tópico. Eu não vou simplesmente ignorar a genialidade explícita em seus livros porque ele é antipático/chato/metido/whatever.
Sinto muito, seus posts, até agora, não saíram do patamar de "birra".
Pois, ainda um dia vão dizer que o "Mein kampf" não pode ser associado ao autor...
Até parece que uma obra literária cai do céu e o seu autor não tem nada a ver com aquilo.
Ora bolas, uma obra é sempre um reflexo do que o autor é, do que ele pensa, dos seus ideais, do seu passado, das suas alegrias e frustrações.
Como é que se pode disassociar uma obra do autor?.....????? Essa não dá para entender.
E para quem não sabe, Saramago não tem muitos estudos. Nem sequer o chamado vestibular.
Suas obras dispensam pontuação?
Claro, quando começou nem devia saber onde colocar uma vírgula ou um ponto. Não é inovação, não. O homem não sabia pontuar, e o editor, ao ler, deve ter achado piada e deixou ir assim.
Agora chamam-lhe inovador por isso.
Essa até me dá vontade de rir.
Eu fiz o serviço militar no convento de Mafra (pois, existe ali um quartel do exército).
Conheço portanto muito bem o palco onde se desenrola o "Memorial do Convento".
Ao ler o livro, até parece que D. João V morava ali...
E no entanto, nunca foi morada permanente do rei.
Aliás, as visitas dele eram essencialmente para ir ver as freiras... que ele apreciava especialmente (chegou inclusivamente a gerar diversos filhos de algumas delas), e para ir com a família real fazer caçadas na tapada.
Mas pronto, como é um mosteiro grande e imponente, lá serviu para o Saramago "põr" ali uma história.
Mas Mafra não era mais do que um poiso para caçadas reais (existe uma grande mata, com animais de caça, ainda hoje) e para "visitar freiras".
O convento tem corredores onde cabem camiões do exército. Tem salões que parecem anfiteatros. Tem quartos enormes, autênticos salões de baile.
Criadagem, naquele tempo, era às centenas. Silêncio, ali, é coisa rara.
Por isso, nem uma única passagem do "Memorial do Convento" me faz sentir "lá".
Com abóbodas tão grandes, espaços tão amplos, com tanta movimentação que devia haver naqueles claustros, não estou a ver como poderia haver tanto mistério num sítio onde o fausto e a luxuria ditavam leis...
Aliás, para D. João V, a política era ouvir umas óperas, caçar, esbanjar dinheiro, fazer de rei e ... visitar freiras.
Tá bem. É uma obra de ficção. Isso é verdade.
O autor tem liberdade criativa. Também é verdade.
Mas quase nenhum aluno em Portugal aprecia Saramago.
Todos o acham muito "pesado". Já foi até retirado de alguns manuais.
Daqui a 100 anos ninguem estudará a sua obra.
Já agora, conhecem Miguel Torga?
Desse sim, cada linha que leio me sinto português. Os seus versos respiram as montanhas e os rios lusitanos.
Faz com palavras, fantásticos quadros de Portugal.
Quando eu estiver no meu leito de morte, recitem-me Miguel Torga ou Pablo Neruda.
Mas por favor, não leiam nada do Saramago senão ainda morro mais depressa.