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John Ashbery.

Mavericco

I am fire and air.
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Como ele tem muito pouco publicado em português, uma biografia em inglês é coerência:

john_ashbery.jpg


John Ashbery was born in Rochester, New York, on July 28, 1927. He is the author of more than twenty books of poetry, including Quick Question (Ecco, 2012); Planisphere (2009); A Worldly Country (2007); Where Shall I Wander (2005); Chinese Whispers (2002); Your Name Here (2000); Girls on the Run: A Poem (1999); Wakefulness (1998); Can You Hear, Bird (1995); And the Stars Were Shining (1994); Hotel Lautrémont (1992); Flow Chart (1991); and April Galleons (1987).

Ashbery has won nearly every major American award for poetry. His collection A Wave (1984) won the Lenore Marshall Poetry Prize; Self-Portrait in a Convex Mirror (1975) received the Pulitzer Prize for Poetry, the National Book Critics Circle Award, and the National Book Award; and Some Trees (1956) was selected by W. H. Auden for the Yale Younger Poets Series.

He has also published Other Traditions: the Charles Eliot Norton Lectures (2000); Reported Sightings (1989), a book of art criticism; a collection of plays; a novel, A Nest of Ninnies (1969), with James Schuyler; and edited The Best American Poetry 1988.

Ashbery served as the poet laureate of New York State from 2001 to 2003. He was also the first English-language poet to win the Grand Prix de Biennales Internationales de Poésie (Brussels), and has also received the Bollingen Prize, the English Speaking Union Prize, the Feltrinelli Prize, the Ruth Lilly Poetry Prize, two Ingram Merrill Foundation grants, the MLA Common Wealth Award in Literature, the Harriet Monroe Memorial Prize, the Frank O'Hara Prize, the Shelley Memorial Award, and fellowships from the Academy of American Poets, the Fulbright Foundation, the Guggenheim Foundation, and the MacArthur Foundation.

A former Chancellor of the Academy of American Poets, Ashbery is currently the Charles P. Stevenson, Jr., Professor of Languages and Literature at Bard College. He divides his time between New York City and Hudson, New York.

- See more at: http://www.poets.org/poet.php/prmPID/238#sthash.hoabIdAl.dpuf

Antes mesmo de iniciarmos a discussão, vou apresentar alguns sites que encontrei com poemas dele:


Agora vamos ao que de fato interessa: quem aqui já leu algo dele? Se não leram, os links aí em cima, eu sei, são poucos, mas podem dar uma ideia do Ashbery...

Ele é considerando um dos grandes poetas estadunidenses ainda vivos. Isso, é claro, quando escreve bem. Pois, para muitos críticos, quando ele o faz, ele fica ao lado de Hart Crane e Wallace Stevens, nos dizeres do Harold Bloom.

Não sei até que ponto os poemas que selecionei podem dar uma ideia de fato da poesia do Ashbery, pois ainda estou me iniciando no estudo de sua obra; de todo modo, estou lendo um livro que é um estudo tanto de sua obra quanto de um poema em específico que é ótimo:

9788531404474.jpg

JOHN ASHBERY: Um Módulo para o Vento
de Viviana Bosi Concagh

ISBN 10: 85-314-0447-9
ISBN 13: 978-85-314-0447-4
Formato: 18x25 cm
Nº de Páginas: 344 pp.
Peso: 800 g

FONTE: http://www.edusp.com.br/detlivro.asp?id=11430

O poema que ela traduz é o Autorretrato num Espelho Convexo, um poema de mais ou menos 600 versos que é espetacular. Até onde sei, e tirando uma edição portuguesa com poemas do Ashbery, é o melhor que dá pra encontrar dele nessas terras. (Isso sem contar que ele faz um intertexto com uma de minhas pinturas favoritas :) )



P.S.: Encontrei a tradução da Viviana Bosi Concagh pro poema do Ashbery:

Auto-retrato num espelho convexo, Estud. av. vol.11 no.30 São Paulo May/Aug. 1997.
 
Última edição:
Legal. De passagem (por causa do tópico) olhei uns livros de poesia americana contemporânea hoje lá na biblioteca e achei uns poemas dele em dois livros. Um deles de poesia "pós-moderna", mas eu acho esse meio estranho já que incluíram, por exemplo, o Ginsberg... (Por isso desconfio que a poesia do Ashbery não necessariamente seja pós-moderna). Depois vou dar uma olhada no Ashbery (mais um para a lista). E quantos prêmios, hein?
 
Última edição:
É, aí tem todo aquele balaio de gato da pós-modernidade... E de fato eu não acho que o Ashbury seja tão pós-moderno assim. Talvez em alguns de seus poemas mais recentes, não sei. Esse Autorretrato mesmo, para muitos é um retrato pós-moderno, e isso pode até mesmo ser possível ou se for uma pré-pós-modernidade (!!) ou se aceitarmos que a crítica precisa reciclar os termos pra não parecer tão confusa. Afinal de contas, um poema de 1975 já não fala muito dos problemas de hoje... Por mais que em alguns casos ele seja bem contemporâneo:

Amanhã é fácil, mas hoje é inexplorado,
Desolado, relutante como toda paisagem
Em ceder as leis de perspectiva que existem
Afinal, apenas para a profunda desconfiança
Do pintor, um fraco instrumento, embora
Necessário. É claro que algumas coisas
São possíveis, é o que sabe, mas não sabe
Quais. Algum dia tentaremos
Fazer tantas coisas quanto possível
E talvez tenhamos êxito num punhado
Delas, mas isso não terá nada
A ver com o que está prometido hoje, essa
Paisagem arrebatada de nós até desaparecer
No horizonte. Hoje basta uma capa lustrosa
Para manter a suposição de promessas juntas
Num só pedaço de superfície, deixando-nos ir embora
Para casa de forma que possibilidades
Até mais fortes possam continuar
Intactas sem serem testadas. (...)

E sim, é prêmio pra caramba, né? Como disse, ele é queridinho do Harold Bloom... O que é por si só um prêmio, convenhamos.
 
Bem, terminei de ler o livro da Viviana Bosi. Como dito, é um ótimo livro e é uma introdução bem fidedigna à obra do Ashbery. Só é uma pena que Ashbery continua com aquela defasagem de publicações, o que sem dúvidas dificulta mesmo na hora de acompanharmos sua obra sob um espectro muito bem realizado.

Dito pela Viviana, existe um volume português com traduções do Ashbery:

AUTO-RETRATO NUM ESPELHO CONVEXO E OUTROS POEMAS
John Ashbery
Tradução de António M. Feijó
Editora Relógio D'Água
isbn 972-708-281-5
276 páginas
€ 16.15

http://www.relogiodagua.pt/uploads/9/8/1/6/9816481/catlogo_2013.pdf

Mas é uma edição dificilmente encontrável pelo leitor brasileiro. Assim, por exemplo, um poema como o Patolino em Hollywood, que me deixou bem encucado, não deu pra ser conferido e posto ao lado do Autorretrato... Sobre a análise, aliás, que a Viviana faz do último, dentre os vários pontos apontados, é de se destacar o fato do Ashbery partir da contemplação de um espelho convexo, ou seja, um espelho que aproxima virtualmente a imagem do espectador, para uma análise da sociedade contemporânea que, apesar do que disse posts atrás, é sim ainda muito contemporânea.

Uma ideia que gostei bastante na argumentação dela é: o que caracteriza o espelho convexo é o fato dele retratar de modo "hiperreal" o centro (esse "hiperreal é por minha conta) e de forma deformada as margens, ou seja, ele mantém as características do centro e de tal modo que o centro parece pular pra cima do espectador, ao passo que nas margens a coisa é defasada: no quadro do Parmigianino, isso se vê de forma bem clara a partir da mão, e a mão é por si só um aspecto bem notável no processo de composição literária, visto que ela é a razão de existir dessa atividade. Seja como for, a metáfora maior do espelho convexo pode ser posta como ponto de análise para o fenômeno do contemporâneo, em que a hipertrofiação ou a hipervalorização do centro implica numa deformação das margens, e o próprio processo de construção poemático o atesta: a primeira parte do poema começa falando descritivamente do quadro, e, já na segunda parte, a atenção é quebrada:

"O balão estoura, a atenção
Desvia-se, lenta. (...)"

E isso aí resulta numa dialética, pois o Ashbery sempre volta ao quadro do Parmigianino, mas esse movimento de retorno é um movimento de hiper-realização, de retorno hipertrofiado ao real, o que adquire uma carga muito irônica: a realidade povoa o poema de modo mais denso não exatamente quando o Ashbery fala de "(...) mesa, papéis, livros, / Fotografias de amigos, a janela e as árvores", mas quando fala do quadro do Parmigianino:

"(...) Eu vejo nisso apenas o caos
De teu espelho redondo que organiza tudo
À volta da estrela guia de teus olhos que estão vazios,
Nada sabem, sonham mas nada revelam."

E isso já é, por si só, uma granada nas mãos daqueles que acham a arte contemporânea em excesso metalinguística... Oras: é como se o Ashbery dissesse que a metalinguagem é, pura e simplesmente, a forma mais poderosa de chegarmos justamente à realidade, mais ou menos como o Parmigianino encontrou, na reflexividade virtual de um quadro que retratasse o pintor se olhando num espelho convexo, a forma mais fidedigna de retratar a si mesmo -- isto é, retratar tudo o que uma mera imagem jamais poderia descrever, retratar, em suma, o que só a arte pode retratar.

Enfim. Por ser um poema bem complexo, necessito de uma convivência maior para poder formular uma opinião mais bem elaborada; de todo modo, é uma obra-prima.
 
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