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Jogos... 8ª arte?

Eu nunca duvidei que exista arte nos jogos, pois sem o elemento fundamental chamado criatividade, simplesmente não haveria jogos. Só teríamos linhas de programação cumprindo funções básicas como cálculos e processamento de dados.

Mesmo em jogos bem antigos, a partir do momento que alguém decidiu fazer um ping-pong bem básico entre dois tracinhos e uma bola quadrada, houve ali uma manifestação elementar de criatividade que permitiu um programinha de computador se tornar algo interativo e criativo.

E hoje os jogos chegaram num nível de complexidade, em que processo criativo é tão extenso e trabalhoso quanto a de um filme de cinema.

O curso que eu indiquei vai um pouco mais afundo, dificil resumir. Caso tenha um tempo livre recomendo fazer o curso, se você tiver 1 ou 2 dias livres consegue faze-lo, talvez sem fazer o exercicio final, que requer um pouco mais de pratica.

Edit. Ele foi desenvolvido pelo Instituto de Artes da Unicamp com alguma parceria com o Gamux (um nucleo de desenvolvimento de jogos que envolve o Instituto de Artes e o Instituto de Computação da Unicamp).

Edit. O curso aborda bem pouco desenvolvimento, na verdade ele é bem focado na relação entre arte e video games.
 
Última edição:
Bacana a proposta de um curso online gratuito.
Seu eu fosse fazer, daria preferência por algo com foco mais prático, mais por mera curiosidade e hobby mesmo.
 
Por trás do jogo: Direção de Arte para Jogos Independentes

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Criando um cenário para o Chinatown Detective Agency.
O que faz um diretor de arte?
O Diretor de Arte (D.A.) é responsável pela concepção artística do jogo, supervisionando e unificando a estética visual do projeto. Ele define a aparência geral do projeto e como ela comunica visualmente, estimula emoções, contrasta elementos (personagens e fundos, por exemplo) e atrai psicologicamente o público-alvo.


O D.A. define o estilo artístico e elementos visuais como fontes e interfaces que serão utilizados no projeto, do começo ao fim, e busca a consistência nisso.

Num projeto de grande porte (AAA), essa visão é repassada para artistas conceituais, artistas assistentes, programadores, artistas visuais e o D.A. supervisiona o trabalho deles, até mesmo aplicado dentro da engine do jogo, procurando com que o visual se mantenha consistente.
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Assassin's Creed – Raphael Lacoste – Copyright Ubisoft.
Abaixo, uma tradução livre do prefácio the Assassins Creed – The Complete Visual History onde Raphael Lacoste fala sobre a direção de arte da série.

Assassin's Creed é sobre repensar e reviver a história, e a cada capítulo pretendemos criar mundos plausíveis e imersão crível para nossos fãs. Através da evolução consistente de nossa direção de arte, criamos um estilo distinto e único para o nosso universo. Mas, para mim, a direção de arte também trata da construção de momentos significativos que dão origem a uma ampla gama de emoções. Por isso, acho importante estilizar e enfatizar elementos de paisagens reais, arquitetura icônica e personagens históricos. O mundo de Assassin's Creed foi criado para despertar a imaginação, viajar no tempo e descobrir locais épicos e testemunhar alguns dos momentos mais importantes da história do mundo."

– RAPHAEL LACOSTE, Diretor de Arte da marca Assassin's Creed
E como funciona a direção de artes nos jogos independentes, Ricardo?

Já em jogos independentes a coisa muda. Por razões orçamentárias, em grande parte dos projetos, o D.A. é o único artista do projeto e acaba acumulando diversas tarefas. Vou falar rapidamente sobre algumas delas a seguir e tentar ilustrá-las com exemplos do meu projeto atual.

Arte Conceitual

A arte conceitual é uma forma de ilustração usada para transmitir o conceito do mundo do jogo. Onde esse jogo se ambienta? Em que época? Quem são as pessoas que habitam ele?

Muitas vezes no começo do projeto uma das artes conceituais é definida como arte-chave (key art) e vai servir para desdobramento de todo o universo do jogo.

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Key Art para Chinatown Detective Agency.

Design de Personagens

É a definição da aparência física de um personagem baseada na sua cultura, momento histórico, ideologia, posição política, comportamento, sexualidade e outros aspectos.
Toda a complexidade da mente de um ser humano se reflete no exterior, mesmo que seja de forma oposta. O rabugento de bom coração, a criança maléfica, o demônio bom, por exemplo.
Pense em todas essas nuances e suas inversões e seu personagem vai ser crível.
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Amira Darma, protagonista de Chinatown Detective Agency.

Design de ambientes

Como é o mundo em que os personagens vivem? No passado? No futuro? Como ele vai afetar o comportamento dele? Como os personagens vão interagir com o mundo? Qual a situação econômica do local?
Respondendo questões como essas você consegue criar uma história de fundo verossímil para os ambientes e os personagens que vivem nele.
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O mundo entra em colapso em Chinatown Detective Agency e até as nações mais ricas tem seu panorama mudado.

Design de Interface

São as ideias do game designer transmitidas para uma interface visual, pensando na experiência do usuário. Tipografia, cores, contraste, diagramação da informação na tela. Tudo isso é escolhido com foco na forma com a qual o jogador vai interagir.
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Esboço criado por Mark Fillon, game designer do Chinatown Detective Agency.
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Interface Gráfica do Chinatown Detective Agency, por Ricardo Juchem.
Além dessas tarefas e funções que citei, em projetos independentes o D.A. pode se envolver também com animação, pós-processamento de imagem, correção de cores e outras coisas.
Nossa, é muita coisa! Como vou aprender tudo isso?

A resposta é… aos poucos. Estudando. Muito. Eternamente.
História, arquitetura, figurino, 3D, anatomia, perspectiva, fotografia, iluminação, cinema, biologia, geografia, religiões, etc. Com o tempo você vai aprender a observar o mundo com um olhar mais focado em entender como as coisas funcionam e aplicar tudo isso em suas artes.
Um tempo atrás fiz uma thread no Twitter com coisas que me ajudaram no meu caminho como artista, talvez isso possa agregar algo no seu caminho, tanto para pixel art como outras mídias.
https://twitter.com/ricardojuchem/status/1189178250288721921

A thread é inglês mas o Twitter tem um bom tradutor interno e para os links, vocês podem usar o Google Tradutor.
Lembra que na introdução de texto eu falei que me formei em teatro?

Então, eu uso na pixel arte que faço hoje o que aprendi lá. Personagens com uma história de fundo, cenários com cores e climas que trazem sentimentos ao jogador. Tudo isso veio de lá.
Quando fui web designer em agência de publicidade eu aprendi mais sobre cores, tipografia e design de interface. Hoje, isso aí serve para criar caixas de diálogo, interface e iconografia para o jogo.
Todo conhecimento que você adquiriu você pode aplicar nessa área.
Toda pessoa é diferente e tem seu próprio caminho, e isso é uma coisa muito boa na carreira artística. Devido ao seu caminho ser único, sua arte também é pois nenhuma outra pessoa vivenciou o mundo da mesma forma que você.
Ninguém tem sua história de vida, suas decepções, suas vitórias, suas tristezas e seus sonhos. Isso é o que torna você único. E isso é o que vai tornar sua arte única.

 

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