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Internet pode suprir falta de professores na escola, diz especialista

Lu Eire

Usuário
A Campus Party completou seu segundo dia abrindo as portas ao grande público e dando início às palestras, que chamaram a atenção dos sete mil “campuseiros” no Anhembi. O palestrante mais esperado do dia foi Sugata Mitra, professor e pesquisador no Massachusetts Institute of Technology (MIT), curioso das relações entre tecnologia e educação. No espaço aberto, um campeonato de games com arquibancada e narração simultânea foi destaque.

Mitra leciona tecnologia educacional na Universidade de Newcastle, além de coordenar pesquisas sobre o tema no MIT. Ele desenvolve há 15 anos experimentos que colocam computadores nas mãos de crianças que não têm acesso à escola. Sua conclusão é a de que os computadores e a internet podem promover um novo método de ensino, principalmente em países pobres. “Onde não há professores nem escola, deem a eles um bom computador e uma conexão banda larga”, é seu lema.

“A educação que temos hoje foi elaborada há 300 anos. Temos exigências e requisitos no mercado de trabalho que não batem com o que é ensinado. Precisamos redefinir o currículo e torná-lo interessante”, disse. Para Mitra, os tablets são hoje a forma mais barata de se ter acesso à internet, e acredita no potencial educacional do uso de tablets em salas de aula.

No debate sobre segurança e privacidade na era digital, advogados, membros do Ministério da Justiça e da Procuradoria da República foram unânimes: é cada vez mais fácil e perigoso expor informações pessoais na rede. E retirá-las depois não é tarefa fácil.

“É preciso consciência no compartilhamento de dados. Perdida a privacidade, nunca mais conseguiremos recuperá-la”, disse Omar Kaminski, advogado e membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

Vitor Hugo das Dores Freitas, presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da OAB-SP, ressaltou que ofensas na internet podem ser julgadas como injúria, calúnia e difamação. Segundo ele, nisso se incluem xingamentos e violações de privacidade publicadas via Twitter, Facebook e outras redes sociais. afetadas com 0,01 ponto porcentual.

FONTE: http://blogs.estadao.com.br/jt-seu-bolso/internet-pode-mudar-o-ensino/
 
Pelo que li sobre o Mitra, ele defende que as crianças podem aprender sozinhas desde que possuam recursos para isso. Parece que ele realizou algumas pesquisas na Índia, colocando um computador preso em uma parede de uma Favela na Índia e as crianças, através da sua curiosidade, iam "fuçando" no computador e na internet e conforme aprendiam algumas coisas, ensinavam a outras.

Esse método é muito similar ao já aplicado na Escola da Ponte de Portugal.
 
Eu concordo com o que a reportagem diz que o nosso modelo de educação está muito ultrapassado e já não supre muito. Sou muito contra o que se acredita hoje em dia que a pessoa inteligente é aquela lida, culta, estudada, enquanto que um favelado não pode ser inteligente só por ele não ter tido acesso a essas coisas. Aliás, acho que tem muito favelado muito mais inteligente e esperto do que muitos doutores por aí.

Mas será mesmo que um computador pode substituir completamente a relação professor-aluno?
 
Mas será mesmo que um computador pode substituir completamente a relação professor-aluno?

Não pode, assim como apenas o computador com acesso a internet também não pode substituir a educação de uma criança - existem outros elementos envolvidos. Mas, o que mais vale da tese do Mitra é a capacidade de aprendizado autodidata das crianças/adolescentes, desde que tenham recursos para isso. Isso sim questiona o modelo educacional não só no Brasil, mas no mundo todo.
 
Vai ter que ser o casamento por enquanto entre professor/internet/aluno. O sistema educacional está defasado há muito tempo, isso com certeza está. Concordo.
 
Sou muito ressabiado com essas coisas, e, me desculpem, mas fico de cabelos em pé com a facilidades que as pessoas usam a palavra substituir no que diz respeito a professor. O ensino à distância tenta cada vez mais diminuir a necessidade do professor, e tem cursos em que a pessoa nem mesmo precisa ir a "universidade" para assistir aos vídeos, faz isso em casa.

Eu acho totalmente bizarro esse negócio de querer tirar o professor, é a comprovação cabal de como a visão que tem-se sobre a educação está totalmente distorcida. Se aceitarmos a suposição de que a internet pode substituir o professor, aceitamos também que a educação nada mais é que uma absorção de informações, que não tem nenhum componente humano nela, na relação professor-aluno e na dialética que ela necessita. Aceitamos que tudo o que o aluno faz na escola e absorver um certo constructo de saberes e pronto, aceitamos que educação não tem nada a ver com moldar-se socialmente, aprender a conviver com as pessoas, saber sustentar um argumento, saber fazer parte de uma discussão, saber conviver socialmente, se portar diante das pessoas etc. Esse é um dos elementos mais essencias da educação, a meu ver.

A internet pode ser uma ótima arma no arsenal do professor e tenho certeza que ela abre portas e mais portas para implementar a aprendizagem, mas ela não é capaz de reproduzir a interação humana como a conhecemos, aquela simples, que envolve duas pessoas, conversas olho no olho, reprimendas, cobranças, elogios, compromisso pessoal, envolvimento direto etc.

Sei que isso pode soar como o comentário de um velho rabugento que não sabe mais conviver num mundo de tecnologias, mas é a minha opinião.
 
Por partes...

Eu acho totalmente bizarro esse negócio de querer tirar o professor, é a comprovação cabal de como a visão que tem-se sobre a educação está totalmente distorcida. Se aceitarmos a suposição de que a internet pode substituir o professor, aceitamos também que a educação nada mais é que uma absorção de informações, que não tem nenhum componente humano nela, na relação professor-aluno e na dialética que ela necessita. Aceitamos que tudo o que o aluno faz na escola e absorver um certo constructo de saberes e pronto, aceitamos que educação não tem nada a ver com moldar-se socialmente, aprender a conviver com as pessoas, saber sustentar um argumento, saber fazer parte de uma discussão, saber conviver socialmente, se portar diante das pessoas etc. Esse é um dos elementos mais essencias da educação, a meu ver.

A defesa do Mitra é por que tudo isso que você relatou não existe mais - ou não pode ser medido - sendo que a educação baseia-se no mundo todo na simples prática da "decoreba", simplesmente reter informação. Prática essa, que segundo o próprio estudioso é feita por memórias, pen-drives, HDs. Por isso que ele defende que é necessário uma mudança radical no que entende-se por educação nos dias de hoje, de que pode-se aprender muito de forma autodidata se as pessoas tiverem recursos para isso.

A internet pode ser uma ótima arma no arsenal do professor e tenho certeza que ela abre portas e mais portas para implementar a aprendizagem, mas ela não é capaz de reproduzir a interação humana como a conhecemos, aquela simples, que envolve duas pessoas, conversas olho no olho, reprimendas, cobranças, elogios, compromisso pessoal, envolvimento direto etc.

Concordo mas o que mais observamos é a diminuição da interação humana, não? Ou a desvalorização desse ponto nas salas de aula pela simples prática da decoreba - culpa do vestibular aqui no Brasil? Talvez!.

Desculpe a repetição mas gosto muito do método da Escola da Ponte exatamente por "eliminar" a decoreba, fazendo com que os alunos aprendam de maneira espontânea e mantendo os professores - chamados de orientadores - para orientar, tirar dúvidas e interagir com os alunos. Elimina-se a prática da decoreba e preserva-se o contato humano.

Mitra defende algo muito mais radical, aliado a tecnologia. Ele não está errado, mas é possível obter um maior resultado unindo a ideias dele com toda a interação e contato social que você citou.

Sei que isso pode soar como o comentário de um velho rabugento que não sabe mais conviver num mundo de tecnologias, mas é a minha opinião.
Isso todo mundo já sabe, mas gostamos de vc assim mesmo =P
 
A defesa do Mitra é por que tudo isso que você relatou não existe mais - ou não pode ser medido - sendo que a educação baseia-se no mundo todo na simples prática da "decoreba", simplesmente reter informação. Prática essa, que segundo o próprio estudioso é feita por memórias, pen-drives, HDs. Por isso que ele defende que é necessário uma mudança radical no que entende-se por educação nos dias de hoje, de que pode-se aprender muito de forma autodidata se as pessoas tiverem recursos para isso.

Mas se sabemos que é assim, não deveríamos buscar ir na direção contrária? Porque, sabendo que a educação é mais decoreba do que qualquer coisa, não deveríamos buscar soluções ou mudanças que não corroborem essa situação ao invés de arrumar mais meios de aprofundá-la? Não estou dizendo que a Internet irá destruir o ensino, note bem, mas se assumirmos que ela pode (e, Deus me livre, que ela deva) substituir o professor, acho que estaremos indo exatamente nessa direção.

Existe um fetiche em torno da tecnologia, como se tudo que é tecnológico fosse bom de forma inata. Quando colocaram a TV pen-drive nas salas de aula, por exemplo, noticiaram aquilo como se fosse a salvação do ensino, mas, apesar de ajudar pra caramba numa porção de dinâmicas e aulas, não era. A educação ainda repousa largamente sobre os ombros do professor, ainda que NUNCA de forma absoluta.

Concordo contigo quando diz que é preciso repensar o que entendemos por educação hoje em dia, esse é o ponto, e digo não nos métodos de ensino e conteúdos programáticos somente, mas no que a educação representa socialmente para as pessoas. A pergunta crucial (e que acho que nunca mudou desde que um homem ensinou algo a outro) é: para que serve a educação? A partir dessa pergunta é que se deve estabelecer como e o que ensinar.

Vou propor uma questão aqui e polemizar um pouco, então relevem meu extremismo como recurso retórico para enriquecer a discussão: quantas pessoas auto-didatas existem para pessoas não-auto-didatas? Não quero desmerecer a inteligência de ninguém, nem dizer que auto-didatas são pessoas iluminadas por natureza enquanto as outras são burras. Longe disso. Mas é preciso reconhecer que o processo de educação se dá na interação social, construído coletiva e dialeticamente. Experimentar fracassos, limitações, pressões, alegrias, conquistas, vitórias e derrotas é parte essencial do processo de aprendizagem, e sinceramente acho que esses eventos só fazem sentido quando permeados do contato com outras pessoas. Mesmo auto-didatas não vivem isolados, eles participam de debates, discutem com seus pares e se nutrem do que o homem tem feito e registrado ao longo de sua História.

Concordo mas o que mais observamos é a diminuição da interação humana, não? Ou a desvalorização desse ponto nas salas de aula pela simples prática da decoreba - culpa do vestibular aqui no Brasil? Talvez!.

Desculpe a repetição mas gosto muito do método da Escola da Ponte exatamente por "eliminar" a decoreba, fazendo com que os alunos aprendam de maneira espontânea e mantendo os professores - chamados de orientadores - para orientar, tirar dúvidas e interagir com os alunos. Elimina-se a prática da decoreba e preserva-se o contato humano.

É culpa do Vestibular? É, mas está longe de ser só isso, está na sociedade que permite que o vestibular tenho todo o vulto que tem, está no fato de se precarizar a educação, está no fato de moldá-la como se fosse uma coisa mecânica, está na forma como o regime de trabalho dos professores é gerido, está na desvalorização do subjetivo/humano em detrimento da exatidão programada etc. etc. etc.

Não podemos tratar o problema da educação como se fosse uma problema da educação per se. É algo de maior vulto, é algo que não se resolve no âmbito da sala de aula pura e simplesmente, é algo que não repousa somente nos ombros do professor, é algo que não diz respeito nem somente aos pais, nem somente aos alunos, nem somente á escola, nem somente ao ensino. Pode começar na escola, pode haver exceções a todas esses casos que eu citei aqui, mas são exceções, quando deveriam ser amplas.

Entende o que eu quero dizer?

Isso todo mundo já sabe, mas gostamos de vc assim mesmo =P

Pelo menos é um contraponto, né? XD
 
Entendo o que você diz Lucas, só precisamos de pessoas propondo e colocando em prática novos modelos de educação. O modelo do Mitra não é a eliminação total da interação, tanto que ele comprova que crianças ensinavam outras sobre aquilo que aprendiam no computador. Com isso ele defende que é possível aprender de forma auto-didata desde que se tenha recurso. Mas, a mesma análise pode ser feito nas escolas tradicionais, avaliando-se que quanto mais recursos estiverem disponíveis aos alunos, melhor será o aprendizado, seja de forma autônoma ou com o auxilio de professores.

Vou propor uma questão aqui e polemizar um pouco, então relevem meu extremismo como recurso retórico para enriquecer a discussão: quantas pessoas auto-didatas existem para pessoas não-auto-didatas? Não quero desmerecer a inteligência de ninguém, nem dizer que auto-didatas são pessoas iluminadas por natureza enquanto as outras são burras. Longe disso. Mas é preciso reconhecer que o processo de educação se dá na interação social, construído coletiva e dialeticamente. Experimentar fracassos, limitações, pressões, alegrias, conquistas, vitórias e derrotas é parte essencial do processo de aprendizagem, e sinceramente acho que esses eventos só fazem sentido quando permeados do contato com outras pessoas. Mesmo auto-didatas não vivem isolados, eles participam de debates, discutem com seus pares e se nutrem do que o homem tem feito e registrado ao longo de sua História.

Particularmente eu defendo que toda pessoa é auto-didata. Um exemplo simplório é com relação aos computadores e a internet, quase todos aprenderam a usar sozinhos, abusando da curiosidade. Isso não exclui a interação e o contato com outras pessoas e demais itens que você relatou acima. Mas isso não é particular da educação, mas sim das relações humanas em toda e qualquer atividade. Mas concordo que é um ponto fundamental da educação, ainda mais nos primeiros anos de vida.

Não podemos tratar o problema da educação como se fosse uma problema da educação per se. É algo de maior vulto, é algo que não se resolve no âmbito da sala de aula pura e simplesmente, é algo que não repousa somente nos ombros do professor, é algo que não diz respeito nem somente aos pais, nem somente aos alunos, nem somente á escola, nem somente ao ensino. Pode começar na escola, pode haver exceções a todas esses casos que eu citei aqui, mas são exceções, quando deveriam ser amplas.

Entende o que eu quero dizer?

Como dizem, educação começa em casa. Acrescento que é despertada pela curiosidade, que nasce das interações humanas e de qualquer pessoa com o meio que vive. Esse deveria ser o ponto de partida.
 
Com isso ele defende que é possível aprender de forma auto-didata desde que se tenha recurso. Mas, a mesma análise pode ser feito nas escolas tradicionais, avaliando-se que quanto mais recursos estiverem disponíveis aos alunos, melhor será o aprendizado, seja de forma autônoma ou com o auxilio de professores.

Mas aí é que tá, Palazo, o que é o recurso? Quem provê o recurso? De onde vem o recurso? Alguém fez, alguém quis que ele fosse assim ou assado, então, por mais que isso não exclua o auto-didata de sua auto-didática, nos informa que qualquer produto a que ele tenha acesso foi feito socialmente e que, queiramos ou não, não exclui o auto-didata das relações sociais que o cercam.

Quando você diz que quanto mais recursos melhor, não acho que isso esteja certo. Mais recursos não significa melhor educação, se por recursos você entende computadores, internet, TV etc. E "medir" uma melhor educação significa o que? Quem tem melhor desempenho no vestibular? Porque aí a gente vai enveredar pelo mesmo caminho que procuramos combater.

Particularmente eu defendo que toda pessoa é auto-didata. Um exemplo simplório é com relação aos computadores e a internet, quase todos aprenderam a usar sozinhos, abusando da curiosidade. Isso não exclui a interação e o contato com outras pessoas e demais itens que você relatou acima. Mas isso não é particular da educação, mas sim das relações humanas em toda e qualquer atividade. Mas concordo que é um ponto fundamental da educação, ainda mais nos primeiros anos de vida.

Sim e não. O professor não pode fazer todo o trabalho, nem o aluno. É justamente da relação entre os dois (e com os demais alunos) que a educação irá ser construída. Não tem como você criar um sistema que meça a qualidade dessa relação, pois ela não é quantificável, bem como não o é o ensino, a aprendizagem, a educação no geral. Não é algo absolutamente relativo também, já que não é qualquer coisa que é boa ou qualquer coisa que é ruim.

Mas aí isso esbarra naquela pergunta que fiz antes: para que serve a educação? Para os objetivos que ela tem se posto atualmente (e não digo aqueles que são oficialmente propalados naquelas propagandas bonitinhas da TV) pode ser que ela tenha servido. Mas uma formação ampla, humana, que dote a pessoa de senso crítico e capacidade de se posicionar política e pessoalmente perante o mundo e a sociedade para transformá-los, essa nós sabemos que não.

Como dizem, educação começa em casa. Acrescento que é despertada pela curiosidade, que nasce das interações humanas e de qualquer pessoa com o meio que vive. Esse deveria ser o ponto de partida.

Concordo contigo Palazo, mas mesmo a casa está emaranhado nesse sistema de relações sociais que nos circundam a todos. Não só os pais sozinhos que irão resolver o problema, não é grana sozinha que resolve o problema, nem só os professores, nem só os alunos....

Por isso é que digo que o problema da educação é sintoma de um problema muito maior.
 
Concordo contigo quando diz que é preciso repensar o que entendemos por educação hoje em dia, esse é o ponto, e digo não nos métodos de ensino e conteúdos programáticos somente, mas no que a educação representa socialmente para as pessoas. A pergunta crucial (e que acho que nunca mudou desde que um homem ensinou algo a outro) é: para que serve a educação? A partir dessa pergunta é que se deve estabelecer como e o que ensinar.

Vou propor uma questão aqui e polemizar um pouco, então relevem meu extremismo como recurso retórico para enriquecer a discussão: quantas pessoas auto-didatas existem para pessoas não-auto-didatas? Não quero desmerecer a inteligência de ninguém, nem dizer que auto-didatas são pessoas iluminadas por natureza enquanto as outras são burras. Longe disso. Mas é preciso reconhecer que o processo de educação se dá na interação social, construído coletiva e dialeticamente. Experimentar fracassos, limitações, pressões, alegrias, conquistas, vitórias e derrotas é parte essencial do processo de aprendizagem, e sinceramente acho que esses eventos só fazem sentido quando permeados do contato com outras pessoas. Mesmo auto-didatas não vivem isolados, eles participam de debates, discutem com seus pares e se nutrem do que o homem tem feito e registrado ao longo de sua História.

É culpa do Vestibular? É, mas está longe de ser só isso, está na sociedade que permite que o vestibular tenho todo o vulto que tem, está no fato de se precarizar a educação, está no fato de moldá-la como se fosse uma coisa mecânica, está na forma como o regime de trabalho dos professores é gerido, está na desvalorização do subjetivo/humano em detrimento da exatidão programada etc. etc. etc.

Não podemos tratar o problema da educação como se fosse uma problema da educação per se. É algo de maior vulto, é algo que não se resolve no âmbito da sala de aula pura e simplesmente, é algo que não repousa somente nos ombros do professor, é algo que não diz respeito nem somente aos pais, nem somente aos alunos, nem somente á escola, nem somente ao ensino. Pode começar na escola, pode haver exceções a todas esses casos que eu citei aqui, mas são exceções, quando deveriam ser amplas.

Eu acho que isso tudo começa no Capitalismo. Desculpem o argumento idiota e clichê, mas acho que é isso aí mesmo. Hoje em dia tem-se a ideia de que quem estuda bastante será naturalmente rico e tem o futuro garantido - mas isso é uma enganação, ainda que parcial. Excluindo-se os casos de "revelações" artísticas, ganhação de loteria, etc, para você ter algum dinheiro e integrar pelo menos a Classe Média, você precisa ser estudado. Só que por que será que algumas profissões geralmente dão um retorno financeiro maior do que outras profissões? Simples: por que o conhecimento que você tem precisa contribuir para o sistema... precisa "servir" para alguma coisa.

Infelizmente as pessoas consomem mais aparelhos eletrônicos do que livros. Pelo menos grande parte das pessoas. Então um engenheiro que tenha trabalhado na fabricação de um computador ou na montagem de um Ipod vai ganhar muito mais do que alguém que integre a "linha de montagem" de um livro.


(...)Quando você diz que quanto mais recursos melhor, não acho que isso esteja certo. Mais recursos não significa melhor educação, se por recursos você entende computadores, internet, TV etc. E "medir" uma melhor educação significa o que? Quem tem melhor desempenho no vestibular? Porque aí a gente vai enveredar pelo mesmo caminho que procuramos combater.

(...)O professor não pode fazer todo o trabalho, nem o aluno. É justamente da relação entre os dois (e com os demais alunos) que a educação irá ser construída. Não tem como você criar um sistema que meça a qualidade dessa relação, pois ela não é quantificável, bem como não o é o ensino, a aprendizagem, a educação no geral. Não é algo absolutamente relativo também, já que não é qualquer coisa que é boa ou qualquer coisa que é ruim.

Mas aí isso esbarra naquela pergunta que fiz antes: para que serve a educação? Para os objetivos que ela tem se posto atualmente (e não digo aqueles que são oficialmente propalados naquelas propagandas bonitinhas da TV) pode ser que ela tenha servido. Mas uma formação ampla, humana, que dote a pessoa de senso crítico e capacidade de se posicionar política e pessoalmente perante o mundo e a sociedade para transformá-los, essa nós sabemos que não.

Eu acho que aprendizagem pode ser qualificável sim, desde que seja levado em conta os pontos de vista.

Se você considerar aprendizagem como desenvolvimento de criticidade, debate e posicionamento, a educação atual brasileira é realmente deficiente. Os vestibulares se contradizem muito quando pedem redações com posicionamento de opiniões, pois o que eu mais vejo acontecer é o seguinte: quem realmente dá sua opinião baseando-se em seu repertório e visão de mundo, recebe um zero porque "fugiu do tema", enquanto aquele que escreve o que o corretor quer ler é aprovado.

Mas se considerarmos aprendizagem como uma adequação ao sistema que vivemos, as escolas fazem mesmo o necessário para isso. O colégio/cursinho é uma empresa, e precisa de mais e mais alunos para se sustentar. Chama-se atenção através de propagandas tipo "Aluno de curso tal é aprovado na universidade x". E se existe uma evidência de que provas escritas não mostram tudo o que se sabe, essa é o vestibular. Por que pessoas que estudam muito passam e outras que não estudam tanto não passam?

Para essa indagação, existe mais de uma resposta. Mas uma delas é com certeza o método de estudo do aluno. Se ele aprendeu a fazer os exercícios de forma rápida, maçante, se só se adequou ao formato de prova, é muito mais provável que ele saia na frente de alguém que se preocupou mais em questionar o que estava aprendendo.

E aí, senhores, o que me dizem?
 
Por parte, novamente...

Mas aí é que tá, Palazo, o que é o recurso? Quem provê o recurso? De onde vem o recurso? Alguém fez, alguém quis que ele fosse assim ou assado, então, por mais que isso não exclua o auto-didata de sua auto-didática, nos informa que qualquer produto a que ele tenha acesso foi feito socialmente e que, queiramos ou não, não exclui o auto-didata das relações sociais que o cercam.

Quando você diz que quanto mais recursos melhor, não acho que isso esteja certo. Mais recursos não significa melhor educação, se por recursos você entende computadores, internet, TV etc. E "medir" uma melhor educação significa o que? Quem tem melhor desempenho no vestibular? Porque aí a gente vai enveredar pelo mesmo caminho que procuramos combater.

As relações sociais são parte intrínseca a todo e qualquer ação, nada exclui ou substitui esse tipo de coisa. Nem eu disse isso, nem o próprio Mitra, inclusive as experiências feitas por ele mostram que crianças interagem umas com as outras, uma vez que ao aprendem passam o conhecimento para as outras.

Agora, você tocou em um ponto chave. No caso brasileiro, a educação é medida pela aprovação no Vestibular.

Sim e não. O professor não pode fazer todo o trabalho, nem o aluno. É justamente da relação entre os dois (e com os demais alunos) que a educação irá ser construída. Não tem como você criar um sistema que meça a qualidade dessa relação, pois ela não é quantificável, bem como não o é o ensino, a aprendizagem, a educação no geral. Não é algo absolutamente relativo também, já que não é qualquer coisa que é boa ou qualquer coisa que é ruim.

A relação entre professor e aluno é importante e imensurável. E infelizmente quase tudo que não é quantitativo é difícil de se manter.

Mas, eu acredito que é exatamente essa relação que deve ser alterada. O papel do professor como transmissor da informação para o aluno deve ser alterada para um interlocutor, agente social e orientador educativo - para contemplar o que você já havia dito.

Mas aí isso esbarra naquela pergunta que fiz antes: para que serve a educação? Para os objetivos que ela tem se posto atualmente (e não digo aqueles que são oficialmente propalados naquelas propagandas bonitinhas da TV) pode ser que ela tenha servido. Mas uma formação ampla, humana, que dote a pessoa de senso crítico e capacidade de se posicionar política e pessoalmente perante o mundo e a sociedade para transformá-los, essa nós sabemos que não.

Isso é educação, mas sinceramente encontramos isso em alguma escola? Ou no atual modelo de relacionamento entre professores e alunos?

Concordo contigo Palazo, mas mesmo a casa está emaranhado nesse sistema de relações sociais que nos circundam a todos. Não só os pais sozinhos que irão resolver o problema, não é grana sozinha que resolve o problema, nem só os professores, nem só os alunos....

Por isso é que digo que o problema da educação é sintoma de um problema muito maior.

Nada é tão simples que apenas um computador resolveria, do contrário os computadores seriam os melhores jogadores de xadrez do mundo - até tentaram, mas não conseguiram.

Não creio que o Mitra esteja totalmente errado, na verdade ele tem uma boa parcela de acerto em sua tese. Óbvio que se pensarmos em um sistema em que você aprende unicamente pela internet é absurdo, e não é isso que ele propõe nem é isso que a pesquisa dele comprova - uma vez que ele colocou computadores para uso da comunidade.

Mas, a pesquisa dele é interessante exatamente por mostrar algumas características sobre aprendizado - o que não está diretamente ligado a educação exatamente por envolver muitos mais aspectos que você citou muito bem.
 

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