AMD detalha seus projetos de 32 e 64 bits para 2003
PC World
Como já é tradição nesses últimos anos, a AMD montou uma base avançada em um hotel próximo ao evento do IDF em San Jose para mostrar à alguns jornalistas convidados como anda o estado de desenvolvimento de seus processadores Athlon, Hammer e Alchemy.
Apesar da aura de mistério que envolvia essas reuniões no passado, a AMD aparentemente resolveu nesse ano mudar de estratégia abrindo esse espaço para todos os jornalistas interessados, de modo a espalhar ao máximo sua mensagem para todos aqueles que desejassem ouví-la.
Tivemos a oportunidade de estar por lá por algum tempo e tivemos a oportunidade de ver vários equipamentos em demonstração, como um servidor com quatro processadores Opteron (antes conhecido como Sledgehammer) e um desktop com Athon 64 (Clawhammer) que estava rodando uma versão do Unreal Tournament de 64 bits.
Reconfiguramos o sistema gráfico para o máximo de resolução e qualidade de imagem e constatamos que a animação do jogo mantinha-se num ritmo ao mesmo tempo dinâmico e macio, sem nenhum atraso da tela ou coisa do tipo, o que mostra o potencial desse equipamento para os entusiastas e apreciadores de jogos.
Os Opterons terão uma espécie de designação baseada em um número de três dígitos, onde o primeiro deles definiria sua escalabilidade, e os dois últimos seu desempenho relativo e posicionamento entre os outros opterons da mesma classe.
Desse modo, um processador Opteron da série 400 seria um sistema de quatro processadores, 200 dois processadoes e assim por diante. Do mesmo modo, um sistema 246 teria superior ao 240.
Houve também a tradicional comparação de sistemas com Athlon XP 3000+ versus Intel Pentium 4 de 3,06 GHz com HT — com o Athlon terminando a execução de um script para Photoshop 0,2 segundo na frente do P4 —, além de duas surpresas: a presença do Alchemy (que seria um concorrente da tecnologia XScale da Intel, porém baseado na arquitetura MIPS) tanto na forma de daughter card quanto de cartão PCMCIA e o protótipo de um notebook já equipado com uma versão mobile do Athlon 64.
Na realidade trata-se de um desktop portátil (modelos sem bateria, também conhecidos como desktop replacements) equipado com um processador Athlon 64 mobile, chip set VIA K8T400, 256 MB de memória SDRAM DDR PC-2100 (ou DDR 266 MHz), vídeo (chip set ATI-M9), som e rede on-board.
Uma das nossas maiores dúvidas de levamos para esse encontro e praticamente voltamos com ela, foi saber como anda a versão do Windows de 64 bits para o Hammer.
A boa notícia que tivemos é que ele continua em desenvolvimento e está quase pronto para entrar no estágio RTM (Release to Manufacture) o que deve acontecer nas próximas semanas. A má notícia é que ele pode não estar disponível na época do lançamento do Opteron lá pelo próximo dia 22 de abril. De fato, todos os Hammer que vimos funcionando estavam com uma versão do Suse Linux para 64 bits.
Representantes da AMD que tivemos contato, afirmaram que o fato do Windows para 32-64 bits não estar pronto para o lançamento do Opteron realmente não os assusta, já que sua presença no mercado de redes não é tão predominante como nos computadores de mesa, de modo que o Opteron pode começar sua carreira no mercado corporativo funcionando com outro sistema operacional que não o da Microsoft.
Do mesmo modo, esse pode uns dos motivos que a AMD pode ter adiado o lançamento do Athlon 64 para o segundo semestre desse ano. Outro motivo seria para dar um tempo para comercializar o novo Athlon XP com núcleo Barton que deve ainda ter uma nova versão 3200+ antes da entrada do primeiro Athlon 64 que deve começar em 3400+.
De qualquer modo essa manobra pode ser uma jogada dura, já que quando entrar no mercado, ele vai enfrentar de cara a concorrência da nova plataforma Prescott, que funcionará com o apoio dos novos chip sets Canterwood e Springdale que funcionarão com barramento de memória duplo DDR 400.
Segundo uma apresentação mostrada para a imprensa, a AMD aposta na sua política de trabalhar com parcerias e padrões abertos como vantagem competitiva para os consumidores. De fato, a AMD proveitou essa oportunidade para dar algumas alfinetadas na sua concorrente.
Um dos assuntos abordados nessa apresentação foi a comparação entre as tecnologias hyper-threading e multi-tasking (multitarefa) adotado pela AMD.
Seu argumento básico é que devido ao sistema de processamento multiescalar e ao gerenciamento de execução de instruções fora de ordem — a essência do processamento em multitarefa nos PCs — a AMD afirma que, no seu caso, a execução dos vários threads são feitos de maneira direta de modo que quando um deles tem acesso à um recurso do processador, ele o tem só para ele.
E mesmo quando existem recursos não utilizados no processador, o gerenciador de execução de instruções fora de ordem se encarrega de mantê-los ocupados. De fato, nada de novo, já que tais recursos existem desde a época dos K6-2.
Qual a vantagem disso? Segundo a AMD, o hyper-therading seria uma nova técnica de realizar multitarefa de um modo que eles não consideram necessariamente uma melhora ou aperfeiçoamento, já que, dependendo da aplicação, os resultados nem sempre são positivos, principalmente se o aplicativo não estiver preparado para tirar proveito desse novo recurso.
Seria por essas e outras que a empresa de Sunnyvale afirma que ela não obriga os desenvolvedores de hardware e software a implementarem suas inovações.
No geral, a mensagem da AMD é de manter-se firme na sua política de inovações que ela descreve como consumer-centric, ou seja, atender ao máximo os interesses dos consumidores, o que pode ser traduzido por um baixo nível de TCO/TCD, plataforma unificada em um único produto de 32-64 bits, ótimo suporte da indústria e a liberdade de escolher quando e como mudar de uma plataforma para outra.
Se tudo der certo, a AMD pretende colocar no mercado milhões de chips de 64 bits nos próximos dois anos. Trata-se de um número audacioso se levarmos em conta uma notícia publicada no site da Bloomberg.com que afirma que a HP no ano passado vendeu cerca de 4,5 milhões de servidores no ano passado, sendo que apenas 3.500 deles eram sistemas baseados no Itanium.
Com reportagem de Mário Nagano
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