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Inflação atinge o orçamento das editoras (e o preço dos livros)

Béla van Tesma

Nhom nhom nhom
Colaborador

Inflação atinge o orçamento das editoras​

São Paulo – Uma alta abrupta no preço do papel no começo deste ano desequilibrou os orçamentos das editoras, ao elevar de forma imprevista os custos de produção de livros, de materiais promocionais e de embalagens.

A inflação atingiu várias categorias de papel – na produção nacional destinada a linhas editoriais, chegou a 65% somente nos últimos dois meses. Para o consumidor final, o resultado já é livros e revistas mais caros e menor variedade de publicações.

Os motivos são diversos. Um dos principais é a cotação do dólar, na qual se baseiam os preços de vários dos insumos usados na impressão de livros: papel, tintas, blanquetas de borracha (que transmitem a tinta para o papel) e chapas de impressão.

Há ainda o choque da pandemia, que aumentou a demanda por celulose e por outros tipos de papel, como os destinados a entregas rápidas e a caixas de transporte, e inflacionou fretes aéreos e marítimos.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Nacional), Sidnei Anversa Victor, diz que as empresas não têm como absorver reajustes tão altos.

“Todo o ramo editorial e gráfico, incluindo embalagem e material promocional, tem o papel e o papel cartão como matéria-prima básica. A maneira como tem subido o preço é impressionante, impossível não repassar”, afirma.

Fernando Steven Ullmann, diretor-presidente da Ipsis Gráfica e Editora, diz que além da alta no papel nacional, tem sido difícil substituí-lo por papel importado: “E não é que eles estejam mais baratos, não estão, teve aumento real em moeda forte e está difícil de trazer”.

A sobrevida dos orçamentos também está mais curta. Em dezembro, a editora Lote 42 encerrou um financiamento coletivo para a impressão do livro em quadrinhos “Apocalipse, Por Favor”. O orçamento feito pela editora na época chegava a um preço de capa de cerca de R$ 55. Financiamento encerrado, o livro não terá como ser colocado no mercado por menos de R$ 85, tamanha a diferença nos custos em apenas dois meses. João Varela, fundador da editora, diz que a empresa vai cobrir o valor de quem comprou a publicação quando foi feito o financiamento coletivo: “Não vamos conseguir lançar com aquele valor”.

No fim de 2021, a Panini, que publica Marvel e DC no Brasil e tem vasto catálogo de colecionáveis (como álbuns de figurinhas), anunciou novos preços para diversos títulos a partir de janeiro.

Barbara Robles, gerente de marketing de publicações da editora, diz que, além da impressão, custos com logística e contratos de licenciamento pesaram na decisão de reajustar os preços. Ainda assim, segundo ela, parte do aumento de custos foi absorvido pela empresa, graças à diversidade de produtos e acabamentos. O impacto não é linear, com um mesmo percentual para todos os produtos. Novos reajustes não estão descartados. Na Panini, diz a gerente de marketing, o reajuste já começa a afetar os custos gráficos e todos os negócios que têm como matéria-prima o papel nacional.

Junior Fonseca, diretor da editora de mangás NewPop, usou o Twitter para desabafar depois que o preço de um lançamento da editora, o MDZS, estimado em cerca de R$ 65, foi alvo de reclamações. “Só na parte gráfica, todos os insumos subiram de preço. O papel (+30%), o papel cartão – que usamos nas capas – (+20%), a tinta (+25% ) e as chapas (+20%). Imaginem o impacto disso tudo. Lembrando que o preço final não vai todo para a editora”, escreveu.

Fernanda Saboya, diretora da Editora Melhoramentos, diz que a empresa tem feito um esforço para evitar altas generalizadas. Os reajustes de preço de capa têm ficado para títulos específicos. A editora também tem reduzido margens de lucro e cortado custos. “É preciso levar em consideração que se trata de um momento delicado para o consumidor, com aumento da inflação, então o repasse total do aumento tende a dificultar mais o acesso ao livro”, afirma.

Para Ullmann, da Ipsis, é impossível que o nível de preço dos livros continue o mesmo. “A depender do tamanho da editora, leva um tempo para o aumento ser absorvido, mas corremos um risco sério de uma recessão no setor.”

Empresas tendem a encolher tiragem de livros​

Com tantas variáveis na mesa, o mercado gráfico e editorial tende a encolher. O presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Vítor Tavares, afirma que as tiragens no Brasil já são baixas, e quanto menor, maior o custo. Rodagens acima de 10 mil unidades são reservadas a autores premiados, “best-sellers ou livros de influenciadores”.

A julgar apenas pelos números de cópias, a digitalização poderia parecer uma alternativa. Em 2020, segundo a consultoria Nielsen, as vendas de e-books subiram 83% na comparação com 2019. O faturamento cresceu 11%, mas ainda correspondia a apenas 6% da receita das editoras. Ainda assim, um crescimento ante os 4% de 2019.

Varela, da Lote 42, porém, vê o mercado sob um dilema. “Tudo digital cresceu em 2020, mas se considerar que o e-book está aí há décadas, bancado e incentivado por gigantes da tecnologia, creio que é seguro dizer que o leitor rejeitou o formato.” Para ele, apesar de um aumento de vendas de e-books em 2020, o formato, como existe hoje, não explora suficientemente as potencialidades do meio tecnológico. “O futuro do livro fica cada vez mais sombrio. O formato digital não se provou amigável”, diz.

A impressão sob demanda seria outro jeito de driblar [a alta de custos], mas ela faz subir muito o valor unitário do livro, afirma Varela: “Talvez a gente precise valorizar mais a materialidade do livro, publicar menos e melhor.”

O presidente da Abrigraf Nacional, Sidnei Victor, diz que o impacto pode ser visto pela redução no número de publicações e no que ela chama de “desaparecimento dos jornaizinhos”, as publicações de bairros e entidades. Na indústria gráfica como um todo, os reajustes chegam também por meio do papel cartão, usado em embalagens.

Sócio da Congraf Embalagens, Sidnei Anversa Victor Junior (filho do presidente da Abigraf) diz que o aumento para os cartões chega um pouco depois daqueles destinados aos de impressão. Como em outros setores, há ainda instabilidade no abastecimento de insumos importados, o que leva ao aumento dos estoques. Se, por um lado, ter matéria-prima guardada permite atender pedidos com mais rapidez, por outro, reduz a liquidez. “Está muito complicado montar preço. Com o estoque, não conseguimos negociar preços melhores, pois aumenta o nosso custo”, diz Junior.

Preço do papel acompanha o mercado global – Quem produz o papel diz que a variação de preços acompanha o mercado internacional. A Sylvamo (antigo braço de papel da International Paper) diz que todo o processo logístico até o produto chegar ao consumidor vem sendo afetado pelos aumentos de custos.

“A Sylvamo tem buscado balancear a elevação nos custos com aumentos de preço de forma equilibrada, baseando-se no compromisso e na responsabilidade que nossos produtos têm no processo de educação da população brasileira”, diz a empresa, em nota.

A Suzano anunciou em janeiro alta de 35% no papel para linhas editoriais -a empresa é uma das principais fornecedoras de papéis para escrever e imprimir (estima-se que ela tenha 40% do mercado no Brasil).

Esse aumento acabou sendo parcelado após negociação com a CBL (Câmara Brasileira do Livro), diz Vitor Tavares, presidente da entidade. A primeira parte, de 10%, já está valendo, as outras virão em abril e junho. “Quase 20% do custo do livro vem do papel. Um aumento desse, de uma vez, comprometeria a produção editorial”, afirma.

O diretor de operações comerciais da unidade de papel e embalagens da Suzano, Guilherme Melhado Miranda, afirma que as vendas domésticas são prioridade na estratégia comercial da empresa, mas que a demanda é menor do que a capacidade instalada.

“A trajetória de preços, mesmo no mercado doméstico, segue a dinâmica internacional e é influenciada por variáveis como a cotação global da matéria-prima, os custos de produção, os preços praticados no mercado externo, o câmbio e a relação entre oferta e demanda”, diz.

A Suzano vendeu 966 mil toneladas de papel para imprimir e escrever em 2021, uma alta de 15% ante 2020, e 66% dessas negociações ficaram dentro do Brasil.

O volume responde por quase 70% do 1,4 milhão de toneladas projetados pela Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), que reúne empresas de base florestal (papel, celulose e madeira).

A entidade não comenta preços, mas diz que, em 2021, a produção para imprimir e escrever subiu 11,7%, e as vendas, 23,1%. Essa categoria inclui papéis para livros, cartazes, folders, folhetos e materiais de escritório, como agendas, envelopes e cadernos. A Ibá não separa o quanto de papel é usado em cada produto.

No 4º trimestre, cerca de 7% da demanda do segmento veio da indústria de embalagens de papelão, segundo balanço da Suzano. A empresa prevê, no entanto, que o mercado de aparas consiga regularizar a oferta, e a demanda por esse tipo de material caia.

Fonte: Diário do Comércio
 
Até porque o preço dos audiolivros, ao menos no Brasil, acompanham o preço dos livros em papel...
Não são coisas à parte e independentes. Isto é, se você comprar original, sem baixar piratex no torrent. :dente:
 
O problema do livro físico sempre será o custo da matéria prima e pros ambientalistas politicamente corretos ao pé da letra, isso é um enorme prato cheio pra eles.
 
Nem vejo ambientalistas implicando com isso. Eles têm tanta coisa mais urgente com que se preocupar. O consumo de papel já foi reduzido drasticamente nas últimas décadas, com a digitalização do mundo. E o papel usado para fazer livro é todo de reflorestamento. Além do mais, é preciso ter em mente que um Kindle, por exemplo, tem todo um custo embutido em sua produção, tem o consumo de energia para fazer cada recarga e a manutenção da nuvem; ler um PDF no computador vai consumir energia também (além de prejudicar a vista e muito provavelmente causar problemas ortopédicos a longo prazo rs).

Acho que o grande problema com o livro em papel é se ele tiver pouco uso na prática. Um exemplar de uma obra X que seja lido só uma vez e permaneça trinta anos parado numa estante... Se tivéssemos uma cultura bem disseminada de bibliotecas públicas, com farto investimento para compra de acervo novo, que acompanhasse os lançamentos do mercado etc, eu mesmo não sentiria necessidade de comprar tudo que eu compro, sabendo que estaria sempre ao alcance da mão, ali a algumas quadras de mim... Por isso que eu adorei a ideia da Livraria Cultura de permitir empréstimos, igual a uma biblioteca. Só não usufruo disso porque ela fica longe da minha casa. Se eu morasse a cinco minutos de lá, acho que nem compraria 90% dos livros que ainda desejo comprar. E daria mensalmente dinheiro à Cultura, em vez do Jeff Bezos. :lol:
 
Walter Porto: Papel caro obriga editoras a aumentar preço de livros e rever fila de lançamentos

A disparada do custo do papel desde a virada do ano obrigou editoras a reavaliar planos e reajustar preços de capa —ainda que todas as casas consultadas reiterem que evitam encarecer seus livros para não afugentar leitores num momento delicado.

O grupo Record, que por ter porte massivo compra papel direto da fábrica, observou um aumento de até 50% este ano e está tendo dificuldade de encontrar certos tipos de insumos —como o papel couché e o cartão, usado tanto para capas de livros como para embalagens de delivery, por exemplo.

Quem conta é a presidente do grupo, Sônia Jardim, que ressalta buscar alternativas para repassar o mínimo de preço ao consumidor.

"O crescimento da leitura na pandemia permitiu aumentar as tiragens, o que absorve parte do aumento dos insumos. A pergunta de um milhão de dólares é até que ponto a flexibilização da quarentena agora vai impactar isso. Se a demanda se mantiver aquecida, as tiragens se mantêm, o que ajuda o preço do livro."

Em bom português, é preciso que os leitores continuem comprando. Jardim afirma que, por ora, o aumento de custos não afetou a fila de lançamentos e reimpressões na Record, o que não é verdade na Dublinense, editora tocada por Gustavo Faraon. Ele havia planejado uma grade de 16 novos livros para este ano e agora prevê no máximo 12.

Mas Faraon diz não ter subido preços, porque "a população está com a grana muito curta". "Por mais que os livros cubram seus custos hoje com margem muito baixa, não dá para ir além. O cobertor está curto, mas não vejo saída."

Maíra Nassif, da Relicário, afirma que conseguiu reequilibrar as contas reajustando os títulos da casa em cerca de 10% —segundo ela, estavam defasados no mercado— e renegociando com gráficas "um pacotão de impressão, em vez de ir pedindo livro a livro", o que reduz o orçamento total.

Na Todavia, os lançamentos não foram afetados, ainda que uma ou outra tiragem tenha diminuído e parte dos custos tenha se transferido para os preços. "Houve um aumento do custo de vida, o que suspeitamos que impacta o consumo de livros", afirma o diretor comercial Marcelo Levy. "Tudo o que a gente não quer é uma volta da inflação alta."

 
editoras apanhando também no campo dos didáticos.

eu também posso passar muito tempo sem comprar livro, e a real é que fora um título aqui e acolá de literatura nacional, eu pouco tenho comprado livro de editora brasileira. mas eu fico pensando como essa crise toda vai acabar redefinindo o mercado.

aquele monte de editora menor que estava trazendo uns livros bacanas para cá de repente acabem sumindo do mapa (a rádio londres já foi hehehe). e de como com menos dinheiro dá para apostar menos, não só na compra de direitos dos gringos, mas mesmo em autores nacionais.

a longo prazo: livros menos acessíveis, menos leitores, menos escritores. e aí o perfil do mercado e do leitor volta a ser o que era nos anos 90 - coisa para poucos.
 
Sim, era da Londres. Ouvir dizer que era um puta livro legal mas que tinha saído, ao menos na primeira edição, cheio de erros de revisão. Espero que não ocorra nada assim com quem o publicar no futuro. Seja como for, tenho meu exemplar dessa 1a. edição guardadinho :timido:
 
stoner é maravilhoso. adoro a história dele, que era um livro meio esquecido dos anos 50 que por causa de uma edição nova nos eua acabou ganhando um monte de leitor novo - tipo eu, hahaha.

da edição cheia de erros eu lembro da história, mas acho que para os outros livros que a editora lançou as coisas entraram nos eixos? lembro de muita gente falando super bem de estação atocha do ben lerner (li e não gostei) e do tirza do arnon grunberg (não li).
 
Eu comprei os quatro primeiros títulos da editora, logo que ela abriu as portas. Eram o Stoner, Minotauro, Viva a Música! e A Vida em Espiral. Na ocasião, eu tinha a pretensão de colecionar todo o catálogo (haha que idiota), igual como eu já tentara fazer com a Alfaguara uns anos antes, no princípio (haha que idiota ao quadrado). Seja como for, ainda tenho os quatro primeiros títulos e mais tarde adquiri esse Tirza quando ganhei um vale-compras da Cultura e não sabia onde gastar, e esse Estação Atocha, por recomendação de alguém que eu já não lembro quem (espero que aquela pessoa esteja mais certa do que você sobre esse livro). Mais recentemente, comprei O Imitador de Homens, num sebo, mas desta vez porque me interessou a sinopse, de ficção científica e tal... Acho que só tenho esses, mesmo. #RipRadioLondres :flag:
 

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