• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Indique um livro

Lu Eire disse:
Bom, ao contrário de todas as pessoas que postaram nesse tópico, eu queria pedir uma sugestão ao invés de dar uma, se isso não for problema.

Eu gosto muito do filme O Fabuloso Destino de Amelie Poulain, e queria achar uma história com um 'clima' (?) similar... alguém pode me ajudar?

Grata (:

O Mundo de Sofia, pelo que eu ouvi falar.
Alice através do Espelho
A Menina que Roubava livros.

Só li o segundo, o resto vou pelo que ouvi falar.
 
Cara,

Eu tenho o Marchenmond volume 1, e foi simplesmente uma das melhores coisas que já li.Recomendo, recomendo! O problema é que eu encontrei o meu em um sebo remoto, em uma rua pequena.Eu acho difícil encontrar livros antigos, e sempre quis saber onde achar o segundo volume e o terceiro.Foi muito difícil achar essa coisa :lendo:

Até mais,
 
MT disse:
Cara,

Eu tenho o Marchenmond volume 1, e foi simplesmente uma das melhores coisas que já li.Recomendo, recomendo! O problema é que eu encontrei o meu em um sebo remoto, em uma rua pequena.Eu acho difícil encontrar livros antigos, e sempre quis saber onde achar o segundo volume e o terceiro.Foi muito difícil achar essa coisa :lendo:

Até mais,

Livraria Cultura ou em sebos, Estante Virtual .
 
Ah, obrigado, Clara.

Faz um bom tempo que ando procurando este livro, e logo aqui você já me ajudou na procura dele.Agora falta só traduzirem o terceiro volume, que eu economizo umas moedas e corro pra lá.

Até mais e obrigado,
 
Abandonaram o indique um livro?

Bom, tava relendo uns trechos ontem e pensei: sério, as pessoas precisam ler esse livro.

menino.jpg


MENINO DE LUGAR NENHUM
David Mitchell

Jason Taylor é um garoto inteligente e introspectivo que vive em uma cidadezinha do interior da Inglaterra. Está prestes a fazer treze anos, mas a proximidade do aniversário o apavora. Afinal, "treze parece muito pior que doze".

Nesse elogiado romance de formação, David Mitchell narra um ano na vida de um pré-adolescente às voltas com a impopularidade no colégio e com as brigas cada vez mais freqüentes entre seus pais. O pano de fundo é a vida semi-rural do condado de Worcestershire, os efeitos da Guerra das Malvinas e a recessão do início da era Thatcher. A exemplo de outro famoso adolescente da literatura, Holden Caulfield, Taylor é mordaz, sensível e precoce em suas impressões do mundo. Mas seu universo interior é um segredo que ele esconde dos outros.

David Mitchell buscou simplicidade e sutileza em Menino de lugar nenhum, seu quarto livro, primeiro a ser lançado no Brasil. Mas o leitor logo descobrirá que essa simplicidade é apenas aparente. O discurso de Jason Taylor é de uma autenticidade impressionante, com gírias, hipérboles e metáforas poéticas alternando-se naturalmente. A partir de um conflito reconhecível por todos, a crise da pré-adolescência, Mitchell constrói uma história de notável profundidade e ressonância, numa prosa que combina crueldade, leveza, lirismo e humor.

Menino de lugar nenhum foi finalista do Man Booker Prize de 2006.


Início:

Homem de janeiro



Nunca pise no meu escritório. É a regra do meu pai. Mas o telefone já tocou vinte e cinco vezes. Gente normal desiste depois de dez ou onze vezes, a menos que seja um caso de vida ou morte. Desiste, né? Meu pai tem uma secretária eletrônica com rolos enormes, que nem James Garner em Arquivo Confidencial. Mas de uns tempos pra cá ele parou de deixar a secretária ligada. Agora o telefone já tocou trinta vezes. Julia não escuta nada lá no sótão transformado em quarto, porque "Don't you want me?", do Human League, está tocando num volume ensurdecedor. Quarenta vezes. Minha mãe não escuta nada porque a máquina de lavar roupa entrou em seu ciclo frenético e ela está passando o aspirador na sala. Cinqüenta vezes. Isso não é normal. E se o meu pai foi estraçalhado por um caminhão na rodovia M5 e a polícia só conseguiu esse telefone do escritório porque todos os outros documentos dele queimaram? Desse jeito a gente pode perder a última oportunidade de ver nosso pai carbonizado no hospital.
Aí eu entrei no escritório, pensando na noiva entrando no quarto do Barba Azul mesmo tendo recebido ordens de não fazer isso. (Mas era isso mesmo que o Barba Azul esperava, claro.) O escritório do meu pai tem cheiro de notas de libra: um pouco de papel, um pouco de metal. Como as cortinas estavam fechadas, parecia ser noite, e não dez da manhã. Tem um relógio muito sério na parede, exatamente igual aos relógios muito sérios nas paredes da escola. Tem uma foto do meu pai apertando a mão de Craig Salt quando meu pai virou diretor regional de vendas da rede de supermercados Greenland (nunca entendi o que a Groenlândia tem a ver com supermercados). Em cima da mesa de aço fica o computador IBM do meu pai. Esses IBMS custam milhares de libras. O telefone do escritório é vermelho que nem os aparelhos das linhas especiais pra emergências nucleares, e tem botões que você aperta em vez de usar um disco como nos telefones normais.

Aí eu respirei fundo, peguei o telefone e falei nosso número.

Pelo menos isso eu consigo dizer sem travar. Quase sempre.

Mas a pessoa no outro lado da linha não disse nada.

- Alô? -eu falei. - Alô?

A pessoa sugou o ar, como se tivesse se cortado com uma folha de papel.

- Está me ouvindo? Eu não estou ouvindo você.

Bem ao fundo, reconheci a música de Vila Sésamo.

- Se você está me ouvindo -lembrei de um documentário da Children's Film Foundation onde isso acontece -, dá uma pancadinha no telefone, uma só.

Não ouvi pancadinha nenhuma, só a música de Vila Sésamo.

- Acho que você ligou pro número errado -falei, meio em dúvida.

Um nenê começou a chorar e aí bateram o telefone.

Quando as pessoas ficam escutando, fazem um barulho de escutar.

Se eu escutei esse barulho, então elas me escutaram.


"Quem está na chuva é para se ensopar", como a srta. Throckmorton ensinou pra gente há séculos. Como eu meio que tinha um motivo pra ter entrado no quarto proibido, dei uma olhada pelas frestas da veneziana fininha do meu pai. Enxerguei as terras da igreja, a árvore antiga e os pastos que se estendiam até as colinas Malvern. Fazia uma manhã muito clara, com céu gelado e crostas brancas nas colinas, mas pro meu azar nenhum sinal de neve espessa. A cadeira giratória do meu pai lembra muito a cadeira na torre de laser da Millenium Falcon. Fiquei mandando bala no céu lotado de MiGs russos que sobrevoavam as colinas Malvern. Em pouco tempo dezenas de milhares de pessoas entre aqui e Cardiff deviam a vida a mim. As terras da igreja estavam tomadas de fuselagens retorcidas e asas cobertas de negro. Eu atirava nos pilotos soviéticos com dardos tranqüilizantes assim que eles se ejetavam das aeronaves. Nossos fuzileiros limpariam a sujeira com vassouras. Eu recusaria todas as medalhas. "Obrigado, mas não aceito, obrigado", eu diria pra Margaret Thatcher e Ronald Reagan quando viessem aqui em casa, convidados por minha mãe, "eu só estava fazendo o meu trabalho."

Meu pai tem um apontador sensacional preso na escrivaninha. Os lápis ficam tão pontudos que serviriam até pra perfurar um colete à prova de balas. Os lápis H são os preferidos do meu pai, porque ficam mais pontudos. Eu prefiro os 2B.

Tocaram a campainha. Coloquei a veneziana do jeito que estava antes, conferi se não tinha deixado nenhum rastro da minha passagem, escapuli e desci a escada correndo pra ver quem era. Arrisquei a vida pulando os últimos seis degraus num único salto.

Era o Mongol, sorridente e espinhento como sempre. Mas o bigodinho dele tem ficado mais grosso. - Você nem imagina!

- O quê?

- Sabe o lago da floresta?

- O que tem ele?

- É que - Mongol conferiu se alguém estava ouvindo - ele congelou todinho! Metade dos garotos da cidade foi pra lá. É ou não é
matador?

- Jason! - minha mãe surgiu da cozinha. -Você está deixando o frio entrar! Convide o Dean para dentro... olá, Dean... ou feche essa porta.

- Hã... vou dar uma saída, mãe.

- Hã... para onde?

- Vou tomar um pouco de ar fresco.

Foi um erro estratégico. - O que você está tramando?

Eu queria dizer "nada", mas o Carrasco resolveu me impedir. - E por que eu ia tramar alguma coisa? -tentei não encarar os olhos dela enquanto vestia meu casaco de lã azul-marinho.

- Posso saber o que sua parca preta novinha fez para magoar você?

Continuei sem conseguir dizer "nada". (A verdade é que usar preto significa que você se acha casca-grossa. Não dá pra esperar que adultos entendam isso.) - É que o meu casaco é um pouco mais quente, só isso.

- O almoço sai à uma em ponto. - Minha mãe voltou a trocar o saco do aspirador de pó. - Seu pai vem comer em casa. Ponha um gorro de lã, senão sua cabeça vai congelar.

Gorro de lã é coisa de bicha, mas posso enfiar no bolso depois que sair de casa.

- Até mais, senhora Taylor - disse o Mongol.

- Até, Dean - respondeu minha mãe.

Ela nunca gostou do Mongol.


Mongol tem a minha altura e é um cara legal, mas, meu Deus, como ele fede a molho de carne. Mongol usa umas calças curtas demais, compradas em bazares de caridade, e mora em Drugger's End, numa casinha de alvenaria que também fede a molho de carne. O nome verdadeiro dele é Dean Moran (rima com "Warren"), mas nosso professor de educação física, o sr. Carver, começou a chamar o coitado de "Mongol" na primeira semana e o apelido pegou. Quando a gente está sozinho eu chamo ele de "Dean", mas nomes não são apenas nomes. Os garotos mais populares geralmente são chamados pelo primeiro nome. Como Nick Yew, que é sempre "Nick", e só. Quem é só um pouquinho popular, como Gilbert Swinyard, ganha uns apelidos meio respeitosos, como "Yardy". Depois vêm os garotos como eu, que se tratam pelo sobrenome. Abaixo da gente vêm os garotos com apelidos mais sacaneados, como Moran, o Mongol, e Nicholas Briar, que é o Picolés Praia. Ser garoto é como estar no Exército, tudo é uma questão de hierarquia. Se eu chamasse Gilbert Swinyard de "Swinyard", ele chutaria minha cara. E se eu chamasse o Mongol de "Dean" na frente dos outros minha posição acabaria prejudicada. É preciso ter cuidado.

Garotas não entram tanto nesse jogo. Menos Dawn Madden, que na verdade é um garoto vítima de alguma experiência fracassada. Garotas também não brigam tanto. (Mas um pouco antes de a gente ser liberado pro Natal, Dawn Madden e Andrea Bozard começaram a berrar uma com a outra enquanto todo mundo estava na fila do ônibus depois da aula. "Puta!", "vagabunda!", socos nos peitos, puxões de cabelo, essa coisa toda.) Às vezes eu queria ter nascido mulher. Em geral, elas são bem mais civilizadas. Mas, se um dia eu admitisse isso em voz alta, ganharia um ESCAVADOR ANAL rabiscado no meu armário do colégio. Isso aconteceu com Floyd Chaceley depois que ele admitiu gostar de Johann Sebastian Bach. Olha, se soubessem que o Eliot Bolívar que publica poemas na revista paroquial de Black Swan Green sou eu, me espancariam com ferramentas de carpintaria atrás das quadras de tênis, até eu morrer. Depois pichariam o logotipo dos Sex Pistols na minha lápide.

Mas, enfim, eu e o Mongol estávamos indo pro lago quando ele me contou que tinha ganhado um autorama Scalectrix de Natal.
Disse que no dia 26 o transformador do autorama explodiu e quase acabou com a família dele inteirinha. "Ah, tá bom", eu desdenhei.

Mas o Mongol jurou pelo túmulo da avó que estava falando a verdade. Aí respondi que ele devia escrever pro That's Life, da BBC, e fazer a Esther Rantzen obrigar o fabricante a pagar uma indenização. Mongol achou que isso seria difícil porque o pai dele tinha comprado o Scalectrix de um brummie, no mercado de Tewkesbury, em plena véspera de Natal. Nem me arrisquei a perguntar o que significava brummie, porque de repente podia ser a mesma coisa que "bichona" ou "veado". Aí eu disse "Ah, sei" e o Mongol perguntou o que eu tinha ganhado de Natal. Eu tinha ganhado treze libras e cinqüenta centavos em vale-livros e um pôster da Terra Média, mas, como livros são coisa de bicha eu contei do Jogo da Vida que ganhei do tio Brian e da tia Alice. É um jogo de tabuleiro no qual vence o primeiro que levar o carrinho até o fim da estrada e tiver mais dinheiro no banco. Cruzamos a encruzilhada ao lado do pub Black Swan e entramos na floresta. Eu devia ter passado vaselina nos lábios, porque nesse frio eles ficam bem rachados.

Não demorou pra gente ouvir uns garotos berrando e gritando no meio das árvores. - O último a chegar no lago é retardado! - berrou Mongol, e saiu correndo antes que eu estivesse pronto. Não deu nem dois passos e tropeçou num sulco de pneu congelado, saiu voando e caiu de bunda no chão. Moran é infalível. - Acho que sofri uma concussão - ele disse.

- Pra sofrer uma concussão você precisa bater a cabeça. Por acaso seu cérebro fica na bunda? -Que frase. Pena que ninguém importante estava ali pra ouvir.


O lago na floresta estava animal. Umas bolhas minúsculas estavam presas no gelo, como nas balinhas Glacier Mints. Neal Brose tinha levado uns patins de gelo modelo olímpico. Alugava por cinco centavos, mas não cobrava nada do Pete Redmarley, porque, quando os outros garotos o viam patinando a toda a velocidade pelo lago, também ficavam com vontade de experimentar. Ficar em pé no gelo já é bastante difícil. Eu caí um monte de vezes até pegar o jeito de deslizar usando tênis. Ross Wilcox apareceu com o primo dele, Gary Drake, e Dawn Madden. Três ótimos patinadores. Drake e Wilcox já estão mais altos que eu. (Tinham cortado os dedos das luvas pra mostrar as cicatrizes que ganharam jogando Rainha Sarnenta, um jogo de cartas em que o perdedor sofre uns castigos horríveis. Minha mãe me mataria se fosse eu.) Errado sentou na ilhazinha que fica bem no meio do lago, onde geralmente vivem os patos, e berrava: "Quebrou o cu! Quebrou o cu!" pra todo mundo que caía. Como o Errado é meio ruim da cabeça porque nasceu cedo demais, ninguém chega a bater nele. Pelo menos não com muita força. Grant Burch andou no gelo com a bicicleta Raleigh Chopper do seu criado, Philip Phelps. Conseguiu se equilibrar por alguns segundos, mas aí tentou empinar e a bicicleta saiu voando. Quando ela aterrissou, parecia ter sido torturada até a morte por Uri Geller. Phelps abriu um sorriso meio dolorido. Aposto que estava pensando no que ia dizer pro pai dele. Aí Pete Redmarley e Grant Burch resolveram que o lago congelado seria um lugar perfeito pra brincar de Buldogues Britânicos. Foi só Nick Yew falar "Tá, tô nessa" pra tudo ficar resolvido. Eu odeio Buldogues Britânicos. Quando a srta. Throckmorton proibiu essa brinca-deira na nossa escola primária depois que Lee Biggs perdeu três dentes, senti um alívio mortal. Mas naquela manhã qualquer garoto que negasse adorar Buldogues Britânicos pareceria uma bicha. Especialmente garotos da Kingfisher Meadows, como eu.

Uns vinte ou vinte e cinco garotos, mais Dawn Madden, se amontoaram pra ser escolhidos que nem escravos num mercado. Grant Burch e Nick Yew formaram a dupla de capitães de um dos times. Pete Redmarley e Gilbert Swinyard eram os capitães do outro. Ross Wilcox e Gary Drake foram escolhidos antes de mim por Pete Redmarley, mas fui escolhido por Grant Burch na sexta leva, que não era tardia demais a ponto de ser constrangedora. No fim sobraram só Mongol e Errado. Grant Burch e Pete Redmarley fizeram piada: "Ah, não, podem ficar com esses dois, a gente quer ganhar". Mongol e Errado tiveram que rir, fazendo de conta que tinham achado graça naquilo. Talvez Errado tivesse mesmo achado engraçado. (Mongol não achou. Quando todo mundo desviou o olhar, ele estava com a mesma cara da vez em que a gente estava brincando de esconde-esconde e mandamos ele se esconder. Levou uma hora pro coitado notar que ninguém saiu procurando por ele.) Como Nick Yew venceu no par ou ímpar, nosso time começaria sendo os Corredores, enquanto o time do Pete Redmarley seria os Buldogues. Os casacos dos garotos menos importantes foram colocados nas extremidades do lago pra servirem de marcos a ser alcançados e defendidos. Garotas (menos Dawn Madden) e pirralhos foram retirados do gelo. Os Buldogues de Redmarley formaram um grupo bem no meio, enquanto nós, os Corredores, deslizamos até nosso ponto de partida. Meu coração batia forte. Buldogues e Corredores se agacharam, como atletas de corrida.

Os capitães puxaram o grito.

- Buldogues Britânicos! Um Dois Três!
[...]

Indico fortemente pra quem: gosta de romances de formação; gosta de Freaks and Geeks (dá pra imaginar direitinho o Jason como o Sam Weir); ficou com vontade de gritar "buldogues britânicos!" depois de ler o trecho acima.
 
Abandonaram o indique um livro?

Bom, tava relendo uns trechos ontem e pensei: sério, as pessoas precisam ler esse livro.

menino.jpg


MENINO DE LUGAR NENHUM
David Mitchell

Jason Taylor é um garoto inteligente e introspectivo que vive em uma cidadezinha do interior da Inglaterra. Está prestes a fazer treze anos, mas a proximidade do aniversário o apavora. Afinal, "treze parece muito pior que doze".

Nesse elogiado romance de formação, David Mitchell narra um ano na vida de um pré-adolescente às voltas com a impopularidade no colégio e com as brigas cada vez mais freqüentes entre seus pais. O pano de fundo é a vida semi-rural do condado de Worcestershire, os efeitos da Guerra das Malvinas e a recessão do início da era Thatcher. A exemplo de outro famoso adolescente da literatura, Holden Caulfield, Taylor é mordaz, sensível e precoce em suas impressões do mundo. Mas seu universo interior é um segredo que ele esconde dos outros.

David Mitchell buscou simplicidade e sutileza em Menino de lugar nenhum, seu quarto livro, primeiro a ser lançado no Brasil. Mas o leitor logo descobrirá que essa simplicidade é apenas aparente. O discurso de Jason Taylor é de uma autenticidade impressionante, com gírias, hipérboles e metáforas poéticas alternando-se naturalmente. A partir de um conflito reconhecível por todos, a crise da pré-adolescência, Mitchell constrói uma história de notável profundidade e ressonância, numa prosa que combina crueldade, leveza, lirismo e humor.

Menino de lugar nenhum foi finalista do Man Booker Prize de 2006.

Indico fortemente pra quem: gosta de romances de formação; gosta de Freaks and Geeks (dá pra imaginar direitinho o Jason como o Sam Weir); ficou com vontade de gritar "buldogues britânicos!" depois de ler o trecho acima.

Achei bacana mas têm muitas referências (principalmente dos anos 80) que o pessoal mais novo talvez se sinta um pouco perdido.
Mas também não é nada que prejudique o entendimento da história.
(Bem, nesse trecho, talvez só a parte da bicicleta torturada pelo Uri Geller :mrgreen: ).
 
Sei que o proposito do tópico aqui é outro, mas não queria criar um so com essa pergunta, então:

Queria saber de indicações de vcs de bons livros de contos curtos, de no máximo umas 10 páginas, para ler rapidinho nos intervalos na faculdade - ou no ônibus ou quando der =D
 
Recomendo qualquer coletânea de contos do norte-americano O. Henry.
Ele escrevia para revistas então são contos curtos mesmo, e bastante agradáveis, de humor um pouco cínico, um pouco doce.
Perfeito pra se ler assim, num ônibus ou antes de dormir. =]
 
Abandonaram o indique um livro?

Bom, tava relendo uns trechos ontem e pensei: sério, as pessoas precisam ler esse livro.

menino.jpg

MENINO DE LUGAR NENHUM
David Mitchell

Jason Taylor é um garoto inteligente e introspectivo que vive em uma cidadezinha do interior da Inglaterra. Está prestes a fazer treze anos, mas a proximidade do aniversário o apavora. Afinal, "treze parece muito pior que doze".

Nesse elogiado romance de formação, David Mitchell narra um ano na vida de um pré-adolescente às voltas com a impopularidade no colégio e com as brigas cada vez mais freqüentes entre seus pais. O pano de fundo é a vida semi-rural do condado de Worcestershire, os efeitos da Guerra das Malvinas e a recessão do início da era Thatcher. A exemplo de outro famoso adolescente da literatura, Holden Caulfield, Taylor é mordaz, sensível e precoce em suas impressões do mundo. Mas seu universo interior é um segredo que ele esconde dos outros.

David Mitchell buscou simplicidade e sutileza em Menino de lugar nenhum, seu quarto livro, primeiro a ser lançado no Brasil. Mas o leitor logo descobrirá que essa simplicidade é apenas aparente. O discurso de Jason Taylor é de uma autenticidade impressionante, com gírias, hipérboles e metáforas poéticas alternando-se naturalmente. A partir de um conflito reconhecível por todos, a crise da pré-adolescência, Mitchell constrói uma história de notável profundidade e ressonância, numa prosa que combina crueldade, leveza, lirismo e humor.

Menino de lugar nenhum foi finalista do Man Booker Prize de 2006.


Início:

Homem de janeiro



Nunca pise no meu escritório. É a regra do meu pai. Mas o telefone já tocou vinte e cinco vezes. Gente normal desiste depois de dez ou onze vezes, a menos que seja um caso de vida ou morte. Desiste, né? Meu pai tem uma secretária eletrônica com rolos enormes, que nem James Garner em Arquivo Confidencial. Mas de uns tempos pra cá ele parou de deixar a secretária ligada. Agora o telefone já tocou trinta vezes. Julia não escuta nada lá no sótão transformado em quarto, porque "Don't you want me?", do Human League, está tocando num volume ensurdecedor. Quarenta vezes. Minha mãe não escuta nada porque a máquina de lavar roupa entrou em seu ciclo frenético e ela está passando o aspirador na sala. Cinqüenta vezes. Isso não é normal. E se o meu pai foi estraçalhado por um caminhão na rodovia M5 e a polícia só conseguiu esse telefone do escritório porque todos os outros documentos dele queimaram? Desse jeito a gente pode perder a última oportunidade de ver nosso pai carbonizado no hospital.
Aí eu entrei no escritório, pensando na noiva entrando no quarto do Barba Azul mesmo tendo recebido ordens de não fazer isso. (Mas era isso mesmo que o Barba Azul esperava, claro.) O escritório do meu pai tem cheiro de notas de libra: um pouco de papel, um pouco de metal. Como as cortinas estavam fechadas, parecia ser noite, e não dez da manhã. Tem um relógio muito sério na parede, exatamente igual aos relógios muito sérios nas paredes da escola. Tem uma foto do meu pai apertando a mão de Craig Salt quando meu pai virou diretor regional de vendas da rede de supermercados Greenland (nunca entendi o que a Groenlândia tem a ver com supermercados). Em cima da mesa de aço fica o computador IBM do meu pai. Esses IBMS custam milhares de libras. O telefone do escritório é vermelho que nem os aparelhos das linhas especiais pra emergências nucleares, e tem botões que você aperta em vez de usar um disco como nos telefones normais.

Aí eu respirei fundo, peguei o telefone e falei nosso número.

Pelo menos isso eu consigo dizer sem travar. Quase sempre.

Mas a pessoa no outro lado da linha não disse nada.

- Alô? -eu falei. - Alô?

A pessoa sugou o ar, como se tivesse se cortado com uma folha de papel.

- Está me ouvindo? Eu não estou ouvindo você.

Bem ao fundo, reconheci a música de Vila Sésamo.

- Se você está me ouvindo -lembrei de um documentário da Children's Film Foundation onde isso acontece -, dá uma pancadinha no telefone, uma só.

Não ouvi pancadinha nenhuma, só a música de Vila Sésamo.

- Acho que você ligou pro número errado -falei, meio em dúvida.

Um nenê começou a chorar e aí bateram o telefone.

Quando as pessoas ficam escutando, fazem um barulho de escutar.

Se eu escutei esse barulho, então elas me escutaram.


"Quem está na chuva é para se ensopar", como a srta. Throckmorton ensinou pra gente há séculos. Como eu meio que tinha um motivo pra ter entrado no quarto proibido, dei uma olhada pelas frestas da veneziana fininha do meu pai. Enxerguei as terras da igreja, a árvore antiga e os pastos que se estendiam até as colinas Malvern. Fazia uma manhã muito clara, com céu gelado e crostas brancas nas colinas, mas pro meu azar nenhum sinal de neve espessa. A cadeira giratória do meu pai lembra muito a cadeira na torre de laser da Millenium Falcon. Fiquei mandando bala no céu lotado de MiGs russos que sobrevoavam as colinas Malvern. Em pouco tempo dezenas de milhares de pessoas entre aqui e Cardiff deviam a vida a mim. As terras da igreja estavam tomadas de fuselagens retorcidas e asas cobertas de negro. Eu atirava nos pilotos soviéticos com dardos tranqüilizantes assim que eles se ejetavam das aeronaves. Nossos fuzileiros limpariam a sujeira com vassouras. Eu recusaria todas as medalhas. "Obrigado, mas não aceito, obrigado", eu diria pra Margaret Thatcher e Ronald Reagan quando viessem aqui em casa, convidados por minha mãe, "eu só estava fazendo o meu trabalho."

Meu pai tem um apontador sensacional preso na escrivaninha. Os lápis ficam tão pontudos que serviriam até pra perfurar um colete à prova de balas. Os lápis H são os preferidos do meu pai, porque ficam mais pontudos. Eu prefiro os 2B.

Tocaram a campainha. Coloquei a veneziana do jeito que estava antes, conferi se não tinha deixado nenhum rastro da minha passagem, escapuli e desci a escada correndo pra ver quem era. Arrisquei a vida pulando os últimos seis degraus num único salto.

Era o Mongol, sorridente e espinhento como sempre. Mas o bigodinho dele tem ficado mais grosso. - Você nem imagina!

- O quê?

- Sabe o lago da floresta?

- O que tem ele?

- É que - Mongol conferiu se alguém estava ouvindo - ele congelou todinho! Metade dos garotos da cidade foi pra lá. É ou não é
matador?

- Jason! - minha mãe surgiu da cozinha. -Você está deixando o frio entrar! Convide o Dean para dentro... olá, Dean... ou feche essa porta.

- Hã... vou dar uma saída, mãe.

- Hã... para onde?

- Vou tomar um pouco de ar fresco.

Foi um erro estratégico. - O que você está tramando?

Eu queria dizer "nada", mas o Carrasco resolveu me impedir. - E por que eu ia tramar alguma coisa? -tentei não encarar os olhos dela enquanto vestia meu casaco de lã azul-marinho.

- Posso saber o que sua parca preta novinha fez para magoar você?

Continuei sem conseguir dizer "nada". (A verdade é que usar preto significa que você se acha casca-grossa. Não dá pra esperar que adultos entendam isso.) - É que o meu casaco é um pouco mais quente, só isso.

- O almoço sai à uma em ponto. - Minha mãe voltou a trocar o saco do aspirador de pó. - Seu pai vem comer em casa. Ponha um gorro de lã, senão sua cabeça vai congelar.

Gorro de lã é coisa de bicha, mas posso enfiar no bolso depois que sair de casa.

- Até mais, senhora Taylor - disse o Mongol.

- Até, Dean - respondeu minha mãe.

Ela nunca gostou do Mongol.


Mongol tem a minha altura e é um cara legal, mas, meu Deus, como ele fede a molho de carne. Mongol usa umas calças curtas demais, compradas em bazares de caridade, e mora em Drugger's End, numa casinha de alvenaria que também fede a molho de carne. O nome verdadeiro dele é Dean Moran (rima com "Warren"), mas nosso professor de educação física, o sr. Carver, começou a chamar o coitado de "Mongol" na primeira semana e o apelido pegou. Quando a gente está sozinho eu chamo ele de "Dean", mas nomes não são apenas nomes. Os garotos mais populares geralmente são chamados pelo primeiro nome. Como Nick Yew, que é sempre "Nick", e só. Quem é só um pouquinho popular, como Gilbert Swinyard, ganha uns apelidos meio respeitosos, como "Yardy". Depois vêm os garotos como eu, que se tratam pelo sobrenome. Abaixo da gente vêm os garotos com apelidos mais sacaneados, como Moran, o Mongol, e Nicholas Briar, que é o Picolés Praia. Ser garoto é como estar no Exército, tudo é uma questão de hierarquia. Se eu chamasse Gilbert Swinyard de "Swinyard", ele chutaria minha cara. E se eu chamasse o Mongol de "Dean" na frente dos outros minha posição acabaria prejudicada. É preciso ter cuidado.

Garotas não entram tanto nesse jogo. Menos Dawn Madden, que na verdade é um garoto vítima de alguma experiência fracassada. Garotas também não brigam tanto. (Mas um pouco antes de a gente ser liberado pro Natal, Dawn Madden e Andrea Bozard começaram a berrar uma com a outra enquanto todo mundo estava na fila do ônibus depois da aula. "Puta!", "vagabunda!", socos nos peitos, puxões de cabelo, essa coisa toda.) Às vezes eu queria ter nascido mulher. Em geral, elas são bem mais civilizadas. Mas, se um dia eu admitisse isso em voz alta, ganharia um ESCAVADOR ANAL rabiscado no meu armário do colégio. Isso aconteceu com Floyd Chaceley depois que ele admitiu gostar de Johann Sebastian Bach. Olha, se soubessem que o Eliot Bolívar que publica poemas na revista paroquial de Black Swan Green sou eu, me espancariam com ferramentas de carpintaria atrás das quadras de tênis, até eu morrer. Depois pichariam o logotipo dos Sex Pistols na minha lápide.

Mas, enfim, eu e o Mongol estávamos indo pro lago quando ele me contou que tinha ganhado um autorama Scalectrix de Natal.
Disse que no dia 26 o transformador do autorama explodiu e quase acabou com a família dele inteirinha. "Ah, tá bom", eu desdenhei.

Mas o Mongol jurou pelo túmulo da avó que estava falando a verdade. Aí respondi que ele devia escrever pro That's Life, da BBC, e fazer a Esther Rantzen obrigar o fabricante a pagar uma indenização. Mongol achou que isso seria difícil porque o pai dele tinha comprado o Scalectrix de um brummie, no mercado de Tewkesbury, em plena véspera de Natal. Nem me arrisquei a perguntar o que significava brummie, porque de repente podia ser a mesma coisa que "bichona" ou "veado". Aí eu disse "Ah, sei" e o Mongol perguntou o que eu tinha ganhado de Natal. Eu tinha ganhado treze libras e cinqüenta centavos em vale-livros e um pôster da Terra Média, mas, como livros são coisa de bicha eu contei do Jogo da Vida que ganhei do tio Brian e da tia Alice. É um jogo de tabuleiro no qual vence o primeiro que levar o carrinho até o fim da estrada e tiver mais dinheiro no banco. Cruzamos a encruzilhada ao lado do pub Black Swan e entramos na floresta. Eu devia ter passado vaselina nos lábios, porque nesse frio eles ficam bem rachados.

Não demorou pra gente ouvir uns garotos berrando e gritando no meio das árvores. - O último a chegar no lago é retardado! - berrou Mongol, e saiu correndo antes que eu estivesse pronto. Não deu nem dois passos e tropeçou num sulco de pneu congelado, saiu voando e caiu de bunda no chão. Moran é infalível. - Acho que sofri uma concussão - ele disse.

- Pra sofrer uma concussão você precisa bater a cabeça. Por acaso seu cérebro fica na bunda? -Que frase. Pena que ninguém importante estava ali pra ouvir.


O lago na floresta estava animal. Umas bolhas minúsculas estavam presas no gelo, como nas balinhas Glacier Mints. Neal Brose tinha levado uns patins de gelo modelo olímpico. Alugava por cinco centavos, mas não cobrava nada do Pete Redmarley, porque, quando os outros garotos o viam patinando a toda a velocidade pelo lago, também ficavam com vontade de experimentar. Ficar em pé no gelo já é bastante difícil. Eu caí um monte de vezes até pegar o jeito de deslizar usando tênis. Ross Wilcox apareceu com o primo dele, Gary Drake, e Dawn Madden. Três ótimos patinadores. Drake e Wilcox já estão mais altos que eu. (Tinham cortado os dedos das luvas pra mostrar as cicatrizes que ganharam jogando Rainha Sarnenta, um jogo de cartas em que o perdedor sofre uns castigos horríveis. Minha mãe me mataria se fosse eu.) Errado sentou na ilhazinha que fica bem no meio do lago, onde geralmente vivem os patos, e berrava: "Quebrou o cu! Quebrou o cu!" pra todo mundo que caía. Como o Errado é meio ruim da cabeça porque nasceu cedo demais, ninguém chega a bater nele. Pelo menos não com muita força. Grant Burch andou no gelo com a bicicleta Raleigh Chopper do seu criado, Philip Phelps. Conseguiu se equilibrar por alguns segundos, mas aí tentou empinar e a bicicleta saiu voando. Quando ela aterrissou, parecia ter sido torturada até a morte por Uri Geller. Phelps abriu um sorriso meio dolorido. Aposto que estava pensando no que ia dizer pro pai dele. Aí Pete Redmarley e Grant Burch resolveram que o lago congelado seria um lugar perfeito pra brincar de Buldogues Britânicos. Foi só Nick Yew falar "Tá, tô nessa" pra tudo ficar resolvido. Eu odeio Buldogues Britânicos. Quando a srta. Throckmorton proibiu essa brinca-deira na nossa escola primária depois que Lee Biggs perdeu três dentes, senti um alívio mortal. Mas naquela manhã qualquer garoto que negasse adorar Buldogues Britânicos pareceria uma bicha. Especialmente garotos da Kingfisher Meadows, como eu.

Uns vinte ou vinte e cinco garotos, mais Dawn Madden, se amontoaram pra ser escolhidos que nem escravos num mercado. Grant Burch e Nick Yew formaram a dupla de capitães de um dos times. Pete Redmarley e Gilbert Swinyard eram os capitães do outro. Ross Wilcox e Gary Drake foram escolhidos antes de mim por Pete Redmarley, mas fui escolhido por Grant Burch na sexta leva, que não era tardia demais a ponto de ser constrangedora. No fim sobraram só Mongol e Errado. Grant Burch e Pete Redmarley fizeram piada: "Ah, não, podem ficar com esses dois, a gente quer ganhar". Mongol e Errado tiveram que rir, fazendo de conta que tinham achado graça naquilo. Talvez Errado tivesse mesmo achado engraçado. (Mongol não achou. Quando todo mundo desviou o olhar, ele estava com a mesma cara da vez em que a gente estava brincando de esconde-esconde e mandamos ele se esconder. Levou uma hora pro coitado notar que ninguém saiu procurando por ele.) Como Nick Yew venceu no par ou ímpar, nosso time começaria sendo os Corredores, enquanto o time do Pete Redmarley seria os Buldogues. Os casacos dos garotos menos importantes foram colocados nas extremidades do lago pra servirem de marcos a ser alcançados e defendidos. Garotas (menos Dawn Madden) e pirralhos foram retirados do gelo. Os Buldogues de Redmarley formaram um grupo bem no meio, enquanto nós, os Corredores, deslizamos até nosso ponto de partida. Meu coração batia forte. Buldogues e Corredores se agacharam, como atletas de corrida.

Os capitães puxaram o grito.

- Buldogues Britânicos! Um Dois Três!
[...]

Indico fortemente pra quem: gosta de romances de formação; gosta de Freaks and Geeks (dá pra imaginar direitinho o Jason como o Sam Weir); ficou com vontade de gritar "buldogues britânicos!" depois de ler o trecho acima.

Gostei do estilo de narrativa do autor, o pequeno trecho me deixou com vontade de ler o livro. Mais um para a minha lista interminável de desejados.

Achei bacana mas têm muitas referências (principalmente dos anos 80) que o pessoal mais novo talvez se sinta um pouco perdido.
Mas também não é nada que prejudique o entendimento da história.
(Bem, nesse trecho, talvez só a parte da bicicleta torturada pelo Uri Geller :mrgreen: ).

Eu não lembrava de jeito nenhum do tal do Geller, tive que recorrer ao Google. :mrpurple:
 
Gostaria de indicação de livros estilo Khaled Hosseini, onde retrata a cultura islâmica, principalmente da mulher. Alguém já leu algo semelhante aos livros dele e indica?
 
Gostaria de indicação de livros estilo Khaled Hosseini, onde retrata a cultura islâmica, principalmente da mulher. Alguém já leu algo semelhante aos livros dele e indica?
Não li, mas acho que o "Eu sou Malala" é nessa vibe. Alguém que leu pode confirmar?
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo