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Ilustração de fantasia = arte brega?

Glorwendel

Usuário
A ilustração fantástica é certamente muito bem conhecida num fórum que tem suas bases em Tolkien e um grande número de jogadores de RPG, onde tal movimento tem maior evidência.

A maioria aqui já citou artistas de fantasia como seus preferidos e não raro vemos muitos usuários seguindo os mesmos passos. E com certa freqüência encontrei definições de tais artistas como "brega".

Não que eu não esteja de acordo, mas... por que raios a ilustração fantástica é, em sua maioria, brega?

Vou tentar comentar cada aspecto com calma, a começar por um dos mais importantes:





As cores

Já que tratamos de arte visual, o princípio é sempre ver. E aqui estão dois exemplos.

O primeiro, de arte clássica (acadêmica), William Bouguereau:
Nymphes et Satyre

O segundo, de Todd Lockwood, ilustrador de livros como D&D, entre outros:
Elf God


Como optei por comentar as cores, deixem de lado as diferenção óbvias de estilo, etc.

Aqui estão as paletas de cada um das figuras, respectivamente:

palette01.jpg


palette02.jpg



A obra clássica que temos como exemplo servirá de base para as colocações sobre as cores utilizadas na ilustração citada acima.

A partir das paletas, podemos observar que há um maior número utilizados na obra clássica, enquanto na ilustração há maior número de cores "cruas", sem grande variação no tom das mesmas.

Por tom "cru", entende-se a cor não trabalhada, não elaborada em seus tons e colocada "como saiu do tubo". Percebe-se que houve maior trabalho na mistura de tintas no primeiro exemplo.


O que eu observo nas ilustrações de fantasia e considero uma das causas da "breguice" encontrada nelas é justamente esta colocação de cores cruas e pouca variação de tons. Não raro, vemos um dragão de fogo vermelho envolto em brilho azul, o que seria uma incoerência segundo o classicismo acadêmico.

Não por inverossimilhança, apenas, mas também por não constituir uma boa paleta aos olhos.

A ilustração do exemplo apresenta um elfo quase todo em tons dourados em contraste com o fundo azul. O contraste aqui não seria problema, visto que o primeiro exemplo também apresenta cores muito contrastantes. A falta de sutileza é que age contra o artista da ilustração de fantasia.

Isso não é errado, apenas atribui à obra um caráter kitsch, mesmo que de forma não intencional.

Eu particularmente acho feio, e lamento não ter conhecido nenhum artista de fantasia adepto das técnicas classicistas.

O curioso é que os artistas de fantasia mais aclamados são justamente os que seguem um pouco mais as características classicistas. As cores, enquadramento, composição de artistas como Frazetta e John Howe estão bem mais para aquela primeira apresentada do que a segunda.
 
Fantasia enquanto temática a la Tolkien diga-se de passagem. Brega? Não acho, e embora não conheça terminologia tecnicas para debater o assunto, vou mais pela minha opinião mesmo: Pra mim depende do proposito do quadro a ser desenhado. Acho bem mais bonito o estilo classico para se tratar de fantasia enquanto coisas mais empiricas, mais, digamos, "magicas" e fantasiosas; enquanto eu prefiro o primeiro estilo citado para cenas de fantasias tratadas com mais realismo, mais como se o quadro retratado fosse cotidiano dentro do universo pintado. Na obra de Tolkien, pra me fazer entender melhor, considero a passagem que fala de Tom Bombadil como uma das poucas realmente fantasiosas, enquanto as outras são mais "realistas" partindo do principio o própio mundo aonde estão inseridas. Prefiro mil vezes o estilo utilizado em Conan o barbaro para tal saga do que se utilizassem um mais classico. Um estilo classico pode ficar estremamente brega se utilizado dentro de um contexo "estranho" a sua tecnica. Assim como em toda arte, depende do proposito a ser retratado. Alias um ponto fudamental da boa arte é saber escolher qual veiculo passara melhor o que se quer expressar... Muitos dos genios inovaram mais em como passaram suas obras do que suas tematicas em si...
 
Ninguém precisa debater os termos técnicos, basta opinar mesmo. :obiggraz:

Embora eu realmente prefira a obra do primeiro exemplo, acho que a arte fantástica poderia ser ainda mais valorizada se seguisse alguns padrões canônicos, sem que deixasse de ter as características que a diferencia. Isso poderia valorizar ainda mais o estilo.

As cores, enquadramento, etc, utilizados na ilustração de fantasia geralmente seguem um padrão muito limitado. Transpor essas barreiras, sem medo do academismo, tornaria tudo mais interessante, IMO.
 
Glorwendel disse:
As cores, enquadramento, etc, utilizados na ilustração de fantasia geralmente seguem um padrão muito limitado. Transpor essas barreiras, sem medo do academismo, tornaria tudo mais interessante, IMO.

Acho que em qualquer linha de tematica artisca, da-se um efeito muito bom quando o artista busca meios não "convencionais" ao tema, geralmente causa um efeito mais impactante. No caso do tema fantasia, acho que uma coisa que pesa tambem é que a maioria das influencias no meio seguem uma estetica parecida, meio que guiando os novos artistas para trabalhos com traços parecidos. Ainda mais aqui no Brasil, onde muitos influenciados tem muito mais contato com a arte atraves do trabalho dito convencional em revistas/livros e sites relacionados aos propios mundos fantasticos, do que com o mundo da arte como um todo. Conheço pessoas da area que nem mesmo tem um profundo connhecimento de outros "tipos" de arte...
 
A única vez que vi o padrão clássico aplicado nesse ramo foi semana passada num Livro Do Jogador do D&D 3a Edição.

Se você conseguisse ignorar a formiga gigante que ocupava 70% da pintura( ¬¬ ), ia notar que o cara tava pintado naquele estilão classicista.

Eu pessoalmente admiro a técnica dos classicistas, mas não gosto deles em geral porque falta algo essencial.

O próprio Bouguereau por exemplo, acho chato. A primeira vista é lindo de morrer, mas depois você olha e... sente falta de uma certa emoção humana. Tudo é sempre etéreo demais, mesmo em contextos mais realistas.

Nisso eu dou mais mérito aquelas artes fantásticas já chapinhdas, que apesar de realmente bregas (admitamos, eles exageram na emoção passada) pelo menos tntam passar alguma reação mais visível.
 
Mas aí é que está. O "exagero" apresentado pode ser a evidência da incapacidade de se expressar de maneira sutil, fazendo os artistas quase vomitar sua intenção sobre o observador. :think:

(Embora eu concorde quanto a "faltar algo" à obra de Boguereau.)
 
Glorwendel disse:
Mas aí é que está. O "exagero" apresentado pode ser a evidência da incapacidade de se expressar de maneira sutil, fazendo os artistas quase vomitar sua intenção sobre o observador. :think:

(Embora eu concorde quanto a "faltar algo" à obra de Boguereau.)

É, eu acho q uma coisa importante, é pensar que os artistas clássicos foram importantes naquele momento histórico, e que nesse nossos tempos pós-pós a ilustração de temas fantásticos fica totalmente desvalorizada...mas pensando em termos técnicos, eu acho q esse tipo de ilustração em geral recorre a métodos um pouco clichês para comover o observador o q como jah foi dito dá a ilustração um caráter Kistch.
Só uma última coisa: Como eu posso definir brega?
 
Boa pergunta, mas acho que uma das coisas que caracteriza o brega seja, como citado acima, o exagero, principalmente no sentido emocional...
 
Glorwendel disse:
Conan disse:
Boa pergunta, mas acho que uma das coisas que caracteriza o brega seja, como citado acima, o exagero, principalmente no sentido emocional...

Ou simplesmente a falta de bom gosto. :mrgreen:

Normalmente as duas coisas. =P

O detalhe das palhetas foi uma ótima ilustração desse tipo de breguice, mas as próprias expressões faciais e corporais também mostram esse exagero, que até banaliza.

Acho que falta um pouco de ilustrações mais cotidianas dentro desse âmbito fantástico. Mostrar só batalhas com poses "gloriosas" e expressões "furiosas" não faz o truque.
 
Faço pintura há 4 anos, e meu estilo é surrealista. Acho que antes de seguir a arte "fantasia", o artista deveria ter um conhecimento básico do clássico.
Considero o clássico a base e o estilo surreal uma das inúmeras variações possíveis dentro deste.
Sinto falta da sensação de realidade nas obras de fantasia... geralmente os personagens são lindos, fortes, limpos, corajosos... paira um clima de perfeição.

Já o clássico pede mais emoção, vida e movimento. Essa é minha principal preocupação quando pinto.
 
Fox disse:
Glorwendel disse:
Conan disse:
Boa pergunta, mas acho que uma das coisas que caracteriza o brega seja, como citado acima, o exagero, principalmente no sentido emocional...

Ou simplesmente a falta de bom gosto. :mrgreen:

Normalmente as duas coisas. =P

O detalhe das palhetas foi uma ótima ilustração desse tipo de breguice, mas as próprias expressões faciais e corporais também mostram esse exagero, que até banaliza.

Acho que falta um pouco de ilustrações mais cotidianas dentro desse âmbito fantástico. Mostrar só batalhas com poses "gloriosas" e expressões "furiosas" não faz o truque.

Pois ai cai um pouquinho naquilo que eu falei de que geralmente tais ilustrações são usadas em situações especificas, como no caso do RPG, e tais situações não se utilizam do cotidiano e sim de acontecimentos extraordinarios. O RPG por exemplo( que é praticamente a unica fonte de ilustrações "fantasticas" aqui no Brasil), nunca trata de situações cotidianas e sim de acontecimentos heroicos, aventuras, batalhas e coisas do tipo... É raro encontrar quem se utilize que situações cotidianas, dentro do universo de fantasia, para fazer sua ilustração. A fantasia já da a ideia, pelo menos a principio, de algo fantastico, diferente, mágico, inusitado, etc...
 
Conan disse:
É raro encontrar quem se utilize que situações cotidianas, dentro do universo de fantasia, para fazer sua ilustração. A fantasia já da a ideia, pelo menos a principio, de algo fantastico, diferente, mágico, inusitado, etc...

É, isso faz perfeito sentido.

O problema é na hora da execução, fica um negócio meio... sei lá, eu num diria etéreo porque isso lembraria o classicismo e num tem muito a ver.

Tá mais pra forçado mesmo, com umas expressões que num convencem muito, nem as faciais nem as corporais.

Eu vi uma ilustração que pelo menos na idéia era ótima, que era aqueles heróis lendários do Dragon Lance reunidos numa fogueira de acampamento à noite. Uma ceninha bem pitoresca, mas o fantástico está ali na simples presença dos heróis, sem grandes efeitos visuais ou poses heróicas.

Dá pra ser criativo usando idéias bem simples.
 
É como comparar as novelas brasileiras com as mexicanas... Algumas das iedias são até bem parecidas, só que nas novelas mexicanas é feito com um exagero e mal gosto bem brega...
 
A questão do exagero realmente é algo que , em minha humilde opinião, é desnecessário para o efeito fantastico que os artistas buscam.

A qualidade técnica deles é inquestionável porem realmente acho que com alguns elementos sutis tb se pode criar ilustações interessantes.
 
Elanor Lass disse:
A qualidade técnica deles é inquestionável porem realmente acho que com alguns elementos sutis tb se pode criar ilustações interessantes.

Eu considero a técnica de vários muito questionável, na verdade.

Até porque não olho como técnica só o modo que as tintas foram manipuladas na estrutura esboçada na tela, mas também as escolhas feitas baseadas na idéia que o pintor tem praquele trabalho.

Escolhas como as posições dos objetos e seres vivos. Coisas das quais os ilustradores fantásticos pouco sabem colocar de forma natural e solta.

Acho que colocando muito mais elementos sutis nos trabalhos, eles podiam ficar bem mais interessantes

Mas também, eu num consigo esquecer que eles trabalham pensando no público jovem impressionável que vai ficar curioso por aquele álbum de tal banda de metal ou tal livro de rpg ou alguma outra coisa pela capa que esses artistas fizeram.

Num é à toa que tem tanta coisa brega por aí.
 
Só cumpre lembrar algumas coisas:

Muitas vezes a ilustração comercial, que é o melhor termo pra usar no que tange a esse tipo de arte, é influenciada por fatores externos a ela, como o layout da capa do livro que vai ilustrar, o tempo, o processo de impressão do material editado, e elementos tipográficos (não que seja esse o caso). O próprio prazo pra execução de um desses trabalhos é incomparavelmente mais curto do que o que um mestre como Michelângelo ou Leonardo tinham para terminar seus trabalhos (o próprio Da Vinci só completou 6 quadros em toda a sua vida).

Outra questão é o próprio material empregado: A maioria dos artistas hoje usa materiais sintéticos, e muito do conhecimento de trabalho com pigmentos (no caso do óleo por exemplo) se perdeu. Só pra ilustrar: Muitos dos marrons obtidos por Rubens em seus croquis o eram feitos com cocô de criança, porque só assim, segundo ele, obtinham-se as tonalidades por ele desejadas. Realmente, hoje as possibilidades são enormes e os recursos técnicos maiores. A questão é que não se dá mais muito tempo para o desenvolvimento de técnicas e mesmo a aplicação delas. Poucos são os artistas que podem se dar ao luxo de praticar a maneira dos antigos mestres, experimentar mesmo, tentar, escolher temas, e ainda assim se sustentarem. Um, Alan Lee, me vem a mente agora, mas esse veio de família abastada e mesmo que nada fizesse em vida não passaria fome.

De fato, a coisa perdeu um pouco de qualidade, e o conforto visual proporcionado por uma obra clássica, em tempos nos quais era permitido ao artista experimentar, testar, refazer, etc, não é comparável ao material hoje produzido, na maioria dos casos, da noite pro dia.

Muitos dos trabalhos desse porte inclusive são feitos com interferência de aerografia e digital.

Mas curiosamente, ainda é possível ver trabalhos de artistas comtemporâneos que se aproximam do trabalho dos artistas de outrora. Eu particularmente gosto muito das ilustrações do Angus McBride. Ele ilustrou muito da temática Tolkien-Based, mas também ilustrou diversos livros de história.

Seguem alguns exemplos do trabalho dele abaixo, que exploram mais os tons sepiados e as cores quentes mais trabalhadas do que a ilustração convencional de livros de RPG de um modo geral:

http://dias.aueb.gr/~p3010129/mcbride18.angus mcbride.jpg

http://www.torania.com/fellow/fr298mcbride.jpg

http://dias.aueb.gr/~p3010129/mcbride14.angus mcbride.jpg

http://dias.aueb.gr/~p3010129/mcbride7.angus mcbride.jpg
 
Eru disse:
Só cumpre lembrar algumas coisas:

Muitas vezes a ilustração comercial, que é o melhor termo pra usar no que tange a esse tipo de arte, é influenciada por fatores externos a ela, como o layout da capa do livro que vai ilustrar, o tempo, o processo de impressão do material editado, e elementos tipográficos (não que seja esse o caso). O próprio prazo pra execução de um desses trabalhos é incomparavelmente mais curto do que o que um mestre como Michelângelo ou Leonardo tinham para terminar seus trabalhos (o próprio Da Vinci só completou 6 quadros em toda a sua vida).

Outra questão é o próprio material empregado: A maioria dos artistas hoje usa materiais sintéticos, e muito do conhecimento de trabalho com pigmentos (no caso do óleo por exemplo) se perdeu. Só pra ilustrar: Muitos dos marrons obtidos por Rubens em seus croquis o eram feitos com cocô de criança, porque só assim, segundo ele, obtinham-se as tonalidades por ele desejadas. Realmente, hoje as possibilidades são enormes e os recursos técnicos maiores. A questão é que não se dá mais muito tempo para o desenvolvimento de técnicas e mesmo a aplicação delas. Poucos são os artistas que podem se dar ao luxo de praticar a maneira dos antigos mestres, experimentar mesmo, tentar, escolher temas, e ainda assim se sustentarem. Um, Alan Lee, me vem a mente agora, mas esse veio de família abastada e mesmo que nada fizesse em vida não passaria fome.

De fato, a coisa perdeu um pouco de qualidade, e o conforto visual proporcionado por uma obra clássica, em tempos nos quais era permitido ao artista experimentar, testar, refazer, etc, não é comparável ao material hoje produzido, na maioria dos casos, da noite pro dia.

Muitos dos trabalhos desse porte inclusive são feitos com interferência de aerografia e digital.

Mas curiosamente, ainda é possível ver trabalhos de artistas comtemporâneos que se aproximam do trabalho dos artistas de outrora. Eu particularmente gosto muito das ilustrações do Angus McBride. Ele ilustrou muito da temática Tolkien-Based, mas também ilustrou diversos livros de história.

Seguem alguns exemplos do trabalho dele abaixo, que exploram mais os tons sepiados e as cores quentes mais trabalhadas do que a ilustração convencional de livros de RPG de um modo geral:

http://dias.aueb.gr/~p3010129/mcbride18.angus mcbride.jpg

http://www.torania.com/fellow/fr298mcbride.jpg

http://dias.aueb.gr/~p3010129/mcbride14.angus mcbride.jpg

http://dias.aueb.gr/~p3010129/mcbride7.angus mcbride.jpg

É verdade que os matérias são diferentes e o tempo disponível é bem menor, mas acho que isso não justifica a tão comum falta de sutileza e o vômito de emoções nesse tipo de trabalho. Na verdade eu acho que esse tipo de trabalho acaba ficando feio ( Tá, eu admito que em alguns contextos estética é importante).
 
Lisavieta disse:
É verdade que os matérias são diferentes e o tempo disponível é bem menor, mas acho que isso não justifica a tão comum falta de sutileza e o vômito de emoções nesse tipo de trabalho.

Ninguém disse que justifica. Por isso temos artistas tão bons por aí, como o Howe ou o Nasmith. Esse Mcbride também manda muito bem.

Na verdade eu acho que esse tipo de trabalho acaba ficando feio ( Tá, eu admito que em alguns contextos estética é importante).

"Alguns"... :?
 
Uma coisa que me incomoda um pouco no Angus McBride são justamente esses vermelhos. Muitas coisas dele são do tipo que o Eru mostrou, e até onde eu já vi o restante tem aqueles tons "chapados" que a Glorwendel mostrou no seu post principal - o uso de cores cruas, pouco trabalhadas. Onde termina aqui o que é a busca de um estilo pessoal e onde começa a mera experimentação gratuita que mascara uma falta de profundidade na obra e no artista?
 

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