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Ilíada (Homero)

Eu até conheço o Outline mas das últimas várias vezes que tentei usá-lo não deu certo. Não estou lembrado se eram textos da Folha. Possivelmente não todos. Daí acabei meio que desistindo da ferramenta... :(

Valeu.
@Loveless pois é, antigamente havia mais espaço para esse tipo de coisa no jornal, mas acho que decaiu muito mesmo. Não sei dizer se os booktubers chegam a receber os livros com antecedência (desconfio de que não, em muitos casos devido a spoilers, se se tratar de algum livro-fenômeno; mas talvez nem para livros comuns). As resenhas, no entanto, eles fazem sim. Daí tem pra todos os gostos e gêneros.
Quem recebe produto antes são os gamers; isso seu sei porque tenho visto mais :lol:
 
Ainda sobre as traduções, a página Um poema grego por dia, do Facebook, fez uma breve análise das traduções disponíveis no Brasil:


Homero: poeta do mês e traduções da Ilíada

Por Rafael Brunhara

Durante este mês, esta página se dedicará a Homero, mais especificamente à sua Ilíada.

Quando primeiro ouvimos falar da literatura grega, é este longo poema que surge e se impõe no horizonte. Uma longa narrativa de 15.693 versos, a Ilíada ocupa-se de contar um episódio perto do final da guerra de Troia: a ira de Aquiles, o maior dentre os heróis gregos – como ela começa, como se prolonga causando a morte de muitos gregos e troianos, e como ela cessa.

Diferentemente de muitas obras da Antiguidade, a Ilíada já foi muito traduzida em português. É comum que o leitor iniciante se perca em meio às muitas opções disponíveis em nossa língua, e se pergunte: "qual é a mais fiel em português? qual é a melhor?" A resposta rápida é:nenhuma e todas. Homero é inimitável, e lê-lo e ouvi-lo em seu idioma original é uma experiência única. Contudo, cada tradução das abaixo listadas são aproximações da experiência de ler esta poesia monumental.

Umas enfatizam o ritmo, a teia sonora do poema; outras buscam se ater ao conteúdo semântico dos versos. Em língua portuguesa, o leitor tem o privilégio de escolher o Homero que mais lhe atrai. E juntas, as traduções compõem o melhor quadro possível dessa poesia sempre viva.

Tradução de Odorico Mendes: É a primeira tradução em língua portuguesa. Saiu pela primeira vez em 1874 e hoje está em domínio público, podendo ser encontrada facilmente na internet (https://iliadadeodorico.wordpress.com/).
É uma experiência bastante criativa, traduzindo os versos de Homero em decassílabos e tornando o poema até mesmo mais enxuto que o original grego. Pode trazer uma linguagem mais difícil para quem não está acostumado a ler poesia – a obra foi feita para o paladar do século XIX, imitando o que se imaginava ser o mais solene e elevado em Homero! – mas um olhar acostumado encontrará aqui versos de beleza incomparáveis.
Onde encontrar: edições da Martin Claret (2003), Ateliê Editorial (2009)

Tradução de Carlos Alberto Nunes: Feita na década de 60, mas reeditada desde então, ainda é uma tradução muito difundida entre nós. Esta tradução busca recriar o verso original da poesia de Homero e, para isso, cria um verso de 16 sílabas. Como o verso de Homero tem de 12 a 16 sílabas, não é uma reprodução fiel, mas um Homero um pouco mais extenso e vagaroso que o grego, mas que em alguns momentos se aproxima da moldura rítmica do grego.
Onde encontrar: edições da Nova Fronteira (2015), Hedra (2011), Melhoramentos (2010), Ediouro ("edição em verso", de 1996).

Tradução de Haroldo de Campos: A tradução do importante poeta Haroldo de Campos, em dodecassílabos, recria com beleza e atenção a sonoridade e muito do andamento da poesia homérica.
Onde encontrar: Editora Arx, em dois volumes (2002).

Tradução de Frederico Lourenço: Esta é uma tradução portuguesa, republicada no Brasil pela Companhia das Letras. O tradutor, preocupado com a clareza, a fluência e atento à letra do poema, faz uma tradução em versos livres, mais prosaicos, mas que é um bom primeiro contato para o leitor não acostumado com poesia que, dela, pode partir para outras traduções mais elaboradas poeticamente (ou para o original grego).
Onde encontrar: Companhia das Letras (2013).

Tradução de Christian Werner: Esta tradução, de um dos maiores especialistas brasileiros de Homero, busca recriar a dicção da poesia épica, apresentando uma linguagem que ao mesmo tempo possa soar artificial e ornamentada, mas inteligível. Um de seus méritos é também a precisão semântica, que o tradutor obtém amparando-se nos estudos mais recentes sobre a poesia de Homero.
Onde encontrar: Editora Ubu (2018).

Tradução de Trajano Vieira: a mais recente tradução da Ilíada, também em verso de doze sílabas, feita pelo prolífico tradutor de clássicos. Recomendável para os que apreciam suas traduções, sempre pautadas pela transcriação poética do original.
Onde encontrar: Editora 34 (2020)

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Além disso, o Leonardo Antunes anunciou que finalizou o Canto XVI da Ilíada e, com isso, 2/3 do poema. Deixou uma palinha em sua página no Facebook:

 
Que bacana esse recurso de postar aqui as publicações direto do FB...

Eu acho que as duas opções não se anulam: você pode ler a tradução do Frederico agora e mais adiante reler a obra na do Antunes. Win-win. :P
 
Você não gosta da tradução do Trajano Vieira?

Eu não a li (ainda?), então não posso opinar sobre. Sequer li a Ilíada ainda. Mas pelo que compreendi do post do sempre ótimo @Béla van Tesma e do post acima, ficaria num meio termo entre Frederico/Leonardo e do Odorico/Werner.

Eu acho que as duas opções não se anulam: você pode ler a tradução do Frederico agora e mais adiante reler a obra na do Antunes. Win-win. :P

O difícil vai ser arranjar tempo pra ler tanta tradução hehe
 
Tradução de Frederico Lourenço: O tradutor, preocupado com a clareza, a fluência e atento à letra do poema, faz uma tradução em versos livres, mais prosaicos, mas que é um bom primeiro contato para o leitor não acostumado com poesia que, dela, pode partir para outras traduções mais elaboradas poeticamente (ou para o original grego).
Gozei.

O Béla já tinha dado essa bela :sacou: indicação, mas também tô na expectativa da do Antunes porque gostei demais do exemplo que ele mandou. E também não tô no desespero pra ler a Ilíada, tenho vários outros na fila com sede pra ler. Mas se demorar demais já tá anotado.
 
Eu não a li (ainda?), então não posso opinar sobre. Sequer li a Ilíada ainda. Mas pelo que compreendi do post do sempre ótimo @Béla van Tesma e do post acima, ficaria num meio termo entre Frederico/Leonardo e do Odorico/Werner.

Complicado pôr nesses termos... de "meio termo". rs. O Trajano Vieira era meio que discípulo no Haroldo de Campos e tinha uma pegada mais livre em relação à transcriação e outras ideias que tais — isso pelo menos fica bem visível em suas traduções do teatro grego; na Odisseia, que tenho aqui ao lado, não me parece muito o caso; e julgo que ele manteve o mesmo estilo na Ilíada (é lançamento, não tive tempo de comprar ainda). Então é uma notícia boa, na verdade, que ele não tenha levado ao poema épico essas invencionices extremas. O resultado de sua tradução, me parece, são versos de doze sílabas muito fluidos, sem torneios sintáticos que confundem, e com bastante cavalgamento ao fim do verso, justamente para evitar as contorções. Isso deixa as frases simples, mas com o ritmo encantatório da poesia bem marcadinho. O vocabulário tem um quê de exótico em alguns pontos, porque é da natureza poética mesmo, não há como cair num prosaísmo pleno; mas não é nada, nada perto do Odorico. O Odorico não apenas revirava a sintaxe do avesso para extrair resultados mirabolantes e bonitos, no melhor estilo parnasiano, para caber num verso curto (dez sílabas), mas também inventava palavras a partir de radicais gregos e latinos etc. (como chamar o "Aquiles de pés ligeiros" pelo que hoje soaria engraçado: "velocípede Aquiles"). De todas as traduções de Homero, a do Odorico é a que implica maior dificuldade, seja pela sintaxe, seja pelo vocabulário, seja pela concisão mesma (ele reduz o total de versos kk) que o obriga a tornar alguns trechos meio obscuros etc. E no outro extremo teríamos qualquer tradução em prosa como a mais fácil. Então o resto todo entra no bolão do "meio termo". Tem pra todo gosto. Eu, analisando agora melhor a tradução do Trajano Vieira, acho-a até bem simpática. Não tem os versos tão longos como do Carlos Alberto Nunes, que podem cansar alguns leitores, nem tem algumas liberdades do Christian Werner (que traduz mesmo alguns nomes próprios de personagens, e dificulta ao leitor novo em ligar o nome aos mitos). O grande porém do Trajano é que são edições bilíngues, que acabam saindo mais caras do que poderiam. Pra quem estuda grego é uma delícia; pros 99% restantes é um desperdício de papel e dinheiro aquelas páginas extras rs.
 
tô gostando bastante da tradução do Trajano pra Ilíada.
Eu adoro a minha edição de Ilíada - tradução do Carlos Alberto Nunes - mas se tivesse dinheiro, compraria a mais recente, com a tradução do Trajano. Minha edição da Odisseia, que eu amo demais da conta, é com a tradução dele.

Assinatura do Mavericco disse:
Eterno nolyon da Cléocléo.

A assinatura do Mavz é a mais bonita deste fórum.

Eu gostei do seu avatar :grinlove:

Kiki :grinlove:.
 
Eu gostei do seu avatar :grinlove:

Aproveitei a pandemia pra conhecer os filmes desse estúdio! Nunca tinha visto até então, acredita?

Eu adoro a minha edição de Ilíada - tradução do Carlos Alberto Nunes - mas se tivesse dinheiro, compraria a mais recente, com a tradução do Trajano. Minha edição da Odisseia, que eu amo demais da conta, é com a tradução dele.

A primeira vez que li todo foi na tradução do Nunes também, Cléo! De lá pra cá fico relendo trechinhos só pela do Haroldo. Eu curto bastante.

Essa da 34 tá bem legal! Tem um índice no final bem útil, com todos os nomes e os lugares em que eles aparecem. Nossa, uma mão na roda. E o texto bilíngue ajuda também na hora de estudar: a fonte é muito gostosa de ler e o texto crítico é confiável.

A assinatura do Mavz é a mais bonita deste fórum.

Só verdades :mrgreen:
 
O Leonardo Antunes postou hoje um trechinho do canto XX de sua tradução.
Pelo andar da carruagem, ano que vem fica pronta. Imagino que em 2022, no máximo, seja publicada.
Para quem se interessar, eis os versos:

Tal como ao longo de vales profundos
prodigioso fogo avança em fúria
entre as encostas secas das montanhas
e a mata se incendeia enormemente
enquanto o vento ruge em toda parte
serpenteando e carregando as chamas,
assim também Aquiles, lança em punho,
seguia em toda parte, feito um nume,
matando todo aquele que encontrava.
A terra inteira se cobriu de sangue.
Tal como quando um homem boiadeiro
acopla bois de larga testa ao jugo
a fim de triturar cevada branca
no chão de um malhadouro bem-montado
e em pouco tempo os grãos estão desfeitos
sob as patas de bois que mugem alto,
assim também sob os cascos perfeitos
dos cavalos de Aquiles, o guerreiro
de grande coração, mortos e escudos
eram pisoteados. Sangue escuro
cobria a barra das rodas por baixo
e próprio cesto do carro de guerra,
em gotas que espirravam sob o peso
dos cascos uniformes dos cavalos
e dos aros metálicos das rodas.
Em rumo à glória, o filho de Peleu
seguia em frente, sangue e morticínio
cobrindo as suas mãos irrefreáveis.
 
O Leo segue na sua tradução da Ilíada.
Não tenho postado sempre aqui, mas com frequência ele deixa lá no perfil dele uns versos pra ir nos dando uma palhinha. Hoje foram estes:

Por que traduzir a Ilíada? Por que traduzir de novo a Ilíada?
Porque um dia dois homens lutaram e deram o melhor de si diante de seus companheiros, ciosos de que fossem sempre lembrados da forma mais honrosa possível dentro de seu código de conduta.
Heitor, percebendo a morte iminente, diz o seguinte:

"Ai de mim, infeliz! Eu vejo agora
que os deuses me chamaram para a morte.
Eu podia jurar que agora mesmo
o herói Deífobo estava ao meu lado,
mas ele está na proteção dos muros.
Eu fui ludibriado por Atena.
Agora certamente a morte vil
já me ronda de perto, não de longe,
nem há escapatória, pois decerto
há tempos dessa forma foi do agrado
de Zeus e de seu próprio filho Apolo,
o flecheiro longínquo. No passado,
os dois me protegeram benfazejos.
Mas agora o destino me alcançou.
Que pelo menos não seja sem luta,
de forma ingloriosa, minha morte,
e sim depois de ter feito algo grande,
que seja sempre ouvido no futuro."

Fonte: FB
 

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