Li os Trópicos, Big-Sur e as laranjas de Hieronymus Bosch e a trilogia Sexus, Nexus e Plexus, que ele chamava de "Crucificação Encarnada".
Na verdade, toda a pornografia que prolifera na obra de Miller é algo bem comum na época em que suas obras foram escritas, entre a década de 30 e 60, quando acontecia uma verdadeira reforma na literatura que era movida por uma reforma nos costumes e quebra de paradigmas moralistas que dominavam os EUA e a Europa.
Ele, assim como sua contemporânea francesa e amante por curto período de tempo, Anaïs Nin (Delta de Venus, Henry e June, Pequenos Pássaros) abordavam os temas sexuais, enquanto outros escritores do período como Orwell e Huxley tinham uma preocupação maior com a questão política. Eu considero Miller como uma coisa pré-beat, mas que também não tinha uma preocupação de romper barreiras, como os beats tinham ao desenvolver estilos como o "cut-up", por exemplo.
Obviamente que Henry Miller penou muito para ver sua obra publicada, já que era considerada pornográfica e só foi liberada nos EUA, por exemplo, a partir de 1960, quando a parte mais fértil da sua literatura já havia sido escrita. A maioria de seus livros teve a primeira publicação na França, país que era mais "liberal" na época.
No Brasil ele só foi liberado para publicação depois da abertura política no fim da década de 70, por isso edição "subversivas" publicadas por poucas editoras que se arriscavam entre esse período, são consideradas rara e caras bagaraio, apesar das traduções toscas.