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Heleninha, A Kolody!

Por sugestão da Lethaargic, porque gostamos da nossa querida Heleninha, abre-se o tópico...

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Helena Kolody não foi uma poeta qualquer. (Se é que pode se falar que poetas são qualqueres, mas) nascida em 1912 na Ucrânia, e vinda para o Brasil ainda criança, Helena tinha uma missão a cumprir.

Escrevia pequenas poesias, como pílulas-poemas, remédios para a alma.

Ela abriu espaço para que outras mulheres, assim como ela, escrevessem Haicais: o formato japonês de pequenos poemas com métrica definida ou não. Escreveu sobre temas da vida, do amor, das lembranças, da natureza e sobretudo, da alma.

Passou por Rio Negro/PR e por Curitiba/PR, aonde se fixou até o fim. Foi poeta e professora, e (como se fosse possível dissociar) uma pessoa maravilhosa, com muito carisma e atenção. Diz a lenda que ela recebia os fãs em sua casa, com um cafézinho e muita conversa e que, de quebra, saia com um Haicai inédito e personalizado nas mãos.

Sou suspeita pra falar, porque de todas as histórias que ouço, me apaixono ainda mais pela obra e pelo ser humano HK.

Ela escreveu:

*Aplauso

Corrida no parque
O menino inválido
Aplaude os atletas.

*Qual?

Damos nomes aos astros...
Qual será nosso nome
nas estrelas distantes?


*Poesia mínima

Pintou estrelas no muro
e teve o céu
ao alcance das mãos.

*Aquarela

Sol de primavera.
Céu azul, jardim em flor.
Risos de crianças.
Na pauta dos fios elétricos,
uma escala de andorinhas.

*Gestação

Do longo sono secreto
na entranha escura da terra,
o carbono acorda diamante.

E o mais famoso certamente é Dom:

Deus dá a todos uma estrela.
Uns fazem da estrela um sol.
Outros nem conseguem vê-la

Faleceu em 2004, com 92 anos, de cabelos brancos, e com o mundo às suas mãos.

Quer saber mais sobre ela? Clique aqui!!!!
 
Adoro ela! Infelizmente ela não é muito conhecida na minha cidade,
mas sou amiga da sobrinha dela, que me contou a história dela
e comentou o significado de alguns poemas/poesias. Como neste,
que vou colar aqui, "Terra Inculta", no qual ela fala sobre a frustração
de nunca ter tido um filho.

Eu sou terra ignota e bárbara
Que sentiu a pujança da sua profundidade
E aspirou a cobrir-se de searas,
E sonhou coroar-se de frutos.

Permaneceu, porém, ignota e bárbara.
Viu ondularem as searas alheias,
Viu sazonarem frutos de outras terras,
Talvez, menos fecundas.



Tirei do livro "Luz Infinita", o qual eu recomendo e estou com vontade
de ler novamente (:
 
Amélie, lindo seu post sobre a Kolody! Gosto muito dos trabalhos dela, ainda que a primeira vez que tenha lido foi "por causa do vestibular" (o que quase nunca é uma leitura agradável, certo?), mas depois quando reli me encantei. A poesia dela é de uma delicadeza ímpar. Eu compararia os haikais com aquelas pessankas, sabe? Delicado, colorido e cheio de significados. O que até cai bem, se levar em conta que ela nasceu na Ucrânia, hehe.

Para quem não sabe o que é pessanka ->

ovos.jpg
 
É uma comparação muito pertinente Anica!!! vendo por essa ótica, parecem sim pessankas... quanto mais olhamos, mais detalhes e significados!

E tem o próprio fato de que alguns haicais foram escritos em ucraniano, e que visualmente (e pode ser que o significado tb, pq não sei ler huhuh) ficam diferentes com a tradução...

Esqueci de dizer que ela também lecionou em Jacarezinho/PR, e que quem se interessar, pode ouvir um depoimento dela gravado no Museu da Imagem e do Som do PR...

Ela tem o título de Doutora Honoris Causa pela UFPR...
 
Wow.

Contribuição do Meia Palavra para minha nova formação. Vou procorar obras dela na boblioteca. Já estou vendo que irei me apaixonar. :rolleyes:
 
Gente, não estou mais me sentindo Dinossauro! Não é que essa gente não tem idade? Gostam de coisas boas... \o/\o/\o/
 
Cleo, se vc nã fosse de uma "cidade perdida num buraco entre as montanhas da Zona da Mata", eu te emprestava os meus huhuh sério! Mas quando vier a Ctba, conte comigo! :)
 

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