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Harry Potter: Questões Mais Profundas

Ao invés de fazer um post que poderia ser considerado fútil sobre o fandom e etc... que é até um assunto já meio batido... resolvi fazer um sobre reflexões que eu não tenho certeza se todos percebem que estão embutidas em Harry Potter.

Confesso que pensei em originalmente criar esse debate num fórum potteriano, mas tenho que admitir que nesses fóruns mais da metade dos usuários muito provavelmente ainda não atingiram a maturidade necessária para entrar numa discussão dessas [faixa etária de 13 a 18 anos] e talvez só notem certos aspectos numa releitura daqui alguns anos, entre seus 25 e 30 anos... Ou talvez nunca percebam / parem para pensar sobre.


ATENÇÃO!!! AVISO!!!

Já aviso de cara que É ÓBVIO QUE ESTARÁ REPLETO DE SPOILERS.

Não vou usar a caixa de Spoilers a não ser quando citar outras obras - sim, citarei - para deixar a discussão mais fluida.
Por isso, está avisado: não participe desse tópico se não tiver lido TODOS os livros!!! Sério!!! Vai estragar toda a graça e ter visto os filmes não será suficiente!!!

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Introdução


Tenho que confessar que quando as pessoas dizem que Harry Potter é infantil ou infanto-juvenil me incomoda bastante. Eu sei que muita gente - não é meu caso - cresceu e amadureceu ao mesmo tempo que os personagens.
Eu sei também - e acho isso ótimo - que Harry Potter é muito divertido! Há diversas piadas e situações cômicas, o que eu acho excelente! Nem sempre uma obra deve ser completamente séria para transmitir mensagens importantes e interessantes, como muitos acham... E a capacidade de perceber isso é mais um dos aspectos da genialidade da Rowling.
Me lembro de ter comprado certa vez uma edição da revista de RPG, Dragão Brasil, em que dizia para os mestres criarem momentos de descontração entre uma aventura / batalha / jornada e outra.
E é bem isso: mesmo quando estamos enfrentando problemas, a vida não se resume a pensar neles o tempo todo. Sempre haverá momentos de contraponto, em que alguém faz ou diz algo engraçado ou em que a pressão se torna tão grande que se torna mais que necessários nos distrairmos com alguma banalidade.

Por outro lado, é justamente esse ar descontraído que faz com que algumas pessoas não vejam - ou não queiram ver / admitir - o lado mais sério de Harry Potter. As mensagens e discussões pertinentes que Harry Potter trás.
Isso em parte é culpa dos próprios fãs - melhor dizendo de um certo tipo de fã, que vê em HP apenas a diversão e não presta muita atenção às palavras do Prof. Dumbledore, por exemplo. Um grande exemplo disso é gente esperniando pra entrar no Pottermore e quando entra se diz "decepcionado" porque os joguinhos não funcionam e não dão a menor atenção ao conteúdo inédito - e bastante esclarecedor -, que é o principal objetivo do site!

O outro lado da moeda são os fanáticos religiosos incapazes de exergar um palmo na frente do nariz e que, em muitos casos, nunca leram os livros [fosse com boa ou má vontade]. Me entristeço em dizer que há exemplos disso na minha própria família!
Tais pessoas que acusam HP de "ser coisa do diabo", não leram os livros - no máximo viram 1 ou 2 filmes - para captar as mensagens mais importantes: a força mais poderosa do mundo é o amor, as pessoas mais extraordinárias são aquelas capazes de passar pelos maiores tormentos sem sucumbir a tentações e que conseguem manter a alma pura, e a importância crucial da família!!! Princípios completamente cristãos!!!
A propósito, muitas dessas pessoas que se dizem religiosas gostam de fofocar sobre a vida alheia, apontar os erros dos outros, mas nunca fazem ou fizeram uma boa ação na vida, enquanto a Tia Jo - como demonstrei nesse tópico - ajuda diversas instituições. E seguindo seu exemplo, é comum que haja ações sociais nos eventos de fandom, como arrecadação de roupas e alimentos, doação de sangue, visitas a creches, orfanatos e asilos, ajuda a protetores de animais...
Então, reveja seus conceitos antes de falar mal de um potteriano ou da JK ou dos livros dela!!!

Obviamente os 2 primeiros livros [Pedra Filosofal e Câmara Secreta] tem um ar mais infantil e a série, de forma geral, é recomendada para crianças a partir da idade do Harry. Foi planejada para crescer tal e qual uma criança / adolescente que vai crescendo e compreendendo as coisas conforme amadurece.

Ainda assim, aqui se torna muito pertinente um comentário que J. K. fez em uma entrevista [preste atenção á parte em negrito]:

Eu me lembro de ter recebido uma carta no final da década de 90, de uma mulher norte-americana que me ouviu dizer no rádio, quando eu estive nos Estados Unidos, que achava uma mentira não permitir a meus personagens certos sentimentos sexuais conforme eles vão nitidamente ficando um ano mais velhos em cada livro.
(...)
Aquela foi provavelmente a primeira evidência que tive daquele tipo de direito de fã: uma carta muito veemente de uma mãe dizendo “Não faça isso. Eu quero seus livros como um refúgio para minhas crianças, como um lugar de inocência e segurança.” Bem, ouça: esta série começou com o conhecimento de um duplo assassinato. Eu nunca prometi este mundo de inocência e segurança. Muito pelo contrário. Eu anunciei um mundo de perigo e corrupção. Então, provavelmente, essa foi minha primeira introdução à questão.

Fonte: blog Harry e Seus Fãs

E aqui entro na questão que eu gostaria de discutir primeiro: A Morte em Harry Potter.

A Morte em Harry Potter

Não... não me refiro de forma alguma à personagem Morte, que aparece especialmente no Conto dos Três Irmãos e nem de suas Relíquias.

Me refiro ao fenômeno anunciado e iminente para todos nós da morte mesmo e a como ele foi tratado na história.

A ideia surgiu quando me fiz um questionamento sobre a afirmação, diversas vezes repetida nos livros, de que mesmo no mundo da magia é impossível voltar da morte. Bem, isso não é exato e vou explicar porquê!

Voldemort volta da morte!
É uma afirmação estranha, não é?
Mas vamos imaginar que quando ele atacou Harry - com uma Avada Kedrava - ele não tivesse feito nenhum Horcrux. Nesse momento o feitiço de morte se voltou contra ele e seu corpo perdeu a capacidade de andar, falar, se mover... o coração parou e ele se desfez. Para qualquer pessoa comum isso significa literalmente a morte: o momento em que corpo e alma são separados! Se ele tivesse a alma inteira, o feitiço de morte que ricocheteou o teria matado.
Mas Voldemort não morreu porque tinha feito Horcruxes.
Aquele pedaço de alma que restava habitando seu corpo saiu por aí vagando sem rumo e enfraquecido.
Mas quando Rabicho vai a seu encontro e o ajuda ele cria um plano para voltar a ter corpo e poderes através de uma poção que - segundo ele próprio em Cálice de Fogo - é de sua invenção.
Isso, pelo menos para mim, significa que ele arranjou - de certa forma - um jeito de voltar da morte: ele descobriu uma maneira de re-unir o "pedaço de alma" a um corpo novo e totalmente seu - sem precisar possuir outros seres ou pessoas.
Naturalmente, o segredo dessa poção morreu com ele e com Rabicho que, aparentemente, nunca revelaram o segredo a ninguém.
Claro que é uma teoria minha, mas supondo que ela fosse verdadeira, poderíamos imaginar que usando a Pedra da Ressurreição + Poção e Feitiços do Voldemort seria = a chave para trazer alguém de volta à vida, ainda que por meios - com certeza - das Artes das Trevas.

Uma outra questão interessante - mas já aviso, pode ser bastante intragável para aqueles que têm estômago mais fraco - é a forma como as Horcruxes são feitas.
Slughorn e depois Dumbledore explicam em Príncipe Mestiço a Tom e depois a Harry - trecho que acabei de ler - que é necessário que a pessoa faça a mais perversa das maldades para conseguir produzir uma Horcrux. Ouso dizer que apenas matar alguém ainda não é a coisa mais perversa que alguém pode fazer!

- Mas como é que se faz?

- Por meio de uma ação maligna: a suprema maldade! Matando alguém. Matar rompe a alma. O bruxo que desejasse criar uma Horcrux usaria essa ruptura em seu proveito: encerraria a parte que se rompeu...

Slugh a Tom em Príncipe Mestiço, pág 390

Contudo, se encaixava perfeitamente: com a passagem do tempo, Lord Voldemort parecia ter se tornado menos humano, e as transformações que ele sofrera só me pareciam explicáveis se sua alma estivesse mutilada além da esfera do que chamaríamos de maldade normal..."


Dumbledore a Harry em Príncipe Mestiço, pág 393

Se você já assistiu pelo menos 1 ou 2 episódios de Law & Order: Special Victims Unit OU já leu algum livro / viu algum documentário sobre os piores horrores cometidos numa guerra [um bom livro e que não é assim tão pesado, mas traz textos a respeito é "A Exceção" - Christian Jurgensen] OU - se tiver um gosto mais popular - já acompanhou alguns dos programas do Datena, deve ter uma boa noção de onde estou querendo chegar.

Se Voldemort é realmente o pior mal encarnado, perdeu sua humanidade, não sente remorso nenhum e é completamente obcecado por poder e por aterrorizar as pessoas, pode crer que ele e seus Comensais faziam coisas muito piores do que Avada Kedrava, Cruciatus e Imperius antes de realmente matarem suas vítimas. Porque, vamos combinar, se psicopatas trouxas são capazes, psicopatas bruxos e muito mais poderosos certamente seriam capazes de coisas ainda mais malignas!!!

Acredito que a JK tivesse isso em mente e, por sua vez, o próprio Dumbledore que o conhecia muito bem, embora esse aspecto nunca tenha sido comentado nem mesmo nos 2 últimos livros, por se tratar de livros para adolescentes onde essa temática não seria bem recebida!

Há, entretanto, uma autora de fanfics que é reconhecida no fandom brasileiro como a melhor de todas, mas que infelizmente já faleceu! Ela escreveu uma fanfic adulta para quem tem estomago forte - começada e publicada na internet antes do lançamento de Ordem da Fênix - chamada Todos Os Nossos Ontens. Vou colocar minhas observações em Spoiler para o caso de alguém querer lê-la sem estragar a surpresa:

Obviamente, nessa época, ela não tinha como imaginar que JK Rowling já tinha as Horcrux em mente!!!
Por isso ela inventou sua própria maneira de demonstrar quão maligno seria um ritual para tentar reviver alguém através das Artes das Trevas.

A fanfic se passa pós-Hogwarts, quando Voldemort já foi derrotado, mas seus Comensais mais fanáticos ainda tem planos para revivê-lo. O ritual que eles fazem é ainda muito mais nauseante do que o das Horcrux.
O ritual envolve, assim como o das Horcrux, a morte. Mas a morte de mulheres com requintes de crueldade muito absurdos. Não basta apenas matar, entende?

E, no fim, a única personagem sobrevivente também perde uma parte importante de sua alma, a mais preciosa: sua magia!

Eu de fato acredito que quando uma pessoa comete um ato de grande maldade - como matar alguém - ela realmente perde um pedaço de sua alma, um pedaço de si mesma. Isso, principalmente, quando é um homicídio, algo proposital. Mas, é claro, essa perda não é como num universo ficcional. É de fato uma perda, não uma divisão que pode ser "aproveitada".

Mas é interessante notar esse aspecto no universo de HP: ao contrário do que os desinformados dizem, ela demonstra muito claramente o valor da bondade e das consequências malignas do ser humano querer ser mais do que é, querer ir contra a própria natureza em sua essência mais profunda!

Ainda que haja boas e sábias pessoas como Nicholas Flamel e Albus Dumbledore, que viveram muito mais tempo do que o que seria considerado normal e atingiram um nível de conhecimento em magia quase inalcançável para outros, seu excesso de ambição lhes trouxe grandes e até perigosos prejuízos. E é aí que não conseguimos deixar de recordar das frases sábias que ganham novo significado:

"Não é saudável, Harry, viver sonhando e se esquecer de viver"

"Para a mente bem estruturada a morte é apenas a aventura seguinte"



O mais interessante nessa história toda é que ainda que de forma amenizada, questões que intrigam o ser humano desde sempre estão presentes e sendo discutidas pelos personagens. Nem sempre de forma aberta, explícita... mas basta ler com um pouco mais atenção para notá-las nas entrelinhas.

P.S.: eu ADORO esse auto-save!!!
 
Longo, mas também iniciei a leitura da fanfic.
Espero poder comentar mais a respeito do tópico assim que terminar, entretanto, desde que tive acesso a série e também crescer com os personagens, creio que as questões por eles abordadas sempre foram importantes, e realmente elas nem sempre eram abordadas com seriedade, mas isso não tirava sua intenção.
 
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