1) Há algumas coisas que você sempre pode esperar dos primeiros capítulos de um livro do Harry Potter: sofrimento na casa dos Dursleys, plataforma ¾ etc. Já sabendo que dessa vez a ação não aconteceria em Hogwarts, eu esperava acontecimentos inesperados. Mas uma batalha grandiosa, com direito a Voldemort, nas primeiras 60 páginas foi arrebatador. A história começa parecendo um clímax. Além disso, a morte prematura de Hedwiges provou que Rowling não teria pena de matar personagem, o que me forçou a dar o crédito a ela pela ousadia.
2) A redenção sutil dos Dursleys na hora de sua despedida felizmente evitou o clichê de cair no melodrama.
3) A Rowling forçou a barra ao incluir reviravoltas altamente improváveis para conseguir mover a narrativa. Dois exemplos que consigo pensar no momento: Harry, Hermioni e Rony aparecendo em Hogsmead em frente ao bar de Albforth; o trio conseguindo ligar o rádio precisamente na hora em que se está dando todas as notícias relevantes e que respondem todas as dúvidas deles. A inverossimilhança dos plotpoint passou a sensação de que Rowling, sem saber como resolver uma encruzilhada da trama criada por ela mesma, enfiou sem escrúpulos casualidades absurdas.
4) Toda a dúvida em relação à veracidade do conteúdo da biografia de Dumbledore, escrita pela Rita Skeeter, soou como ladainha. Desde o primeiro livro, Rowling optou por narrar somente os acontecimentos ao redor de Harry e analisá-los de acordo com a percepção dele. Assim, a interpretação que o leitor faz dos fatos é sempre a mesma de Harry. Só que houve uma divergência aqui. Alguém realmente acreditou que Rita estivesse em algum momento dizendo a verdade? Será que nós realmente deveríamos ser capazes de compartilhar a dúvida de Harry?
5) É CLARO que Snape era um santo. Desde o livro passado que fui pego de surpresa quando ele matou Dumbledore. E confesso que fiquei apreensivo quando, nesse último livro, fui chegando perto do final e nada de redenção. Mas finalmente foi tudo esclarecido na Penseira. Impossível não se emocionar com o amor de Snape por Lily e não admirá-lo pela coragem em se manter como infiltrado de Dumbledore. Mas Snape não teve sua grande cena de redenção, pois morreu antes que pudesse se explicar - o que me deixou com uma sensação bem melancólica, diga-se de passagem. Mesmo a revelação não sendo uma surpresa, foi talvez o momento mais tocante da história.
6) Retiro o que disse. O momento mais tocante foi a morte de Dobby.
7) Falando em morte, que holocausto, hein. Mesmo com a óbvia semelhança entre os Comensais da Morte e o nazismo – raça superior, tudo pelo “greater good” etc – não esperava ver uma batalha final resultado em morte de personagens importantes, especialmente Lupin, Tonks e Fred. Pior ainda: mortes frias, sem delongas, como a realidade pediria. Admito que foi chocante.
8) Falando em batalha final, mais uma vez Rowling ganha meu respeito. Em vez de criar uma guerra épica tipo das, ela se manteve discreta e criou um puta suspensa e tensão ao dar apenas rápidos vislumbres do que estava acontecendo enquanto Harry caminhava pelos corredores. Fora isso, apenas luzes e barulhos vindo de longe, criando uma atmosfera totalmente cruel ao nos deixar imersos no escuro e no desconhecido.
9) Batalha final Harry X Voldemort no Great Hall = pior cena da história da saga. Eles realmente tiveram o classicamente ridículo diálogo final entre mocinho e bandido enquanto andavam em círculos? Ou minha edição veio zoada? Meu Deus.
10) Mais uma vez, retiro o que disse. A pior cena é o epílogo. Eu imagino que, no filme, Harry vai pôr seus filhos no trem em King’s Cross, olhar para a tela, piscar os olhos, congelar a cena e aparecer THE END? Mas é como o Bruce disse: foi praticamente uma satisfação aos fãs necessitados de um desfecho satisfatório. Desnecessário, mas compreensível.
11) Do lado oposto, um dos últimos capítulos teve o momento mais poderoso dos sete livros: quando Harry caminha conscientemente em direção à própria morte, tendo poucos minutos para aceitar o fim iminente e a necessidade de agir como mártir. É perturbadora a seqüência em que ele caminha pela floresta, refletindo sobre o milagre da própria existência e desesperado com as batidas do próprio coração.
Embora esse provavelmente seja o melhor livro disparado, acredito que eu tenha me divertido mais com os outros devido à diferença de idade de quando comecei a lê-los.
EDIT:
12) Só eu achei horripilante a Hermione comentar casualmente como se estivesse falando do tempo que apagou a memória dos pais dela e os mandou para a Austrália??
13)
1 - Enigma do Príncipe (é...)
2 - Relíquias da Morte
3 - Cálice de Fogo
4 - Prisioneiro de Azkaban
5 - Pedra Filosofal
6 - Ordem da Fênix
7 - Câmara Secreta