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Hamlet (William Shakespeare)

Sim, essa é a definição primordial dele, o que também significa um indivíduo de pele bem morena, não é? E nas notas da edição que tenho diz que pro Shakespeare mouro era sinônimo de negro, compreensível pela origem dele, hehe
 
as adaptações do kenneth branagh são excelentes. fuja do hamlet com ethan hawke, é um lixo.
 
Eu sempre tive vontade de assistir a do Lawrence Olivier...

Quanto ao Hamlet, uma dúvida: a Gertrudes, a Rainha, é irmã do Polônio? Teve uma fala do Cláudio que eu me embananei nesse aspecto... E deu a entender, ou, o que acho mais provável, eu dei a entender que o negócio é assim: Polônio é irmão da Gertrudes, e, portanto, a Gertrudes é mãe da Ofélia e do Laertes, e o Hamlet e a Ofélia seriam primos. Enfim. Venha, balbúrdia.

P.S.: A quadra que o Hamlet manda pra Ofélia é das coisas mais lindas que já li :dente:
A tradução do Millôr dela continua sendo pra mim a melhor, ainda que, no texto em si, o Carlos Alberto Nunes dispare... "Suspeita da mentira na verdade". Achei isso lindo.
 
Polônio é irmão da Gertrudes, e, portanto, a Gertrudes é mãe da Ofélia e do Laertes, e o Hamlet e a Ofélia seriam primos. Enfim. Venha, balbúrdia.

Se Polônio é pai de Ofélia e Laertes como é que sendo irmão da Gertrude ela seria mãe dos dois? o_O
E vc tem como colocar aqui a fala do Cláudio? Porque fora essa suposta fala eu não consigo lembrar de algo que indique parentesco de sangue entre Gertrude e Polônio, não.
 
Aqui vai o trecho:

Ato IV, Cena VII

[...]

(Laertes falando das ações de Hamlet, em especial da parada com Polônio)

LAERTES - É o que parece.
Mas, por que não puniste a esses atos,
de si tão criminosos, como a vossa
dignidade o obrigava, a segurança,
tudo, em suma?

O REI - Oh! São duas as razões,
que talvez vos pareçam despiciendas,
mas que pesam. Sua mãe vive somente
de seus olhares
. Quanto ao que me toca -
seja virtude ou doença, pouco monta -
de alma e corpo me sinto a ela tão preso,
que assim como não sai da órbita a estrela,
sem ela não me mexo. [...]

(Depois ele começa a falar dos outros motivos)

E relendo esse trecho, agora eu fiquei com mais dúvida ainda: o Rei tem um caso com a mãe do Laertes? Porque é isso que ele dá a entender, de todo: "me sinto a ela tão preso, / que assim como não sai da órbita a estrela, / sem ela não me mexo. [...]"

P.S.: Ah, sim. A tradução é do Carlos Alberto Nunes.
 
tradução ruim do trecho. no original:

KING CLAUDIUS

O, for two special reasons;
Which may to you, perhaps, seem much unsinew'd,
But yet to me they are strong. The queen his mother
Lives almost by his looks; and for myself--
My virtue or my plague, be it either which--
She's so conjunctive to my life and soul,
That, as the star moves not but in his sphere,
I could not but by her. (etc.)

Ele omite "The queen", e traduz "his" (dele) como sua, que é dúbio. O duplo sentido não existe em inglês, mas é perigoso em português.
 
Não me parece dúbio pois, no momento em que o rei está tratando o Laertes por vós, aquele "sua" evidentemente não se refere a ele, Laertes, mas a um terceiro.
 
"Seu/sua" só causa confusão quando se está a usar "você/ele". Se o Mavs se confundiu ali foi por distração exclusivamente sua (dele). rsrs :dente:
Enfim. Treta antiga que ficara pendente.


Só vim aqui para adicionar um trecho do Chesterton sobre a peça:

".......................................
Há uma pequena questão, por exemplo, na qual acho que o público se enganou sobre Hamlet, não sozinho, mas pela influência dos críticos. Há uma questão na qual os não-educados provavelmente estariam certos, se apenas não fossem pervertidos pelos educados. A questão é: todos no mundo moderno falam de Hamlet como um cético. O mero fato de ver a peça representada muito fina e vivamente pela senhorita Marlowe e pelo Sr. Sother simplesmente varreu os últimos farrapos desta heresia pra fora da minha mente. O que é realmente interessante em Hamlet é que ele não era de modo algum um cético. Ele nunca duvidava, a não ser no sentido em que todo homem são duvida, incluindo papas e cruzados. O ponto essencial é bem claro. Se Hamlet fosse um pouquinho cético, não haveria a tragédia de Hamlet. Se tivesse qualquer ceticismo a exercitar, poderia tê-lo feito já no caso do altamente improvável fantasma de seu pai. Poderia ter chamado aquela eloquente pessoa de uma alucinação, ou de outra coisa que nada quer dizer, casado com Ofélia, e seguir comendo pão com manteiga. Este é o primeiro ponto evidente.

A tragédia de Hamlet não é que Hamlet seja um cético. A tragédia de Hamlet é ele ser um filósofo bom demais para ser um cético. Seu intelecto é tão claro que ele vê de imediato a possibilidade racional dos fantasmas. Mas o erro rematado de considerar Hamlet um cético tem muitos outros exemplos. A teoria toda surgiu do costume de citar passagens empoladas fora de seus contextos, como o “Ser ou não ser”, ou (muito pior) a passagem em ele que diz, com um gesto quase grosseiro de cansaço, “Ora, para vós então não é; pois nada é bom ou mau, a não ser por força do pensamento”. Hamlet diz isso por que não aguenta mais a companhia de dois homens tolos; mas se alguém deseja ver como a atitude de Hamlet é exatamente a contrária, pode vê-lo na mesma conversação. Se alguém deseja ouvir as palavras de um homem que, no sentido mais definitivo, não é um cético, aqui estão elas:

“Esta bela estrutura, a terra, me parece um promontório estéril; este magnífico dossel, o ar, vede este esplêndido firmamento suspenso, este majestoso teto trabalhado com um fogo de ouro, apenas me parece uma repulsiva e pestilenta congregação de vapores… Que obra de arte é um homem, que nobre na razão, que infinito nas faculdades, na expressão e nos movimentos, que determinado e admirável nas ações; que parecido a um anjo de inteligência, que semelhante a um deus! A beleza do mundo; a flor dos animais; e contudo, para mim, que é esta quintessência do pó?”

Estranhamente, ouvi esta passagem citada como uma passagem pessimista. Talvez seja a passagem mais otimista em toda a literatura humana. É a expressão absoluta do fato essencial da fé de Hamlet; sua fé de que, embora ele não possa ver que o mundo é bom, ele certamente é bom; sua fé de que, embora não consiga ver o homem como a imagem de Deus, ainda assim é certamente a imagem de Deus. O homem moderno, assim como a concepção moderna sobre Hamlet, acredita apenas em estados de ânimo. Mas o Hamlet real, como a Igreja Católica, acredita na razão. Muitos bons otimistas louvaram o homem quando sentiram que o homem era louvável. Só Hamlet louvou o homem quando sentia vontade de chutá-lo como a um macaco. Muitos poetas, como Shelley e Whitman, foram otimistas quando se sentiram otimistas. Só Shakespeare foi otimista quando se sentiu pessimista. Isto é a definição de uma fé. Fé é aquilo capaz de sobreviver a um estado de ânimo. E Hamlet tem isso do início ao fim. Cedo ele protesta contra uma lei que reconhece: “Oh, não tivesse o Eterno posto a sua lei contra o suicídio!” Antes do fim, declara que de nossa desastrada conduta será feita alguma coisa, “por mais que nós lhe demos a demão de início”.

Se Hamlet fosse um cético, teria tido uma vida fácil. Não teria sabido que seus estados de ânimo eram estados de ânimo. Ele os teria chamado Pessimismo ou Materialismo, ou qualquer outro nome imbecil. Mas Hamlet era uma grande alma, grande o suficiente para saber que ele não era o mundo. Ele sabia que havia uma verdade além de si mesmo, portanto acreditava firmemente nas coisas mais diferentes de si, em Horácio e no fantasma. Ao longo de toda a história, podemos ler sua convicção de que ele está errado. E isto, para uma mente clara como a dele, é apenas outro modo de dizer que existe algo que é certo. O verdadeiro cético nunca pensa que está errado; pois o cético real não acredita que exista um errado. Ele despenca através de chão após chão, num universo sem fundo. Mas Hamlet era o próprio inverso de um cético. Ele era um pensador."

Fonte: http://www.sociedadechestertonbrasil.org/critica-literaria/a-ortodoxia-de-hamlet/
 
Sempre li Hamlet como um angustiado existencial (o conceito de angústia kierkegaardiano, digo) em meio às dicotomias da era pré-elizabetana: havia quem promovesse o suicídio naquela época considerando que a vida terrena não era algo positivo, mas ao mesmo tempo havia o interdito da religião cristã. Gostaria de saber o que Chesterton diria sobre Ofélia, mas achei interessante ele refletir sobre Hamlet como um pensador - em que um cético deixaria de ser pensador, afinal? Enfim! - porque se colocam duas personalidades em conflito que acabam contemplando a terra ignota: Hamlet, são - e isso ainda é hoje discutido, vide a cena do get thee to the nunnery -, não toma uma atitude tal pois não cumpriu seu papel na tragédia, ele carrega consigo a necessidade de cumprir seu destino; já Ofélia, desprovida de uma vida autônoma, em um estado de non compos mentis, realiza a ação.

Alguém pode dizer, "nossa, que leitura mais pessimista", mas não vejo assim: no momento em que você coloca "tragédia", sabemos que final feliz não vai existir mesmo - isso é óbvio, mas é sempre bom lembrar. Quando dizem que Shakespeare "inventa" o humano, Hamlet é o mais humano que temos para a literatura do período - e permanece atual. Mesmo que ele tenha a joie de vivre de Chesterton, o príncipe não é limitado a um nível de fala, ele expressa uma vida interior mais profunda que a maioria das personagens da literatura contemporânea - como se isso fosse difícil. De onde eu vejo, Shakespeare desenvolve o humano, caracteriza-o de forma mais plena que o que veio antes dele. O teatro de antes dele é uma coleção de humores. Para uma personagem que ilustra questões de consciência, o vacilo existencial me faz muito sentido numa era de leituras superficiais - vide Polônio, por exemplo.
 
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CRÍTICA0
“Hamlet” | William Shakespeare
Por Pedro Miguel Silva · Em 06/01/2016
Terminei a tradução de Hamlet há muitos anos e várias vezes a revi e corrigi. (…) Não creio que Hamlet possa ser traduzido de uma ponta à outra em prosa. O contraponto entre a prosa e o verso faz parte da estrutura da peça, do jogo do poeta, da eficácia teatral, do relevo e sentido de cada cena. Por isso apenas traduzi como prosa aquilo que no original prosa era. (…) Tentei, quanto possível, traduzir rente ao texto, ser fiel à riqueza e à densidade de cada frase e encontrar uma linguagem que seja a do teatro.

As palavras acima transcritas são de Sophia de Mello Breyner Andresen, que aceitou a missão de traduzir o clássico “Hamlet” (Assírio & Alvim, 2015), de William Shakespeare, algo que a ocupou durante quase toda a sua vida. Uma tradução que, ainda que almeje estar o mais possível perto do original e do seu apelo teatral, acaba por ganhar um cunho muito pessoal de Sophia, oferecendo ao leitor uma tradução de Hamlet que quase parece uma nova e mais refinada peça, e onde o português quase chega a parecer a língua mãe e original da peça.

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No prefácio a este edição bilingue, Luis Miguel Cintra diz sobre a tradução de Sophia: “No Hamlet (e a tradução de Sophia torna-o transparente), a progressão da peça segue o processo de amadurecimento do pensamento de uma personagem que à partida é um jovem, um jovem príncipe. As suas descobertas são ainda pueris. Acaba quando percebe o que é o tempo e a morte e a responsabilidade individual, sempre perturbado com a confusão dessa responsabilidade com qualquer coisa que se lhe opõe: o poder. Aí a sua reflexão torna-o adulto, torna-o exemplar, torna-o simbólico”.

Escrita entre 1599 e 1601, “Hamlet” é uma tragédia situada na Dinamarca, que conta a história de como o Príncipe Hamlet tenta vingar a morte de seu pai – também ele Hamlet, o rei – que descobre ter sido executado por Cláudio, o seu tio – e irmão do rei -, que o envenenou para de seguida tomar o poder e casar com a sua mãe. Para revelar o crime hediondo a todo o reino, o Príncipe Hamlet irá embarcar num caminho entre a loucura real e fingida, sendo esta uma história onde cabem a traição, a vingança, o incesto, a corrupção e a moralidade. Uma obra perfeita e universal, para ler ou reler nesta fantástica tradução de Sophia de Mello Breynner Andresen.

Fonte: http://deusmelivro.com/critica/hamlet-william-shakespeare-6-1-2016/



Que capa nhom nhom nhom :amor:
 
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