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Hai-Kai (Ou Haiku)

Exponham aqui poemas considerados como "hai-kai", que siguam as seguintes regras:


Citação de http://www.kakinet.com/caqui/nyumon.htm

[SIZE=+2][SIZE=+3]A F[/SIZE]ORMA
DO [SIZE=+3]H[/SIZE]AICAI
[/SIZE]
De maneira geral, haicai é um poema conciso, formado de três versos, no total de 17 sílabas:
  • O primeiro verso tem 5 sílabas
  • O segundo verso tem 7 sílabas
  • O terceiro verso tem 5 sílabas
  • Contém alguma referência à natureza (diferente da natureza humana)
  • Refere-se a um evento particular (ou seja, não é uma generalização)
  • Apresenta tal evento como "acontecendo agora", e não no passado.
Não há necessidade de rima ou título.

[SIZE=+1]QUANTO À MÉTRICA[/SIZE] Acreditamos que não se deve exigir rigor na contagem de sílabas, a ponto de sacrificar a expressão poética. Porém, também acreditamos que o número ideal de sílabas deve estar próximo a 17, sendo permitidas variações para cima ou para baixo.


Eis aqui um exemplo de minha autoria:


"sangue na relva
samurais olham sãos
os mortos então"


Outro, também de minha autoria:

"folha fugía
voa como vento e
irá onde vais
"


Obs: Podem expor também haikus de outros autores, não necessita-se que sejam de vossa autoria, mas citem quem é o autor. Lembrem-se que as vezes é possível passar de 17 sílabas, mas prefere-se que possua 17 sílabas. Também não é necessário rima. :)
 
Última edição:
Só para deixar claro aos que quiserem se adequar às "regras" do hai-kai, que a divisão de sílabas em poesia é diferente. O hai-kai do Lobo, por exemplo, tá 4-6-5, e não 5-7-5. Para escandir um poema você precisa ler até a última sílaba tônica do verso, além disso, deve-se considerar o ritmo, como a palavra é pronunciada, por isso em versos como "Se a/pa/ga", se está na mesma sílaba que o a inicial de apaga.

Usando o hai-kai do Lobo como exemplo novamente, temos:

san/gue/na/rel/va
sa/mu/rais/o/lham/sãos
os/mor/tos/en/tão

Mas, lembrando do que o Lobo já falou, hoje em dia não há uma forma "fixa" de métrica para o hai-kai, desde que se respeite os três versos, como dá para ver nesse hai-kai da Alice Ruiz:

sem saudade de você
sem saudade de mim
o passado passou enfim

Ou como esse do Paulo Leminski:

Duas folhas na sandália
O outono
Também quer andar


Eu pessoalmente acho que não se preocupar com a métrica, mas em passar bem uma idéia no "espaço" dos três versos, ainda é mais importante. Não adianta ter ritmo, rima e o escambau se a poesia não diz nada.
 
Só para deixar claro aos que quiserem se adequar às "regras" do hai-kai, que a divisão de sílabas em poesia é diferente. O hai-kai do Lobo, por exemplo, tá 4-6-5, e não 5-7-5. Para escandir um poema você precisa ler até a última sílaba tônica do verso, além disso, deve-se considerar o ritmo, como a palavra é pronunciada, por isso em versos como "Se a/pa/ga", se está na mesma sílaba que o a inicial de apaga.

Usando o hai-kai do Lobo como exemplo novamente, temos:

san/gue/na/rel/va
sa/mu/rais/o/lham/sãos
os/mor/tos/en/tão

Mas, lembrando do que o Lobo já falou, hoje em dia não há uma forma "fixa" de métrica para o hai-kai, desde que se respeite os três versos, como dá para ver nesse hai-kai da Alice Ruiz:

sem saudade de você
sem saudade de mim
o passado passou enfim

Ou como esse do Paulo Leminski:

Duas folhas na sandália
O outono
Também quer andar


Eu pessoalmente acho que não se preocupar com a métrica, mas em passar bem uma idéia no "espaço" dos três versos, ainda é mais importante. Não adianta ter ritmo, rima e o escambau se a poesia não diz nada.

Sagaz, quanto perspicácia, Ana-Sama, brilhante elucidação. Eu concordo plenamente com isto. Mas então, não sou o único que aprecia esta arte, hein... Abraços. :D
 
Ah, eu adoro hai-kais =] Mas eu continuo só lendo, me arrisquei poucas vezes nessa arte, até porque a respeito demais (e falta um pouco de conhecimento de música para mim, porque como dizia o Ezra Pound, não há poesia sem música). Um dos poucos que tenho guardados é um que escrevi porque na verdade eu precisava escrever.

Eu não sei como são marcadas as estações do ano nas outras cidades, mas aqui em Curitiba uma das coisas que caracterizam o final do Inverno é quando os ipês amarelos ficam floridos, o que dá um efeito bem bonito - porque nosso inverno é seco, então normalmente temos céu azul contrastando com o amarelão dos ipês. Bem, no caminho para a faculdade eu passava por uma rua que era CHEIA desses ipês, por isso eu precisava escrever. Aí saiu isso:

Árvore florida
colorindo de amarelo
o adeus ao Inverno.

(De certa forma ele me faz lembrar o "cato o gato no meio do mato", mas enfim, não sou haijin então acho que é ok).
 
Ah, eu adoro hai-kais =] Mas eu continuo só lendo, me arrisquei poucas vezes nessa arte, até porque a respeito demais (e falta um pouco de conhecimento de música para mim, porque como dizia o Ezra Pound, não há poesia sem música). Um dos poucos que tenho guardados é um que escrevi porque na verdade eu precisava escrever.

Eu não sei como são marcadas as estações do ano nas outras cidades, mas aqui em Curitiba uma das coisas que caracterizam o final do Inverno é quando os ipês amarelos ficam floridos, o que dá um efeito bem bonito - porque nosso inverno é seco, então normalmente temos céu azul contrastando com o amarelão dos ipês. Bem, no caminho para a faculdade eu passava por uma rua que era CHEIA desses ipês, por isso eu precisava escrever. Aí saiu isso:

Árvore florida
colorindo de amarelo
o adeus ao Inverno.

(De certa forma ele me faz lembrar o "cato o gato no meio do mato", mas enfim, não sou haijin então acho que é ok).

Puxa, mas ficou magnífico. Muito bom. :D :yep:

Eu não sou especialista nesta arte ainda, mas às vezes escrevo algo, eu não resisto. Aqui vai outro:

"a espada é
rápida em cortar o
ar e a alma"


:D

Agora aqui uma poesia chinesa clássica, não é como o haiku japonês, segue um padrão diferente, mas tem a mesma "sobriedade poética", é esta da autoria de Ye Si:

"Ye Si

Chuang qian ming yue guang

Yi Shi di shang shuang

Ju tou wang ming yue

Di tou si gu xiang
"

(Tradução):

"quando a lua brilha diante da cama


cogito se não é neve no chão


levanto a cabeça, vejo o brilho da lua


abaixo a cabeça, contemplo a terra natal
"
(Tradução Professor Lan Che Liang e Carlos Pessoa Rosa)

Aqui um haiku de Bashô Matsuo (1644–1694), considerado o primeiro e maior poeta japonês de haiku, nasceu samurai e adoptou a simplicidade tanto na vida como na criação poética:

"Este caminho

Ninguém já o percorre,

Salvo o crepúsculo
."


Outro, dele também:

"De que árvore florida

Chega? Não sei.

Mas é seu perfume
."

Outros poetas do género se lhe seguiram: Buson Yosa (séc. XVIII), Shiki Masaoka (séc. XIX), Koi Nagata (séc. XX).

O tanka tem 5 (cinco0 versos (linhas), com 31 (trinta e uma) sílabas, agrupadas no esquema 5-7-5-7-7, em verdade o haiku são os três primeiros versos do tanka. Por exemplo se utilizarmos o hai-kai da Ana-San, ele poderia formar a parte inicial do tanka (5-7-5):

"Árvore florida
colorindo de amarelo
o adeus ao Inverno
."

Aí pode-se imaginar uma continuação:

"A nobre Primavera já
olha inverno, sorri
."

Assim temos um tanka:

"Árvore florida
colorindo de amarelo
o adeus ao Inverno
A nobre Primavera já
olha, Inverno sorri
"

Isto apenas para efeito de exemplo, pois o tanka tradicional tem 31 sílabas, sempre na forma 5-7-5-7-7. O que foi levado em consideração aqui foram os 5 versos.

=)
 
Última edição:
Citação:
Post Original de Lukaz Drakon
Não tinha um esquema do haikai representar sempre as estações do ano ou algo parecido com isso?

Interessante questão.

O hai-kai (este termo é usado no Brasil, mas no Japão é chamado de haiku), segue um esquema de estar sempre relacionado a natureza, como você bem disse as estações, por exemplo, ou animais, pássaros, água, coisas assim. E sempre deve ser escrito como se tudo estivesse acontecendo em tempo presente, mesmo que seja no passado. Tem um do Bansho que é assim:

"Grama de verão
dos sonhos gloriosos de
guerreiros os frutos
"

Este precisamente que me fez gostar desta arte, nunca mais esqueço este poema... Veja a profundidade deste poema, em três frases simples, está contido uma realidade das batalhas da época, imaginemos quantos nobres guerreiros que tombaram no campo de batalha, tinham sonhos que ficaram incompletos, seus corpos se desfizeram e "tornaram-se" relva, ou se misturaram a mesma, seus sonhos "ficaram ali", no meio do nada, é quase uma metáfora...
Só que em japonês a rima é melhor, e as palavras tem quantidade diferente de sílabas em relação a nossa língua portuguesa.
 
Exponham aqui poemas considerados como "hai-kai", que siguam as seguintes regras:





Eis aqui um exemplo de minha autoria:


"sangue na relva
samurais olham sãos
os mortos então"


Outro, também de minha autoria:

"folha fugía
voa como vento e
irá onde vais"


Obs: Podem expor também haikus de outros autores, não necessita-se que sejam de vossa autoria, mas citem quem é o autor. Lembrem-se que as vezes é possível passar de 17 sílabas, mas prefere-se que possua 17 sílabas. Também não é necessário rima. :)

Cavalo negro
pelo prado galopa
e na água trota

Tá horrível, eu sei... se calhar até nem está bem feito!!!:osigh:

Cavaleira Negra
 
Chuva:

Gota de água,
nos olhos
silenciosa tempestade.

Cisma:
“ de pensar me vi
pecando...
qual pecado?”

Fluxo :
“ Como o pássaro pousa
tão suave a lágrima
rola pelo rosto. “
Inverno:

A corrente no pneu
perfura a neve .
E eu?


Alcarinollo Sam...
 
Excelente pessoal! Vossas poesias estão ótimas. Achei magnífico...
(em especial, a do "cavalo negro" e a da "chuva" estão gloriosas... )
 

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