Red Chocobo disse:
Discordo totalmente de você nas suas duas opniões, em primeiro lugar acho o manga muito bem escrito, ele segue um ritmo e não se confunde no mesmo
Ele leva uma infinidade de edições pra chegar em algum lugar com o desenvolvimento dos personagens.
E eu quero dizer uma infinidade meeeesmo, porque pra Alita chegar naquele ponto batido de "vou ter força pra descobrir a mim mesma", passam uns dois ou três volumes.
É como eu disse, no meio tempo rola muita enrolação com cenas de ação algumas vezes sem propósito e preguiçosamente desenhadas. Há um limite pra quanto plano de fundo corrido se pode fazer antes de começar a pegar mal pro desenhista.
Ele tem um traço bem bacana, apesar de apelar muito pra estilização escrachada fútil tradicional de shonen. Se se desse ao direito de sair um pouco do estilo normal, poderia evoluir pacas. Vi umas poucas amostras disso em algumas páginas de determinadas edições, onde ele tomou uma abordagem mais realista, sem perder nada do estilo próprio.
os personagens são bem caraterizados
De todos os personagens apresentados e que tiveram alguma mínima frequência na saga inteira, o autor desenvolveu no máximo uns... quatro, incluindo a Alita.
E mesmo assim, bem vagarosamente.
e os quadrinhos dão o enfoque necessário.
Onde era necessário o enfoque?
Se você considera que o enfoque necessário era na ação, então com certeza ele fez isso. Deixou de lado muito do que poderia ser chamado de "roteiro", mas fez assim mesmo.
Mas claro, existe o público alvo que você quer atingir. Nesse caso específico, a ação desenfreada é o enfoque certo pra ser alcançar esse público.
Só que indo por esse caminho, se perde uma relevância potencial que era visível no decorrer do ambiente que ele o Kishiro desenvolveu.
Um bom exemplo desse aproeitamento é Ghost in the Shell, apesar da animação ser melhor nesse sentido.
Não ache que os bons quadrinhos são só os no estilo de Vagabond(uma peça brilhante por sinal), as vezes a simplicidade pode ser muito bem explorada.
Vagabond tá muito longe de ser o melhro gibi que já li, com toda a certeza. Era extremamente bem desenhado, mas a história era só boazinha.
Aliás, estranha comparação que você fez, porque Vagabond tem uma história e uma narrativa extremamente simples, nunca com mais de um foco nem nada complexo do tipo.
O lance do Gunnm é que quase não houve exploração, dos personagens e muito menos do ambiente criado pra englobar eles.
Houveram apresentações rasas na maior parte do tempo, em ambos os casos, e só.
Agora quando digo convincente, independente do cenário ser um pano de fundo para uma história maior, percebemos várias peculiaridades interessantes como se o mundo realmente existisse, percebemos isso nas notas do narrador e em pequenos detalhes dos quadrinhos e dessa forma parece que o mundo existe mesmo.
Ele gastou um pouco do seu tempo pra criar pequenos detalhes aqui e ali pra dar uma verossimilhança maior ao seu mundo. Isso é bom, pelo menos ele não é tão preguiçoso.
Mas depois de algum tempo lendo de tudo, percebie que muitas vezes o autor é mais feliz quando se ocupa de desenvolver mais o enredo e os personagens do que apenas apresentar alguns detalhes parcos de todos os elementos.
Não há nada de errado em abordar vagamente algum elemento da história. Isso às vezes pode até servir de ferramente para a narração, mas não vou entrar nesse ponto agora porque acabaria me alongando demais.
O problema é quando todos os elementos são abordados assim. Aí a produção inteira fica meio vazia de propósito.