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Dilbert
Lamento, mas você acaba de ser enganado. Aqui não tem nada grátis, o título do texto foi usado apenas para atrair mais pessoas e forçá-los a ler meu tópico. Não fique chateado comigo, afinal, a cada minuto todos somos vítimas de trapaças como esta.
Desde que o mundo é mundo, o ser humano vem usando artimanhas para sacanear o próximo, tentando tirar das mais variadas formas o máximo de vantagem nas trocas e vendas. Na hora de fazer negócio, o povo mais fdp sempre se dá bem. Deve ser por isso que há muito tempo árabes e judeus (tradicionais negociantes) não se entendem, essa briga toda deve ter começado nos confins da antigüidade com algum camelo de segunda mão vendido como se fosse 0 km.
O mundo evoluiu e a sociedade de consumo virou o padrão do universo, "ser filho da mãe" agora é muito mais do que um estilo de vida ou uma herança de família. Hoje em dia a milenar arte de enganar os trouxas virou ciência e é ensinada nas mais nobres academias com um pomposo nome: marketing. Ninguém sabe exatamente que droga é essa, mas todos concordam que quem é bom nisso sempre acaba "se dando bem".
O pior é que as técnicas são velhas e manjadas, mas mesmo assim insistimos em ser enganados. Nós já estamos carecas de saber que tudo nesse mundo tem um preço, logo é inexplicável a palavra "Grátis" continuar exercendo uma incrível influência sobre nossas mentes. Outro dia passei em frente a uma Igreja e vi uma plaquinha anunciando: "orações grátis - coloque seu nome no livro". Por três segundos pensei seriamente na possibilidade de ter minha alma salva de graça. É claro que passou rápido, foi só um primitivo impulso como o de olhar para uma mulher que acabamos de cruzar na rua.
Outra palavra que marketeiros gostam muito é "novo". Tudo no mercado tem um gigantesco "NOVO" estampado no rótulo. Na verdade o produto continua sempre a mesma coisa, mas nós, pobres otários, nos sentimos bem ao comprar o sabão em pó que agora vem com 25 % de "grãos micro-ativos", seja lá o que isso queira dizer. Esses caras estão perdendo tanto o pudor de nos passarem a perna que já não é difícil encontrar nas prateleiras coisas contraditórias como o "NOVO biscoito amanteigado - feito com a velha receita da vovó!!!".
Eu desafio qualquer pessoa a encontrar um anúncio no jornal com o preço redondo. Você já viu alguma coisa custar 100 Reais? Ninguém se abaixa para pegar 1 centavo na calçada, mas nosso primitivo cérebro adora valorizá-lo quando uma coisa é vendida R$ 99,99. Entre 90 e 99,99 não há diferença nenhuma, mas se custar 100 Reais muita gente pensa 2 vezes antes de gastar. E a teoria econômica ainda gosta de se referir aos consumidores como "agentes racionais".
Mesmo lidando com um bando de imbecis que não sabem o exato valor de 1 centavo, os marketeiros não são nem um pouco piedosos. Antes de comprar uma coisa sempre comparamos o preço e as quantidades, levando para casa o que for mais vantajoso, certo? Nem ferrando !!! Como é possível saber se comprar uma caixa com 12 latas de 337ml de cerveja é mais vantajoso do que comprar um pacote com 10 garrafas de 25cm cúbicos, sendo que 3 hectolitros são gratuitos? Feliz era minha avó, que sabia que estava sendo enganada quando o feirante colocava furtivamente um peso de chumbo na balança. Os marketeiros estão complicando tanto as embalagens que a velha "regra de 3" não funciona mais. Ir ao supermercado sem uma calculadora científica e conhecimentos avançados de matemática é pedir para ser feito de otário.
Aliás, o simples ato de ir ao supermercado já é pedir para ser feito de otário. O macete de armar os corredores como se fossem "o Labirinto do Minotauro" fazendo a gente comprar um monte de coisas inúteis (mesmo quando nosso objetivo era apenas comprar um pacote de pão) é mais do que manjado. Mas mesmo sabendo disso, não resistimos ao pacote de M&M's com preço abusivo exposto bem ao alcance de nossas mãos quando estamos na ansiosa espera das filas e doidos para mastigar algo.
O pior de tudo é que não existe salvação. Enquanto tivermos dinheiro para gastar, seremos perseguidos pelo exército dos trapaceiros. Nem explodir todas as "ESPM's" do universo adiantaria, porque hoje em dia qualquer um pode ser maketeiro, sem aulas, sem diploma, basta encontrar um monte de gente disposta a clicar no primeiro "GRÁTIS" que aparece.
Retirado e adaptdo do site www.cocadaboa.com