Grand Theft Auto sob investigação por conteúdo sexual
Por Marcelo Hessel
12/7/2005
A polêmica sobre o conteúdo adulto e violento da série Grand Theft Auto cruzou as fronteiras do Japão. Seguindo uma reclamação do congressista democrata Leland Yee, de São Francisco, o Entertainment Software Ratings Board (ESRB), órgão que regula e classifica os videogames nos Estados Unidos, começou a investigar se Grand Theft Auto: San Andreas tem minigames de sexo explícito escondidos em seu código - e quem colocou esses supostos joguinhos lá.
A presidente da ESRB, Patricia Vance, disse que a organização "abriu uma investigação acerca da modificação 'Hot Coffee'". O "café quente" é o dispositivo que, instalado em um PC que tenha o San Andreas, destravaria vários minigames que colocam o jogador no lugar do herói de GTA em atos sexuais.
A investigação do órgão examinará se o dispositivo destrava códigos pré-existentes, como parece ser o caso (e daí a culpa recai na desenvolvedora Rockstar), ou se é uma criação de inteira responsabilidade de terceiros. O propósito principal é determinar se a Take Two Interactive Software, dona da Rockstar, violou regulamentos do ESRB que exigiam "total divulgação de conteúdos pertinentes" - em outras palavras, se a Take Two avisou tudo o que tinha, mesmo, dentro de GTA: San Andreas.
Na tarde de ontem, perguntado pela revista GameSpot, a Rockstar disse através de um porta-voz que o Hot Coffee não é um código incluso nos discos do game produzidos pela empresa.
Hillary Clinton entra na briga contra Grand Theft Auto
Por Marcelo Hessel
15/7/2005
Na manhã da última quinta-feira, a senadora democrata dos Estados Unidos Hillary Rodham Clinton - de olho no eleitorado conservador e nas eleições presidenciais de 2008 - convocou uma coletiva de imprensa para intimar a Federal Trade Comission (Comissão Federal de Comércio) a tomar alguma medida contra os supostos conteúdos sexuais implícitos em Grand Theft Auto: San Andreas.
O motivo da celeuma já foi tratado aqui no último dia 12 de julho. Trata-se do Hot Coffee, nome de um dispositivo que, instalado em um PC que tenha o San Andreas, supostamente destravaria vários minigames que colocam o jogador no lugar do anti-herói do jogo politicamente incorreto em atos sexuais. O "café quente" está disponível para download na internet, gratuitamente, a qualquer um - mas San Andreas tem censura M para audiência madura e não pode ser vendido para menores de dezessete anos.
A Take Two Interactive Software, dona da Rockstar Games, desenvolvedora do jogo, já havia sido chamada a se explicar pelo Entertainment Software Ratings Board (ESRB), órgão que regula e classifica os videogames nos EUA. Agora a senadora por Nova York entra de sola na questão. Durante a coletiva em Washington, segundo o GameSpot, ela exigiu que o ESRB "tome ação imediata para determinar a fonte da pornografia gráfica e do conteúdo violento do jogo". Essa ação imediata, sugere, implica aumentar a classificação do jogo para AO (adults only, só adultos). Mas um projeto a longo prazo visaria, segundo ela, alterar a legislação da área.
Futuramente, Hillary Clinton - que tem ao seu lado o National Institute on Media and the Family (Instituto Nacional sobre a Mídia e a Família), a New America Foundation (Fundação da Nova América) e o Family Violence Prevention Fund (Fundo de Prevenção à Violência Familiar) - proporá uma lei que torna crime federal a venda de games selados M e AO a menores de idade. Nas palavras delas, criar uma lei que "ponha alguns dentes nessas classificações de videogames". O congressista democrata californiano Leland Yee, que deu a largada à caçada do Hot Coffee semana passada, já insinuou idéia semelhante. Mas a senadora agora sugere que a pena por violação dessa possível lei seja estipulada em 5 mil dólares, inicialmente.
Em defesa da Rockstar, o porta-voz Rodney Walker disse ao jornal New York Times que a companhia "apóia qualquer esforço de ajudar os pais a controlar o que seus filhos consomem". Entretanto, deixou claro sua posição contra mudanças de legislação: "Nós também queremos chegar a um equilíbrio para que o jogador médio de games, que não é uma criança, possa continuar a jogar os jogos de que ele gosta". Já a Entertainment Software Association (ESA) - órgão que até agora teve completa autonomia para reger as leis da indústria - respondeu à senadora, por meio de seu presidente, Douglas Lowenstein: "A legislação proposta pela senadora Clinton é inconstitucional, na medida que leva a restrições governamentais contra a criatividade e a expressão artística protegidas pela Primeira Emenda".
Do seu lado, Patricia Vance, presidente do ESRB, apaziguou: "Nós pedimos que todas as partes não apressem julgamentos até que todos os fatos relevantes, alguns dos quais altamente técnicos e complicados, estejam estabelecidos". A senadora, porém, aproveita para discursar. "Precisamos fazer melhor. Nós temos que fazer tudo possível para assegurar que os pais tenham uma linha de defesa contra videogames violentos que vão contra os valores que eles estão tentando ensinar a seus filhos".