eu passei a maior parte do tempo - inconscientemente, óbvio - buscando cenas que comprovassem a teoria de que o lukas era amigo imaginário ou, depois que vemos as fotos das crianças, um irmão morto. "olha lá, só um celular pra duas crianças?", "hum, essa coisa de ele sempre ter que repetir o que o lukas diz para que outra pessoa o escute....", etc. sim, fica tenso bagarai depois que os guris pegam a mãe, da superbonder na boca para frente o filme é uma série de NOPE NOPE NOPE.
o problema (deixa ver se eu consigo explicar) é que o filme é montado de um jeito que não é o negócio do lukaz que é para ser o mistério. tem pelo menos uma hora do filme em que ele é desenvolvido para fazer quem está assistindo desconfiar se é realmente a mãe ou não - até pelas atitudes meio loucas dela, tipo a agressão contra o elias ou aquela cena bizarra com a torrada na cama. mas se você já sabe desde o início que o lukaz não está ali, já conta com o fato de que elias não é exatamente um ponto de referência confiável, então o mais provável é que seja a mãe mesmo. o que acontece? você vê o filme meio que só esperando ver qual será a explicação sobre o lukaz, larga mão do clima de "é a mãe não é?" tanto que quando ele foge e vai falar com o padre, caralhos, aquilo era para ser uma cena super tensa, é um clássico de terror envolvendo crianças: buscar ajuda de adulto que não confia nele e o entrega para o "monstro/vilão/antagonista/whatever". mas aí a cena que foi tensa mesmo foi a do casal da cruz vermelha, já para a porção final do filme.
se a natureza de lukaz fosse mais sutil daria para embarcar em pelo menos uma hora de filme duvidando junto com os guris se era a mãe mesmo. mas do jeito que ficou, a conta inverte - é só a porção final que faz o filme realmente valer em termos de suspense.