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[Goba][L][Três, quatro: jazz]

Goba

luszt
[Goba][L][Cardeno de viagens]

Série de sonetos sobre um acaso, notícia de jornal, dessas quem sempre saem. Vou só dividar cada um em posts diferentes pra serem mais pausados e pra formatação ficar melhor. Se não for adequado, algum moderador por favor me avisa que eu formato num só post. :wink:
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Havia o uno, primeiro e claro
a vida toda treinara o trompete
Compete a ele a magia da terça
quinta, ao sete.

A sorte nunca sua amiga
pouco seu bolso lhe provira
Mais ele retirou de sua ira
que em seu âmago reluzia.

Contra tudo e todos
Todos e todos mais
que nunca o fizeram olhar atrás.

Todos e todas as melodias
toda e cada harmonia
daquelas notas, nunca mais.
 
Última edição:
Baterista, por lógica, este.
Tratatá era um som comum,
mas o afino era fino, ele era
maestro no tamborino.

Nunca ignorara prato algum
mas muito ignorara aos seus comuns.
Não havia um que o achasse
capaz de ser alguém de punhos leves.

Mas sem aço para estes
deixa que a música faça o trabalho.
Deixa o trabalho.

Era marcado, rufante
trambolhos regentes
de rudimentos que não serão.
 
Com esse é um terceto de peso
que não deixa a desejar no ensejo
dos olhares acalentados de quem
nunca antes ouviu um três-por-quatro.

Tapas, e não beijos, aos seus desejos
Desejoso de comida, enquanto sofria
Prazeroso de rancor, enquanto
temia a dor de um dedo lacerado.

De certo é quem toca o contra-baixo
que se apossa do ritmado
e faz dele seu choro não mais

calado. Seu choro marcado
carnificado viscerado
que nunca foi e não será atentado.
 
Viaja nos cromos e domos
do ébano e o marfim rugiam o clarim
com que os dedos estalados deste ás
fariam soar as cordas escondidas do pianim.

De todos, não era raivoso, era contido.
Era elite da pobreza, comia de prato
não de marmita, não de mão, não de chão.
Era elite pois matou para ser, sem crer.

Mas não vivia na vergonha
nem por isso era altivo.
Nunca, porém, fora mesquinho.

Era honesto e bravo
e a única vez que mentiu
sobra para nunca mais viver.
 
O cuidado do quinto
é que é um hexacordo
que tomava conta dos sopros saxos -
saxofonista era o guitarrista.

Variava assim como variava de mulheres
sempre estando com uma que difere
uma que confere. Era alma -
alma rota de vazio que nunca preenchia.

Triste, calmo, riste - não
via que o escuro que o perfazia
era o clarão que sua música, rebeldia.

Tecia o corão das rouquidões
o tenro genro de todas as mães
que acorde, não mais.
 
Acorda e se penteia, asseado
Se acalma, almoça, reza
Seu falar é sublime, sua educação em regime
é negrume na mancha da crença.

Quem o criou foi Deus, e só
Melhor dizendo, deus o desvirtuou.
Ele é credor, e ele é obsessão
Tortura de quem nasce em vão.

É um sexto sem dança ou ritmo
sem acorde ou harmonia.
Faz parte de um soturno allegreto.

Cai na mão de tantas injustiças
que não as superou pelo coro,
mas espera sempre o final decoro.
 
Sol longo, fila em pico, filha em risco.
É dia de compra, é dia de garantir
ao menos um dia a mais.
Um dia a mais de quê.

É ali, não n'outro lugar,
que busca a música seu descansar
é ali que cinco anônimos se cruzam
é ali que um fiel se resume.

Rufem todos os tambores
pois na fila do falafel
foram todos levados pelo resumido.

Nem mais choro, nem mais mel
Diz-se que dos cinco músicos,
Ele só abrigou o sexto em seu céu.
 
É o rondó sem jeito
arrastado não no peito
mas acanhado de trejeito
que define o desfeito.

O enfeite do ensejo enganado
que fez o sexto estourado
acabar com o falafel dos
cinco regidos musamparados.

Foi um luxo do divino
apontar para um ovino
e fazer dele um sextino -

sem rima, ou oitava
Desafinado por revés
que veio a findar o agora infinito jazz.
 

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