• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

George Orwell [Eric Arthur Blair]

Alguém mais leu os outros livros do Orwell (além de 1984 e A Revolução dos Bichos)?

Olha, do Orwel eu só li o 1984, se tu não leu ainda, recomendo muito! Apesar de ter sido um dos livros que mais tive dificuldade pra ler, ele está no meu top 10 dos melhores livros que li na vida. Minha dificuldade é que eu passava mal cada vez que lia o livro. Quando terminei, dei ele de presente para um amigo que mora em outro Estado para não ter chance de chegar perto de novo. Ok, tá meio contraditório o comentário, mas esse livro me atingiu feito um soco. Eu não lembro de me sentir tão abalada com a leitura de um livro antes. Achei tão atual. E pensar que ele escreveu em 1948. Bom, é isso, acho que todo mundo devia ler esse livro. :sim:
 
Deste autor li só os dois clássicos dele 1984 e a Revolução dos Bichos na época do ensino fundamental. Os dois acho muito bons, mas o segundo é o que gostei um pouco mais.
 
70 anos após sua morte, por que George Orwell se agiganta cada vez mais?


prwell.jpg


Há sete décadas morria George Orwell. Ele nos deixou aos 46 anos por conta de uma tuberculose. Meses antes do último respiro, o escritor, já aclamado por títulos como "A Revolução dos Bichos", lançava seu livro mais importante: "1984", distopia que nos últimos anos voltou a servir de chave para tentarmos compreender ou ficarmos alertas com os rumos do mundo – escrevi a respeito no ano passado.

A ascensão de Donald Trump ao governo dos Estados Unidos (presidência conquistada no final de 2016) levou o título de volta a listas dos mais vendidos em todo o planeta. O crescimento de outros líderes autoritários de extrema-direita fez com que a obra permanecesse em evidência desde então. No Brasil de Bolsonaro, por exemplo, "1984" liderou as vendas do estande da Companha das Letras na última Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Um ano antes, em 2018, a obra também tinha lugar cativo entre os mais comercializados da editora na Bienal do Livro de São Paulo, normalmente fazendo ombros com "A Revolução dos Bichos".

Neste final de década, tornou-se corriqueiro ouvirmos termos como "orwelliano", "duplipensar", "novafala" e "grande irmão" (indo além do programa televisivo) ou comparações com o que se passou naquela fazenda dominada pelos porcos. Já não seria pouco um escritor seguir atual 70 anos após a sua morte por essas contribuições e por seus dois livros mais famosos. Orwell, no entanto, tem ainda mais a acrescentar aos debates contemporâneos. Cruzando a história com a atualidade, o britânico se agiganta por conta de características de sua obra e de elementos biográficos.




A época
: Orwell nasceu em 1903 e morreu em 1950. Viveu ao longo da conturbadíssima primeira metade do século 20 e residiu durante a maior parte do tempo na Europa. Foi contemporâneo a duas guerras mundiais, à Revolução Comunista, ao estabelecimento da União Soviética, à ascensão do nazismo e do fascismo, ao Holocausto, à queda de Hitler e Mussolini, à sobrevivência do franquismo e do salazarismo…. Não há como dissociar sua obra – e os temas que aborda em sua literatura – de tudo o que acompanhou.

A vida: Orwell nasceu em Bengala, no sudeste asiático, então parte do Império Britânico. Mudou-se para Sussex, na Inglaterra, em 1911. De família sem muita grana, comemorou quado conseguiu bolsa para estudar em uma das principais escolas da região. Imperialismo e desigualdade social viriam a ser assuntos recorrentes em seus escritos, temas urgentes também em nossos dias.

Atuando para a Coroa, foi policial na região que hoje pertence a Myanmar (da experiência que nasceu seu romance de estreia, "Dias na Birmânia"). Sentiu no estômago a miséria das ruas de grandes cidades, o que deu origem a "Na Pior em Paris e Londres", certamente o mais famoso dos seus livros de não ficção, área na qual também brilha.

Essa pegada de vivenciar aquilo sobre o que viria a escrever que o levou a comer pó em carvoarias e a se embrenhar em campos de lúpulo, constatando a dureza da vida dos trabalhadores numa época em que direitos trabalhistas ainda eram escassos – olha aí outro assunto que nos é caro. Desses mergulhos na realidade que surgem relatos presentes em títulos como "O Caminho Para Wigan Pier" e "Como Morrem os Pobres e Outros Ensaios".


"A Revolução dos Bichos" por Odyr.

As ideias
: essas experiências forjaram a maneira de Orwell interpretar e se posicionar perante o mundo. Era um homem progressista, favorável ao socialismo principalmente como via para aplacar a opressão aos mais pobres e que não abria mão da democracia. Chegou a lutar na Guerra Civil Espanhola por um grupo marxista, experiência retratada em "Homenagem a Catalunha", relato que merece uma nova edição no Brasil há tempos. Viveu e criticou duramente as contradições da esquerda, preocupando-se em fortalecer o seu lado da trincheira ideológica, não apenas em apedrejar aqueles que lhe eram completamente contrários – escrevi sobre isso na resenha do valioso "O que é o Fascismo? e Outros Ensaios". A honestidade intelectual é um dos elementos mais admiráveis dos textos de Orwell.

A crítica aos regimes totalitários está no centro de seus dois livros mais famosos: "1984" e "A Revolução dos Bichos" (deste, aproveito para indicar a linda adaptação em quadrinhos feita por Odyr). Muitos encaram as obras como ataques ao comunismo e aos soviéticos. Limitá-las dessa forma é comodismo ou sacanagem. Sim, a carapuça serve à comunista União Soviética, mas não apenas. Orwell sempre desconfiou dos poderosos. Basta olhar para outros regimes totalitários da história para notar que as histórias são representações que se aplicam a qualquer sociedade regida sob a truculência de um ditador (ou, em outra escala, de um aspirante a ditador), independente de seu viés ideológico.

O posicionamento: George Orwell tinha mensagens para passar, como alertar sobre a maneira do totalitarismo se estabelecer e o processo de desumanização e embrutecimento geral que o acompanha, e o fazia por meio de seus textos publicados em revistas, jornais ou livros. O escritor assumia a vontade de unir suas intenções políticas e artísticas numa coisa só. O modo como sua obra continua sendo discutida em contraste com os acontecimentos políticos do presente é uma boa prova de que o britânico foi feliz em seu intento.

A forma
: para alguns críticos, como Harold Bloom, os livros de Orwell eram simples demais, povoados por personagens um tanto rasos e com linguagem aquém do que encontramos nos monumentos da literatura. Concordo em partes com Bloom, mas a linguagem sem grandes malabarismos é um dos segredos para que o autor de "1984" seja tão lido. Já a alegada simplicidade de seus personagens contrasta com a complexidade dos temas tratados, o que era a principal preocupação do escritor.
 
E ano que vem a obra do Orwell entra em domínio público aqui no Brasil. Deve haver uma enxurrada de livros nas lojas. Preparem-se. Se as editoras forem espertas, já estão preparando suas edições para os clássicos dele. A Companhia das Letras vem aproveitando bastante os direitos autorais e inclusive emplacou o "1984" na lista dos mais vendidos dos últimos anos e mais recentemente numa edição belíssima de capa dura cheia de fortuna crítica extra.
 
Os dois principais clássicos do Orwell (1984 e Revolução dos Bichos) são bem conhecidos, mas se vierem outras versões tem tudo pra dar o que falar.
 
Na linha do que estávamos discutindo no tópico sobre capas, o PublishNews fez uma matéria sobre as edições da obra do Orwell que sairão ano que vem, por causa do domínio público:

No primeiro minuto de 2021, a obra de George Orwell cairá em domínio público. Até lá, os direitos de publicação no Brasil pertencem ao Grupo Companhia das Letras. Muitas editoras estão de olho nesse filão e já anunciaram que publicarão a obra do autor no ano que vem. Um exemplo disso é A revolução dos bichos, ou A fazenda dos animais, como o título foi retraduzido por algumas editoras que usarão um título mais fiel ao usado por Orwell autor no original – Animal farm. A Autêntica sairá com uma edição feita por Fabio Bonillo; a L&PM, com Denise Bottmann; a Antofágica, com Rogerio Galindo; a Via Leitura, com Alexandre Barbosa de Souza; a Novo Século, com Luisa Geisler e a Globo, com a tradução de Petê Rissati.

Dessas a única que já colocou a obra em pré-venda foi a Globo, que optou por usar o título consagrado no mercado brasileiro. E não só A revolução dos bichos. A Globo também colocou em pré-venda o 1984. Os livros estão disponíveis para entrega no dia 4 de janeiro. A estratégia não é usual. Normalmente, as editoras esperam a virada do ano para dispor os seus títulos nas vitrines, sejam das lojas físicas ou das virtuais.


Continua em:

 
O que me surpreendeu foi a Novo Século entrando nessa história. E com tradução da Luisa Geisler...

E eu sei de pelo menos mais duas edições que devem sair, porque conheço os tradutores contratados; mas não posso dizer nomes. :timido:
 
Não, são de duas editoras pequenas.
Por acaso comentaram há pouco no zap sobre essa aí da Aleph também. Mancada da PublishNews de não ter incluído na listinha...

Eu acho bem legal esse visual retrô que a Aleph tem dado a alguns livros. :grinlove:
 
IMG-20201216-WA0008.jpg

A Sétimo Selo anunciou hoje a sua tradução, que ficou a cargo de Pedro Mohallem. ;)

Mais uma para o festival Orwell do ano que vem.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo