“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. O que te direi? Te direi os instantes”
“Sou: estar de pé diante de um susto”
“Viver não é coragem, saber que se vive é a coragem”
“e a moça não tinha. Não tinha o que? È apenas isso: não tinha”
Clarice Lispector
José?
E agora, José?
A festa acabou,
A luz apagou,
O povo sumiu,
A noite esfriou,
E agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome
Que zomba dos outros,
Você que faz versos,
Que ama, protesta?
E agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
Seu instante de febre,
Sua gula e jejum,
Sua biblioteca,
Sua lavra de ouro,
Seu terno de vidro,
Sua incoerência,
Seu ódio – e agora?
Sozinho no escuro
Qual bicho- do- mato
Sem teogonia,
Sem parede nua
Para se encostar,
Sem cavalo preto
Que fuja a galope,
Você marca, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade
Verbo Crackar
Eu empobreço de repente
Tu enriqueces por minha causa
Ele azula para o sertão
Nós entramos em concordata
Vós protestais por preferência
Eles escafedem a massa
Sê pirata
Sede trouxas
Abrindo o pala
Pessoal sarado
Oxalá que eu tive sabido que esse verbo era irregular
Oswald de Andrade
Ode ao Burguês
Eu insulto o burguês! O burguês- níquel,
O burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem- nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
É sempre um cauteloso pouco-a-pouco
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de gigolôs,
Cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio Vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Mário de Andrade
“Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto.”
Machado de Assis
“O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por meta.”
Augusto Comte
Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eriteu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre por andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, repondeu assim: Basta, senhor, que eu por que roubo em uma barca sou ladrão, e vós por que roubais em uma armada sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, com muito, os Alexrandes.
Pde Antonio Vieira
Adeus! Parece-me que falo demais no estado deplorável em que me encontro. No entanto, do fundo do coração agradeço o desespero que me causas e detesto a tranqüilidade em que vivi antes de te conhecer
Sóror Mariana Alcoforado
“e a palavra do Senhor veio a ele: “O que você está fazendo aqui, Elias?”
“Ele respondeu: ‘Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, o Deus dos Exércitos. Os israelitas rejeitaram a tua aliança, quebraram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada. Sou o único que sobrou, e agora também estão procurando matar-me”.
“O Senhor lhe disse: ‘saia e fique no monte, na presença do Senhor, pois Senhor vai passar’”
“Então veio um vento fortíssimo que separou os montes e esmigalhou as rochas diante do Senhor, mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. Depois do terremoto houve um fogo, mas o Senhor não estava nele. E depois do fogo houve um murmúrio de brisa suave”. (1 Reis 19: 9-12)