- E o que você fez? - Ela perguntou ansiosa.
- Eu fui para quarto e tranquei a porta. Enfiei na mochila algumas roupas, livros, CD's e o discman junto com algumas pilhas que estavam jogadas pela mesa. Juntei toda a grana que tinha dentro das gavetas e pulei a janela. Aquela foi a última vez que vi meus pais.
- Pra onde você foi quando saiu de casa?
- Fui para a rodoviária, peguei um ônibus para a capital e fiquei lá durante alguns dias.
- Onde você ficava? Como?
- Durante o dia eu vagava pela cidade, caminhava procurando lugares para conhecer e sempre arrumava uns bem tranquilos para passar a noite. Você encontra muita gente ruim nas ruas. Mas existem pessoas boas também.
- E você não ficava com medo?
- Você aprende a lidar com muita coisa, inclusive com o medo. No começo não é fácil, mas a necessidade ensina você a sobreviver.
- Não sente falta de casa?
- O tempo te faz esquecer de muitas coisas. Os dias e as noites sozinho me fizeram perceber o quanto as coisas boas foram eclipsadas pelas ruins enquanto eu estava em casa. Hoje posso dizer que não tenho boas ou más lembranças em relação ao meu passado, simplesmente não penso mais nisso. Vivo cada dia da minha vida um após o outro, sem pensar no que foi e sem sonhar com o que vai acontecer.
- Parece um jeito tão estranho de se viver, em sonhos, esperanças, planos...
- Quando você se frustra muito, percebe que essas coisas são apenas muletas que te impedem de viver plenamente.
- Você fala como se fosse um velhinho de mais de 80 anos, sabia? - Ela disse sorrindo sem graça.
- Eu me sinto assim às vezes.
- Eu fui para quarto e tranquei a porta. Enfiei na mochila algumas roupas, livros, CD's e o discman junto com algumas pilhas que estavam jogadas pela mesa. Juntei toda a grana que tinha dentro das gavetas e pulei a janela. Aquela foi a última vez que vi meus pais.
- Pra onde você foi quando saiu de casa?
- Fui para a rodoviária, peguei um ônibus para a capital e fiquei lá durante alguns dias.
- Onde você ficava? Como?
- Durante o dia eu vagava pela cidade, caminhava procurando lugares para conhecer e sempre arrumava uns bem tranquilos para passar a noite. Você encontra muita gente ruim nas ruas. Mas existem pessoas boas também.
- E você não ficava com medo?
- Você aprende a lidar com muita coisa, inclusive com o medo. No começo não é fácil, mas a necessidade ensina você a sobreviver.
- Não sente falta de casa?
- O tempo te faz esquecer de muitas coisas. Os dias e as noites sozinho me fizeram perceber o quanto as coisas boas foram eclipsadas pelas ruins enquanto eu estava em casa. Hoje posso dizer que não tenho boas ou más lembranças em relação ao meu passado, simplesmente não penso mais nisso. Vivo cada dia da minha vida um após o outro, sem pensar no que foi e sem sonhar com o que vai acontecer.
- Parece um jeito tão estranho de se viver, em sonhos, esperanças, planos...
- Quando você se frustra muito, percebe que essas coisas são apenas muletas que te impedem de viver plenamente.
- Você fala como se fosse um velhinho de mais de 80 anos, sabia? - Ela disse sorrindo sem graça.
- Eu me sinto assim às vezes.