Ecthelion
Mad
[TABLE="width: 100%"]
[TR]
[TD]Os inimigos estão no poder. PGFN x Fluminense. Saiba como um órgão público está sendo usado para aniquilar o Fluminense Football Club[/TD]
[/TR]
[TR]
[TD]Depois de um ano de negociações, arbitrariedade, favorecimento ao Flamengo e ações deliberadas para prejudicar o clube, presidente do Fluminense desabafa em programa de rádio[/TD]
[/TR]
[TR]
[TD]
No último sábado o presidente do Fluminense Football Club, Peter Siemsen, ao participar de um programa da Rádio Globo, narrou, em tom de desabafo, a horrenda história envolvendo o clube e a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional - RJ.
"Eu não consigo ver outra coisa se não uma sacanagem. Não há outra palavra para definir isso", declarou Siemsen em determinado momento, referindo-se às ações do órgão público, que, segundo o mesmo, prejudica deliberadamente o Fluminense, trabalhando de forma hostil para inviabilizar o clube financeiramente.
As declarações de Peter, segundo os jornalistas que participavam do programa, sequer estavam na pauta, mas os fatos narrados foram qualificados como estarrecedores. Os microfones da emissora de rádio foram colocados à disposição da PGFN para esclarecimentos, mas, até o presente momento, não houve qualquer pronunciamento.
Um clube em reconstrução
Desde o retorno do inferno da série C, o Fluminense vive uma agenda de retomada de sua tradição vencedora no futebol brasileiro. Com o apoio da Unimed, patrocinadora do clube, foi o grande protagonista do futebol carioca na década passada. Entre 2001 e 2010, conquistou um Campeonato Brasileiro, uma Copa do Brasil, dois Estaduais e chegou a duas finais de competições internacionais: a Libertadores em 2008 e a Copa Sul-Americana em 2009, ficando com o vice-campeonato.
Além disso, o Fluminense esteve, naquele período, por mais quatro vezes envolvido diretamente na disputa do título brasileiro, chegando a duas semifinais e se posicionando entre os melhores colocados em outra duas ocasiões. Na Copa do Brasil, além do título, o clube chegou mais duas vezes entre os quatro primeiros colocados.
Apesar disso, o clube viveu momentos de oscilação esportiva, basicamente por conta de deficiências na parceria, na gestão do futebol e variações no volume de investimento da parceira econômica.
A partir de 2010, com forte investimento e consequente conquista do tricampeonato brasileiro, o modelo de parceria com a Unimed mudou, tornando-se essa uma investidora direta, através da Unimed Participações, nos direitos econômicos dos atletas. O modelo de investimento exclusivo impulsionou o clube para um outro patamar. Desde então, o Fluminense voltou a conquistar o Campeonato Brasileiro em 2012, esteve entre os três primeiros em 2011 e participou de três edições da Copa Libertadores. As oscilações ficaram no passado.
Na outra ponta, Peter Siemsen assumiu o clube em 2011 tendo como um dos principais objetivos equacionar a enorme dívida do clube, hoje acima dos R$400 milhões. Mesmo obtendo alguns resultados expressivos em campo, o Fluminense seguiu acelerando o crescimento da dívida na década passada, inclusive acabando por perder o direito de participar de programas de auxílio aos clubes, como o Ato Trabalhista.
Beneficiado pelas novas receitas da televisão, que elevaram o clube de patamar economicamente, Peter começou a empreender uma reestruturação do mesmo, investindo na formação de ativos em Xerém, recolocando o clube no Ato Trabalhista, pelo qual o Fluminense se livrou das penhoras por conta de execuções, e também na formação de novas receitas com sócios.
Com o acordo recente feito com o Maracanã e o reconhecimento da excelência na formação de atletas, o Fluminense vive, segundo o próprio presidente, um momento favorável economicamente, com capacidade de superar em 2013 as receitas obtidas nos anos anteriores. O Fluminense apurou em 2012 cerca de R$150 milhões em receitas. Pouco se comparado com alguns rivais, caso do Corinthians, que já ultrapassou a casa dos R$250 milhões. A questão é que o investimento da Unimed, algo na casa dos R$60 milhões em 2012, reequilibra o jogo, sobretudo porque é um dinheiro não tributado, ainda que não necessariamente capitalize o clube. De qualquer modo, mantém a competitividade do futebol tricolor.
"O clube está muito próximo de estar muito bem. Mas a gente tem o calcanhar de Aquiles agora que é uma situação muito grave que a gente não está satisfeito com a falta de compreensão da área pública", falou Peter.
A Timemania e a dívida tributária
O calcanhar de Aquiles a que se refere Peter Siemsen tem origem na questão da dívida tributária. O Fluminense fechou o ano de 2012 com uma dívida com a União de R$138 milhões. Assim como os demais clubes, o Fluminesne aderiu à Timemania, criada para auxiliar os clubes no pagamento dessa dívida. Com o recurso da Timemania, os clubes puderam parcelar a dívida fiscal e parte do pagamento das mesmas é feita com as receitas da própria Timemania.
Apesar disso, as dívidas novas não foram incluídas no acordo, de modo que são sujeitas a execução. O auxílio do governo não foi capaz de fazer com que os clubes se enquadrassem dentro de uma política de austeridade na gestão dos recursos e as dívidas seguiram aumentando. No caso do Fluminense, um valor de R$31 milhões, referente ao não pagamento à Fazenda de tributos no período entre 2007 e 2010, era conhecido e motivo de preocupação.
"O Fluminense, fora da Timemania, tinha R$31 milhões em aberto, que não haviam sido pagos após o acordo da Timemania. E a gente sabia que uma hora esse passivo ia chegar para a gente pagar. Grande parte é de valor que você não pode parcelar administrativamente. Então você tem que obter o parcelamento judicialmente, para garantir uma fonte de penhora fixa. Eu conversei com nossos advogados e disse que o Fluminense queria pagar tudo", explicou Peter.
A tentativa de parcelamento e a negociação
Desde o segundo semestre do ano passado, com essa dívida em execução, o Fluminense buscou o parcelamento da mesma pela via judicial e ofereceu como garantia receitas da Globo.
"Eu levei os contratos que geram receita para o clube para eles verem a nossa capacidade de pagamento diante de todo equacionamento de parcelas que nós já tínhamos. Fizemos uma negociação e chegamos a um valor de R$1,127 milhões, empenhando o contrato Globo, com a Globo depositando direto na Caixa"
Segundo o Diretor-Executivo do clube, Jackson Vasconcelos, o verdadeiro responsável pela gestão das finanças do clube, em texto publicado em sua página no facebook, confirmado pelo mesmo como de sua autoria, o acordo que permitiria que o Fluminense liquidasse a dívida em menos de três anos foi, aparente e amistosamente aprovado pelos procuradores. Não obstante, segundo narrou Peter, tão logo foi anunciada a premiação pela conquista do Campeonato Brasileiro de 2012, a Procuradoria, além de não ratificar o acordo, iniciou uma caçada às receitas do clube.
O Fluminense começou o exercício de 2013 enfrentando problemas como o atraso do pagamento aos atletas da parte que lhes cabia na premiação pela conquista do Campeonato Brasileiro. Os atrasos no pagamento dos salários e das parcelas da Timemania também se fizeram sentir. O clube começava a viver as consequências da perseguição da PGFN.
A Procuradoria Geral do Flamengo
No início do ano, o Flamengo anunciou Flávio de Araújo Willeman seu Vice-Presidente Jurídico. Flávio é funcionário graduado da Procuradoria Geral do Estado. O presidente Bandeira de Mello garante que não há conflito de interesses.
A influência rubro-negra nos órgãos públicos, todavia, não para por aí. Revelou Jackson Vasconcelos, que esteve presente à primeira reunião com a Procuradoria, no início do segundo semestre de 2012, que um dos procuradores, responsável direto
pela negociação com o Fluminense, Agostinho do Nascimento Netto, ostenta orgulhosamente uma bandeira do Flamengo em sua sala. Segundo Jackson, Agostinho não é o único rubro-negro.
Coincidência ou não, em março desse ano o Flamengo conseguiu o parcelamento de sua dívida em execução, maior que a do Fluminense, com a PGFN-RJ. O clube fez tudo como manda o figurino, pagou uma quantia vultosa em adiantamento, ofereceu garantias e, de quebra, obteve a certidão negativa de débito, que lhe propiciou fechar com a Caixa Econômica Federal um patrocínio ( ou seria ajuda? ) na casa dos R$25 milhões. O Flamengo não conseguiu no mercado obter um patrocínio master, mas foi beneficiado pela ação do poder público.
Já com o Fluminense, os critérios usados pela Procuradoria parecem ter sido diferentes. Jackson contou a história do período que compreendeu janeiro a março de 2013 no documento publicado no facebook.
“Acuados, buscamos o socorro dos juízes e obtivemos uma decisão favorável, que mostrou ser, mais adiante, uma vitória de Pirro (...). A decisão judicial obrigava a Receita a reconhecer o acordo com o qual havia, pouco antes, concordado.
“Os Procuradores conseguiram, contudo, convencer a Juíza da Vara em que a execução era maior em valor, a descumprir a decisão de Segunda Instância. Caiu a máscara dos Procuradores. Enquanto no palco ocupado pelo Fluminense no teatro da Procuradoria da Receita Federal o clima era de tragicomédia, em outro, onde encenava o Flamengo do senhor Agostinho do Nascimento Netto, imperava a felicidade. A mesma Procuradoria que negara ao Fluminense, (...) parcelas mensais de R$ 1.127.000,00, autorizava o Flamengo, (...) parcelas mensais de R$ 500.000,00", completou.
O golpe final
A mesma Procuradoria, procurada mais uma vez pelo Fluminense, se dispôs a negociar novamente a proposta do clube de pagar R$1.127 milhões mensais, mais que o dobro das parcelas acordadas com o Flamengo.. As penhoras já somavam na casa dos R$11 milhões. Agora era chegado o momento de finalmente o Fluminense conseguir o seu acordo.
Peter Siemsen conta o que aconteceu em seguida.
"Voltamos então a negociar. Já tinha R$11 milhões penhorados, faltavam R$20 milhões. Acertamos a mesma parcela de R$1,127 milhões. Antes da Páscoa foi marcada a reunião para a gente fechar o acordo. Aí o Procurador Geral Regional foi a reunião e falou na minha cara que não ia fechar. Eu perguntei pelo princípio da isonomia. Lembrei que nós estávamos devendo menos e querendo pagar em menos tempo. Aonde estava o problema? O argumento deles, o mais contundente, que foi de um outro procurador, foi de que a situação dos clubes era diferente. O Fluminense estava numa disputa judicial há muito tempo e eles entenderam que pelo fato de nós estarmos numa disputa judicial não permitia ao Fluminense ter o mesmo tratamento. Eu discordo totalmente, porque a disputa judicial é sobrevivência. A gente queria dinheiro para pagar salário e não para gastar em festa. Deixei claro que não poderia ser levado pelo lado pessoal e sim pelo lado da lei e do pragmatismo. Eu detesto privilégio. A lei existe para que todos sejam tratados igual. Meu cabelo embranqueceu de lá para cá, não durmi várias noites, porque eram várias famílias depenedendo de mim."
Certo de que não havia mais a qualquer possibilide de um acordo com a PGFN-RJ, Peter foi a Brasília tentar reverter a situação. Enquanto negociava em Brasília, as penhoras tinham prosseguimento. Em julho, chegavam à casa dos R$20 milhões. Defendia-se então que, diante de tamanha dificuldade de obter um acordo e estando claro que o objetivo era prejudicar e tentar inviabilizar o clube financeiramente, o Fluminense vendesse um ou mais jogadores e pagasse os R$11 milhões restantes.
Era a esse objetivo que se propunha a venda de Wellington Nem. O Fluminense arrecadaria R$15 milhões, pagaria o que faltava da dívida em execução e ainda colocaria em dia as parcelas atrasadas da Timemania. O clube venderia ainda o meia Thiago Neves, em cuja transação obteria cerca de R$3,5 milhões em recursos. Pelo menos o passado estaria resolvido, segundo Peter, até com folga.
Mas não foi o que aconteceu. Disposto a quitar, e não mais parcelar, a dívida de R$31 milhões em execução, o Fluminense recebeu o golpe final. Em vez de receber o pagamento, a Procuradoria bloqueou as receitas com a venda dos jogadores, excluiu o clube da Timemania e colocou em execução uma dívida, que já estava parcelada, de R$105 milhões, sujeitando o clube a novas penhoras.
"Eu não consigo ver outra coisa se não uma sacanagem. Não há outra palavra para definir isso. A gente tinha o dinheiro para pagar. O que eles fizeram? Vai pagar? Vai consertar o clube? Não quero não. Exclui aí! Exclui da Timemania! Porque o próprio procurador do Rio que tem esse direito. Durante sete anos nenhum clube brasileiro foi excluído por atraso. Cheguei no Fluminense, tinha 15 meses de atraso de Timemania e não tinha sido excluído. Todo mundo atrasou e a regra é que atrasou seis parcelas ou três meses em sequência, tem que excluir. Nunca ninguém foi. Por que querem excluir quem estava pagando, quem ia quitar os doze com uma venda? Nem parcelamento eu precisava mais. O que eu tinha para pagar era isso, que o resto estava equacionado. A procuradora, às 11 da manhã imprimiu da própria tela do computador, atravessou a petição e falou "Excelência, não pode receber". Bloquearam tudo e nós temos R$22 milhões para receber de venda de atleta e não podemos receber.Essa procuradora específica é a Clarrise. Mas tem vários participando do processo", contou Peter o ultrajante episódio.
Um clube sob ameaça de insolvência e a reação da torcida
O Fluminense tem hoje R$18,5 milhões em receitas bloqueadas e R$105 milhões de dívidas em execução. Segundo Peter, o clube convive com um mês e meio de salários atrasados. Os riscos se multiplicam. Sem ter como pagar os salários dos jogadores mais jovens, que são bancados pelo clube, pode até perdê-los.
Peter revelou que tem contratos engatilhados e que não pode assiná-los em razão da insegurança quanto aos riscos de novas penhoras em toda e qualquer receita. O clube estuda medidas judiciais mais rígidas para tentar reverter a situação. O risco de não fazê-lo é quase igual ao de enveredar pelo caminho dos tribunais. A negociação com Brasília não evolui e parece fadada a se arrastar, até que o clube chegue à insolvência. Ir à justiça também representa riscos. A situação do clube, que vem se pautando pelo cumprimento das obrigações, que é contra a proposta de anistia às dívidas tributárias dos clubes e deseja pagar o que deve, é dramática.
"O Fluminense estava próximo de se reestruturar por uma centelha. E essa centelha está virando uma fogueira. Daqui a pouco vai virar um incêndio, a gente perde o controle e, ou se resolve isso em Brasília já e o Fluminense segue a vida com uma projeção excelente para o futuro, porque não estamos assinando nenhum contrato, porque não vamos fazer contratos que não possamos honrar, ou, nós já estamos optando pela via judicial e por uma ação dura, o Fluminense vai voltar a ser aquele clube que não cumpre nada e eu vou me sentir fracassado como presidente do clube.
Eu sou zero favorável à anistia. Acho que quem tem dívida tem que pagar. O caminho de Brasília parece inviável. Não dá tempo. Estamos estudando a medida judicial. Mas isso é bala de prata, matar ou morrer. Eu gostaria de essa semana ter a chance de resolver isso em Brasília. Gostaria muito. Isso é um apelo. Se isso acontecer você vai ter um dirigente apaixonado, com gás renovado", completou o mandatário do segundo cargo mais importante da República.
A entrevista repercutiu entre os torcedores, que se mobilizam para a realização de uma manifestação em frente à sede da procuradoria no Rio de Janeiro no próximo dia 30 de agosto.
http://otricolor.com/?pg=noticia&id=4352[/TD]
[/TR]
[/TABLE]
É preocupante o fato da Procuradoria Geral da Fazendo não ter dito nada esclarecedor sobre o assunto citado.
[TR]
[TD]Os inimigos estão no poder. PGFN x Fluminense. Saiba como um órgão público está sendo usado para aniquilar o Fluminense Football Club[/TD]
[/TR]
[TR]
[TD]Depois de um ano de negociações, arbitrariedade, favorecimento ao Flamengo e ações deliberadas para prejudicar o clube, presidente do Fluminense desabafa em programa de rádio[/TD]
[/TR]
[TR]
[TD]

"Eu não consigo ver outra coisa se não uma sacanagem. Não há outra palavra para definir isso", declarou Siemsen em determinado momento, referindo-se às ações do órgão público, que, segundo o mesmo, prejudica deliberadamente o Fluminense, trabalhando de forma hostil para inviabilizar o clube financeiramente.
As declarações de Peter, segundo os jornalistas que participavam do programa, sequer estavam na pauta, mas os fatos narrados foram qualificados como estarrecedores. Os microfones da emissora de rádio foram colocados à disposição da PGFN para esclarecimentos, mas, até o presente momento, não houve qualquer pronunciamento.
Um clube em reconstrução
Desde o retorno do inferno da série C, o Fluminense vive uma agenda de retomada de sua tradição vencedora no futebol brasileiro. Com o apoio da Unimed, patrocinadora do clube, foi o grande protagonista do futebol carioca na década passada. Entre 2001 e 2010, conquistou um Campeonato Brasileiro, uma Copa do Brasil, dois Estaduais e chegou a duas finais de competições internacionais: a Libertadores em 2008 e a Copa Sul-Americana em 2009, ficando com o vice-campeonato.
Além disso, o Fluminense esteve, naquele período, por mais quatro vezes envolvido diretamente na disputa do título brasileiro, chegando a duas semifinais e se posicionando entre os melhores colocados em outra duas ocasiões. Na Copa do Brasil, além do título, o clube chegou mais duas vezes entre os quatro primeiros colocados.
Apesar disso, o clube viveu momentos de oscilação esportiva, basicamente por conta de deficiências na parceria, na gestão do futebol e variações no volume de investimento da parceira econômica.
A partir de 2010, com forte investimento e consequente conquista do tricampeonato brasileiro, o modelo de parceria com a Unimed mudou, tornando-se essa uma investidora direta, através da Unimed Participações, nos direitos econômicos dos atletas. O modelo de investimento exclusivo impulsionou o clube para um outro patamar. Desde então, o Fluminense voltou a conquistar o Campeonato Brasileiro em 2012, esteve entre os três primeiros em 2011 e participou de três edições da Copa Libertadores. As oscilações ficaram no passado.
Na outra ponta, Peter Siemsen assumiu o clube em 2011 tendo como um dos principais objetivos equacionar a enorme dívida do clube, hoje acima dos R$400 milhões. Mesmo obtendo alguns resultados expressivos em campo, o Fluminense seguiu acelerando o crescimento da dívida na década passada, inclusive acabando por perder o direito de participar de programas de auxílio aos clubes, como o Ato Trabalhista.
Beneficiado pelas novas receitas da televisão, que elevaram o clube de patamar economicamente, Peter começou a empreender uma reestruturação do mesmo, investindo na formação de ativos em Xerém, recolocando o clube no Ato Trabalhista, pelo qual o Fluminense se livrou das penhoras por conta de execuções, e também na formação de novas receitas com sócios.

Com o acordo recente feito com o Maracanã e o reconhecimento da excelência na formação de atletas, o Fluminense vive, segundo o próprio presidente, um momento favorável economicamente, com capacidade de superar em 2013 as receitas obtidas nos anos anteriores. O Fluminense apurou em 2012 cerca de R$150 milhões em receitas. Pouco se comparado com alguns rivais, caso do Corinthians, que já ultrapassou a casa dos R$250 milhões. A questão é que o investimento da Unimed, algo na casa dos R$60 milhões em 2012, reequilibra o jogo, sobretudo porque é um dinheiro não tributado, ainda que não necessariamente capitalize o clube. De qualquer modo, mantém a competitividade do futebol tricolor.
"O clube está muito próximo de estar muito bem. Mas a gente tem o calcanhar de Aquiles agora que é uma situação muito grave que a gente não está satisfeito com a falta de compreensão da área pública", falou Peter.
A Timemania e a dívida tributária
O calcanhar de Aquiles a que se refere Peter Siemsen tem origem na questão da dívida tributária. O Fluminense fechou o ano de 2012 com uma dívida com a União de R$138 milhões. Assim como os demais clubes, o Fluminesne aderiu à Timemania, criada para auxiliar os clubes no pagamento dessa dívida. Com o recurso da Timemania, os clubes puderam parcelar a dívida fiscal e parte do pagamento das mesmas é feita com as receitas da própria Timemania.
Apesar disso, as dívidas novas não foram incluídas no acordo, de modo que são sujeitas a execução. O auxílio do governo não foi capaz de fazer com que os clubes se enquadrassem dentro de uma política de austeridade na gestão dos recursos e as dívidas seguiram aumentando. No caso do Fluminense, um valor de R$31 milhões, referente ao não pagamento à Fazenda de tributos no período entre 2007 e 2010, era conhecido e motivo de preocupação.
"O Fluminense, fora da Timemania, tinha R$31 milhões em aberto, que não haviam sido pagos após o acordo da Timemania. E a gente sabia que uma hora esse passivo ia chegar para a gente pagar. Grande parte é de valor que você não pode parcelar administrativamente. Então você tem que obter o parcelamento judicialmente, para garantir uma fonte de penhora fixa. Eu conversei com nossos advogados e disse que o Fluminense queria pagar tudo", explicou Peter.

A tentativa de parcelamento e a negociação
Desde o segundo semestre do ano passado, com essa dívida em execução, o Fluminense buscou o parcelamento da mesma pela via judicial e ofereceu como garantia receitas da Globo.
"Eu levei os contratos que geram receita para o clube para eles verem a nossa capacidade de pagamento diante de todo equacionamento de parcelas que nós já tínhamos. Fizemos uma negociação e chegamos a um valor de R$1,127 milhões, empenhando o contrato Globo, com a Globo depositando direto na Caixa"
Segundo o Diretor-Executivo do clube, Jackson Vasconcelos, o verdadeiro responsável pela gestão das finanças do clube, em texto publicado em sua página no facebook, confirmado pelo mesmo como de sua autoria, o acordo que permitiria que o Fluminense liquidasse a dívida em menos de três anos foi, aparente e amistosamente aprovado pelos procuradores. Não obstante, segundo narrou Peter, tão logo foi anunciada a premiação pela conquista do Campeonato Brasileiro de 2012, a Procuradoria, além de não ratificar o acordo, iniciou uma caçada às receitas do clube.
O Fluminense começou o exercício de 2013 enfrentando problemas como o atraso do pagamento aos atletas da parte que lhes cabia na premiação pela conquista do Campeonato Brasileiro. Os atrasos no pagamento dos salários e das parcelas da Timemania também se fizeram sentir. O clube começava a viver as consequências da perseguição da PGFN.
A Procuradoria Geral do Flamengo
No início do ano, o Flamengo anunciou Flávio de Araújo Willeman seu Vice-Presidente Jurídico. Flávio é funcionário graduado da Procuradoria Geral do Estado. O presidente Bandeira de Mello garante que não há conflito de interesses.
A influência rubro-negra nos órgãos públicos, todavia, não para por aí. Revelou Jackson Vasconcelos, que esteve presente à primeira reunião com a Procuradoria, no início do segundo semestre de 2012, que um dos procuradores, responsável direto

Coincidência ou não, em março desse ano o Flamengo conseguiu o parcelamento de sua dívida em execução, maior que a do Fluminense, com a PGFN-RJ. O clube fez tudo como manda o figurino, pagou uma quantia vultosa em adiantamento, ofereceu garantias e, de quebra, obteve a certidão negativa de débito, que lhe propiciou fechar com a Caixa Econômica Federal um patrocínio ( ou seria ajuda? ) na casa dos R$25 milhões. O Flamengo não conseguiu no mercado obter um patrocínio master, mas foi beneficiado pela ação do poder público.
Já com o Fluminense, os critérios usados pela Procuradoria parecem ter sido diferentes. Jackson contou a história do período que compreendeu janeiro a março de 2013 no documento publicado no facebook.
“Acuados, buscamos o socorro dos juízes e obtivemos uma decisão favorável, que mostrou ser, mais adiante, uma vitória de Pirro (...). A decisão judicial obrigava a Receita a reconhecer o acordo com o qual havia, pouco antes, concordado.
“Os Procuradores conseguiram, contudo, convencer a Juíza da Vara em que a execução era maior em valor, a descumprir a decisão de Segunda Instância. Caiu a máscara dos Procuradores. Enquanto no palco ocupado pelo Fluminense no teatro da Procuradoria da Receita Federal o clima era de tragicomédia, em outro, onde encenava o Flamengo do senhor Agostinho do Nascimento Netto, imperava a felicidade. A mesma Procuradoria que negara ao Fluminense, (...) parcelas mensais de R$ 1.127.000,00, autorizava o Flamengo, (...) parcelas mensais de R$ 500.000,00", completou.
O golpe final
A mesma Procuradoria, procurada mais uma vez pelo Fluminense, se dispôs a negociar novamente a proposta do clube de pagar R$1.127 milhões mensais, mais que o dobro das parcelas acordadas com o Flamengo.. As penhoras já somavam na casa dos R$11 milhões. Agora era chegado o momento de finalmente o Fluminense conseguir o seu acordo.
Peter Siemsen conta o que aconteceu em seguida.
"Voltamos então a negociar. Já tinha R$11 milhões penhorados, faltavam R$20 milhões. Acertamos a mesma parcela de R$1,127 milhões. Antes da Páscoa foi marcada a reunião para a gente fechar o acordo. Aí o Procurador Geral Regional foi a reunião e falou na minha cara que não ia fechar. Eu perguntei pelo princípio da isonomia. Lembrei que nós estávamos devendo menos e querendo pagar em menos tempo. Aonde estava o problema? O argumento deles, o mais contundente, que foi de um outro procurador, foi de que a situação dos clubes era diferente. O Fluminense estava numa disputa judicial há muito tempo e eles entenderam que pelo fato de nós estarmos numa disputa judicial não permitia ao Fluminense ter o mesmo tratamento. Eu discordo totalmente, porque a disputa judicial é sobrevivência. A gente queria dinheiro para pagar salário e não para gastar em festa. Deixei claro que não poderia ser levado pelo lado pessoal e sim pelo lado da lei e do pragmatismo. Eu detesto privilégio. A lei existe para que todos sejam tratados igual. Meu cabelo embranqueceu de lá para cá, não durmi várias noites, porque eram várias famílias depenedendo de mim."
Certo de que não havia mais a qualquer possibilide de um acordo com a PGFN-RJ, Peter foi a Brasília tentar reverter a situação. Enquanto negociava em Brasília, as penhoras tinham prosseguimento. Em julho, chegavam à casa dos R$20 milhões. Defendia-se então que, diante de tamanha dificuldade de obter um acordo e estando claro que o objetivo era prejudicar e tentar inviabilizar o clube financeiramente, o Fluminense vendesse um ou mais jogadores e pagasse os R$11 milhões restantes.
Era a esse objetivo que se propunha a venda de Wellington Nem. O Fluminense arrecadaria R$15 milhões, pagaria o que faltava da dívida em execução e ainda colocaria em dia as parcelas atrasadas da Timemania. O clube venderia ainda o meia Thiago Neves, em cuja transação obteria cerca de R$3,5 milhões em recursos. Pelo menos o passado estaria resolvido, segundo Peter, até com folga.

"Eu não consigo ver outra coisa se não uma sacanagem. Não há outra palavra para definir isso. A gente tinha o dinheiro para pagar. O que eles fizeram? Vai pagar? Vai consertar o clube? Não quero não. Exclui aí! Exclui da Timemania! Porque o próprio procurador do Rio que tem esse direito. Durante sete anos nenhum clube brasileiro foi excluído por atraso. Cheguei no Fluminense, tinha 15 meses de atraso de Timemania e não tinha sido excluído. Todo mundo atrasou e a regra é que atrasou seis parcelas ou três meses em sequência, tem que excluir. Nunca ninguém foi. Por que querem excluir quem estava pagando, quem ia quitar os doze com uma venda? Nem parcelamento eu precisava mais. O que eu tinha para pagar era isso, que o resto estava equacionado. A procuradora, às 11 da manhã imprimiu da própria tela do computador, atravessou a petição e falou "Excelência, não pode receber". Bloquearam tudo e nós temos R$22 milhões para receber de venda de atleta e não podemos receber.Essa procuradora específica é a Clarrise. Mas tem vários participando do processo", contou Peter o ultrajante episódio.
Um clube sob ameaça de insolvência e a reação da torcida
O Fluminense tem hoje R$18,5 milhões em receitas bloqueadas e R$105 milhões de dívidas em execução. Segundo Peter, o clube convive com um mês e meio de salários atrasados. Os riscos se multiplicam. Sem ter como pagar os salários dos jogadores mais jovens, que são bancados pelo clube, pode até perdê-los.
Peter revelou que tem contratos engatilhados e que não pode assiná-los em razão da insegurança quanto aos riscos de novas penhoras em toda e qualquer receita. O clube estuda medidas judiciais mais rígidas para tentar reverter a situação. O risco de não fazê-lo é quase igual ao de enveredar pelo caminho dos tribunais. A negociação com Brasília não evolui e parece fadada a se arrastar, até que o clube chegue à insolvência. Ir à justiça também representa riscos. A situação do clube, que vem se pautando pelo cumprimento das obrigações, que é contra a proposta de anistia às dívidas tributárias dos clubes e deseja pagar o que deve, é dramática.
"O Fluminense estava próximo de se reestruturar por uma centelha. E essa centelha está virando uma fogueira. Daqui a pouco vai virar um incêndio, a gente perde o controle e, ou se resolve isso em Brasília já e o Fluminense segue a vida com uma projeção excelente para o futuro, porque não estamos assinando nenhum contrato, porque não vamos fazer contratos que não possamos honrar, ou, nós já estamos optando pela via judicial e por uma ação dura, o Fluminense vai voltar a ser aquele clube que não cumpre nada e eu vou me sentir fracassado como presidente do clube.
Eu sou zero favorável à anistia. Acho que quem tem dívida tem que pagar. O caminho de Brasília parece inviável. Não dá tempo. Estamos estudando a medida judicial. Mas isso é bala de prata, matar ou morrer. Eu gostaria de essa semana ter a chance de resolver isso em Brasília. Gostaria muito. Isso é um apelo. Se isso acontecer você vai ter um dirigente apaixonado, com gás renovado", completou o mandatário do segundo cargo mais importante da República.
A entrevista repercutiu entre os torcedores, que se mobilizam para a realização de uma manifestação em frente à sede da procuradoria no Rio de Janeiro no próximo dia 30 de agosto.
http://otricolor.com/?pg=noticia&id=4352[/TD]
[/TR]
[/TABLE]
É preocupante o fato da Procuradoria Geral da Fazendo não ter dito nada esclarecedor sobre o assunto citado.