Filosofia Clínica é uma proposta de utilização terapêutica da filosofia.
Assemelha-se à Philosophische Praxis ou Philosophical counseling, criada por Gerd Achenbach, em Colônia, Alemanha, em 1981, a partir da concepção epicurista de filosofia como "terapia da alma".
A Filosofia clínica foi criada em fins da década de 1980, pelo psicanalista e filósofo Lúcio Packter, no Rio Grande do Sul. Segundo Packter, a Filosofia clínica "direciona e elabora, a partir da metodologia filosófica, procedimentos de diagnose e tratamento endereçados a questões existenciais encontradas em hospitais, clínicas, escolas e ambulatórios. Técnicas que diferem dos métodos e fundamentos da Psicologia, da Psiquiatria e da Psicanálise: não existe o conceito de normalidade, de patologia; não existem concepções a priori como ‘o homem é um ser social’, ‘o homem busca a felicidade’. Tudo parte da historicidade da pessoa atendida, percorrendo-se desde o logicismo formal até a epistemologia nas questões focadas no diagnóstico dos problemas. A fundamentação das questões consta da Filosofia acadêmica, inteiramente, com seus escritos e autores. Está baseada no Logicismo, na Epistemologia, na Fenomenologia, na Historicidade, no Estruturalismo e na Analítica da Linguagem, entre outras abordagens"
Crítica
A Filosofia Clínica tem divido opiniões entre psiquiatras, psicólogos e também de filósofos. Dentre os problemas apontados, alguns psiquiatras questionam a sua insuficiência para evidenciar disfunções orgânicas que originam males existenciais. Já os psicólogos acreditam ser errônea a racionalização de questões que certamente pertencem ao campo das emoções. Uma grande soma de críticas decorrem do fato da Filosofia Clínica não trabalhar idéias prontas, não trazer padrões ou "respostas modelo", mas apontar sempre para a singularidade do indivíduo e para a análise de cada Estrutura de Pensamento (EP), o que geralmente é de difícil compreensão por parte dos profissionais de outras áreas diversas.
Sobre a Filosofia clínica
A Filosofia Clínica é assim definida, por Lúcio Packter, o pioneiro e sistematizador desta abordagem filosófica no Brasil:
a) O uso do conhecimento filosófico à psicoterapia.
b) A atividade filosófica aplicada à terapia do indivíduo.
c) As teorias filosóficas empregadas às possibilidades do ser humano enquanto se realiza por si mesmo.
Pode-se dizer que é a filosofia acadêmica aplicada à psicoterapia. Nesta prática haverá um interseção entre o filósofo clínico e o partilhante (não necessariamente). Cabe ao filósofo categorizar o que o partilhante lhe traz, a sua historicidade (para tanto existem 5 categorias que permitem a abstração da condição existencial em que o mesmo se encontra). Feito isso, é traçada uma estrutura de pensamento do partilhante, dividida em 30 tópicos, que indicará os choques estruturais que levaram a pessoa a procurar pela terapia.
Traçada a Estrutura de Pensamento, o Filósofo Clínico estuda os possíveis submodos (procedimentos clínicos) que se utilizará para trabalhar as questões últimas do partilhante (e não mais os assuntos imediatos). Vale ressaltar que também são analisados os submodos informais, ou seja, as ferramentas que a própria Estrutura de Pensamento da pessoa já se utiliza para tratar das suas questões. Os submodos (modo de baixo para cima) são assim definidos numa referência de que os procedimentos devem partir das características da EP do partilhante e não de métodos prontos, ou seja, eles fluem do próprio partilhante (através de sua historicidade) e são aplicados em deferência às suas características singulares.
Uma grande inovação que a Filosofia Clínica traz, através de sua metodologia única de elaboração de Estruturas de Pensamentos Singulares, é o fato de poder se trabalhar os "elementos de predominância", podendo ser eles tanto Tópicos da EP, Submodos ou outros elementos diversos. Estas características, acrescidas do fato dela demonstrar uma eficácia em clínica considerada por muitos estudiosos como extraordinária (principalmente por psiquiatras), vem dando à Filosofia Clínica um status elogiado entre os profissionais de diversas áreas, desde a saúde, a educação, até o direito e a economia, dada sua maleabilidade e múltiplos campos de atuação.
Cabe ressaltar que em filosofia clínica os conceitos de doença e patologia deixam de existir, havendo, então, representações de mundo que originam maneiras singulares de existência. Em decorrência disso, fica explícito que a filosofia clínica não promove curas, mas auxilia na tentativa de resolução de choques estruturais que causam um mal-estar existencial à pessoa.
Crescendo exponencialmente, a Filosofia Clínica já ganhou espaço dentro de diversas instituições de ensino públicas e privadas, desde instituições internacionais até universidades federais, tendo sua atuação em diversos hospitais, centros psiquiátricos, instituições educacionais e órgãos públicos de todo o país.
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_clínica