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Filme: A História de Adèle H. (François Truffaut, 1975)

[align=justify]Sinopse: Adèle Hugo (Isabelle Adjani), filha do escritor Victor Hugo, é abandonada pelo tenente Pinson (Bruce Robinson), por quem estava perdidamente apaixonada. Em 1861, ele deixa o país para servir na base de Halifax, no Canadá, e já não se lembra mais de Adèle. Ela o atormenta a ponto de anunciar o casamento dos dois num jornal local, provocando o rompimento da união dele com a filha de um juiz. Doente, sem recursos, ela empreende uma perseguição implacável que resulta em sua própria loucura.[/align]

Fonte: Filmow

Histoire_d_Adele_H_1.jpg


Assisti esse filme há bem pouco tempo. O Vinnie pediu para que eu o comentasse. Achei legal abrir um tópico pois se tiver mais alguém que viu podia comentar também.

É um filme belíssimo... O filme é todo baseado no diário de Adèle Hugo.
E, creia, ela era completamente obsessiva por Pinson. Sabe aquelas mulheres que têm como único foco a pessoa amada? Que são completamente passionais? Se naquela época existe o MADA (Mulheres que amam demais) ela Adéle estaria nele.

Truffaut faz um filme simples, mas com uma história poderosa. Do pessoal da Nouvelle Vague era o diretor mais acessível. Nesse filme, é a mesma coisa. Isabelle Adjani, que faz Adéle, carrega o filme sozinha. Não foi à toa que recebeu indicações ao Oscar e ao César (prêmio francês). Ela compõem uma Adèle intensa, passional e que é capaz de morrer por causa desse amor. Não vou contar aqui, mas ela se submete à muita coisa pra ficar com seu amado.

Ah! Não sei onde li que Caio Fernando Abreu faz uma menção a esse filme em um conto. Infelizmente não sei qual é... Se alguém souber, poste aqui.

Vale a pena assistir...
 
Isabelle Adjani :grinlove:
Esse já foi pra minha listinha de filmes a serem assistidos.


Maura Corrêa disse:
Ah! Não sei onde li que Caio Fernando Abreu faz uma menção a esse filme em um conto. Infelizmente não sei qual é... Se alguém souber, poste aqui.

Maura,acho que você está se referindo à Extremos da Paixão:

Extremos da Paixão - Caio Fernando Abreu

"Não, meu bem, não adianta bancar o distante
lá vem o amor nos dilacerar de novo..."


Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.

Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-vivo-então-quero-morrer-drogado. Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: "Se você não me amar, eu matarei o presidente". E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.

No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira:compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe,berrando de pavor para o mundo insano,e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó.O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya,ilusão,passatempo.E exigimos o terno do perecível,loucos.

Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se em símbolosem face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo" - dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.

Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.

Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.


(in Pequenas Epifanias)


http://semamorsoaloucura.blogspot.com/2006/11/extremos-da-paixo.html
 
Valeu pela dica, Maura! Fiquei curiosa e já foi pra minha listinha também! Acho que vou aproveitar pra ver esse junto com A Noite Americana, do mesmo diretor e que me foi muitíssimo bem recomendado justamente esses dias.
 
Maura!!! Valeuuuuuuuuuuu!!! Desde que vi Julie & Jim pela primeira vez (faz tempo...), Truffalt me encantou... Calhou de eu ver o Julie & Jim de novo e dar com "A História de Adèle H." na sua lista. Muita conhecidência!! Por isso te pedi pra comentar... :lily:


A história parece tensa.... interessante. Vou conferir e volto aqui pra dizer o que achei. De novo.. obrigado!
:tchauzim:
 
Vinnie disse:
Maura!!! Valeuuuuuuuuuuu!!! Desde que vi Julie & Jim pela primeira vez (faz tempo...), Truffalt me encantou... Calhou de eu ver o Julie & Jim de novo e dar com "A História de Adèle H." na sua lista. Muita conhecidência!! Por isso te pedi pra comentar... :lily:


A história parece tensa.... interessante. Vou conferir e volto aqui pra dizer o que achei. De novo.. obrigado!
:tchauzim:

Julie e Jim é um belo filme, Vinnie. Tô precisando rever...
 

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