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Filhos da Esperança (Children of Men, 2006)

Controle. As pessoas tentando manter os últimos resquícios de uma vida organizada como eles a conheciam, sem se deixar consumir pelo caos e desordem totais provocadas pela total nihilismo provocado pela esterilidade da espécie.

Como num filme do Romero.

Ok, há uma lógica interna, mas ainda me soa como uma mera referência superficial que não chega em lugar nenhum e não tem nada a ver com a trama. Sei lá, não funcionou pra mim.
 
Você pode desenvolver mais isso.

Definitivamente, mas eu estou com preguiça. Eu não gostei nem desgostei do filme o suficiente pra me aprofundar.

Paulo disse:
Eu acho que a premissa é bem desenvolvida de diversas maneiras:
a) com o tema dos imigrantes ilegais. Ou seja, o quanto torna-se necessário e desejável (isso é mais importante no caso) um Estado forte, ainda que bastante repressor.
b) como os países com condições de manter sua população em segurança se fecham para o mundo exterior.
c) ainda que o estado ofereça conforto e segurança, algumas pessoas preferem viver de forma marginal a este (vide os bandos armados na estrada).

Isso tudo é meio óbvio, não? Digo, o filme não faz nenhum comentário interessante sobre esses assuntos, ele só usa eles como parte do cenário. Não que alguma epifania brilhante fosse necessária, mas tudo isso é apresentado de um jeito meio vago e burocrático, desculpas pra colocar os personagens em situações extremas.

Paulo disse:
d) acho que o filme trata, sobretudo, do que acontece quando não há mais esperança. Quando a pessoa mais jovem morre e não nasce ninguém a 25 anos ninguém mais tem esperança em relação a nada.

E aí as pessoas
vêem um bebê e é como uma visão mágica, religiosa, a Esperança Renascendo e etc. Elas até param de atirar umas nas outras.
Sim, isso ficou claro.

Paulo disse:
Eu poderia citar vários tópicos interessantes que o filme aborda.

Tipo a alegoria cristã? É, isso também ficou óbvio e não levou a lugar nenhum.

Paulo disse:
Talvez eles não sejam interessantes para você.

Talvez o filme não os tenha explorado de formas interessantes pra mim. :hanhan:

Paulo disse:
Essa análise também poderia sem empreendida sobre o os personagens. Ainda que a maioria não tenha muito tempo em tela, vários tem um significado intrínseco e servem de gatilho para algumas reflexões.

"Você pode desenvolver mais isso." -- Paulo

Não, eu tô só te enchendo. Mas falando sério, você pode desenvolver mais isso.

Paulo disse:
Certamente não é a parte mais importante.

Mas é algo que foi colocado ali pra dar "importância" pra história, fazendo uma relação com um problema atual. O problema é que é só isso. Um reconhecimento do problema. Nada mais.

Paulo disse:
A premissa inicial é ótima. Mas isso é bastante óbvio.

A premissa é definitivamente interessante, mas isso não diz nada sobre o resultado, concorda?

Paulo disse:
Pra mim, e isso é bastante pessoal, o papel do estado na vida daquelas pessoas é o mais interessante.

Não vi nada muito relevante nesse sentido, mas se funcionou pra você...

Paulo disse:
Diversas cenas me impressionaram, mas a minha preferida é quando o Faron visita o primo e entra numa Londres totalmente diferente. Tem outro mundo dentro dos portões protegidos por guardas. E esse mundo não é acessível pra grande maioria da população, mesmo para os ingleses.

Que nem em LAND OF THE DEAD (uau, eu consegui fazer duas comparações entre Children of Men e Romero na mesma página).

Paulo disse:
A idéia de que as crianças pararam de nascer e ninguém tem a menor idéia do porque também é boa. Dá margem à muita coisa.

Cite uma dessas coisas, de preferência uma que esteja no filme.

Paulo disse:
Eu também gostei bastante de como o filme mostra o capacidade de adaptação dos personagens. E faz isso sem cair em uma homogeneidade simples: Alguns lucram com o estado do mundo, outros se matam, a maioria segue vivendo.

É cara, mas aqui vai um segredo pra você: isso é o mundo. Sempre foi. E todo mundo sabe disso.

Paulo disse:
Eu acho que é uma reflexão bastante importante.

Isso não é uma reflexão, é um fato bastante óbvio.

Paulo disse:
Eu não achei superficial não. Não é óbvio, mas está lá, como você disse, ao longo de todo o filme.

Já falei sobre isso acima.

Paulo disse:
Eu concordo que o filme aborda muitas temáticas, talvez mais do que deveria, mas não acho que estas fiquem "jogadas", só não são tão desenvolvidas quanto poderiam ser. Mas acho que a opção frente a isso foi boa: eles jogam parte do desenvolvimento de questões marginais a linha central do filme para a audiência.

Cara, 90% do filme consiste em levar a pessoa X do lugar A ao lugar B. O resto é frescura.
 
A Inglaterra foi o que sobrou do planeta e o governo quer proporcionar mínima decência à vida dos cidadãos ingleses que se dispõem a continuá-la. Incentiva o consumo de drogas de suicídio aos deprimidos e força a denúnica de imigrantes legais oriundos dos 190 países varridos do mapa. Quanto menos gente sobra lá, melhor podem viver os que sobram. Eu considero isto perfeitamente plausível. Desmerecer um filme de ficção científica por inverossimilhança é dose. E "sem ponto" é um conceito bem relativo. Eu achei Bubble sem ponto. Subjetividade a parte, Filhos da Esperança é foda em todos os quesitos técnicos imagináveis. Que nota você deu, V?
 
A Inglaterra foi o que sobrou do planeta e o governo quer proporcionar mínima decência à vida dos cidadãos ingleses que se dispõem a continuá-la. Incentiva o consumo de drogas de suicídio aos deprimidos e força a denúnica de imigrantes legais oriundos dos 190 países varridos do mapa.

Fantástico, por que não fazer um filme sobre isso?

Quanto menos gente sobra lá, melhor podem viver os que sobram. Eu considero isto perfeitamente plausível.

Eu já admiti que é plausível. Esse não é o problema. Releia meus posts.

Desmerecer um filme de ficção científica por inverossimilhança é dose.

Que se dane a inverossimilhança, o problema é... ah, esquece. Eu realmente não estou com paciência pra discutir.

E "sem ponto" é um conceito bem relativo. Eu achei Bubble sem ponto.

Aham.

Subjetividade a parte, Filhos da Esperança é foda em todos os quesitos técnicos imagináveis. Que nota você deu, V?

Algo em torno de uns 55, aprox.
 
O problema com o filme é que ele é simplesmente mal escrito. Ele pega uma premissa cuja importância no contexto é tremenda - infertilidade no mundo todo, o possível fim da raça humana - e usa ela apenas pra jogar em cima "assuntos importantes atuais!", ignorando o fato de que tais assuntos provavelmente não se encaixariam nessa premissa.

Até onde eu sei, o livro é escrito por uma cristã. Ele funciona como uma crítica contra a "cultura da morte" - aborto, eutanásia, homossexualismo, etc. A premissa é uma alegoria, uma radicalização do que a direita cristã acredita que já está acontecendo. Portanto, o livro é coerente. Ele lida diretamente com a premissa.

Além disso, segundo quem leu, a imigração aparentemente é encorajada no livro. Não há nenhuma campanha violenta contra imigrantes. O que faz total sentido, é claro: com a população diminuindo e possuindo idades cada vez mais avançadas, é natural que queiram trazer imigrantes para ocupar certos tipos de emprego. Pelo o que eu vi na sinopse do livro no Wikipedia, imigrantes nem são muito mencionados. (aliás, em tal sinopse foram citados vários elementos diretamente relacionados à premissa que parecem fascinantes, como isso: "Many use dolls as substitutes for infants or animals like dogs and cats dressed in baby clothes. Some women want to baptise these "animal-children" and there is much debate about whether priests should perform this service.")

O Cuaron e os outros 36 roteiristas ignoram todos estes aspectos fascinantes da premissa, jogam a coerência pela janela. A alegoria da P.D. James sobre a "cultura da morte" se transforma simplesmente numa metáfora vaga para a "Morte (e Renascimento) da Esperança". Apenas um ponto de partida.

Se eles quiseram fazer um filme falando sobre imigração, porque usar uma premissa que não tem nada a ver com isso? Que é, de certa forma, oposta a isso?

Sem falar a grande quantidade de diálogo horrível como "As the sound of the playgrounds faded, the despair set in. Very odd, what happens in a world without children's voices" (que fica mais horrível ainda dito no ambiente "naturalista" que o Cuaron cria pro filme). E as cenas estúpidas de pura exposição - e.g. um ônibus com imigrantes (opa! lá vem eles!) passa ao lado do carro do Jasper e ele começa a dar uma explicação digna de guia turístico pro Theo (mas que, na verdade, é pra platéia). Porque não colocar alguns textos explicativos no começo e evitar o constrangimento de cenas como essa? Até a trilha sonora dos anos 70 me pareceu mal orientada (e aquela referência à Animals é realmente necessária?). Etc etc.

Mas a direção é bem impressionante. A segunda metade é bem melhor que a primeira.
 
Última edição:
Isso tudo é meio óbvio, não? Digo, o filme não faz nenhum comentário interessante sobre esses assuntos, ele só usa eles como parte do cenário. Não que alguma epifania brilhante fosse necessária, mas tudo isso é apresentado de um jeito meio vago e burocrático, desculpas pra colocar os personagens em situações extremas.

Acho que é esse o ponto da discussão. Você acha que por não aprofundar todas essas temáticas o filme deixa tudo vago. Eu acho que não.

Conseguiram espremer em duas horas de filme muitas temáticas, não dava pra aprofundar satisfatoriamente todas elas nesse tempo. E frente a isso a melhor opção é não tentar, ficaria muito ruim. O que fizeram foi tornar a maioria dessas temáticas marginais a história principal, coisas que estão ali, não jogadas como você falou, mas acessíveis se alguém tiver vontade de aprofundá-las. O final do filme deixa isso bastante claro.

Tipo a alegoria cristã? É, isso também ficou óbvio e não levou a lugar nenhum.

Essa referência é presente ao longo do filme. O que você esperava? É uma alegoria, talvez tenha muito mais significado numa interpretação que leve em conta os aspectos religiosos da história.

Talvez o filme não os tenha explorado de formas interessantes pra mim. :hanhan:

Não necessariamente isso é um problema do filme.

"Você pode desenvolver mais isso." -- Paulo

Não, eu tô só te enchendo. Mas falando sério, você pode desenvolver mais isso.

Eu também estou com preguiça. :neutral:

Mas é algo que foi colocado ali pra dar "importância" pra história, fazendo uma relação com um problema atual. O problema é que é só isso. Um reconhecimento do problema. Nada mais.

Eu não acho que a questão da imigração tenha sido colocada ali "pra dar importância" pra história, tornar atual etc. Essa temática também está no livro, não da forma como parece no filme, mas está lá.

E além disso, o reconhecimento do problema é um passo importante. O filme não se propõe a esmiuçar o problema, ele basicamente o apresenta. No entanto eu não lembro de muitos filmes que fazem isso, ao menos não em ficção científica. Foi uma boa sacada.

A premissa é definitivamente interessante, mas isso não diz nada sobre o resultado, concorda?

É um bom começo.

Não vi nada muito relevante nesse sentido, mas se funcionou pra você...

Eu reconheço que é subjetivo. Talvez tenha sido esse o seu problema com o filme: Não abordou nada que funcione pra você.

Que nem em LAND OF THE DEAD (uau, eu consegui fazer duas comparações entre Children of Men e Romero na mesma página).

Ainda não vi.

Mas é um pedaço da cidade isolado dos zumbis, não de outras pessoas, ou é?

Cite uma dessas coisas, de preferência uma que esteja no filme.

A questão religiosa por exemplo. Aparece com os flageladores no início do filme e eu acho que outros personagens também falam disso. Como se a coisa toda fosse um castigo de Deus.

Ou todas as referências feitas a temática ecológica.

É cara, mas aqui vai um segredo pra você: isso é o mundo. Sempre foi. E todo mundo sabe disso.

Vou retribuir com outro segredo: Nem todos os filmes conseguem retratar isso de forma satisfatória.

Talvez fazer isso não seja um mérito, mas uma obrigação, o caso é que a maioria dos filmes não o faz.

Isso não é uma reflexão, é um fato bastante óbvio.

Consigo pensar em alguns governos que não concordam com você.

Cara, 90% do filme consiste em levar a pessoa X do lugar A ao lugar B. O resto é frescura.

Eu penso que 10% consiste nisso, a parte que menos importa. Eu gostei muito do filme não por isso, mas por tudo o que ele aborda. OK, não de forma complexa e aprofundada, mas como eu já disse, existem motivos pra isso. E mesmo apenas tocando em muitas temáticas, isso é feito de forma bastante interessante.

O problema com o filme é que ele é simplesmente mal escrito. Ele pega uma premissa cuja importância no contexto é tremenda - infertilidade no mundo todo, o possível fim da raça humana - e usa ela apenas pra jogar em cima "assuntos importantes atuais!", ignorando o fato de que tais assuntos provavelmente não se encaixariam nessa premissa.

Esse "assuntos atuais" estão no livro.

Até onde eu sei, o livro é escrito por uma cristã. Ele funciona como uma crítica contra a "cultura da morte" - aborto, eutanásia, homossexualismo, etc. A premissa é uma alegoria, uma radicalização do que a direita cristã acredita que já está acontecendo. Portanto, o livro é coerente. Ele lida diretamente com a premissa.

Você não poderia estar mais enganado.

O livro não é nada disso. Talvez, e isso é um talvez bem grande, exista alguma coisa no livro contra o suicídio, e só.

E que tipo de pessoa coloca aborto e eutanásia ao lado de homossexualismo? :eek:

Além disso, segundo quem leu, a imigração aparentemente é encorajada no livro.

Não é assim tão simples. Alguns imigrantes são selecionados para trabalhar em serviços do estado, reparos de estradas etc ou como empregados da população, limpando casas.

Não há nenhuma campanha violenta contra imigrantes. O que faz total sentido, é claro: com a população diminuindo e possuindo idades cada vez mais avançadas, é natural que queiram trazer imigrantes para ocupar certos tipos de emprego.

Depende do que você considera como violência. Eles são tratados como escravos e expulsos da Inglaterra após determinada idade.

Pelo o que eu vi na sinopse do livro no Wikipedia, imigrantes nem são muito mencionados.

Isso está errado. Eles não são o ponto principal da história, mas são mencionados o tempo todo.
 
Você não poderia estar mais enganado.

O livro não é nada disso. Talvez, e isso é um talvez bem grande, exista alguma coisa no livro contra o suicídio, e só.

Bem, pessoas que leram o livro me disseram que é uma crítica à cultura da morte sim. Aparentemente você e eles o interpretaram de formas diferentes.

Leia, por exemplo, esta ótima crítica do Victor Morton (desça um pouco a página). Ele leu o livro. Ele menciona o que ele acha ser o propósito do livro.

E que tipo de pessoa coloca aborto e eutanásia ao lado de homossexualismo? :eek:

Cristãos, provavelmente. Pense um pouco, faz sentido. Embora eu não sei se esse elemento é diretamente mencionado no livro.

Não é assim tão simples. Alguns imigrantes são selecionados para trabalhar em serviços do estado, reparos de estradas etc ou como empregados da população, limpando casas.

E eu suspeito que eles não são tratados como uma epidemia que deve ser combatida, como no filme.

Depende do que você considera como violência. Eles são tratados como escravos e expulsos da Inglaterra após determinada idade.

Mas há uma campanha violenta contra eles, com cartazes e outdoors ridículos aparecendo a todos os momentos, como no filme?

Isso está errado. Eles não são o ponto principal da história, mas são mencionados o tempo todo.

Eu não li o livro, então estou me baseando só em relatos de pessoas que leram, e na sinopse do Wikipedia. Mas eu suspeito que eles não tem a mesma ênfase que tem no filme. E eles provavelmente são vistos de uma forma diferente.

Mas o livro é irrelevante, na verdade. Eu só citei como uma possível alternativa mais coerente. A idéia de imigrantes serem o maior problema atual num mundo cuja humanidade parece estar chegando ao seu fim é meio idiota. O Cuaron apresentou uma premissa envolvendo infertilidade mundial e usou isso apenas como uma forma de desenvolver um McGuffin (o bebê) e uma metáfora bem vaga; é como fazer um filme sobre a descoberta de um cometa vindo na direção da Terra, e fazer o foco temático do seu filme a questão da legalização da maconha. Não é uma boa idéia. Uma pena que o roteiro também tem personagens mal desenvolvidos (já que a desculpa "alegórica" não funciona, isso só piora este aspecto), diálogo ruim, exposição desengonçada, etc, se não eu teria deixado passar a incoerência da premissa com o tema.
 
Última edição:
O pior é que eu até gosto do filme, ele é tecnicamente muito bem produzido (o que causa histeria entre os Pablos Villaças da vida, whatever), mas reconheço que ele dá muita margem para as críticas de "por quê não exploraram a premissa original?".

Um grande problema é que a grávida do primeiro bebê em 18 anos poderia ser facilmente substituída por uma grávida do primeiro X-Man, por um X-Man, por um ET, por qualquer um que guardasse um segredo que poderia salvar o mundo, que nada mudaria na história. Até mesmo a cena da epifania no meio da batalha continuaria existindo.

O filme é ambicioso, mas isso torna-se um problema, porque são anunciados vários temas, muita expectativa é gerada, mas o filme não vai tão longe quanto suas ambições (não de forma satisfatória para todos, anyway). Eu concordo que o filme está mais interessado na questão da imigração, na repressão, até na invasão do Iraque (cenas nos campos de imigrantes evocam os vídeos do "tratamento" dado aos prisioneiros iraquianos) do que na questão da infertilidade mundial.
 
Bem, pessoas que leram o livro me disseram que é uma crítica à cultura da morte sim. Aparentemente você e eles o interpretaram de formas diferentes.

Leia, por exemplo, esta ótima crítica do Victor Morton (desça um pouco a página). Ele leu o livro. Ele menciona o que ele acha ser o propósito do livro.

Eu achei a crítica muito ruim. O argumento do cara é fraco e as conclusões também. Que tipo de pessoa é aquela?! :eek:

Não vai fazer sentido que eu argumente com o review do cara. No entanto eu posso te dizer o seguinte: Não sei se a P.D. James é cristã, muito menos se é uma cristã radical e conservadora. O livro, por sua vez, funciona em outra direção: Não há pregação ou evangelização, a religião não é vista como a salvadora e muitas vezes é duramente criticada pelos personagens.

O review do cara se orienta de forma a pensar a religião no livro como a pedra fundamental da trama e por não utilizar essa premissa o filme é ruim. Mas é a premissa do cara que está errada, ou ao menos muito distante do livro.

Cristãos, provavelmente. Pense um pouco, faz sentido. Embora eu não sei se esse elemento é diretamente mencionado no livro.

Eu não conheço esses cristãos. E não, isso não é mencionado no livro, nem diretamente nem de qualquer outra forma.

E eu suspeito que eles não são tratados como uma epidemia que deve ser combatida, como no filme.

Mas há uma campanha violenta contra eles, com cartazes e outdoors ridículos aparecendo a todos os momentos, como no filme?

Existem muitas formas de apoiar determinada atitude. Você pode pegar em cartazes e outdoors e fazer um protesto ou pode manter no poder alguém que torne isso desnecessário, atendendo as suas reivindicações.

É isso que acontece no livro, a figura do Guardião torna esses protestos desnecessários, os imigrantes são rigidamente controlados e depois expulsos.

Se eu me lembro bem existe uma passagem no livro que diz ser crime manter os imigrantes no país ilegalmente, uma campanha do governo.

São tratados como uma epidemia sob controle. Bastante vigiados, separados do resto da população. Muitos tem medo e não confiam neles, isso é bastante explorado no livro. Lembrei do nome, são chamados de "temporários" no livro.

Eu não li o livro, então estou me baseando só em relatos de pessoas que leram, e na sinopse do Wikipedia. Mas eu suspeito que eles não tem a mesma ênfase que tem no filme. E eles provavelmente são vistos de uma forma diferente.

A história do filme é bastante diferente da do livro. As bases são comuns a ambos no entanto. Mas como eu disse acima, eu não entendo porque vocês estão tão concentrados na questão dos imigrantes, esse definitivamente não é o ponto mais importante do filme (ou do livro).
 
Fantástico, por que não fazer um filme sobre isso?

Eu já admiti que é plausível. Esse não é o problema. Releia meus posts.

Que se dane a inverossimilhança, o problema é... ah, esquece. Eu realmente não estou com paciência pra discutir.

Aham.

Algo em torno de uns 55, aprox.

spoiler de Bubble
Uma morsa estacionada, louca e solitária mata uma folgada metidinha e não percebe.

Fantástico, por que não fazer um filme sobre isto? Eu li os seus posts posteriores e os problemas que você aponta são "isso é meio óbvio" e "isso foi meio sem ponto" e "isso não funcionou com a minha pessoa, que está com preguiça de discutir". O que você fez foi chamar de implausível no primeiro post e ir recuando à medida que o Paulo soube construir argumentos mais consistentes. Enquanto você revê o filme e procura explicar melhor o seu 55, eu faço minhas objeções contra posts mais quotáveis, como os da Irmã Jaque :cerva:

Eu considero o trabalho da direção mexicana mais relevante também em O Labirinto do Fauno, só que foi outro caso em que o Oscar privilegiou o roteiro. O fato é que são cinco indicações a diretor (que no fim são quase repetição dos cinco pra melhor filme) contra dez pra roteiro (que às vezes acabam funcionando como uma consolação).

Mas o roteiro aqui também não é este amontoado de coisas jogadas e diálogos fracos que vocês dizem ser. Uma coisa é o cara que viaja para o seu corpo no futuro/whenever e encontra a amiga numa conversa esclarecedora sobre todas as mudanças supercomplexas que o Efeito Borboleta lhe proporcinou, como se fosse normal alguém explicitar os acontecimentos da sua vida inteira numa conversa solta. Outra coisa é passar um carro de carregamento de gente em jaulas e você dizer pro seu amigo aonde o carro vai e manifestar sua indignação sobre as atrocidades por que fazem passar imigrantes que já sofreram o bastante em seus países de origem. Não foi propriamente uma explicação de guia turístico. É como quando você encontra seu vizinho com um jornal no elevador e ele solta um "encontraram mais dez mensaleiros, esses ratos corruptos blablabla será que chove hoje?". Conversinhas corriqueiras de sempre.

Concordo no entanto que o jeito poético de a parteira falar das crianças ficou meio destoante. Até que é válido: ela estava numa escola tendo seus momentos de nostalgia e lembrando como desapareceram as grávidas nas clínicas; o diálogo ainda tem uma finalização boa com aquele "eu estava lá no final, e vou estar no recomeço também". O problema é que o filme não trata de muita reflexão pura (ela fica melhor mais implícita, nas semelhanças com problemas da atualidade). Daí quando surge uma cena com uma fala só de reflexão, como a da escola e a do "guia turístico", acaba um pouco artificial. A saudade das crianças podia ser muito melhor explorada usando aqueles elementos intrigantes que a Irmã Jaque mencionou (bonecas substitutas e cachorros batizados; que foda, morri de vontade de ler o livro). Se bem que vocês pegaram pesado com uns defeitos de adaptação aí, que no fim não são exatamente defeitos. Quer dizer, os imigrantes ilegais não são uma mera brecha mal-feita usada pelos roteiristas pra criticarem xenofobia européia. Isso não é tudo. Percebam que os imigrantes barrados é coisa bem verossímil e tem parte crucial na composição do plano de fundo apocalíptico que vocês mesmos pareceram apreciar. O Cuarón não trabalhou sozinho nisto, sabe. Irmã Jaqueline, vista a batina e abrace Jesus Dylan. É um roteiro como o de um Vôo United 93 da vida, só que melhor. Existiu aqui uma seqüência enxuta e coesa, com diálogos ríspidos e não muito reflexivos pra não atrapalhar o ritmo acelerado e a tensão crua da trama, permitindo o trabalho formidável por parte da direção. Isso é bom.
 
Última edição:
Há três tipos de histórias: histórias boas não bem contadas, histórias ruins muito bem contadas e histórias boas e bem contadas. Esse aqui se encaixaria na segunda opção. Se o filme não possui um roteiro muito inteligente, que parece levar de nenhum lugar para lugar nenhum, conta com uma direção espetacular. A forma como a câmera passeia pelos cenários torna tudo tão assustadoramente real que dificilmente você ficará estático na poltrona. A imersão que Cuarón consegue lembra muito o que Kubrick conseguiu na sequência final de Nascido Para Matar. A sequência envolvendo o carro na estrada já está na minha lista preferida de todos os tempos. Eu não pediria mais que aquilo. Foi simplesmente perfeito.

Mas o grande problema é realmente o roteiro. Nada na história parece ser bem trabalhado. E nem mesmo faz muito sentido ou consegue criar a sensação de um futuro pertubador (pelo menos pra mim, Soylent Green com uma direção muito inferior conseguiu um êxito maior nesse ponto).

Eu nem li os posts desse tópico, mas acredito que muita gente deve concordar que ele tinha um potencial para ser muito, muito melhor.

ps: e ainda toca minha música preferida do Radiohead, Life in a Glass House.

ps2: achei os diálogos fracos também. O que evidencia a culpa do maldito roteirista. Que eu nem sei quem é e não vou ver o IMDB para não cometer um loucura.
 
Roteiro feito a dez mãos, incluindo as do Cuarón. Confesso que de certa forma concordo com você, até porque se eu falar por aí que as pessoas precisam assistir Children of Men, e aí contar a sinopse, vão ficar me olhando estranho e pensando "Ué, nada demais, por que o filme é imperdível?".

Por outro lado...

... quando você falou sobre o futuro perturbador, talvez a intenção não seja uma enfiação total de pé na jaca, talvez nem seja perturbar da forma óbvia como esses filmes baseados em distopias fazem. O filme lida com 3 pontos básicos: a) o horror vivido pelos que estão fora da Inglaterra; b) o que aconteceu com as artes; c) uma humanidade sem crianças.

Repare que a história não fica a todo momento te atiçando, te lembrando que isso está acontecendo (talvez exceto pela parte dos imigrantes, que de certa forma justifica todo o corre-corre do filme :mrpurple: ), mas um filme de 'x' horas nas quais a única vez que você escuta uma criança é a partir do momento que a mulher dá a luz (já quase no final do filme), já é bastante perturbador para mim, embora sutil. Mas eu gosto de sutilezas :dente:
 
Repare que a história não fica a todo momento te atiçando, te lembrando que isso está acontecendo [...]

Eu achei isto também.

E tem um ponto sobre a cena em que o My Cocaine, de acordo com o Sister Jack, age feito um "guia turístico". Já falei um pouco ali em cima e, revendo o filme, eu reparei que ele nem sequer explica que é um carregamento de imigrantes, ele presume. O caminhão nem tinha passado ainda e ele faz o comentário sobre serem imigrantes enjaulados. E depois critica a ironia da coisa. Lembrando que o personagem dele é um cartunista político, e isto valida os comentários e anedotas sobre bombas e envolvendo ingleses que jantam cegonhas (essa piada foi ótima, não sei se vocês lembram). Em suma, há uma noiazinha por exposição nas críticas de vocês. Não são explicitações escrachadas e gratuitas, não falta coerência.

Concordo em parte com o Jedan sobre potencial desperdiçado. Aquilo de bonecos substitutos de crianças que mencionaram ali, por exemplo, é fascinante. Mas, se vocês reparem, o próprio IMDb traz Adventure antes de Drama no gênero do filme. Escolheu-se deixar de lado alguns elementos interessantes que ficariam excelentes em uma subtrama desenvolvendo conflitos psicológicos. Em vez disso, o filme ficou centrado na missão do Theo e da Kee, enquanto a tragédia do momento, cá pra nós, acabou muito bem representada na própria ambientação fúnebre/caótica e na direção. Existe, claro, uma enorme disponibilidade de material que não foi aproveitado. Mas existe uma coisinha chamada foco também.
 
Última edição:
Eu li o livro e vi o filme na mesma semana (semana passada) então queria aproveitar para fazer um comentário também.

Gostei do filme, mas basicamente como filme de ação. É um filme de ação que se permite menos clichês do que a média, mas ainda assim não é mais do que isso.

Em comum com o livro, ele tem apenas a premissa e o nome de alguns personagens. O livro é introspectivo, fala de um povo que perde a vontade de viver, e não tem energia para nada. Obviamente, muito diferente da Inglaterra caótica do filme. Na Inglaterra da autora, não havia espaço para movimentos de revolta - e aliás isso é discutido literalmente, não fica apenas nas entrelinhas.

Mas isso já foi muito discutido aqui. Eu só queria dizer que teria ficado mais satisfeita se o filme tivesse se apresentado como "inspirado no livro de PDJames", e não como sua adaptação cinematográfica. Porque ele subverte TUDO do livro, muda os personagens, não apenas suas características físicas e psíquicas, também seus nomes, até do protagonista, que no livro é Theodore, no filme é Thelonious. A troco de quê?

Me incomoda como o cinema pode se apropriar do trabalho de outrem e destruí-lo tão completamente. Melhor seria se tivessem a coragem de dizer que na verdade eles são os autores da estória.
 
Levanta-te dos mortos, ó tópico adormecido :fantasma:


Eu tinha assistido a esse filme lá por 2007..2008, mas hoje resolvermos ver aqui. Me surpreendi simultaneamente pela quantidade de coisas que eu lembrava depois de 13 anos *e* pela quantidade de coisas percebi que eu deixei passar na época. Algumas referências mais superficiais, como aquela a Abu Ghraibi, podem ter fugido da memória recente mas acho que todo o resto ainda se aplica bem; sociedades tem uma tendência a se agarrarem a resquícios de controle e esse tipo de coisa não muda. A coincidência com a pandemia de gripe (que o filme coloca para 2008 e erra por um ano) seria razão para piada se a gente não estivesse numa enrascada maior etc e tal.

Na parte técnica o filme também envelheceu muito bem e nem me limito à fotografia e aos planos-sequência (que continuam imbatíveis até hoje), mas me pergunto se um filme desses seria viável *hoje* -- ele não teve apelo genérico nem na época, custou caro e deu prejuízo ... muito na indústria parece ter mudando nesses treze anos para eu não conseguir mais ver um estúdio atual bancando esse tipo de proposta. O orçamento, se fôssemos ajustar da época, me parece fora do escopo das empresas de streaming também.
 
Ah, eu adoro o filme. Cheguei a escrever sobre ele, em um blogue que nem tenho mais, lá em 2007. Até tenho o texto no HD externo. Vou colocá-lo, aqui. Mas, já aviso, sem retoques. Então é provável que tenha muita besteira. Na verdade, eu reescreveria um tanto de trem, se fosse postar o texto em algum lugar, hoje em dia. Mas notei uma coisa: ainda sou irritantemente idealista. Não sei se isso é bom ou ruim. Concedam-me o benefício da dúvida. :assobio:

Eu gosto do Alfonso Cuarón! Talvez essa não seja a melhor forma de se começar a falar sobre um filme, mas essa é minha humilde homenagem a esse grande diretor. Obrigada, Cuarón, muito obrigada. Bem, falar sobre Filhos da Esperança não é uma tarefa fácil. Talvez o seja, para pessoas que estão acostumadas a falar sobre os quesitos técnicos, mas não para mim, que pretendo falar sobre impressões. Minhas impressões.

Em uma de suas primeiras cenas, o filme mostra a que veio. Theo (Clive Owen - de "Closer") – que atuou muito bem, diga-se de passagem, e que demonstra as nuanças do ser humano: herói ou vilão? Herói E vilão! Ser humano, enfim.- está saindo de uma “Lanchonete” , quando tem-se a súbita explosão de uma bomba. A partir dessa explosão (que é uma cena brilhante!), percebe-se que o ambiente no qual o filme se passa é tenso, bombástico, literalmente.

Ano de 2027. Há 18 anos não nasce uma criança. A humanidade passa por uma crise de infertilidade. A pessoa mais jovem do mundo, que tinha... adivinhem? Isso, 18 anos, faleceu. O mundo ‘sucumbiu’, só os soldados ingleses continuam. “The world has collapsed. Only Britain soldiers on”. (Como eles são fortes, não? :rolleyes:).

A Rainha, Inglaterra, parece manter a tradição que promulga que: “Quem foi rei – no caso, rainha – nunca perde a majestade”. A primeira grande potência é a última potência a resistir. Mas isso não é motivo de alegria para todos. No quesito “tolerância às diferenças”, em 2027, a situação está a mesma que a nossa (real) de 2007.

Os princípios etnocêntricos, sustentados por um governo totalitário, que regem a Inglaterra, - cujo ar de superioridade é aludido, metaforicamente, pela alcunha de Rainha, não no filme, claro, estou associando um fato real com a ficção - (é, Alice, não se assuste se ouvir, por aí, frases derivadas do “Cortem a cabeça!”) são demonstrados em diversos momentos, às vezes, através de falas, outras, de imagens. Imagens que traduzem as condições subumanas nas quais muitas pessoas, destaque para os imigrantes, vivem. A propósito, eu diria que a fotografia do filme é precisa.

Nesse ambiente, Julian (Julianne Moore – de “Leis da atração”), chefe dos “Peixes”- um grupo de ativistas que lutavam pelos interesses dos imigrantes -, contata Theo – ex-ativista, e seu ex- esposo - para que ele arrume documentos para ajudar uma mulher a passar pelo litoral, tirá-la do país, enfim, e levá-la até o “Projeto Humano”. O que ele não sabia, mas viria a saber, mais tarde, é que essa mulher, que atende pelo nome de Kee, estava grávida. Depois de 18 anos, uma mulher engravidou, e essa criança poderia ser a esperança da humanidade.

O enredo do filme é basicamente esse. Então, temos o desenrolar, as raízes, as ligações, momentos que nos fazem atentar para reflexões, intercalados ao foco principal, como, por exemplo, no início do filme, o aparecimento de frases como: “Ministério da Energia: economize água para salvar vidas”, enquanto que, momentos depois, somos surpreendidos por imagens de bombas explodindo, dentre outros fatores, que revelam a forma pela qual os imigrantes são tratados. Ou seja, a mostra “nua e crua” de como se “salva” vidas.

A grande questão talvez seja a condução desse enredo. Cenas longas, muito bem dirigidas, que se juntam em um mosaico coeso. É relevante citar a magnífica cena do carro, tomada única. Cena longa, marcada, a princípio, pela aparente descontração, momento em que Julian e Theo relembram uma brincadeira de seus bons tempos, todos no carro riem, e parecem, por um momento, se esquecerem da tensão em que vivem. Como eu disse, parecem. Momentos depois, um grupo de “gângsteres” cerca o carro - a câmera, tal qual olhos de coruja, não perde um detalhe – e Julian é baleada.

A partir daí, o clima fica cada vez mais tenso. Os conflitos de ordem externa (Governo X povo) começam a refletir no âmbito interno, mais especificamente, na facção Peixes, que como foi dito, defende a bandeira dos imigrantes. Mas, como já disse Brás Cubas- defunto-autor- em Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis: “Quem não sabe que ao pé de cada bandeira grande, pública, ostensiva, há muitas vezes várias outras bandeiras modestamente particulares, que se hasteiam e flutuam à sombra daquela, e não poucas vezes lhe sobrevivem?” Isso se comprova quando descobrimos que a morte de Julian foi planejada por alguns membros dos Peixes, que queriam ‘o poder’.

Filhos da Esperança é um filme que fala sobre tudo: política, guerra, amor, religião, entre outros. Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, como um bom filme, ele não tem a pretensão de elucidar as nossas dúvidas, pelo contrário, apresenta-nos outros questionamentos, ou melhor, elementos para criarmos nossos questionamentos. Por exemplo, para mim, não passou despercebida a cena em que se tem um grupo de religiosos e um deles argumenta “Deus se irou com nossos pecados e nos tirou o maior dom que nos tinha dado: o dom da vida, reprodução”. Ok, cada um com sua forma de explicar os fatos. É bem mais fácil colocar a culpa (mesmo que essa não seja a intenção!) em Deus, não é? É bem mais fácil ser um fundamentalista para o qual as respostas todas centram-se no “foi vontade de Deus”...

Filhos da Esperança fala sobre a fé. A fé que surge em meio o caos (ok, eu não faço piadinhas com Sandman!). A fé que vai embora, por causa do caos: “É estranho o que acontece no mundo sem as vozes das crianças”. A fé de quem não desanima, porque acredita que “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer”. A fé de quem tem, como única opção para continuar vivo, a crença de que “amanhã vai ser outro dia” (e, não por acaso, o nome do barco que aparece para transportar Kee e sua filha, é “Tomorrow”, ou seja, AMANHÃ!). A fé que fica, faça sol ou faça chuva, “à espera de um milagre”. A fé que cede lugar ao ceticismo, que, por sua vez, faz com que a fé volte a existir, a fé, que acaba dando lugar ao acaso...

O filme é recheado de diálogos espetaculares, mas tem um que me encanta:

Jasper: Tudo é uma batalha mítica entre a fé e o acaso.
Kee: Acho que não devo.
Jasper: Já deu um trago. Dê outro. Agora tussa.
Kee: (tosse)
Jasper: Que gosto sente?
Kee: Morango.
Jasper: É o nome dela. Tosse de Morango.
Kee: Bárbaro.
Jasper: A fé está aqui e o acaso ali.
Kee: Como Yin e Yang.
Jasper: Mais ou menos.
Kee: Ou Shiva e Shakti.
Jasper: Lennon e McCartney.
Kee: Olhe, Julian e Theo.
Jasper: Eles se encontraram entre um milhão de manifestantes... por acaso. Mas estavam lá pelo que acreditavam... pela fé. Eles queriam mudar o mundo. A fé deles os manteve juntos. Mas, pelo acaso, Dylan nasceu.
Kee: Esse é ele?
Jasper: Sim, é ele. Ele teria a sua idade. Criança mágica. Lindo. A fé deles colocada em prática.
Kee: O que aconteceu ?
Jasper: O acaso. Ele era o pequenino sonho deles. De mãos, pernas e pés pequeninos. E pulmões pequeninos. E, em 2008, veio a pandemia da gripe. E pelo acaso... ele se foi.
Kee: Meu Deus!
Jasper: E aí, a fé do Theo... perdeu para o acaso. Então... para que se incomodar se a vida faz suas próprias escolhas?


Enfim, Filhos da Esperança é um filme que, se não te faz chorar, enquanto é exibido, ou depois, te faz ficar em silêncio, silencia sua alma. E, para mim, é impossível falar sobre ele sem dizer muito sobre mim. Sem demonstrar que sou apenas uma garotinha idealista. Garotinha que teve tantas vezes a fé abalada, mas não desiste, mesmo quando o caminho é incerto. Eu tenho Esperança. Eu, assim como as tantas outras “Julians” que existem, quero mudar o mundo. É por isso que luto, é por isso que choro, é por isso que canto. É por isso que tenho fé.
 
Que vergonha dessas discussões da época com citações todas picadinhas... :slow: Hoje eu entendo que, se pra discordar é preciso picotar frase a frase um texto, então o sujeito viajou pra caralho e nem merece resposta... Já se, ao contrário, picar o post não é necessário mas ainda assim isso é feito, se trata de mera ferramenta retórica para atacar partículas do texto e não sua ideia geral, afinal um texto é maior do que todas suas sentenças tomadas separadamente... Nesse sentido, se pessoa consegue expressar sua discordância num texto corrido, então há pelo menos uma tentativa de fugir da discordância pela discordância... Um texto pode ser relido anos depois, diferentemente de bate-bocas picados desse jeito...
 
Última edição:
Eu já vi esse filme duas vezes e nunca entendi todo o hype em torno dele. Num sistema de cinco estrelas eu daria umas três, três e meia (bom), mas longe de incluí-lo em qualquer antologia de filmes memoráveis, mesmo entre um gênero específico (sci-fi), como já vi fazerem... Só não me peçam para elaborar a crítica; faz anos já que vi a segunda vez e confesso que não verei uma terceira. :lol:
 

Valinor 2023

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