Só pra constar: Fidel não renunciou a nada, apenas declarou que não aceitaria ser eleito para o cargo de presidente do Conselho de Estado ou de comandante-em-chefe. E isso faz alguma diferença? Faz sim. Dizer que ele renunciou é negar que Cuba tenha tido qualquer processo democrático nos últimos 30 anos, o que não é verdade. Cuba tem eleições assim como o Brasil ou a França.
O ponto é que nada muda com o afastamento de Fidel, ou nada muda apenas por isso.
Não podemos mudar o mundo, então, vamos viver confortaveis nele.
E por isso os cubanos vão estar animados. E assim sempre foi e assim sempre será até que o cometa chegue!
Isso é o que, glorificação da impotência? Se há alguma coisa que mesmo os opositores da revolução cubana reconhecem é a capacidade de transformação de um povo.
A história do homem é a história da mudança, da transformação. Só o modo de produção capitalista se arroga como imutável, o que certamente não verdade, como mostra, por exemplo, a própria revolução cubana.
A renúncia do Fidel é uma jogada política, em que a doença dele teve peso considerável. A avertura de Cuba é cada vaz mais gradual, apesar de lenta. Manter uma abertura, ou ampliá-la, obviamente iria contrariar os ideais de um revolucionário como Fidel que sempre se opôs a um sistema econômico predominante mas inescapável.
Não acho que Cuba esteja passando por uma "abertura gradual". O que aconteceu (e ainda tem seus efeitos) foi a necessidade de algumas adaptações (que se parecem sim com uma abertura) durante o período especial. Quando se fala de reformas em Cuba e os EUA (com destaque para os dissidentes em Miami) logo se aprumam, me parece que se fala de reformas para voltar ao curso do socialismo, e não para abandoná-lo de vez.
A "saída" de Fidel, nem tão saída acredito, não representará uma mudança radical. Um comportamento social não se baseia num homem só. Se Fidel esteve no poder e manteve determinado governo, foi porque tinha apoio nacional. Se o apoio se mantiver, a situação econômico-política cubana se manterá também. Entretanto, a saída de Fidel representa a retirada de um símbolo.
Parece que a grande imprensa se recusa a ver isso. Como se a única coisa que sustentasse o regime cubano fosse o Fidel enquanto presidente.
Concordo quanto a questão do símbolo, mas (como alguém disse no orkut), parece uma excelente jogada uma retirada tranquila e planejada do que abruta e decorrente da morte.
Na minha opinião, um pouco dos dois...
Mas é fato de que é impossivel manter um governo comunista que não seja ditatorial.
Uma coisa que certamente todos já ouviram mas insistem em esquecer: Cuba (ou a URSS, ou a China há muito tempo) nunca foram comunistas (nem nunca se denominaram assim), nem socialistas (ainda que isso seja discutível de acordo com algumas posições teóricas).
A sua afirmativa está completamente errada. De fato, ela só funcionaria assim: "mas é fato de que é impossível manter um governo comunista que seja ditatorial".
Se Cuba, que não é comunista, funciona como um regime ditatorial é uma discussão longa e complicada, mas é algo bem distante da sua frase.
