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Ficções, Jorge Luis Borges

OFF TOPIC

Aproveitando que ainda não foi iniciada a discussão do jardim, aproveito pra postar o cronograma de Artifícios (respirem fundo):

29/03 - Prólogo + Funes ou a Memória
05/04 - A forma da espada
12/04 - Tema do traidor e do herói
19/04 - A morte e a bússola
26/04 - O milagre secreto
03/05 - Três versões de Judas
10/05 - O fim
17/05 - A seita da Fênix
24/05 - O Sul
31/05 - Conclusões/Considerações Finais (se é que as teremos,rs)

Mavericco, dessa vez seu livro não tem conto-bônus, não, né? hehe

Então, tomei a liberdade de adiocionar essa última semana pra unirmos as pontas, acho que seria bacana. E também pra gnt ver se prossegue com o Clube Clandestino com outro livro, seria bom demais, hein? =)
 
Poxa vida... A Manu aumentou nossa carga de trabalho consideravelmente. Agora temos que cumprir o contrato até o final de maio! XD

Dei uma nova lida no novo conto hoje (O Jardim das Veredas que se Bifurcam). Parece-me que o mote do conto, assim como do livro-labirinto Ts'ui Pêm, é o tempo. Em especial, a idéia de que o fluxo do tempo não seja único, mas que se bifurque em muitos futuros alternativos, em cada qual o encadeamento de eventos seja diferente.

Achei interessante o fato de Albert dizer ao narrador que, em um dos tempos alternativos, ele poderia ser seu inimigo; quando ele era o inimigo de Albert naquele próprio tempo!

Agora, fiquei maravilhado com esta muito complexa e profunda sentença de Borges no conto:

Séculos de séculos e só no presente ocorrem os fatos; inumeráveis homens no ar, na terra e no mar, e tudo o que realmente acontece acontece a mim...

Que pensamento este de Borges! É muito comum ouvirmos (ou até pensarmos) na grande pergunta metafísica do "por que o existir e não, simplesmente o nada (não existir)?". Essa sentença parece que leva esse tipo de indagação ao tempo, ao questionar o por quê da existência do presente. Bom, filosofia não é o meu forte, e, então, é melhor eu parar por aqui, antes de disparar a dizer asneiras. XD Mas que esse pensamento me marcou por sua beleza e profundidade, me marcou mesmo. :sim:

Mavericco, no que diz respeito à sua pergunta, não sinto em condições de respondê-la, pois nem sei se consegui entendê-la. :timido:
 
Esse conto completa o sentido da Loteria... O quê é a loteria senão uma roleta universal? Hoje eu não ganho na Mega-Sena, e em infinitos tempos paralelos também não ganho. Em alguns eu sou hippie, em outros morri de frio... Como posso dizer que tenho sorte se meu eu consecutivo teve mais sorte ainda? O que é o azar? Nós somos uma compilação de probabilidades que deram certo, que deram errado...

O presente é um pequeno furo onde coisas demais se comprimem e coisas demais passam... O presente é um buraco negro! Ele suga todas as luzes, todas as chances, todos os existires! O futuro é infinitamente subdivisível, o passado é infinitamente alterável. O jardim dos caminhos que se bifurcam é o jardim da vida, onde nós andamos aqui, acolá, seguimos um ramo entre inúmeros outros... Viver é excluir. O argumento mefistofélico aplica-se a nós, destruidores de possibilidades, enclausuradores de vidas mil. Carcereiros de nós mesmos! De nós mesmos? Será que não somos enclausurados, afinal? Será que não vivemos numa realidade tão aterradora quanto a de K. em O Processo, preso dum dia pro outro numa condicional...? Se saio da prisão de minha casa, caio na prisão de minha rua, caio na prisão de meus pensamentos, de minha pele calorenta.

Ficções, livro infinito pois coexiste e é apenas abocanhado por uma Biblioteca de Babel ainda mais infinita. Biblioteca de Babel, finita em sua estrutura arquitetônica, em sua disposição, quem sabe... Todas as palavras que não foram computadas, todas as letras, todas as vírgulas e os pontos finais coexistem em Ficções como coexistem no que escrevo. Sou tão escritor quanto esse tal de Borges, que se borrava de medo dum espelho assim como eu me borro com cobras. É o que Quain disse: todos somos bons escritores...

O problema é que Quain frustra seus pensamentos. Se sou tão escritor quanto Borges, ao mesmo tempo não sou, pois Menard me diz que falar de Borges é ser Borges, da mesma forma que Borges fala de Joyce sendo Joyce. Somos as voltas das Ruínas Circulares que mudam tênuamente, pois o infinito não pode ser medido assim como em Tlon. Ficções coexiste a si próprio, abarca suas possibilidades, abarca seus irmãos. Aceita críticas diversas, variadas, viajadas. Que viagem, que viagem! A viagem de sempre abrir um livro, abrir sempre o mesmo livro, com sua capa garatujada de nossas impressões digitais e textuais; a mesma capa do mesmo livro que sempre muda.
 
Bem, vou cometer um pequeno flood, para fazer uma confissão na esperança de que mais gente esteja sentindo a mesma coisa.

Estou adorando as nossas discussões e leituras coletivas, mas já estou me cansando um pouco de Borges (tudo bem que pode ser culpa minha, afinal de contas, engatilhei outros três dele além de Ficções XD ). Sinto que alguns padrões dele já vão se repetindo e, em teoria, ainda temos mais de dois meses de discussão!

Mas, por outro lado, não quero abandonar esta ótima tchurma :tchauzim: de leitura coletiva. Por tudo isso, não me importaria nem um pouco (e até acharia bom) se pulássemos para outro autor/livro. E como estamos à beira de acabar a primeira parte de Ficções, essa pode ser uma boa oportunidade. :sim:

Por favor, não me apedrejem. :timido:

EDITADO: Quando comecei a escrever o post, a resposta do Mavericco ainda não estava no ar. Então, vou deixar para comentá-la depois.
 
Ou então podemos simplesmente acompanhar dois clubes... A segunda parte do Ficções não tem a mesma vivacidade da primeira, falo mermo. Um conto como aquele A forma da espada não dá discussão para uma semana. Aliás, pra ser mais exato, acho que nem mesmo os contos potenciais dessa segunda parte, como o Funes, não dão uma discussão tão bacana como da primeira parte...

(mesmo porque eu acabo vendo a segunda parte do Ficções como uma complementação da primeira parte; Borges que quer adicionar a possibilidade de uma análise adicionando novos personagens para o jogo, como você zerar uma vez com o Ryu e outra com o Ken e liberar o Akuma; em outras palavras: com uma leitura tão completa como a que fizemos da primeira parte do Ficções, a segunda tenderá a entrar no piloto automático {exceto em alguns casos como em A Morte e a Bússola onde você tem uma pedra no meio do caminho no meio [...]})
 
Bem, por mim, desde que contando com toda a equipe não eventual do Ficções, qual seja, Manu, Mavericco, Tataran e Penny Lane, acho que topo qualquer livro, mesmo que seja uma releitura :sim:. Também topo continuar com o livro e iniciarmos outro tópico como sugerido pelo Mavericco. Seria bom também se conseguíssemos a volta do Gigio (que deu ótimas contribuições) e mais alguém que teve participação eventual no tópico. Agora, o ideal seria chegarmos a um consenso para assegurar que todas essas pessoas participariam, pois com certeza a ausência de qualquer um vai fazer muita falta...
 
Continuando o off topic coletivo, eu concordo com vcs. Se o quinteto continuar junto, topo qualquer parada, até debater bula de Cataflam. Só não me venham com Paulo Coelho, pelamor. :rofl:

O Mavericco tem razão quanto a segunda parte, pelo menos até onde li. A gnt degustou a primeira tão bem que a segunda vira aplicação de conceitos, é possível q as discussões sejam bem pontuais e "óbvias". Os contos não perdem seu mérito por isso, continuam sendo excelentes e invejáveis, mas a gnt já sabe mais ou menos o que esperar deles em termos formais. Mas não sei que outro livro/autor sugerir. Mas eu confio no gosto de vcs, contem comigo na próxima clandestinidade. =)
 
Dá para acompanhar a partir da segunda ou tem que ter lido a primeira também?

Se der para começar da segunda começo a ler agora mesmo.
 
Lucas, tenho duas respostas pra te dar.

A versão extendida pra prolixos como eu:
eu acho bem válido ler a segunda mesmo sem ter lido a primeira porque os contos em si são ótimos. Se vc quiser ter uma compreensão mais ampla, considere ler antes Tlön, Uqbar, Orbis Tertius (o primeiro de todos), que é tipo uma chave interpretativa pra tudo. E acompanhe a discussão de O Jardim dos caminhos que se bifurcam porque em alguns contos por vir eu certamente direi "essa bem podia ser uma versão alternativa do Jardim..." hahaha, to zoando.

Talvez seja até legal vc entrar no nosso clube com esse olhar "estrangeiro" porque vc não está viciado com a estruturação do nosso ponto de vista e pode perceber coisas que deixamos passar batido por estarmos inclinados a procurar padrões e conexões entre hronires, Escher, espelhos e bosta de búfalo :rofl: (piadinha interna com novato pode, Arnaldo?). Por outro lado, podemos acrescentar a vc as coisas que ficaram pra trás e que podem enriquecer sua interpretação.

Mas, bem, é o que eu acho, pode ser que os outros pensem diferente.


A versão em meio twit:
Ah, quer saber? Lê, vem, comenta e pronto. Vai valer a pena, eu te garanto. =D
 
Mavericco, esse último post seu (sobre o conto) foi uma viagem; mas uma boa viagem, se é que me entende. Você estava inspirado mesmo, hein!? E no final, você produziu alguns ótimos pensamentos:

Mavericco disse:
O presente é um pequeno furo onde coisas demais se comprimem e coisas demais passam...
:clap:

Quanto à discussão de um segundo livro, vejo que vocês estão bem animados. Tirando a Penny que não deve ter visto o tópico ainda, parece que todo mundo toparia um segundo livro para correr junto com Ficções. Bom, eu também não fujo da raia. :nao: Vamos que vamos.

Como eu comecei todo esse problema, vou apresentar minha sugestão de livro: O Pêndulo de Foucault de Umberto Eco. Razões pelas quais gostaria de ler coletivamente este livro: (1) ainda não li (razão egoista :timido: ); (2) dizem que é complexo o suficiente para dar bastante discussão; (3) já li que deveria existir uma edição com glossário, por conta da quantidade de referências culturais e científicas que Eco enfia no livro; e (4) não existindo essa edição com glossário, vocês seriam meu glossário e eu poderia ajudar aqui e ali. XD .

Mas, se quiserem alguma outra coisa, topo qualquer negócio. Só é necessário que o livro seja minimamente complexo para poder dar discussão e porque, como diz, a grande pensadora da modernidade: "Russian Roulette is not the same without a gun. And baby when it's love if its not rough it isn't fun." :sim:

Lucas_Deschain disse:
Dá para acompanhar a partir da segunda ou tem que ter lido a primeira também?

Se der para começar da segunda começo a ler agora mesmo.

Lucas, Ficções é um livro de contos, daí que acho que, qualquer hora que você quiser, dá para pegar o bonde andando.

Quanto ao texto da Manu, explicando os motivos pelos quais dá para você participar... vou te dizer uma coisa.... coitado do namorado da Manu se tiver que passar por uma DR. :rofl:
 
[align=justify]Beleza, já li o Tlön, Uqbar, Orbius Tertius e vou voltar para ver os comentários de vocês. Aí vou lendo os outros contos conforme vai dando tempo e tentando acompanhar as discussões atuais.

Só digo uma coisa por enquanto: como com tão poucas palavras ele consegue dar a impressão de uma imensidão cósmica tão absurdamente titânica, hein? Estou arrepiado aqui.[/align]
 
Lucas_Deschain disse:
[align=justify]Beleza, já li o Tlön, Uqbar, Orbius Tertius e vou voltar para ver os comentários de vocês. Aí vou lendo os outros contos conforme vai dando tempo e tentando acompanhar as discussões atuais.

Só digo uma coisa por enquanto: como com tão poucas palavras ele consegue dar a impressão de uma imensidão cósmica tão absurdamente titânica, hein? Estou arrepiado aqui.[/align]

Borges sempre gostou de ler verbetes de dicionário / enciclopédias, baseando-se inclusive sua linguagem em algo parecido. É a forma mais fácil de se ser ou se aparentar cosmopolitismo...

Vejo inclusive a enciclopédia como uma revisitação. Borges ficou cego cedo, tendo que interromper seu ritmo frenético de leituras... Ele precisava revisitar o que havia lido, alcançar novamente parte da informação, da sensação, do conhecimento. A enciclopédia age como uma ruína circular que te permite, seja lá qual ponto localizado esteja, ter uma sensação de completude ou ligação forte com a memória. Quando se lê um livro pela primeira vez, sente-se tal qual subindo uma reta; uma segunda vez, uma reta talvez mais acentuada (ou uma parábola, ou uma hipérbole). Mas é a enciclopédia que te permite o círculo...

PS.: Lendo uma biografia de Borges do Woodall, abocanhei informações novas:

-- Borges interessava-se pela psicologia tal qual seu pai; mas Borges lia apenas Jung e não Freud.
-- Borges, de fato, fala pouco sobre o amor em suas obras. Sempre teve problemas com mulheres, inclusive experiências desagradáveis... Um de seus primeiros contatos com o sexo foi de quando seu pai resolveu que ele deveria transar com uma prostituta... Cheguem a suas próprias conclusões (e adicionem a hipótese da mulher da vida ser possível amante do pai de Borges)
--
Reza a lenda que Borges era um punheteiro mor, e que uma das causas para a mudança de sua família para a Europa foi uma tentativa de parar com o "vício"
 
Ora, ora, para aonde foram todos? Quase um mês que ninguém aparece por aqui... Cada um foi saindo de mansinho e quando volto a luz já está até apagada... Por onde terão se escondido agora? :think:

Sinto muito não ter participado das últimas discussões, de verdade! Estava viajando e até levei o livro comigo, mas não consegui... Mas a primeira coisa que quis fazer neste feriado foi ler os últimos comentários no tópico. E realmente, isto aqui foi algo excepcional, mesmo para o Meia. Dá para perceber a vontade com que cada pessoa se atirava à discussão dos contos, cada um buscando trazer mais informações e se desesperando com a impossibilidade de comentar tudo o que era trazido pelos outros. Depois de mais de meia hora lendo, percebi que não tinha passado nem de uma página ainda... E tudo isso em um prazo muito curto, muito veloz, um carrossel impulsionado por cinco pessoas, que quem está de fora até se assusta...

Normal que tenha até acabado o fôlego para o último conto... Mas já estou achando que há algo de estranho por trás desse "Jardim dos Caminhos que se Bifurcam". Que sina: ele já havia sido discutido no Clube, mas todos os comentários se perderam no apagão de 2010... Pelo menos, ele ficando de fora, acaba que perdi os dois primeiros e os dois últimos contos, e depois de "Ficções" a gente aprende a sempre reverenciar a simetria...

Mas dá para incluir só um pequeno comentário à Biblioteca de Babel. A Penny já tinha calculado logo no início o número de livros em 25 elevado a 1.312.000, né, agora usem para comparação a estimativa do número de átomos no universo: 10 elevado a 80! A biblioteca seria um universo de universos de univeros de universos... :susto:
 
[align=justify]Estou me encaminhando para os últimos contos e devo dizer que virei fã do Borges, o cara realmente tem uma imaginação prodigiosa. A impressão que me dá é que debaixo das poucas linhas de seus contos há uma complexidade, uma amplitude, uma giganteza cósmica que fazem suas histórias parecerem mais enciclopédias inteiras. O fato de ele esconder mais do que mostrar, ou mostrar só o essencial, faz com que suas histórias pareçam só a ponta do iceberg.

A título de tentativa de ilustração: seus contos parecem pequenas saletas, mas com espelhos em todas as paredes, de forma que se tenha a ilusão de grandeza incomensurável e de infinitas dimensões convergindo e divergindo num mesmo espaço. Não sei, mas há uma espécie de percepção cósmica que permeia sua escrita que é quase impossível não sair abismado ao final de um conto.

Devo dizer que meu predileto até agora foi o Pierre Menard o homem que criou o Quixote, Ruínas Circulares e A Loteria da Babilônia. O Pierre Menard é uma lição de história e historiografia, sério mesmo. Vou acabar de ler, ler as postagens de vocês aqui no tópico e depois quero aprofundar nas discussões de alguns contos.[/align]
 
oi pessoas! sou nova aqui no meia palavra. preciso da ajuda de vocês. escrevi um artigo em que me utilizo de uma citação do Borges que minha professora disse em aula. ela já leu todos os livros dele e realmente sabe bastante, mas não se lembra de que livro ela retirou a frase. Eu, que ainda li mt pouco desse autor, já vasculhei as obras completas da editora globo e não consegui achar...
a frase é a seguinte: “Não me queria mal, leitor. esse Borges que você vê não sou eu”. (pode ser que ao invés de “ver”esteja “ler”).

alguém se lembra de ler isso em algum livro do Borges? alguém sabe em qual está? qual o conto/poema...?

mt obrigada!

Ana.
 
oi pessoas! sou nova aqui no meia palavra. preciso da ajuda de vocês. escrevi um artigo em que me utilizo de uma citação do Borges que minha professora disse em aula. ela já leu todos os livros dele e realmente sabe bastante, mas não se lembra de que livro ela retirou a frase. Eu, que ainda li mt pouco desse autor, já vasculhei as obras completas da editora globo e não consegui achar...
a frase é a seguinte: “Não me queria mal, leitor. esse Borges que você vê não sou eu”. (pode ser que ao invés de “ver”esteja “ler”).

alguém se lembra de ler isso em algum livro do Borges? alguém sabe em qual está? qual o conto/poema...?

mt obrigada!

Ana.

Oi Ana. Você já deu olhada no Livro de Areia , 1º conto?
http://ibero.folha.com.br/jorge-luis-borges-volume-01.html
 

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