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Fascismo no Brasil

Existe a possibilidade do Brasil virar um país fascista?

  • Sim, e vai ser bom para o Brasil

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Veja bem, não existe um anseio liberal legítimo.

A sua leitura de “anti-estado” no lugar de “anti-Brasil” soa como leitura conveniente. Como você apontou, temos dois grupos relevantes: de intelectuais com ideologia e de massa. Estamos obviamente falando do segundo, e nele é absurdo assumir que o entendimento geral existe sobre as possibilidades de redução do aparato do estado e suas implicações.

No Brasil existe a falsa visão de que há super impostos contra pessoas. Quando um político promete “reduzir” essa carga, não há de se confundir isso com uma ideologia anti-estado: a pessoa recebe bem a ideia pela possibilidade de pagar menos e receber mais! É importante destacar que, enquanto o cidadão quer de fato pagar menos impostos, ele não está disposto a abrir mão dos benefícios trazidos pelo estado - especialmente nas atuais circunstâncias onde a importância do SUS está evidenciada.

Tanto Bolsonaro quanto partido novo surfaram nessa onda de falácia política populista de reduzir tributação sem explicar muito quais seriam os impactos na vida do brasileiro: cursos profissionalizantes, acesso universal à educação, bolsa família, regulamentação de preço de combustíveis, e por aí vai.

Te sobram duas alternativas: ou os anseios liberais residem em uma clara contradição, ou eles existem só numa elite ideológica.

É por isso que insisto na leitura anti-Brasil e como essa falaciosa tendência liberal se aproveitou disso para tentar incubar ideias de estado mínimo. Aparentemente fracassaram; até hoje não se discute seriamente as ideias essencialmente liberais.

Existe uma relação muito complicada entre o brasileiro e o Brasil. O abandono do estado é tão intenso em regiões carentes que se cria naturalmente uma antagonização - e essa se estende para outras classes sociais. A ideia de pagar impostos raramente se traduz, no campo de entendimento, em benefícios para os cidadãos - eles são pagos com a eterna impressão de que uma mega máquina de corrupção está sendo financiada. Acredito que o @Mercúcio pode falar melhor sobre isso - se não me engano foi o objeto de estudos dele.


Discordo. O partido novo manteve um discurso extremamente populista, inconsistente e contraditório. O papo de “liberal na economia, conservador nos costumes”, convenhamos, não é nem um pouco intelectual. A única coisa que houve foi a apropriação populista do elemento anti-brasil que citei acima.

A (falta de) consistência de discurso do novo começa a ficar evidente em episódios como Amoedo falando que desconhecia que o Salles, membro do seu partido, tinha virado MINISTRO. Apenas após a crescente impopularidade do governo Bolsonaro que Amoedo deu conta de que seu partidário era MINISTRO, e então o afastou do partido.


Ué, você havia falado

Sobre a mentalidade liberal da população na forma de anseios políticos legítimos, aí iremos discordar. Por mais que exista uma bolha, há um profundo sentimento anti-estado, anti-brasil. Percebe que há uma diferença?​

Mas agora, querendo priorizar "anti-imposto" e "anti-Brasil", critica o uso do termo "anti-estado"? Primeiramente, sobre "anti-Brasil", eu disse que não compreendia em que sentido se dava esse caráter "anti-Brasil", esperava que você esclarecesse... daí fico surpreso que, ao invés de definir melhor que sentimento é esse, me fale que faço "leitura conveniente" ao evitar o termo "anti-Brasil"... Como posso fazer uma leitura "conveniente" com respeito a um adjetivo que não compreendo a aplicabilidade e não me posicionei no mérito?

Em segundo lugar, a leitura "anti-Estado" também não foi minha, eu respondi nesses termos porque você me perguntou nesses termos (e até por isso usei aspas): se há um sentimento "anti-Estado", ele estaria - defendi eu - incluso no que chamamos de "liberal", enquanto você havia defendido uma diferença entre as duas tendências. Mas se você acha que o termo "anti-Estado" não é o mais apropriado, por mim tudo bem, não faço questão desse termo e também não acho que seja muito apropriado, me remete a anarquismo e libertarianismo...

Seja como for, eu até apontei que o grosso dos liberais esperam educação e saúde do Estado, tanto no meu post anterior quanto no post de out/2018 que deixei referenciado. Quer dizer, não reconheço grande tensão conceitual no fato de o cidadão querer mais serviços e assistências sociais, especialmente em um país onde esses aspectos são tão falhos. O mesmo poderia falar sobre anseios de mais segurança ou menos impunidade, por exemplo. Não vejo nisso uma grande tendência anti-liberal ou pró-Estado, querer diminuir o Estado não significa querer fazê-lo em todas as suas facetas. Até o próprio Partido Novo defende saúde e educação estatais, e inclusive em certas oportunidades evita falar em "estado mínimo" para falar em "estado menor". Contradição lógica ou filosófica não há. Talvez haja impossibilidade prática, factual. Um exemplo de tentativa de defender isso foi o Ciro Gomes, que achava que o Estado brasileiro estava em pandarecos, tudo ia pro juros da dívida, não dava nem pra cortar 1 bilhão.... Para argumentar nesse sentido, precisaríamos ir aos números e fatos concretos, a discussão teria que entrar num nível maior do rigor... deixo essa tarefa pra você já que é você que está apontando a contradição. :hxhx:

Eu apontaria o que você chamou de "anti-imposto" como uma tendência liberal (socialista ou conservadora que não é) e popular... Apontaria como tais também uma tendência anti-mordomias, que acaba degenerando em uma antipatia a funcionários públicos (fora exceções como médicos, policiais, professores, pelos motivos já discutidos), antipatia que não é de hoje né. Mas enfim, o quão o liberalismo isoladamente é popular é uma questão a se pensar e pesquisar, no meu post falei meramente sobre "anseios liberais, conservadores, reformistas", e posteriormente apontei que "desses três adjetivos, ora um prevalece, ora outro, dependendo da pessoa ou da agremiação, e me falta um termo para sintetizar esses anseios". Quer dizer, fui propositalmente vago, pois não tenho opinião solidificada sobre o que unifica esses anseios, e não afirmo que aquelas três facetas são homogêneas na população. Fiz questão de colocar "reformistas", aliás, por reconhecer que a coisa não se reduz a liberalismo e conservadorismo. E nisso creio que fui satisfatoriamente vago, já que é difícil pensar em um movimento que não queira reformas de algum tipo (daí que dispensei o "etc"). Enfim, não afirmo e nem nego que as tendências liberais estão mais concentradas numa "elite": se há uma alteração substancial, obtida com apoio popular, do grupo político que domina o governo, e se os anseios populares são multifacetados, é natural que surja um padrão de distribuição desses anseios no que diz respeito a escolaridade ou renda, por exemplo.

Ser "populista, inconsistente e contraditório" não significa que não seja intelectualizado - intelectualizado não é só aquilo que agrada ao intelecto do Amon Gwareth. :hxhx: Por exemplo, Ciro Gomes, na minha opinião, é populista e cheio de equívocos, mas (em certas situações) intelectualizado. Se é uma intelectualidade satisfatória sob este ou aquele aspecto, são outros quinhentos. Ciro Gomes também consegue ter uma linguagem popular, falar com o povão num palanque, por exemplo, não é intelectualizado 100% do tempo. Olavo de Carvalho é outro que também é intelectualizado e tem apelo popular. Já o João Amoedo, não consigo imaginar ele falando por mais de 5 min em um comício... Ou sendo compartilhado por tias do Zap, como Bolsonaro.
 
Última edição:
@Haran Alkarin
A discussão inicial era sobre o desempenho ruim do Novo para presidência. O que estou dizendo é que eles não tentaram uma campanha intelectual como você sugeriu, mas sim uma populista. O pobre desempenho deles indica que esses anseios liberais são, em verdade, outros anseios travestidos.

E sim, você está certo. Fui bastante impreciso com a descrição do sentimento anti-Brasil. Vou, mais tarde hoje, prometo, elaborar melhor sobre :D
 
Voltei só pra dizer que não existe.

Pessoal confunde autoritarismo e bravata de um viúvo da ditadura com fascismo. Bolsonaro consegue tomar espanco até do Alexandre de Moraes, nada mais distante de um governo ditatorial.

Ele pode até achar a ideia bacana na cabeça dele, mas não tem a menor chance de algo do tipo ir pra frente.
Assim como não há possibilidade nenhuma do Bolsonaro vir a ser presidente do Brasil...

:p
 
Existe uma relação muito complicada entre o brasileiro e o Brasil. O abandono do estado é tão intenso em regiões carentes que se cria naturalmente uma antagonização - e essa se estende para outras classes sociais. A ideia de pagar impostos raramente se traduz, no campo de entendimento, em benefícios para os cidadãos - eles são pagos com a eterna impressão de que uma mega máquina de corrupção está sendo financiada. Acredito que o @Mercúcio pode falar melhor sobre isso - se não me engano foi o objeto de estudos dele.

Não, @Amon_Gwareth . Talvez o @Felagund tenha lidado com alguma discussão nessa área, porque ele trabalhou com programas sociais - salvo engano, a investigação era sobre o Minha Casa Minha Vida.
Meu tema de estudo foi o mercado creditício colonial, no contexto da crise da mineração ao final do século XVIII.

Não tive tempo de ler a discussão ainda. Então, vou floodar por ora ( :dente: ). Qualquer coisa, depois edito aqui ou faço um novo post.
 
Às vezes eu me pego formulando mentalmente um post para este tópico, mas sempre fico com preguiça de desenvolvê-lo. A minha opinião sobre o assunto não é muito peremptória, e eu não consegui encaixá-la em nenhuma das opções da enquete.

Sem aprofundar muito, e também sem entrar na discussão do rótulo fascismo, que eu considero inadequado para esse fenômeno atual, o resumo do que eu penso é o seguinte:

1) Sim, é notório que estamos presenciando o empoderamento de uma corrente política que tem um punhado de características - vamos dizer assim - fascistoides, de apelo autoritário, desapreço pelo Estado de Direito, ataque às instituições democráticas, pseudonacionalismo, culto ao militarismo exacerbado, exaltação personalista, entre vários outros aspectos que ao meu ver são a síntese do retrocesso, da ignorância, da intolerância;

2) Não, não vejo chances palpáveis de esse movimento culminar num golpe de Estado encabeçado por Bolsonaro. Não vejo alinhamento e articulação das forças que seriam necessárias para tal, especialmente Forças Armadas; e duas características que entendo cruciais para esse desdobramento eu não enxergo nisso aí que nos governa: competência (sobre a qual não preciso discorrer né) e ambição. Os autocratas de que eu consigo me lembrar se notabilizaram como líderes obcecados pelo estadismo. Engajados no conhecimento e nas ações, protagonistas desde o engatinhar político. Bolsonaro é aquele tio preconceituoso e despretensioso que só foi alçado à popularidade por suas declarações preconceituosas. Deputado por décadas, nunca sequer chefiou uma comissão. Eu até tenho a sensação de que a única razão para ele não ter largado o osso é o acobertamento dos filhos, ou então pura birra. Enfim, o seu perfil e a sua trajetória não me fazem apostar em um projeto arrojado de poder. Além disso, mesmo que se efetivasse, não haveria condições para se sustentar, no cenário atual - paro aqui para não me alongar, mas um que achei que falou muito bem sobre isso foi Reinaldo Azevedo: para quem tiver curiosidade (a partir de 2:30);

3) Dito isso, também não acho que a robustez cada vez maior desse movimento deva ser vista com deboche. Outro líder em um cenário mais amadurecido pode acabar concretizando um projeto eficaz. E as suas manifestações em si são nocivas, independente de ocuparem um modelo de poder centralizado: vão aos poucos corroendo as conquistas democráticas a que declaradamente se opõem.
 
Última edição:
Essa tendência ainda continua...

(...)

Associação implícita entre "criticar o Átila" com radicalismo, e explícita entre "criticar o Átila" e anticiência... Átila pelo visto é o Luiz XIV da ciência, "a ciência sou eu".... Postado por jornalista de ciência da Folha, e curtido pelo próprio Átila... ¯\_(ツ)_/¯ (...)

------------------------------------

Quanto ao Leandro Narloch... Acho curioso pegarem tanto no pé da formação do cara, sendo que bem mais rara é uma crítica impessoal ao livro. (...)

(...)

Aliás, o debate está atual, porque estão criticando o Castanhari justamente por ele fazer um documentário sobre história sem ter formação na área.[8] Também é um documentário sobre ciência, mas, com respeito a sua (falta de) formação científica, ele nunca recebeu grandes críticas, até porque ninguém teme que o Castanhari tome o espaço público de um bacharel ou licenciado em alguma ciência, há um abismo entre os dois.

E os dois assuntos se misturaram: o Átila decidiu fazer um vídeo para explicar o que é fascismo.


"Por quem entende", claramente uma contraposição ao Felipe Castanhari que também fez um vídeo sobre fascismo e foi malhado. Pois bem, o vídeo do Átila é meramente uma entrevista longa e enfadonha com um único pesquisador sobre o tema. Agora vejam se transparece ali algum grande rigor metodológico... De minha parte, vejo meramente uma exposição ideológica como outra qualquer. É curioso como ele tergiversa em perguntas objetivas como "o que é fascismo?" e "o que determina que um governo se tornou de fato fascista?". Não são dadas condições necessárias ou suficientes, e sim características bastante gerais e vagas, afinal o que ele procura tratar é uma "cultura fascista" que existiria praticamente em todo lugar, em maior ou menor grau. E as características que são apontadas podem se ausentar de governos fascistas ou se fazerem presentes em governos não-fascistas... Quer dizer, é como se, ao ser perguntado "o que é cachorro?", alguém resolvesse falar sobre pulgas. Alguns cachorros têm pulgas, sim, mas nem todo cachorro tem pulga e nem tudo que tem pulga é cachorro. Ora, essa discussão deveria ter lugar apenas em um segundo momento, após condições necessárias e/ou suficientes terem sido dadas para o animal cachorro/fascismo se estabelecer, o que é justamente o objetivo da pergunta. Se o cara me começa a falar de pulgas numa pergunta como essa, é porque não tem uma ideia muito tangível do que seja cachorro. E de fato, essa linha de pensamento não tem uma ideia concreta sobre o que é fascismo, se tratam apenas de arquétipos maleáveis para se aplicar a certos adversários políticos.

O vídeo do Castanhari, ainda que na segunda metade passe a usar como fonte o chamado "ur-fascismo" ou "fascismo eterno" de U. Eco - que também é uma abordagem etérea e ideológica - na primeira metade ao menos tenta definir fascismo de forma menos subjetiva. Ainda que seja passível de críticas, ao menos há uma tentativa de definir o fascismo para o público-geral, de forma tanto objetiva quanto didática, inclusive recorrendo a professor experiente de Ensino Médio e a recursos audiovisuais bem elaborados... mas o Átila usou toda a sua influência para fazer UMA entrevista com UM pesquisador renomado, e pronto, chama isso de aula, já está satisfeito e acha que está bombando em termos de esclarecimento público sobre o tema tratado, inclusive sentido-se confortável para alfinetar o Castanhari. Aliás, aqui há uma semelhança com o episódio do artigo da The Lancet (sobre a cloroquina) e o episódio do artigo do Imperial College (sobre as mortes por covid):[1] foi pega uma única fonte bastante recente e que é explorada a rodo e sem grande revisão ou críticas. Nisso novamente o Felipe Castanhari tem vantagem, já que há no vídeo claramente um esforço grande de conciliar ou expor vários pontos de vista, e por isso ele apanhou basicamente de todo mundo, da esquerda e da direita. Já o Átila, sem surpresa, está sendo lambido pelo pessoal da esquerda...

"Huuuum mas ainda assim o entrevistado é um grande acadêmico do tema". Curioso que esse academicismo confundido com cientificidade só vai até a página 2. Quando o assunto é economia, a história repentinamente muda:


A economia que, dentre todas as ciências humanas, é a que mais se aproxima das ciências exatas, pelo uso de modelos matemáticos e falseáveis...[2][3] E justamente por serem falseáveis é que os economistas eventualmente erram as previsões, é muito fácil não errar se não faz nenhuma previsão palpável. Mas para esse pessoal, a economia não seria uma ciência. Talvez esteja mais para uma escola literária, daí o Brasil precisaria de uma literatura própria e mais livre das influências estrangeiras....[2] Por outro lado, "ur-fascismo", "fascismo eterno", "cultura fascista", ah, estes sim seriam conceitos científicos refinadíssimos, dentre outros das ciências humanas, por mais que, quando foram estabelecidos, não se lançaram mão de análises quantitativas, definições rigorosas, modelos ou previsões empíricas.... O marxismo então, este seria o puro creme do milho verde das ciências humanas... inclusive há marxistas que dizem que a única abordagem científica da sociologia é, por definição, o marxismo. Também alguns heterodoxos em economia se encaixam nesse perfil pouco científico, por isso muitos economistas acabam cerrando fileiras com esse pessoal e são ávidos em desprezar a cientificidade de economia, a exemplo dessa Mônica do twitter. Mas são minoritários nas publicações acadêmicas, ao menos em nível mundial.[4]

Para esse tipo de "ciência", os divulgadores pops de ciência baixam a cabeça. Mas os economistas, ixi, nem cientistas são e isso é dito de boca cheia... E não é algo próprio do Átila e de alguns poucos, é uma postura generalizada, por algum motivo há uma desconexão social entre economistas e os cientistas naturais, o que não deveria haver ser analisarmos as ciências enquanto tais. Talvez advenha do caráter aplicado e financeiramente vantajoso da economia, enquanto as ciências (naturais e humanas) são, a princípio, não-aplicadas e desvantajosas com aquele respeito. Tanto é que, por exemplo, os institutos científicos da USP provieram de departamentos da antiga FFCL, o que era basicamente a FFLCH (hoje uma faculdade de humanidades). Já a FEA (faculdade de economia) não tem uma história em comum. Preguiça de pesquisar, mas apostaria que a história seja mais ou menos a mesma nas universidades mundo afora. Também com a medicina e engenharia há certa desconexão - não é à toa que, por exemplo, algumas bizarrices acontecem, como homeopatas se estabeleceram na academia de Medicina. Algo que seria impensável se houvesse maior integração cultural com as ciências naturais.

Quer dizer, sobre como definir ciência, há um entendimento muito mais social (quase na base da "boa vizinhança" e "camaradagem") do que um entedimento filosoficamene refinado. E o pior é que, em casos extremos, isso se volta contra as próprias ciências naturais. Como por exemplo a chamada alterciência, ciência alternativa, que começou a ser defendida por profissionais de humanas.[5] Qualquer semelhança com medicina alternativa ou economia heterodoxa não é coincidência, se trata de supervalorizar campos alternativos quando a ciência majoritária ou ortodoxa (quer natural ou econômica) não vai de encontro a determinadas crendices humanísticas. Daí a necessidade de, por exemplo, "descolonizar" as ciências exatas.[6][7] Outro que vai nesse caminho é o Ciro Gomes, que achava que os cientistas do clima vindo do exterior estavam muito europeizados e que deveriam ouvir mais os profetas da chuva cearenses.[8] Ciro também é do time de querer descolonizar a ciência econômica, porque seria baseada em manuais estrangeiros "formulados ante realidades absolutamente por nós peculiares e até de interééésses que não são os nossos".[2][9][10][11] Embora a língua não seja uma ciência, impossivel deixar de lembrar também da tentativa de purificar a língua portuguesa das relações "opressivas" de gênero, que já virou até piada de tão ridículo, é praticamente uma língua do i para adultos.[12]

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Tudo isso não são ideologias isoladas, acho difícil negar que seja praticamente uma religião que se estabeleceu.... Pois se trata de um sistema de crenças unificadas que dá ao sujeito não só uma chave de entendimento racional para uma classe de fenômenos, mas um fundamental racional, espiritual e moral para o mundo mesmo. E, enquanto o termo "religião" é ocidental porque pressupõe o "não-religioso", como o científico, o estatal ou outros elementos mundanos, essa religiosidade tem viés anti-ocidental porque é "totalitária", engloba todos os aspectos da vida humana, mesmo a ciência e o Estado.

O marxismo é um sistema de crenças desse tipo. Tem três grandes pilares: o materialismo dialético, o econômico e o histórico-social. De fato, o materialismo dialético almejava embarcar até mesmo a física, e obviamente não foi muito pra frente nesse propósito. Também na economia, hoje, o marxismo se reduz a uma escola heterodoxa pouco importante. Só o último pilar ainda retém força, porque se agarra em ramos de estudos pouco falseáveis, que são mais próximos da literatura e filosofia do que da ciência exata. Essa "religiosidade" que existe hoje talvez não seja rigorosamente marxista, mas é algo muitíssimo similar e derivado, assim como o protestantismo ou o islamismo são cissões mais ou menos radicais do catolicismo. Assim como no protestantismo há uma infinidade de crenças não-católicas, e quase nenhum dogma é consenso, também hoje se pode questionar quase qualquer postulado de Marx, e daí surgem neo-marxismos de todo o tipo. Porém, assim como o teísmo permanece intocável no cristianismo, também a crença populista permanece intocável. Com isso me refiro aos seguintes postulados:

- A existência objetiva de uma entidade coletiva, o Povo.​
- Essa entidade seria passível de ser favorecida ou prejudicada. Daí surgiria, com respeito ao Povo, indivíduos hostis e indivíduos amistosos.​
- Agir em prol dessa entidade, por definição, seria o que é virtuoso moralmente.​
- Uma classe de pessoas seria (por algum meio) iluminada, pois reconheceria o que favorece o Povo e agiria para tanto.​

Se os inimigos do povo são bem descritos por um perfil biológico (homem branco hétero da esquerda pós-moderna), étnico (judeus do nazismo), classe socio-econômica (burguês), nacionalidade (como os norte-americanos para a ditadura norte-coreana), ou por uma combinação apropriada desses perfis, se trata de uma diferença de segunda ordem com esse respeito. Seja como for, o populismo é completamente não-falseável, não há dado algum imaginável que poderia fazer o populista deixar de sê-lo, pois o Povo não é um ente empírico como os indivíduos do liberalismo, ainda que melhor se manifeste nesse ou naquele grupo de pessoas. Esse dogma não só pertence aos marxistas e aos fascistas, mas também a certos social-democratas de caráter tecnocrata, que crêem que "todo poder emana do povo" e que o Estado obediente a esse poder não tem limites para sua ação, porque o direito mesmo é fundamentado no Estado, e que, por meios meramente técnicos, como a economia (ortodoxa ou não) e outras ciências, determina o que é melhor para o Povo. Esse é praticamente o caso de boa parte das democracias modernas, como a brasileira, como também das ditaduras comunistas e dos fascismos italiano e alemão. Não é o caso - ao menos em teoria - da democracia americana e dos estados católicos, como o Império do Brasil e os fascismos clericais (Portugal, Espanha, Áustria).

Esse populismo não se sustenta intelectualmente, pois há casos em que matar um indivíduo seria melhor para a coletividade, para o Povo, e ainda assim muitas pessoas com freios morais não dariam apoio, mesmo se o Estado assim o permitisse. No fundo sabem que a vida é um direito natural, que não depende do Estado e da boa vontade de nenhuma coletividade, pelo contrário, o Estado é que deve respeitar esse direito (ainda que tal direito esteja sujeito a limitações também naturais, como aquela que surge da legítima defesa). Só isso mostraria que há uma realidade moral independente do Estado e que o homem possui uma sensibilidade moral para apreendê-la. Mas curiosamente muitos param exatamente aqui, pelo visto a sensibilidade moral do homem tem escopo limitadíssimo... Se alguém, como a Igreja Católica e praticamente toda a filosofia ocidental pré-contemporânea, apontar que há mais direitos naturais do que o direito à vida, como por exemplo o direito à propriedade ou o direito à livre educação dos filhos... anátema! O sujeito é obscurantista, direitos naturais não existem, e o Estado pode sim abolir os direitos como bem entender, desde que o faça pelo poder do Povo, em prol do Povo e guiado por boa ciência... como se a ciência fosse capaz de estabelecer parâmetros morais ou a ausência deles...
 
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Quer dizer, é como se, ao ser perguntado "o que é cachorro?", alguém resolvesse falar sobre pulgas. Alguns cachorros têm pulgas, sim, mas nem todo cachorro tem pulga e nem tudo que tem pulga é cachorro.
Haran pariu uma súmula para orientar a discussão sobre o fascismo.
Vou me limitar a subscrever a fala do Graciliano Ramos, que após sofrer o diabo nos cárceres do Estado Novo Varguista, inda teve a justiça de escrever isso aqui:

"Não caluniemos o nosso pequenino fascismo tupinambá: se o fizermos, perderemos qualquer vestígio de autoridade e, quando formos verazes, ninguém nos dará crédito"

Palavras do capítulo 1 das "Memórias do cárcere" que parecem indicar a inversão total do dito de Marx quando colocado frente a história do Brasil. Em vez de "primeiro como tragédia e depois como farsa", temos uma ordem política guiada "primeiro como farsa" desde a colônia. Com Bolsonaro chegamos ao paroxismo da farsa. Agora, dizer que os acontecimentos atuais direcionam-se à tragédia, é um elogio imerecido para personagens tão rasos, tão pobres, tão pastiches de dar dó. Ainda tá pra surgir uma real tragédia política brasileira. No momento, o que chega mais perto é o novíssimo estilo dramalhão da Globo, encharcado de pauta identitária e social e ideologia liberal travestido com o selo de qualidade "eu sou mais um mérito-empreendedor". Tragédia mesmo, nadica de nada.
Para quem é preocupado em combater o fascismo, Márcia Tiburi lança mais um livro:

Ver anexo 88016

¯\_(ツ)_/¯
Teve uma feita que eu dei de ler um livro da Tiburi. Acabei nem indo muito longe. Deu uma bruta vergonha alheia...
 
Graciliano Ramos é? Teve uma escritora, Marilene Felinto, que comparou Graciliano e Lula por fazerem aniversário no mesmo dia e de terem passado o diabo na ditadura. Mas vejamos o que disse "A alma mais pura do Brasil" sobre o "pequeno fascista tupinambá" e ditador quando veio ao meu estado:

"Mas não é apenas isso. Talvez a Dilma tenha ficado emocionada também porque hoje é um dia que nós, brasileiros, não deveríamos esquecer. Hoje completa 53 anos da morte de Getúlio Vargas. Eu sei que Getúlio Vargas, passados 53 anos, virou uma figura polêmica, tem aqueles que o idolatram, tem aqueles que não gostam dele. Agora, a verdade é que a história não é contada em função das intenções. A história de um país é contada em função de fatos e, inegavelmente, se Getúlio Vargas não tivesse feito nada neste País, apenas feito a Consolidação das Leis do Trabalho, ele teria sido o presidente da República que tirou toda uma nação de um estágio de semi-escravidão para tornar os cidadãos com direito a terem um emprego com carteira assinada.

"Hoje nós podemos até discutir se queremos fazer renovação na legislação trabalhista e todo mundo sabe que eu discordo dos companheiros sindicalistas que acham que não tem que discutir. Eu acho que não é possível, depois de 53 anos de consolidação de uma lei, você não ter mudança para fazer nela. Então, há o radicalismo, às vezes, de um empresário que diz "tem que rasgar a CLT". E o que coloca no lugar? Nada? Ou tem um dirigente sindical que fala "tem que manter a CLT e ainda fazer mais coisas". É preciso que a gente tenha sensibilidade para encontrar um denominador comum e tentar estabelecer uma discussão sobre aquilo que é possível adaptar à nova realidade do mundo do trabalho hoje. Eu sou um homem aberto a essa discussão, mas aqueles que divergem não têm o direito de passar uma borracha na história deste País, até porque muitas das coisas que permitiram que nós fôssemos o que somos, nós devemos ao Getúlio Vargas.

"Vamos ver o que foi criado. Foi durante a era Vargas que se criou o Senai, que se criou o Sesc, que se criou o BNDES, que se criou a Petrobras, que se criou a Companhia Siderúrgica Nacional, que se criou a Companhia Vale do Rio Doce, que se criou o IBGE, que se criou o serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que se criou o Instituto do Livro, entre outras coisas que foram criadas por Getúlio Vargas. Agora, a partir daí... Um dia desses eu fui ao Piauí, e um governador, bem antigo do Piauí, foi questionado por um de seus adversários. O cara perguntava o que ele fez. Ele falou: "É muito difícil eu contar o que eu fiz, agora, retirem o que eu fiz para ver como fica o estado". Portanto, é importante que a gente veja o que foi feito depois de Getúlio e nós vamos perceber que foi feito, proporcionalmente, muito menos do que ele fez. Ele fez tanta coisa que nós temos até o direito de discordar. Agora, tivemos tantos presidentes que não fizeram nada, que a gente nem lembra que eles foram presidentes da República. Esse é o dado concreto e objetivo do nosso País.

https://m.extra.globo.com/noticias/brasil/lula-elogia-getulio-defende-mudancas-na-clt-708886.html
 
Lula muito lúcido em seu discurso. :clap:

Saudades de um presidente que sabia articular frases, conhecia os problemas e a realidade do país, e não cagava pela boca a cada três palavras.
 
Tão lúcido quando um mágico ou vendedor de remédio que cura todos os males. Ele teve uma equipe de assessoria e marketing "Top of Mind" a disposição. Pena que da oratória à prática, o sonho do PAC nunca aconteceu:
"Queria dizer, governadora, que o seu amigo, presidente do BNDES, nosso companheiro Luciano Coutinho, mandou lhe avisar que os 55 milhões e 447 mil reais para construir o projeto da Linha Rápida Transportes Urbanos Integrados, na região metropolitana de Porto Alegre, será aprovado pelo BNDES na próxima terça-feira e, portanto, terão o dinheiro.

A tal linha rápida, nunca vi e nem me atrevo a perguntar o que houve com os 55 milhões que foram liberados tão prontamente.
 
Última edição:
pequenino fascismo tupinambá
"pequeno fascista tupinambá"
Não vou me delongar. Só quero frisar o risco que se corre quando deturpa-se, as vezes inconscientemente, as palavras alheias.
Graciliano disse "pequenino fascismo tupinambá", referindo-se claramente ao sistema do Estado Novo, sem entrar na figura individual de Getúlio Vargas. Tu, Elring, já chega deturpando a frase do Graciliano, moldando-o como se fosse um ataque pessoal ao Vargas (o "pequeno fascista tupinambá")
E não entendi o
"Graciliano Ramos, é?",
por acaso a comparação (infeliz, na minha opinião, já que o Ramos era um f* da vida, mas nem por isto possuía a pose messiânica do Inácio) que a tal escritora fez entre ele e Lula invalida a própria figura do Graciliano?
Juro que não consegui entender.
 
Não vou me delongar. Só quero frisar o risco que se corre quando deturpa-se, as vezes inconscientemente, as palavras alheias.
Graciliano disse "pequenino fascismo tupinambá", referindo-se claramente ao sistema do Estado Novo, sem entrar na figura individual de Getúlio Vargas. Tu, Elring, já chega deturpando a frase do Graciliano, moldando-o como se fosse um ataque pessoal ao Vargas (o "pequeno fascista tupinambá")
E não entendi o
"Graciliano Ramos, é?",
por acaso a comparação (infeliz, na minha opinião, já que o Ramos era um f* da vida, mas nem por isto possuía a pose messiânica do Inácio) que a tal escritora fez entre ele e Lula invalida a própria figura do Graciliano?
Juro que não consegui entender.
A comparação foi demonstrar o quanto é divergente a sua visão de fascismo ao lembrar o sofrimento que o Graciliano Ramos passou na época do Estado Novo com a visão do Lula sobre o mesmo Getúlio. Foi tão difícil assim o paralelo entre o escritor e o ex-presidente sobre um mesmo personagem histórico? Ficou mais fácil agora?
 
A comparação foi demonstrar o quanto é divergente a sua visão de fascismo ao lembrar o sofrimento que o Graciliano Ramos passou na época do Estado Novo com a visão do Lula sobre o mesmo Getúlio. Foi tão difícil assim o paralelo entre o escritor e o ex-presidente sobre um mesmo personagem histórico? Ficou mais fácil agora?
Sou tão bobo que acho produtivo falar com Spams
Mas Elring, eu acabei de dizer que o Graciliano... relê minha mensagem anterior, ok? Acho que tu ainda não conseguiste apreciar realmente o mérito da questão.
 
O Elring é tão irremediavelmente adolescentão que ele acha que eu morro de amores pelo Lula só porque o chamei de lúcido num contexto em que ele estava sendo, sem dúvidas, lúcido.
É um esboço de pensamento binário. Mas só o esboço ainda.
E como bom adolescentão, respondeu com um meme (?) ainda por cima... A cada nova mensagem ele só comprova o que eu já dizia sobre ele. Patético, patético.
Voltando a ignorar porque nem pra dar risada serve lê-lo. :hxhx:
 
Sou tão bobo que acho produtivo falar com Spams
Mas Elring, eu acabei de dizer que o Graciliano... relê minha mensagem anterior, ok? Acho que tu ainda não conseguiste apreciar realmente o mérito da questão.
Eu li a mensagem onde você supôs que moldei sua frase como se fosse um ataque pessoal a Vargas. E não estamos falando do mesmo autor que foi preso pelo governo de Getúlio? E você ainda tentou separar Estado Novo do presidente em questão. E apontei que tanto você, como a autora do artigo da Folha e Lula têm visões totalmente diferente sobre o governo da época em um tópico sobre fascismo no Brasil, não sobre Graciliano Ramos que veio a tona em seu post.

Você leu o discurso do Lula sobre Vargas que ele evocou durante a criação do PAC para justificar as mudanças na CLT?
 
Última edição:
O Elring é tão irremediavelmente adolescentão que ele acha que eu morro de amores pelo Lula só porque o chamei de lúcido num contexto em que ele estava sendo, sem dúvidas, lúcido.
É um esboço de pensamento binário. Mas só o esboço ainda.
E como bom adolescentão, respondeu com um meme (?) ainda por cima... A cada nova mensagem ele só comprova o que eu já dizia sobre ele. Patético, patético.
Voltando a ignorar porque nem pra dar risada serve lê-lo. :hxhx:
Sempre esqueço que memes e piadinhas de Twitter são de uso exclusivo contra a ditadura genocida do Bozo.
 

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