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"Fantasia literária" em português

Peixe-Boi

Usuário
Bom dia caros.

Desde que eu frequentava a biblioteca da minha escola e da minha cidade eu via livros "pop" de fantasia nas prateleiras. Não lembro de tudo, mas eram os famosos, que boa parte das crianças mais lidas recomendavam - Nárnia, Eragon, Harry Potter, Crepúsculo, Tolkien, etc.

Da maioria desses, como da maioria dos autores mais obscuros de fantasia, a prosa é direta e a trama abstrata do livro relativamente simples.

Foi ao ler Ursula K. Le Guin que vi que a exploração literária pode ir além de apenas o roteiro e a estupefação do mundo - reinos enormes, batalhas épicas, objetos de grande poder e magias. O que ela escreve, na verdade, não é nada disso. São aquelas relações particulares dos personagens com um problema peculiar àquele mundo. Na minha impressão, os focos dos livros dela são essencialmente psicológicos, mesmo que surjam a partir de um estranhamento com as leis da realidade alternativa.

Isso entra em contraste com aquelas livros que conheci em que a prosa é muito direta e pouco surpreendente. Se tirarmos todos os elementos fantásticos de Harry Potter, se ele fosse um contexto ordinário, muito do seu apelo seria perdido, e o mesmo vale para muitos livros de fantasia que li na época.

Pensando nisso, me lembrei de dois escritores que se destacam - Tolkien e o autor de Grendel. Tolkien já é conhecido. Grendel é sobre o ponto de vista do monstro de uma lenda, incrivelmente cínico e mau-humorado, e é uma puta obra, com linguagem densa e inteligente.

Esses livros têm em comum o refinamento das ideias ou da linguagem da obra. Nunca li as publicações de fantasia mais recentes, populares, como O Nome do Vento, mas eu não tive a impressão, pelos poucos comentários que li sobre eles, que se destacam pelas qualidades estéticas e "abstratas", por falta de termo melhor, e nem me animei muito a ler mais uma história sobre um protagonista especial em uma descrição ordinária.

Sem entrar em detalhes, também não considero George R. R. Martin um exemplo que se destaca. A minha impressão de seus livros é que eles têm bem pouco daquele "insight" que lemos nas "grandes" obras, por mais divertido que seja o ler.

Então faço a vocês a pergunta: que outros autores há em português que atendem a essa descrição um pouco vaga de "fantasia literária"?

Sei de alguns famosos lá fora que foram publicados aqui ou em Portugal, mas que não cheguei a ler, que são dois livros de Lord Dunsany, Elric de Menilborne e os dois primeiros livros da trilogia Gormenghast. Mas parece que na nossa língua não são muito publicados esse tipo de fantasia, o que é compreensível, pois os outros são mais populares.

Além de autores que vocês conhecem, o que acham dessa aparente diferença no gênero de fantasia?

E, claro, se discordarem de algo ou verem razões para crer que algo do que escrevi seja apenas preconceito, tenho interesse em ler.
 
Minha escola era muito difícil de se achar Tolkien e Lewis na biblioteca. Havia opções do que chamam de hard fantasy HG Wells, Júlio Verne, As 1001 noites, Robinson Crusoé (fantasia literalmente em uma ilha deserta) e muitos outros mais antigos. Eu já curtia lendas infantis e regionais e mitologia grega desde criança (Contos de Andersen, etc...) Depois do Tolkien fui atrás mais de literatura inglesa de fantasia que influenciava ele George Mac Donald, livros de infância dickensoniana (The Dog of Flanders, etc... )

No sentido geral de estória imaginada eu consumo muita coisa que entra em vários estilos de fantasia em mídias diversas, séries policiais (Sherlock tem uns elementos de fantasia), terror (romances japoneses em mangá ou anime), sobrenatural (fantasia pós-vida), games, etc...

 
A área de fantasia é realmente muito diversa, e vai além da categoria popular...

Mas eu não sei bem o motivo, há algo naquilo que descrevemos como "livro de fantasia" que é bem particular. Ensaio Sobre a Cegueira, por exemplo, é fantástico, mas está um pouco longe daquele grupo de Tolkien e Cia. Não sei se são os tropes que vemos no gênero, a proeminência do elemento fantástico ou algum outro motivo...
 
Isso entra em contraste com aquelas livros que conheci em que a prosa é muito direta e pouco surpreendente. Se tirarmos todos os elementos fantásticos de Harry Potter, se ele fosse um contexto ordinário, muito do seu apelo seria perdido, e o mesmo vale para muitos livros de fantasia que li na época.
Na minha opinião altamente desinformada e não especializada, a fantasia em HP geralmente atua como ferramenta para a JK desenvolver o amadurecimento do Harry (chegando a atrasar a narrativa em alguns momentos). Não vou cometer a heresia de dizer que o universo criado é desinteresante ou mal-feito, apenas que, para a trama principal, é mais pertinente desenrolar a saga do herói, com o mundo ao seu redor devendo se moldar às necessidades pessoais da história dele. Acho que essa lógica vale, em maior ou menor grau, para os outros casos que tu citaste.

Quanto a indicações, acho que o Dudu Spohr é o mais próximo ao que tu descreves. Da outra categoria, eu ressaltaria o Fábio Baptista.

Ah, muito importante, nunca podemos esquecer o Draccon, esse monstro da literatura fantástica. :joinha:
 

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