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Faça amor, não faça guerra? O caso de Númenor

Não sei porque, quando li o título do tópico, me lembrei da Almië.


Enfim...

Normalmente esses críticos desconhecem a profundidade da Obra Tolkieniana. Você citou exemplos gerais, Cisne, como Gollum e Boromir, que têm a mente bem dividida entre poder e a humildade, entre o que é certo e o que é errado.

Mas ainda citaria Túrin, que independente de maldição, fez muitas coisas erradas por ser cabeça dura, as vezes se importando consigo próprio.

Um exemplo à parte do bem e do mal, é a história de Aldarion e Erendis, que não fala de guerras ou batalhas entre mocinhos e bandidos, mas sim de valores pessoais comuns do dia a dia, como família, amor etc. Além de escolhas que todos temos de fazer: se dedicar à família ou ao trabalho.

Voltando às guerras de homens contra homens, ao fim de SdA, Aragorn perdoa e liberta todos os homens que lutaram ao lado de Sauron. Se se aliaram à Sauron, tiveram já seu castigo, perdendo vários de seus irmãos. Mas agora que Sauron não mais existia, nada melhor do que se apiedar dos iludidos e dar-lhes uma nova chance.

E os Noldor então? Eram heróis ou vilões? Mataram outros elfos em Valinor, mas com o propósito de enfrentar Melkor na TM. E o incompreendido Fëanor? De que lado esses críticos o colocariam? Do bem ou do mal?
 
Perfeito o artigo, Cisne!

Eu acho que o único caso em que a guerra pode ser tolerada é exatamente esse: o caso de se defender do ataque gratuito de um inimigo. Se o outro me ataca, eu tenho que me defender. Isso é legítima defesa. Eu vou deixar que o outro simplesmente invada minha terra, escravize meu povo, roube meus bens? Não! O errado é o atacante! Esse princípio também vale quando eu entro na guerra pra defender um aliado meu mais fraco que está sendo atacado por outro mais forte. Se todos seguissem esse princípio, não haveria mais guerra (afinal, as pessoas só entrariam na guerra se fossem atacadas - ninguém atacaria pra desencadear o processo). Mas isso é utópico, eu sei.

Quanto ao negócio do maniqueísmo em Tolkien, acho que essas pessoas precisam ler o SdA com mais atenção. Afinal, o principal tema do livro é como as pessoas podem ser tentadas pelo poder, e como podem sucumbir à essa tentação (mesmo as "bonzinhas!).
 
Perfeito o artigo, Cisne!

Eu acho que o único caso em que a guerra pode ser tolerada é exatamente esse: o caso de se defender do ataque gratuito de um inimigo. Se o outro me ataca, eu tenho que me defender. Isso é legítima defesa. Eu vou deixar que o outro simplesmente invada minha terra, escravize meu povo, roube meus bens? Não! O errado é o atacante! Esse princípio também vale quando eu entro na guerra pra defender um aliado meu mais fraco que está sendo atacado por outro mais forte. Se todos seguissem esse princípio, não haveria mais guerra (afinal, as pessoas só entrariam na guerra se fossem atacadas - ninguém atacaria pra desencadear o processo). Mas isso é utópico, eu sei.

Quanto ao negócio do maniqueísmo em Tolkien, acho que essas pessoas precisam ler o SdA com mais atenção. Afinal, o principal tema do livro é como as pessoas podem ser tentadas pelo poder, e como podem sucumbir à essa tentação (mesmo as "bonzinhas!).

Eu diria que foi exatamente esta opinião que faz com que a guerra entre povos ainda persista no Século 21. Quem foi o errado? Cristãos ou Mouros? Egípcios ou Hititas? Gregos ou Espartanos? Pergunte a qualquer cidadão destas nações, e eles afirmarão que estão no direito de atacar ou defender seu país ou nações aliadas.

Nem precisaria citar os Contos Inacabados, o próprio Silmarillion possui mais exemplos contraditórios do que o restante do Legendarium. A própria convocação dos eldar pelos Ainur é um exemplo de como decisões precipitadas, baseadas no bem dos Filhos de Eru, desencadearam todos os eventos que culminariam na Guerra do Anel.

Ótimo artigo, Imrahil!
 
A decisão de se defender pode ser lícita, mas deve ser ponderada caso a caso. Há casos em que a melhor defesa é o ataque e há casos em que não são. Isso deve ser pensado muito, para evitar decisões precipitadas que causem mais mal que bem. Mas ainda acho que devemos sim empregar a força que for necessária para nos defender. Afinal, se não nos defendermos, seremos extintos, e os atacantes farão o que quiser de nós. Mortes vão ser causadas, e isso é um grande mal. Mas é um mal menor se comparado ao que aconteceria se não houvesse defesa.

Mas os povos erram no sentido: em vez de usar força somente para se defender e impedir a própria aniquilação, assumem um sentimento de vingança, e passam a querer aniquilar o outro também. Aí a coisa perde o sentido e tudo desanda.
 
A História fornece muitos exemplos de nações que, de conquistados passaram a conquistadores. E não adianta, por mais justo e correto que seja um Rei ou Imperador, seu período de reinado é curto. O fim de um grande império é sempre trágico para sua população pois, com a morte do Governante, surgem aspirantes ao trono que fatalmente eclodem numa guerra intestinal. E mesmo que deste massacre apareça um vencedor, ele também sucumbirá as investidas de países inimigos.

Os bastidores de um reino são terríveis, alianças, traições, acordos e divisões do espólio fazem parte do cotidiano de um reino... e em Númenor não foi diferente.
 
Uma das críticas mais manjadas (e infundadas) contra a obra de Tolkien é que ela seria “unidimensional”. Em linguagem de homem: tudo estaria preto no branco demais. Bonzinhos são muito bonzinho, mauzinhos são muito mauzinhos, ...

Na minha opinião, o universo de Tolkien é um dos mais realistas e convincentes que existe, se tratando do conceito bem e do mal.

Sem contarmos os exemplos de reis e senhores que tinham que se decidir pela guerra, vemos na vida pessoal de vários outros personagens que elas não tinham sempre bons pensamentos.

Lembram-se de Frodo, que após saber de Galdalf as intenções de Smeagol, queria matar Smeagol? Ora, o personagem principal da história pensando em homicídio?

Voltando aos personagens de eras anteriores, Feänor, o que criou as Silmaris e que viveu com os Valares, se tornou orgulhoso e causou a ruptura dos elfos no Reino Abençoado, e foi o responsável pelo Fraticídio e outros conflitos...

Até o próprio Gandalf percebeu que poderia se corromper, caso ele tivesse do posse do Um Anel.

Aliás, o Mal, presente neste universo, é mais amplo do que o conceito de maldade em histórias infantis. Na maioria das vezes, Sauron trouxe discórdia apenas pela sutileza de seus comentários e de pequenos conselhos.

Em Tolkien, mesmo uma criatura bondosa tem grandes chances de ser influenciada pelo Mal.
 
Na minha opinião, o que ocorre em Tolkien não é um maniqueísmo radical. Há erros de ambos os lados conflitantes. Mesmo assim, há gente que não enfia o pé na jaca (pelo menos não afunda o pé todo :D), como Aragorn, Gil Galad, etc. E também há gente que só de lembrar associamos ao mal, nunca a algum bem, como Morgoth, por exemplo. Esses são um exemplo extremo de "vilões" ou "mocinhos", vamos assim dizer.

Mas, é claro que nem tudo em Arda são flores e há sim personagens que, alguma vez na vida, já pioraram as coisas, mesmo podendo considerá-los de "bem". Isildur já foi tomando o anel, logo na porta da montanha da perdição e, posteriormente, Frodo também sucumbiria, assim como Boromir também não resistiu ao poder do Um na "sociedade do anel". No Silmarillion, havia personagens orgulhosos e irredutíveis como Thingol e personagens que sujaram as mãos de sangue como Túrin Turambar, entre outros já citados. Com a convivência entre raças e povos tão diferentes, surgiu uma velha briga entre elfos e anões. E todos esses lutavam contra um inimigo em comum que espalhava a dor e a discórdia.

A linha que separa o bem e o mal sempre foi muito tênue e Arda também reflete isso do nosso mundo. Concordo que esse é um dos aspectos positivos da obra e é justamente essa fuga a uma caracterização bastante simplista das pessoas.

E sobre a guerra: não é porque um dos lados foi prejudicado que se deve atacar friamente sem se preocupar com os danos que um conflito bélico costuma tanto acarretar (mortes,feridos e insegurança). É isso que mostra o dilema do rei de Númenor quando começou uma nova ameaça na segunda era. E, no mundo real, não tão diferente de Arda nesses aspectos, muitas guerras deixam mágoas e atritos antigos, difíceis de serem apagados totalmente e que sempre geram o interminável desejo de revidar.
 
Última edição:
Acabo de me lembrar de um detalhe importante: Frodo como herói é algo tremendamente discutível, afinal existem muitos argumentos por aí que dizem que ele falhou em seu papel de herói...

lisseminte disse:
E também há gente que só de lembrar associamos ao mal, nunca a algum bem, como Morgoth, por exemplo. Esses são um exemplo extremo de "vilões" ou "mocinhos", vamos assim dizer.
... bem como muita gente acha que Morgoth fez o que fez com razão, ou seja, que Eru é o culpado de tudo!
 
Quanto ao negócio do maniqueísmo em Tolkien, acho que essas pessoas precisam ler o SdA com mais atenção. Afinal, o principal tema do livro é como as pessoas podem ser tentadas pelo poder, e como podem sucumbir à essa tentação (mesmo as "bonzinhas!).

Olha, eu sempre achei/senti/percebi que o que Tolkien escrevia servia mais como metáfora, do que a situação propriamente dita, assim como o Célio colocou.
Em SdA, por exemplo, sempre absorvi que o ponto chave era a questão de união por um bem comum, que é complexo pra caramba D: Afinal, entra em questão os conflitos pessoais - como tentação ao poder, e simplesmente o fato de 'não se importar'. Daí entram aqueles valores que conhecemos bem, honra, amor à pátria e ao próximo.
Por isso que a crítica citada, a qual o artigo se opõe, não faz muito sentido para mim.
 

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