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‘Extreme Makeover’ eleitoral: candidatos mudam visual e postura

Morfindel Werwulf Rúnarmo

Geofísico entende de terremoto
Em uma visita recente ao Mercado Municipal de São Paulo, a presidenciável Marina Silva (PV) proferiu uma frase que se tornou emblemática nesta campanha eleitoral. “Agora, todo mundo quer ser Zé”, disse a senadora acreana, logo após cumprimentar um eleitor que se identificou como Zé Carlos. “Seu nome está na moda”, completou ela.

Na ocasião, a candidata verde “cutucou” o adversário José Serra (PSDB), que havia iniciado sua propaganda eleitoral na TV com um clichê. Usou imagens de sua família, composta, inicialmente, por modestos feirantes da Mooca, bairro de colonização italiana de São Paulo. Também disse que na infância era conhecido como “Zé”.

O pai de Serra, que “carregava caixas de frutas” para que o filho ilustre carregasse “caixas de livros”, segundo a propaganda do PSDB, era justamente dono de banca no Mercado Municipal.

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A apropriação do apelido “Zé” revela a intenção dos marqueteiros tucanos de trazer o sisudo Serra para mais perto da galera. Mas ele não foi o único a usar este tipo de artifício. Seu colega de partido, Arhur Virgílio Neto, senador pelo Amazonas, também inovou nesta campanha eleitoral. Excluiu o “h” do nome e aboliu o sobrenome. Agora, é apenas Artur Neto.

Aeróbica em Manaus
Líder do PSDB no Senado, Artur Neto, como agora prefere ser chamado, foi coadjuvante de Serra em vídeo que fez sucesso na internet. Em mais uma tentativa de fazer o presidenciável tucano virar “Zé”, o senador o levou ao bairro Mutirão, periferia de Manaus, onde ambos visitaram, de surpresa, uma academia e posaram para as câmeras de TV fazendo ginástica aeróbica em uma cama elástica. Serra e Artur Neto usavam calça e camisa social. [nomedia="http://www.youtube.com/watch?v=huA6OGDqow0&feature=player_embedded"]YouTube - Serra pulador.flv[/nomedia] para assistir ao vídeo.

No horário eleitoral na TV, entretanto, a postura do senador em relação ao presidenciável tucano é outra. Serra, que tem índice de rejeição elevado no Amazonas, sequer foi citado no programa de estreia de Artur nesta campanha. A peça publicitária também não menciona uma única vez o nome do PSDB. Ele aparece apenas como “Artur 451, o senador do Amazonas.”

“Abro esta campanha na TV de forma carinhosa. Da mesma forma que as pessoas abrem as portas para me receber”, disse ele no vídeo, numa postura que contrasta com a imagem até então atribuída ao senador. Faixa preta de jiu-jitsu, ele [nomedia="http://www.youtube.com/watch?v=yX20O0PeAJo&feature=player_embedded"]YouTube - Senador Arthur "Mike Tyson"[/nomedia], em 2005. No ano seguinte, quando disputou o governo estadual, ficou em último lugar, com apenas 5,5% dos votos.

Já na disputa em Minas, o candidato a governador Hélio Costa (PMDB), se viu obrigado a fazer uma mudança de imagem às pressas. Na reta final da campanha, Costa, que liderava as pesquisas de intenção de voto, foi ultrapassado pelo adversário Antonio Anastasia (PSDB).

Por ordem do publicitário Duda Mendonça, responsável pelo marketing da campanha, os programas de rádio e TV assumiram um tom mais “mineiro” e o candidato deixou de lado o terno e gravata, que até então insistia em usar.

Dilma repaginada
As tentativas de candidatos de ser tornarem um produto mais vendável ao eleitor nem sempre os levam ao caminho dos “Zés”. Em alguns casos, os marqueteiros imprimem sentido oposto à campanha: procuram construir uma imagem mais sofisticada para seduzir o público, caso da candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff.

Alçada à condição de presidenciável pelo próprio presidente Lula, e sem nunca ter disputado nenhuma eleição em toda sua vida, Dilma passou por uma transformação completa de imagem para tornar-se mais atraente ao eleitorado.

Ao contrário de Serra, que tenta se aproximar do biotipo do povão, a petista adotou um visual mais estiloso. Nesse sentido, aposta na personificação de uma imagem oposta à de tecnocrata fria e dura, que a caracterizou anteriormente.
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A nova Dilma amenizou os traços menos desejáveis de sua personalidade. Abandonou os óculos, fez diferentes tipos de tratamento estético, mudou o penteado e o guarda-roupa, sob a supervisão do badalado estilista Alexandre Herchcovitch. Usa consultores caros para orientá-la como se expressar, caminhar, sorrir e falar.

Até mesmo Marina Silva teve seus momentos de repaginação. Terceira colocada nas pesquisas de intenção de voto, Marina nasceu no interior do Acre, cresceu num seringal e só se alfabetizou aos 16 anos. Enfrentou sérios problemas de saúde, decorrentes da malária e leishmaniose, males endêmicos da região amazônica.

Alérgica a diversos produtos químicos, Marina nunca havia usado maquiagem antes da campanha eleitoral. Atualmente, a candidata do PV é adepta de cosméticos especiais, importados do Japão, além de produtos que empregam insumos naturais, fabricados pela Natura, empresa de seu vice, Guilherme Leal.
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Da telenovela às urnas

“Os candidatos estão cada vez mais ‘telenovelescos’”, brinca David Fleischer, professor titular de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília). Norte-americano radicado no Brasil, Fleischer acompanha há décadas o quadro político nacional. Vê com alguma apreensão o predomínio do marketing nas campanhas eleitorais, mas também acredita que se trata de uma tendência global, da qual as campanhas brasileiras não fogem à regra.

Nos Estados Unidos, um dos episódios mais marcantes da utilização do marketing eleitoral ocorreu na eleição de John Kennedy, em 1960. Naquele ano, ele concorreu com um carrancudo Richard Nixon, que recusava até os conselhos triviais de seus assessores, como, por exemplo, barbear-se pouco antes de aparecer na TV. “Nixon tinha a barba muito espessa. Se ele se barbeasse apenas pela manhã, à noite os fios já haviam crescido e ele ficava com um aspecto pesado”, lembra Fleischer.

Nixon perdeu para um jovem e boa pinta Kennedy, que se apresentava de forma impecável, fazia bronzeamento artificial e ainda por cima era casado com a deslumbrante Jaqueline. Somente em 1968 é que Richard Nixon conseguiu a presidência dos Estados Unidos. Mas, para isso, mudou tudo. Seguiu à risca a orientação dos marqueteiros, se mostrou sorridente e bem-humorado. Em um debate, chegou até a usar um par de óculos – sem lentes – cuja única finalidade era lhe conferir um ar mais intelectual.

No Brasil, Jânio Quadros foi o maior precursor da “dramaturgia” eleitoral. O ex-presidente inventou inúmeras tiradas de efeito que cativaram o público, a exemplo da vassoura, usada em sua campanha como símbolo do combate à corrupção. Jânio também se apresentava com aparência propositadamente desleixada. Chegava a colocar pó branco nos ombros, para simular que eram caspas.

“Depois disso, tivemos 21 anos de regime militar. Se a democracia estivesse funcionando nesse período todo, o marketing político já teria chegado há mais tempo no Brasil”, acrescenta Fleischer. Ele pontua ainda que o país possui tradição na área publicitária, com profissionais bem colocados nas premiações mundiais da categoria.

No Brasil pós-ditadura, contudo, já ocorreram casos curiosos de transformação da imagem de candidatos. Um dos mais conhecidos se deu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando ainda concorria ao primeiro mandato, em 2002. Naquele ano, Lula assumiu a identidade criada pelo publicitário Duda Mendonça: o Lulinha Paz e Amor. Barba aparada, ternos bem cortados e um discurso afinado com o capital compuseram os ingredientes da receita bem-sucedida do marqueteiro baiano.

No sentido inverso de Lula, seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), também teve seus dias de “Zé”. Durante a campanha eleitoral de 1994, FHC tentou mudar a figura de intelectual cosmopolita que ostentava e quis aproximar-se do povão. Comeu buchada de bode no Nordeste e até andou no lombo de um jegue. Acabou sendo eleito muito mais pelo desempenho do Plano Real do que por sua performance de homem do povo.

Curiosamente, FHC hoje condena a tentativa dos marqueteiros tucanos de popularizar o colega candidato José Serra. “Serra não é Zé. Serra é Serra mesmo”, disse o ex-presidente durante uma palestra que realizou em São Paulo, em agosto, na qual se mostrou bastante crítico em relação à estratégia eleitoral do PSDB.

Na opinião da cientista política Marta Maria Assumpção Rodrigues, PhD em Ciência Política pela americana University of Notre Dame e titular da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, usar e abusar do marketing eleitoral faz parte do jogo democrático. “É um instrumento político legítimo”, afirma.

O problema, diz a professora, é quando o teatro eleitoral se torna o único argumento das campanhas políticas, em detrimento da discussão de propostas para o país. “Fazer as pessoas pensarem requer uma sofisticação que não vejo na atual campanha presidencial”, avalia Marta. “Mas não há relação de causa e efeito. Não são as campanhas desse tipo que empobrecem a política. Elas apenas nos mostram como a política já está empobrecida”, completa.

Candidatos em ação

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Na campanha de 1994, quando se elegeu presidente pela primeira vez, FHC andou de jegue e comeu buchada de bode. Nunca mais repetiu esses feitos.

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Os dois Lulas: líder das greves do ABC paulista, nos anos 70 e 80; e o “Lulinha Paz e Amor”, barba aparada e terno bem cortado.



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Geraldo Alckmin não dispensa cafezinho e pastel, em todos os lugares onde faz corpo a corpo eleitoral. A silhueta do candidato, que também teve um momento de "peão", já denuncia os excessos.

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Em um comício realizado recentemente em Osasco, na Grande São Paulo, Lula ironizou Mercadante. Disse ao microfone que o senador não sabe dançar. Não adiantou nada. Mercadante continua ensaiando seus passinhos, sempre que pode.


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O deputado federal Eliseu Padilha (PMDB-RS), há dez anos, quando era ministro dos Transportes, e atualmente. Seu cabelo cresceu sensivelmente.


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Ex-relator da CPI dos Correios o gaúcho Onyx Lorenzoni (DEM) também viveu um processo rápido de crescimento de cabelos. Nas fotos acima, o deputado antes do início da campanha e atualmente.


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Candidato ao Senado pelo PMDB, Germano Rigotto não admite que tenha feito aplicações de botox, como suspeita a imprensa. Nas fotos, Rigotto durante seu governo e na atual campanha.


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Conhecida pela cabeleira rebelde, Luciana Genro (PSOL-RS) adotou um look mais convencional na campanha.


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