Não gosto muito de postar nesse clube porque em geral sou mal interpretada, mas em alguns assuntos simplesmente não consigo ficar quieta...
Elanor Ladeira disse:
Sabe, o charlatanismo é o q fode com tudo...
Para alguém ser taxado de "charlatão", do ponto de vista médico ele precisa ser formado em medicina. Se ele não é formado, é outro crime,
curandeirismo. Eis as definições tiradas de um livro de medicina legal:
Charlatanismo é o 171 da medicina. É inculcar (aconselhar, recomendar, indicar) ou anunciar cura por meio infalível.
Curandeirismo é o exercício por ignorantes dos conhecimentos técnicos da medicina. Prescrevendo, ministrando ou aplicando qualquer substância; usando gestos, palavras ou quaisquer outros meios; ou fazendo diagnósticos (por ex. médium)
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No caso específico da hérnia de disco o que eu posso dizer é que na maioria das vezes o tratamento é conservador, diferentemente do que muitos pensam.
A cirurgia só é indicada aos pacientes que não respondem ao tratamento com
repouso (absoluto de início, e relativo dando seguimento ao tratamento) e
analgésicos (não esteróides), relaxantes musculares, e às vezes, benzo-diazepínicos.
Durante o período de repouso também pode ser útil o uso de calor local e após a fase de repouso pode ser útil o tratamento fisioterápico.
A realização correta desse tratamento evitará que aproximadamente
80% dos pacientes se submetam à cirurgia.
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Elanor Ladeira disse:
está mais do que comprovado que o efeito placebo existe e cura até problemas como o infarto do miocardio
Isso é uma afirmação gravíssima!!!
Tentar tratar um infarto com placebo seria criminoso. Para explicar melhor vou precisar primeiro de algumas definições.
Infarto: É a necrose de uma porção tecidual. Infarto miocárdico é a necrose de um segmento miocárdico.
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM): É um evento coronariano agudo cuja evolução natural levará à necrose miocárdica macroscópica.
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A maioria dos infartos é causada por uma
oclusão aguda de uma artéria coronária epicárdica. Na chamada "cascata isquêmica", a primeira conseqüência de uma oclusão coronariana é um
déficit contrátil segmentar, geralmente uma
acinesia ou uma
discenisia. Acinesia é a perda total do movimento e espessamento sistólico do segmento, enquanto que discenisia é o afinamento da parede, com distensão do segmento durante a sístole. Ambos são considerados déficits contráteis severos, decorrentes do processo de
Isquemia Transmural, isto é, a isquemia que acomete toda a espessura da parede miocárdica.
A necrose miocárdica instala-se inicialmente na região
subendocárdica e central da área em sofrimento isquêmico, e vai estendendo-se em direção à periferia e ao epicárdio, até que toda ou quase toda área isquêmica esteja infartada. O processo leva de
6 - 12 horas para se completar.
Os principais fatores determinantes da necrose miocárdica são: 1 - Capacidade da rede de colaterais, 2 - Demanda metabólica miocárdica e
3 - Reperfusão miocárdica precoce.
A reperfusão miocárdica precoce é a recanalização da artéria ocluída, retornando o fluxo sangüíneo ao miocárdio afetado. Sabemos que pode ocorrer uma reperfusão espontânea em cerca de 30% dos IAM, através do sistema fibrinolítico endógeno (sistema de proteínas plasmáticas capaz de dissolver o trombo). Quanto mais precoce e mais completa for a reperfusão, menor será a área de necrose. Com a coronária ocluída, a necrose começa a instalar-se na área central após 30 minutos do início da oclusão. Daí em diante, a necrose vai estendendo-se perifericamente com o passar das horas, até completar-se em 6-12 hs. A reperfusão irá "salvar" o miocárdio que ainda não sofreu nacrose. A base do tratamento do IAM é justamente uma estratégia de recanalizar a artéria ocluída o mais precoce possível, utilizando drogas fibrinolíticas (trombolíticos) ou a angioplastia primária.
A fase aguda do IAM é uma emergência médica. As primeiras 6-12 hs do evento coronariano oclusivo são extremamente importantes sob o ponto de vista do
prognóstico. Vários estudos já demonstraram que o paciente com infarto que tenta meditar, se acalmar, etc, ao invés de procurar auxílio médico logo que inicia a dor tem pior prognóstico. Não só por esse ser o período mais crítico para o aparecimento de arritmias ventriculares malignas, como também por ser um momento crucial em que uma terapia bem conduzida poderá evitar ou reduzir a necrose miocárdica.